Fanfic:  A Dança da Sedução {♥} AyA [ finalizada ] | Tema: hot, drama, ponny, AyA

Uma das melhores coisas em ser seu próprio patrão, na opinião de Alfonso, era poder elaborar sua própria agenda de compromissos. Por outro lado, havia muita dor de cabeça, responsabilidades, papeladas, clientes caloteiros... sem mencionar os períodos em que nem havia clientes. Mas a liberdade de ação compensava todos os aborrecimentos.

Nos últimos seis anos, sua prioridade tinha um nome: Arthur.
Depois de esconder a betoneira sob um pedaço de lona, no banco de trás da picape, foi até um canteiro de obras para ver o andamento dos trabalhos, telefonou para um fornecedor para alertar sobre uma entrega especial e parou em outra obra para dar a um cliente em potencial uma estimativa sobre o preço da reforma de um banheiro.

Depois foi para casa. Às segundas, quartas e sextas-feiras, fazia questão de estar em casa antes que o ônibus escolar apontasse no final da rua. Nos outros dois dias de escola e, de vez em quando, por um atraso imprevisto, Arthur ficava na casa dos Chavez, onde podia passar algumas horas com seu melhor amigo, Diego, sob a vigilância de Maite Chavez.

Alfonso devia muito a Maite e Christian Chavez, em especial pelo fato de proporcionarem um ambiente seguro e feliz quando Arthur não podia ficar na própria casa. Fazia dez meses que Alfonso voltara a Shepherdstown e lembrava-se, quase todos os dias, como as cidades pequenas podiam ser agradáveis.

Com trinta anos, ficava surpreso ao pensar como abandonara aquela cidade sem olhar para trás, dez anos antes. Bem, ponderou, ao fazer a curva na esquina de casa, nada era por acaso. Se não tivesse deixado o lar, determinado a abrir caminho para o sucesso, não teria aprendido tanto na vida, não teria conhecido Lívia, nem tido Arthur.

Quase fechara o círculo, e estava acabando de transpor as barreiras para reconquistar os pais. Ou, corrigiu em pensamento, Arthur estava. Seu pai podia ter ressentimentos em relação ao filho, mas não resistira ao neto.

Fizera bem em voltar para casa, refletiu, olhando para os bosques que cresciam de cada lado da estrada. Finos flocos de neve começavam a cair do céu cinzento.
Era um bom lugar para se educar uma criança, concluiu Alfonso com satisfação. Era melhor viverem em uma cidade pequena, onde Arthur tinha uma família, e começarem a conhecer um ao outro de verdade.

E os parentes teriam que amá-lo pelo que era, e não como uma lembrança do passado.
Alfonso manobrou e estacionou o carro. O ônibus chegaria em poucos minutos, e Arthur desceria correndo e entraria na picape, preenchendo o espaço com as exclamações e novidades do dia. Era uma pena que não pudesse compartilhar com o filho certas confidencias também, pensou. Dizer a ele que conhecera uma mulher que fizera seu sangue se agitar de novo. Não apenas um ligeiro interesse, mas um verdadeiro terremoto...