Fanfics Brasil - 6 Cuidado garoto apaixonado

Fanfic: Cuidado garoto apaixonado | Tema: vondy


Capítulo: 6

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Acho que é bom eu começar falando sobre aquele


pantese de antes. Pra quem não se lembra, vou


repetir, só que sem parêntese: menos eu, depois eu explico.


O ”menos eu” era sobre a Dulce. E o depois eu explico, é


agora: eu queria dizer que  quase todo mundo já tinha ficado


meio amigo da Dulce, menos eu. Eu não conseguia me


aproximar muito dela. Só quando ela chegava perto de onde


eu estava é que a gente se falava. E pouco. Mas eu pensava


nela. E muito! Adorava ouvir as coisas que ela dizia e


alguém sempre acabava perguntando a ela as coisas que


eu gostaria de saber, então, eu já ficava sabendo. Pra que


ser óbvio? Pelas outras pessoas eu fiquei sabendo QUASE


todas as coisas, como por que ela se mudou pra São Paulo,


que ela também tem onze anos, que é do signo de Leão, que


ela tem dois irmãos mais novos e coisas desse tipo. Mas


pelas perguntas dos outros não dava pra eu saber que cor é o


restinho de cor que ela vê depois que fecha os olhos pra


dormir. Se tem alguma palavra especial que ela gosta de


dizer. Se ela pensa rápido ou devagar ... Dessas coisas, que


eu gostaria muito de saber, ninguém falava, e eu não tinha a


mínima coragem pra tocar nesses assuntos. E pelo visto


nunca ia ter! Ainda mais depois da bomba do poncho. O cara


colocou o maior pepino na minha mão. Ajudar ele a


conquistar a menina que eu quero pra mim.Sacanagem! Mas ele tinha razão, eu estava devendo a minha vida a ele. Se não fosse o cara me impedir de entrar


na água, eu nem teria tido a chance de conhecer a Dulce.


Porque ele me salvou, eu tenho que ajudar ele. É uma


enrascada. Especialmente pra mim, que não sei ser sacana.


Quer dizer, especialmente pra mim, que sou um otário.


Um babaca. Mas também, mesmo se não tivesse a paixão


Do poncho, eu não ia ter coragem de chegar junto da Dulce.


Óbvio que não. Eu já tinha tido uma semana, sem saber da


paixão do poncho, e nada. É, eu não sou mesmo de nada. É


bom tirar essa frase, senão alguém vai pensar que eu sou


gay. vou deixar a frase. Não sou gay, mas não sou de nada.


 


Foi a caminho da biblioteca que eu pensei nessas


frases. E em outras, como que ajudando o poncho a conquistar


a Dulce; de algum jeito, eu estaria dizendo as coisas que


eu sentia por ela. Que era um tipo de prêmio de consolação.


Eu também pensei sobre o que a Dulce tinha pensado


quando o poncho deixou o bilhete na classe dela, debaixo da


carteira, quando não tinha ninguém na sala. Será que ela


tinha aberto um pouco mais os olhos pra ler sobre o


Tambora, o vulcão da Indonésia, e sobre o coração que


batia no joelho esquerdo?


 


A biblioteca do meu colégio é superlegal, é só dar


uma procuradinha que eu sempre encontro um livro bacana


pra emprestar. Eu estava indo devolver um livro sobre o


Super Mário Bros., o personagem dos games. Um cara


chamado Todd  Strasser escreveu um livro sobre ele. Muito


bom o livro. Se bem que nos games eu acho o Super Mário


Bros. bonzinho demais. Eu prefiro o Blanka, o monstro


verde do Street Fighter II, que foi criado na Selva Amazônica


 e distribui dentadas e cabeçadas a dar com o pau.


 


Agora eu estava a fim de ler poesia. Eu nunca vi


ninguém que ficasse apaixonado que não desse pelo menos


uma espiadinha num livro de poesias.


 


- Tem As Coisas!


 


 


A garota que cuida da biblioteca do meu colégio é


superlegal. Igual à própria biblioteca. Ela sempre me dá


umas dicas sobre novos livros.


 


- Do Arnaldo Antunes?


-É.


 


- Acho que está emprestado. Espera um pouquinho.


A Eidi, esse é o nome dela, pegou o Super Mário Bros.


 


que eu estava devolvendo e foi até uma estante, meio vazia,


onde ficam guardados os livros de poesia. E voltou logo.


 


- Está emprestado,ucker. Mas a menina deve devolver


hoje, eu... olha ela aí.


 


E a Dulce entrou na biblioteca, com o agasalho do


Mickey amarrado na cintura, linda e com o livro As Coisas


 nas mãos. Rapidinho o pisca-pisca de PERIGO! entrou


 em ação.


 


- O que é que tem eu?


 


Eu não me lembro agora se a Dulce disse o que é


que tem eu e abriu o sorriso ou se ela abriu o sorriso e


depois perguntou. Dessa vez eu senti o coração bater na


sola do pé esquerdo.


 


- O ucker quer emprestar o livro que está com você.


 


- Oi, ucker.Você também gosta de poesia, é?


 


Eu só respondi o ”oi” e fiquei olhando o jeito como


ela apoiou os cotovelos no balcão da biblioteca, jogou o


corpo pra frente e apertou um pouco os lábios, como se


fosse preparar terreno pra dizer alguma coisa pra Eidi.


 


-Eidi...


 


A Eidi olhou pra ela com cara de quem espera ouvir


alguma coisa errada.


 


- O que é que você fez,Dulce?


-Eu?...


 


Um tempinho pra deixar a gente em suspense, e


continuou:


 


- ... eu risquei o livro. Não é bem riscar. Eu só anotei


três frases de uma poesia que eu gostei muito. É que eu


 


 


 


estava sem ter onde anotar e não queria esquecer. Mas já


apaguei, quase nem dá pra ver. Se tiver problema...


 


A Eidi achou um pouco de graça. Eu achei muita! A


Eidi falou:


 


- Deixa eu ver.


-É na página 51...


 


Ela abriu o livro e mostrou pra Eidi, enquanto ia


repetindo as frases da poesia que ela tinha anotado:


 


- ”O silêncio é o começo do papo”, ”O cachorro é um


lobo mais manso” e ”Tartaruga por dentro é parede”. E


que essas frases combinam com algumas coisas que eu


tenho pensado. Tem problema, Eidi? Se tiver, eu peço pra


minha mãe...


 


- Não, não tem problema! Nem dá pra perceber. Mas


é melhor não fazer de novo, tá? Nem todo mundo é tão


cuidadoso com os livros como você...


 


E a Eidi olhou pra mim, e continuou:


 


- ... e o ucker.


 


A Dulce também olhou pra mim. Fiquei com uma


vergonha nessa hora!


 


- Tá legal. Desculpa, tá, Eidi?


 


Eu, que estava bem quietinho, soltei:


 


- Você sabe que essa poesia virou música?


 


Nem sei onde arrumei coragem pra dizer tantas


palavras pra Dulce , mas eu disse. E ela me olhou curiosa:


 


- QUÊ?


 


Ela também sabia dizer QUÊ.


 


- É. O Arnaldo Antunes, depois que ele saiu dos


Titãs, gravou um disco, onde tem uma música chamada


”Cultura”, com essa poesia. Ela não começa dizendo que


”o girino é o peixinho do sapo”?


 


Ela estava superinteressada:


 


- Começa.


 


- Então, é a mesma poesia. Minha mãe tem o CD...


 


Os três pontinhos é porque eu fiquei com vontade de


dizer ”quer que eu grave pra você?”, mas minha coragem


acabou bem no ”CD”, e eu calei o bico.


 


Ela ficou um tempinho esperando porque estava na


cara que eu queria dizer mais alguma coisa. Mas eu engoli


seco. Até me engasguei um pouquinho. Mas foi bom. Eu


já tinha sentido que seria muito melhor pra mim se eu não


me aproximasse muito da Camila. Mas ela deu outro sorriso


bacana e disse:


 


- Eu vou pedir pró meu pai me comprar o CD. Como


é o nome?


 


- Nome.


 


Ela entendeu de cara que esse era o nome do CD. É


claro que ela ia entender. E sorriu de novo, me olhando


bem dentro dos olhos, por uns sete segundos. Como os


olhos dela brilhavam! E a Eidi preencheu a ficha de


empréstimo. Eu assinei. Disse tchau para as duas e saí da


biblioteca bem devagar, ouvindo a Dulce pedir emprestado


”só um minutinho”o livro dos recordes, porque ela queria


saber se o nome da estrela mais brilhante era mesmo Alfa


Canis Majoris. Quase que eu virei pra trás e disse que não,


que a estrela mais brilhante era ela. Mas eu já tinha dito.


Quer dizer, o poncho já tinha dito. Quando eu cheguei no pátio,


o pisca-pisca de PERIGO! foi se apagando devagar.


 



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Autor(a): gigi_rbd

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poxa só tenho uma leitora vou parar de postar até ter pelo menos 2 comentarios né? obg desirresavinon


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