Fanfics Brasil - 2 Cuidado garoto apaixonado

Fanfic: Cuidado garoto apaixonado | Tema: vondy


Capítulo: 2

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O primeiro dia de aula do ano é ao mesmo tempo igual


e diferente.


 


Diferente porque tem sempre aquele gostinho de coisa


nova. E igual, porque a gente vai ter que fazer as mesmas


coisas: conhecer o horário, ver a classe, o número, os


professores. E rever a galera de quem a gente só é um pouco


amigo e não encontra durante as férias.


 


Quase todo mundo tá um pouco queimado e sempre


tem alguma história das férias pra contar. Eu e o poncho tínhamos


 uma super-história. Nem precisamos começar contando


 porque todo mundo já sabia o que tinha acontecido.


Nós saímos até no Jornal Nacional, como dois garotos que


participaram do maior temporal que aconteceu no litoral


norte de São Paulo nos últimos cento e cinquenta anos.


 


Logo que nós chegamos no pátio uns caras e garotas


formaram uma rodinha em volta da gente e ficaram nos perguntando


 os mínimos detalhes. Nós tínhamos combinado


exagerar pelo menos cinco vezes tudo o que a gente falasse


pra ficar mais emocionante. Foi muito engraçado. Parecia


uma entrevista. Fizemos até pose de sobreviventes. É claro


que o Ale fez muito mais pose do que eu. Ele sempre faz.


 


Já estava quase na hora de bater o sinal quando o poncho


virou pra galera e disse que a gente ia interromper um pouco


pra copiar o horário das aulas.


 


 


 


E eu completei:


 


- No recreio a gente continua.


 


A galera ficou supercuriosa, mas não quis dar muita


demonstração.


 


Na nossa escola, o horário de todas as classes fica


pendurado no mural do pátio coberto, ao lado da cantina.


 


Enquanto nós íamos pra lá, o disse que ainda não


tinha visto nenhum aluno novo. Bem quando eu ia dizer ӎ


mesmo”, eu olhei para o mural e vi um boné vermelho que


nunca tinha visto. O boné estava virado pra trás e quase


encostava na mochila verde, Reebok, igualzinha a minha,


que estava presa nas costas do dono do boné. Ele estava


copiando o horário.


 


- Olha lá, poncho.


 


- Quem será?


 


Quando a gente foi se aproximando, deu pra perceber


que ele repetia em voz alta o que copiava. E também deu


pra perceber pela voz que não era ele. Era ela:


 


- Quarta-feira. Primeira aula, matemática, professor


João Paulo. Segunda e terceira, história, professora Meire.


Recreio. Quarta aula, biologia, professor Douglas. E quinta


aula, computação, professor José Carlos.


 


No ”computação professor José Carlos” já estava cada


um do lado dela. E deu pra ver que o boné também tinha


uma aba na frente. Boné com aba na frente e atrás? Igual


detetive! Ela estava com dois bonés. Um por cima do outro.


E nem notou que a gente estava espiando. E continuou:


 


- Quinta-feira. Primeira aula, inglês, professor Richard.


Segunda aula, geografia, professor Felipe. Terceira aula,


matemática, professor João Pedro. E quarta e quinta aulas,


português, professora Mônica.


 


Quando eu vi que os olhos pretos combinavam com o


nariz fininho, e que o nariz fininho combinava com a boca


bem redondinha, e que a boca bem redondinha estava


coberta com um batom bem vermelho, e que tudo isso que


 


combinava era lindo, muito lindo, eu fui abrindo os olhos


devagar, até ficarem bem arregalados. Aí a minha boca


também começou a se abrir e só parou quando acabou a


elasticidade dos músculos dos lábios. E eu percebi que o


ar que saía da minha boca era bem quente. E que eu inteiro


estava ficando cada vez mais quente. Eu senti um tipo


esquisito de flechada invisível, no coração, e percebi que


ele estava batendo mais do que trash metal. Eu vi também,


em algum lugar dentro da minha cabeça, um sinal luminoso,


vermelho, de PERIGO!, que piscava sem parar. Tudo isso


porque eu tinha visto uma menina totalmente nova. E que


usava boné de menino. Dois. E um batom vermelho. Vivo.


E que essa miragem estava parada ao meu lado, falando


sozinha, que a última aula de sexta-feira era geografia de


novo, com o professor Felipe.


 


Aí, minhas pernas também entraram no ritmo do trash


metal. Tentei dar um tapinha na perna esquerda, pra ver se


parava. Foi com o meu barulho que ela me olhou pela


primeira vez. E foi abrindo os olhos devagar. Não


arregalando. Só abrindo os olhos. Como se ela quisesse


ver mais alguma coisa em mim. Dá pra entender? É


diferente de arregalar. É só abrir um pouco mais, sem


exagerar. Eu não conseguia fazer o som de nenhuma


palavra. Só barulhos. Aí ela falou:


 


- Eu estou te atrapalhando?


-Quê?


 


- Acho que você quer copiar o horário e eu estou na


sua frente.


 


Eu falei de novo:


 


-Quê?


 


Aí o poncho falou que ela não estava atrapalhando


ninguém, muito pelo contrário. E que eu tinha a mania de


ficar batendo na perna. E que ele (o sacana!) tinha mania


de mostrar a escola para as meninas novas do colégio, na


hora do recreio.


 


- E nova no colégio?


-Sou sim


- Quer que eu te mostre?


- Obrigada! No dia em que minha mãe fez a matrícula,


a coordenadora já mostrou.


 


Qualquer menina com mais de dois dias de idade


perceberia que o Ale estava passando a maior cantada.


Mas o jeito que ela falou, devagar e simpática,


desconversou totalmente o que era uma cantada e ficou


parecendo só um convite. Ela puxou o tapete debaixo


dos pés do Ale, sem deixar ele cair. Depois do susto, ele


perguntou:


 


- Qual é a sua série?


 


- 1. E a de vocês?


 


Deixei o poncho continuar porque eu ainda não estava


totalmente recuperado.


 


-Também. A, B, C ou D?


-C.


 


- Que pena. A nossa é a A.


Ela disse:


 


-Ah!


 


Mas não era com pena. Era só um Ah! E que Ah! Uau!


Ela era demais! Aí ela olhou pra mim de novo:


 


- Você sabe se a gente tem dois professores de


matemática?


 


-Quê?


 


Eu só sabia dizer Quês.


 


- É que quarta o nome do professor de matemática é


João Paulo, e na quinta, João Pedro.


 


- Ah, acho que eles erraram.


 


(Eu esqueci de dizer que eu estava com a camiseta do


clube.)


 


- Eu sou sócia do mesmo clube que você. Quer dizer,


 estou ficando. Meu pai comprou o título ontem. Nós


viemos de Presidente Prudente agora, sabe? E legal lá no


clube?


 


- Superlegal.


 


 


 


Ela tinha perguntado pra mim, mas o poncho quis responder


 na frente. Na hora eu fiquei quieto. Pode até ser


que ele tenha mais direito de responder a essa pergunta,


afinal, ele vai pró clube todo santo dia. Eu, na verdade,


gosto mais de usar a camiseta do clube do que de ir até lá.


Na camiseta tem um pinheiro desenhado e eu sou ligado


em árvores. E, naquela hora, estava começando a ficar


ligado numa menina de cabelos compridos, ruivos,


 que usa dois bonés, batom vermelho e que atende


pelo simpático nome de Dulce.


 


- poncho, muito prazer.


 


- Pode me chamar de Ucker.


Tocou o sinal.


 


- Tá bom. Se vocês quiserem, a gente pode se falar na


hora do recreio.


 


É claro que a gente queria. Ela foi pra 1 C, e


nós, pra 1 A. Eu não consegui prestar atenção em


quase nada do que o Ale e os professores disseram. Eu só


fiquei contando nos dedos os cento e trinta e cinco milhões


de minutos que duraram as três primeiras aulas.


gente so para avisar o 1 e o que vem depois do nono ano ok? eles tem 15 anos



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Autor(a): gigi_rbd

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Na terceira aula o professor Felipe, de geografia, roubou cinco minutos do recreio tentando fazer a gente entender que a estrela mais brilhante, vista da Terra, é a Sirius A, Alfa Canius Majoris. Pó, o cara ia ter todas as aulas do ano pra explicar isso. Ele tinha que usar justo os cinco minutos daquele recreio?   Eu queria ser o primeiro a encontra ...


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