Fanfic: Cuidado garoto apaixonado | Tema: vondy
Na terceira aula o professor Felipe, de geografia,
roubou cinco minutos do recreio tentando fazer a gente
entender que a estrela mais brilhante, vista da Terra, é a
Sirius A, Alfa Canius Majoris. Pó, o cara ia ter todas as
aulas do ano pra explicar isso. Ele tinha que usar justo os
cinco minutos daquele recreio?
Eu queria ser o primeiro a encontrar com a dulce
pra dizer a ela alguma coisa mais inteligente do que ”QUÊ”.
Poncho também estava doido pra encontrar a Camila.
Mesmo sem combinar, nós dois descemos voando as
escadas do colégio e atravessamos o pátio coberto a toda,
até chegar na cantina, onde a gente achava que ela estaria.
A cantina estava cheia. E com o maior cheiro de esfiha
de queijo no ar. Parece que todos os alunos de todos os
colégios, nos intervalos, só pedem esfiha de queijo. Nós
demos um role pela cantina, e nada.
O cheirinho de esfiha abriu o meu apetite. Mas eu não
podia perder tempo, pelo menos até encontrar a Dulce.
Eu e o Poncho estávamos saindo da cantina quando a pentelha
da Glaucia para na nossa frente, com uma esfiha, de queijo,
na mão direita. Sem morder. Só saindo aquela fumacinha.
Ela queria saber mais detalhes sobre a tempestade
das férias. A gente já nem se lembrava mais disso e não
estávamos com a menor vontade de explicar nada pra
ninguém. Só queríamos sair fora. Mas a Glaucia ficava na
nossa frente, igual a um muro. Fazendo perguntas. Ainda
bem que a Glaucia é daquele tipo de pessoa que pergunta
e responde ao mesmo tempo. A gente só tinha que dizer é
e não. Ficamos um tempão, tentando escapar. Mas aquele
muro, com aquela fumacinha cheirosa, não se mancava.
O Ale, que é mais descolado, inventou uma desculpa e
saiu, me deixando sozinho, emparedado. Se tem uma coisa
que eu não consigo fazer é atravessar muros. Eu dava um
passo pra um lado, a Glaucia também dava. Eu voltava,
ela também voltava. E o recreio passando. E o cheirinho
de esfiha aumentando a minha fome. Ela percebeu que
eu estava com fome e me ofereceu uma mordida da esfiha.
Nisso, passou um dos seiscentos caras por quem a Glaucia
diz que é apaixonada e ela esqueceu completamente
de ser muro e foi atrás dele. Me deixando sozinho, com a
esfiha e com a fumacinha. Eu mordi uma das pontas e
voei para o pátio descoberto. Estava um solzinho bem
legal. Logo eu vi que o Poncho estava parado, procurando a
Dulce com os olhos. Eu perguntei se ele queria um
pedaço da esfiha. Ele mordeu uma das outras duas pontas.
Nisso a gente combina bem: sempre começa comendo
esfihas pelas três pontas.
Mas nada da Dulce aparecer. Tinha uns caras jogando
bola no meio do pátio. A gente se separou e cada um foi
pra um lado, pelos cantos.
O Poncho disse que quem achasse primeiro chamava o
outro. Eu disse ”tá” e fui pela esquerda, enquanto o Poncho ia
pela direita. Passei por um monte de gente que eu ainda
não tinha visto. Fui dizendo ”oi” e ”tudo legal” pra quase
todos. E ouvindo também um monte de ”oi” e ”tudo legal”.
Eu ia bem pela beiradinha pra não atrapalhar o jogo
dos caras e também pra não levar uma bolada. Eu tinha
combinado comigo mesmo que só ia morder a terceira ponta
da esfiha quando encontrasse a Camila. Como um tipo de
recompensa. Às vezes eu combino algumas coisas comigo
mesmo! Bem nessa hora, eu reparei que tinha muito mais
gente em volta do jogo do que era normal no ano passado.
E que todo mundo ficava bastante animado quando a bola
ia pra um dos gols, exatamente pra o lado que eu estava
indo. E todo mundo que estava acompanhando a bola fazia
aquele coro ”é gol, é gol, é gol...” e no final, quando a bola
chegava lá, a torcida soltava aquele ahhhhhh...” de
decepção, porque o goleiro pegava a bola. Eu só ouvia os
barulhos. Não dava pra ver direito e nem eu estava
prestando atenção. Ouvi o ”é gol, é gol, é gol ...” umas
trocentas vezes. E sempre, no final, o ”...ahhhhhh...”. Mas
nada de eu encontrar a Dulce. Já estava chegando perto
do gol quando ouvi mais uma vez: ”é gol, é gol, é gol...” e
resolvi dar uma espiada no jogo. Era o Jucá quem estava
com a bola. Ele estava na minha classe no ano passado. O
cara é muito bom. Ele vinha com a bola na maior moral. Já
tinha driblado o Caca, o Rui, o Kike, o Marcião e estava
passando pelo Pisco, um cara da sexta. O Jucá é muito
rápido no drible da vaca. Na maior manha, desviava a bola
pró outro lado e chegava lá antes do adversário. Costurou
todo mundo na maior moral.
Dava até dó dos caras. Eu estou cansado de dizer pró
Jucá que ele devia ser jogador profissional. Nosso time
(ele também é são-paulino, óbvio) tem uma escolinha pra
formar jogadores e eu sempre digo que o Jucá deveria
procurar os treinadores. Voltando pró jogo: não tinha mais
ninguém entre ele e o gol. Eleja estava com a cara de gol,
só faltava levar a bola até a rede. E faltava pouco. Ele estava
bem perto. O ”é gol, é gol, é gol... ” foi crescendo.
Crescendo. Só dava o Jucá, a bola, a trave e o goleiro. Eu
olhei no pé do Jucá pra ver ele mandar o maior chute. E ele
mandou. Era impossível não entrar. Tanto era impossível,
que depois que ele chutou, antes mesmo da bola entrar no
gol, ele foi pra galera, comemorar o gol.
Só que no meio do pulo ele teve que engolir a alegria.
A galera soltou o ”...ahhhhhh...” de novo. O goleiro tinha
pegado a bola. E eu olhei pró gol, pra ver quem era o fera.
Quase caí pra trás. Era a fera. ADulce. Que segurava a
bola tranquilamente e vinha na minha direção, sorrindo,
com uma camiseta igual à minha, com o agasalho do
Mickey amarrado na cintura e com os cabelos presos num
belo rabo de cavalo. O sinal de PERIGO! começou a piscar,
e bem mais rápido do que da outra vez. Ela estava muito
suada e mais linda ainda.
- Oi,Ucker. Quer jogar?
E mais uma vez o burro aqui só conseguiu dizer QUÊ.
Ainda bem que ela não ouviu, porque tocou o sinal ao
mesmo tempo que eu falei.
Ouvir eu tenho absoluta certeza que ela não ouviu.
Mas alguma coisa ela pensou. Porque ela deu uma
risadinha. Deve ter sido pela cara de bobo que eu estava
fazendo. Eu ia rir pra ela também, mas não consegui. Aí,
sem me pedir nem nada, e com o maior charme que eu já
vi alguém dar uma mordida em uma esfiha, ela mordeu a
terceira ponta da esfiha de queijo que estava na minha mão.
E foi cumprimentar o Jucá e devolver a bola pra ele, que
era o dono dela (não da Dulce, da bola!), porque, com o
sinal, era óbvio que o jogo tinha terminado.
O Jucá e os outros caras também estavam espantados
como aquela menina agarrava bem. Tem outras meninas
no colégio que às vezes batem bola com a gente, mas são
umas frangueiras. A Dulce, não. Ela era demais.
Autor(a): gigi_rbd
Este autor(a) escreve mais 4 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
gente com pelo menos 6 comentarios faço uma mini maratona de 6 capitulos ok??
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo