Fanfic: Highway to Hell | Tema: Supernatural
[n/a: música do capítulo, Radioactive do Imagine Dragons]
Eu estava definitivamente perdida. Eu simplesmente não conseguia fazer nada direito. Minha chance de melhorar de vida tinha acabado de ir para o ralo. Eu olhava para aquele monte enorme de envelopes em cima da mesa de centro da sala do meu apartamento, e tinha vontade de chorar. Eram as contas que vinham mensalmente para eu pagar. O aluguel já estava dois meses atrasado e, a qualquer momento, eu poderia receber uma notificação dizendo que seria despejada em alguns dias. E agora que eu estava definitivamente sem emprego, essas contas só aumentariam. Eu não sabia o que fazer. Desde adolescente que eu sonhava em ser independente, mas agora eu mal conseguia me sustentar. Eu olhava para todos os anos da minha vida que passei correndo atrás dos meus sonhos para agora estar aqui, sentada no sofá do meu minúsculo apartamento, olhando para as crescentes dívidas, sem emprego e sem nenhuma esperança de que isso fosse mudar. Eu estava definitivamente ferrada.
Eu tinha a opção de voltar com o rabo entre as pernas para a casa dos meus pais. Eu sabia que apesar de eu não ser a melhor das filhas, eles me aceitariam de volta. Eles me avisaram isso no dia que saí de casa para ir atrás daquilo que eu acreditava ter nascido para fazer: atuar. Meu sonho era ser uma atriz mundialmente famosa, uma estrela de Hollywood. Mas tudo que eu tinha conseguido até agora, aos vinte e dois anos, era empregos em teatros pequenos e sem opção nenhuma de um futuro melhor. Eu acreditava no meu talento, desde a época da escola eu sabia que tinha nascido para fazer isso, eu só não tinha sorte. Parece que todas as forças do universo conspiravam contra mim. Cada plano e projeto que eu começava sempre davam errado em algum momento. Eu nunca conseguia nada daquilo que eu planejava. Eu devia ser a pessoa mais sem sorte que existia no planeta.
Meu azar não era só na parte profissional. Eu não tinha sorte em nada, em nenhum momento da vida. Eu não tinha amigos, porque sempre que eu achava que tinha encontrado algum, eles me passavam a perna. Sempre estavam competindo comigo e não paravam até conseguirem o meu lugar. Por fim, desisti de fazer qualquer amizade que fosse. Eu não criava mais laços com absolutamente ninguém. Eu não confiava nas pessoas e tinha um bom motivo para isso. Todas as pessoas que eu conhecia e tinha algum tipo de ligação ou me passavam a perna ou morriam.
Com os olhos cheios de lágrimas, me lembrei das únicas duas pessoas que eu confiei profunda e cegamente na minha vida. Foram elas que me deram apoio quando eu precisei; que me deram coragem para seguir meus sonhos; que me incentivaram a nunca desistir, por mais difícil que fosse. Kelly e Rafael. Eles eram minha maior fraqueza. O pesadelo que me atormentava todos os dias da minha vida. E possivelmente me perseguiria até o fim dos meus dias.
Kelly foi minha primeira e única amiga que tive. Nós havíamos crescido juntas, era como se fôssemos irmãs. Eu a amava mais que tudo, até mesmo mais do que meus próprios irmãos. Ela era meu porto seguro, alguém que sempre tinha as palavras certas para me dizer. Ela sabia de todos os meus sonhos, segredos e medos. Eu confiava minha vida a ela e, sabia que ela confiaria a dela a mim também, se ela ainda possuísse uma vida. Kelly agora estava a sete palmos abaixo da terra, em um cemitério de Los Angeles. Sem oportunidade de ter um futuro, sem poder ir atrás dos seus sonhos, sem poder construir uma família. E a culpa disso tudo era minha. Eu era a culpada pela morte de Kelly. Se eu não tivesse sido tão estúpida, Kelly ainda estaria aqui. Provavelmente dando risada da minha situação e dizendo que tudo ficaria bem, que ela não me deixaria morar embaixo de uma ponte, que ela estaria sempre ao meu lado e que a casa dela sempre estaria de portas abertas para mim. Meu coração batia dolorosamente no meu peito. Pensar em Kelly era algo que eu evitava fazer. Pensar em como ela poderia estar levando a vida dela, me destruía por dentro. E a lembrança daquela noite, de cinco anos atrás, inundou meus pensamentos. Era a lembrança mais proibida de todas. Eu não conseguia pensar naquela noite sem que eu tivesse a sensação que corria ácido pelas minhas veias. Eu já não estava conseguindo respirar direito. Eu tentava a todo custo apagar aquela lembrança da minha memória, mas eu já via as imagens daquela noite por trás das minhas pálpebras.
Era o fim de semana seguinte à nossa formatura no colegial. Kelly e eu decidimos ir para a cabana dos meus pais para comemorarmos nossa liberdade. Estávamos formadas e no ano seguinte iríamos para Cornell. Kelly sonhava em ser estilista, portanto faria faculdade de moda e eu faria cinema, porque nada no mundo me deixava mais feliz do que atuar. Nós havíamos conseguido um alojamento só para nós duas e estávamos explodindo de felicidade. Decidimos acampar para nos despedirmos da nossa vida na Califórnia, já que em alguns meses nossa vida mudaria completamente, porque iríamos para Nova York, a cidade dos sonhos. Ou pelo menos, dos nossos sonhos.
Passaríamos o fim de semana com nossos namorados. Alexander era o namorado de Kelly. Os dois estavam juntos há dois anos, o mesmo tempo que eu estava com o Rafael. Rafael tinha se mudado para nossa rua depois de voltar do intercâmbio que ele fazia em Londres e consequentemente, nos apaixonamos. Ele era um garoto incrível, o menino mais doce e inocente que eu havia conhecido. Ele não via maldade nas pessoas e por isso era muito fácil de influenciá-lo. Por conta disso, ele se metia em muitas encrencas e sempre era salvo por seu melhor amigo, Alexander. Rafael apresentou o Alexander para a Kelly e os dois não haviam se desgrudado desde então.
Chegamos à cabana, que seria perfeita para passar um final de semana tranquilo, sem problemas. Mal sabia eu que aquela noite seria uma das piores da minha vida. Que depois daquela noite eu nunca mais seria a mesma. Que eu perderia parte da minha vida.
Alexander e Rafael haviam saído para comprar comida e eu e Kelly ficamos, esparramadas pela sala, assistindo algum seriado que passava na TV. Estava escurecendo rapidamente e um vento incrivelmente forte soprava lá fora, fazendo os galhos das árvores próximas à cabana chacoalharem e baterem nos vidros das janelas com violência.
— Você não acha que o clima está bem propício para jogarmos o jogo do copo? — Kelly perguntou.
— Você está louca? Estamos sozinhas. — Falei.
Kelly adorava essas brincadeiras e sempre se interessava por histórias de terror e coisas sobrenaturais. Eu até gostava, mas a animação da Kelly em relação a isso às vezes me assustava.
— Você está com medo? — Ela riu.
— Sim. Esse lugar já é meio sombrio naturalmente e, com essa escuridão repentina que está lá fora, esse vento que parece que vai derrubar a casa e estarmos sozinhas, com certeza me deixa com mais medo. Além disso, você sabe que não gosto dessas brincadeiras.
— Ah, qual é, Ramonna. É só uma brincadeira. Não vai fazer mal. — Ela disse, se levantando e indo até a cozinha. Pegar os copos, provavelmente.
Fiquei sentada no chão, abraçando minhas pernas. De repente parecia que a temperatura tinha baixado e a cabana estava fria demais. Olhei para a janela da sala e pensei ter visto um vulto de uma pessoa do lado de fora. Deveria ser só minha imaginação. Tinha vento lá fora, agitando os galhos das árvores e provavelmente tinha sido um desses galhos que fez sombra na janela.
Logo Kelly voltou com as coisas necessárias para o jogo e eu encarava aquelas coisas como se elas fossem me morder.
— Não precisa ficar com medo. Eu estou aqui. — Kelly disse, usando aquele tom tranquilizador que ela sempre usava quando queria me acalmar. Kelly era extremamente protetora comigo. Ela cuidava de mim.
Mal ela terminou de dizer a frase e as luzes se apagaram. Novamente tive a impressão de que alguém estava andando do lado de fora da cabana. Gritei e a Kelly riu.
— Calma Ramonna. Deve ter sido problema nos fios de instalação da cabana, está ventando muito lá fora. Não é nenhum fantasma, fica tranquila. Nós nem começamos o jogo. — Ela riu de novo.
— Eu tive a impressão de ver a sombra de alguém do lado de fora, andando perto da janela.
— São os galhos das árvores, Ramonna. Estamos somente nós aqui. Eu vou dar uma olhada nos disjuntores lá no porão. Fique aqui que eu já volto. — Ela disse, pegando o celular no bolso e iluminando o caminho na frente dela.
— NÃO! — Gritei de novo e ela riu.
— Por que não?
— Eu não vou ficar aqui sozinha. E você também não vai lá embaixo. Tem alguém do lado de fora, não vou deixar você ir.
— Não tem ninguém do lado de fora, Ramonna. Você está com medo e o medo prega peças nas pessoas.
— Eu achei que era impressão minha quando vi pela primeira vez. Mas assim que as luzes se apagaram, eu vi de novo. Não é impressão minha e, é óbvio que estou com medo. Você deveria estar também. Você não vai a lugar nenhum.
— Então vamos juntas.
— Nem pensar. Não arredo meus pés daqui.
— Nós não podemos ficar aqui no escuro. — Ela disse.
— Tem milhares daquelas velas aromáticas em algum lugar aqui nessa sala. Vamos acender e ficar quietinhas até o Rafael e o Alexander voltarem.
— Velas são perigosas.
— Sair daqui que é perigoso. Vem! Ajude-me a achar. — Peguei meu celular e a puxei pela mão.
Ela não estava feliz em ter que acender velas, mas me ajudou a procurar. Encontramos várias e as distribuímos pela sala, em lugares estratégicos. Enquanto acendíamos uma por uma, eu sentia olhos nos observando. Olhei para a janela diversas vezes, esperando encontrar os olhos que sentia sobre nós, mas tudo estava calmo do lado de fora. Parecia que o vento tinha cessado ou pelo menos acalmado. Quando terminamos voltamos a nos sentar no chão. A sensação de estar sendo obervada ainda não tinha passado e novamente olhei para a janela. Havia alguém ali. Eu conseguia claramente ver a silhueta de uma pessoa. Pelos cabelos longos, pude perceber que era uma mulher. Fiquei paralisada. Não conseguia nem mais respirar.
— Vamos começar? — Kelly perguntou. — O que foi? Você está pálida. Até parece que viu um fantasma. — Ela riu.
— Tem alguém lá fora. — Consegui achar minha voz em algum canto da minha mente em pânico.
— Já disse que não tem ninguém. Deve ser o vento.
— Não tem mais vento lá fora. Olha para a janela. Tem alguém lá, uma mulher.
Kelly pousou seu olhar na janela e ficou encarando o lugar por alguns segundos.
— Eu não estou vendo nada, Ramonna. Acalme-se, não tem ninguém lá. Vamos jogar. — Ela colocou o dedo no copo.
Nesse instante ouvi um grito assustador e então o vidro de todas as janelas da cabana quebraram, como se algo os tivesse atingido. O impacto foi tão forte que os vidros se espatifaram a vários metros de distância, alguns até atingiram a mim e a Kelly.
— O que está acontecendo? — Kelly gritou. A dela voz sumiu em meio ao barulho ensurdecedor que nos cercava.
Aquele grito penetrante, de alguém que estava sofrendo, voltou a surgir em meio àquela cacofonia. O vento tinha voltado e agora muito mais forte. Era como se a cabana estivesse em meio a um tornado. As velas foram todas derrubadas e em poucos instantes a cabana estava pegando fogo. Vi novamente aquela silhueta, dessa vez dentro da cabana, próxima da Kelly. Era uma garota que aparentava ter minha idade. Ela estava pálida, praticamente translúcida. Seus pés não tocavam o chão, era como se ela estivesse flutuando. Ela tinha olheiras de um tom de roxo assustador. Nunca tinha visto algo assim na minha vida. Os cabelos dela eram longos e pretos, e caíam lisos pelas suas costas. Ela tinha um sorriso diabólico nos lábios, desfigurando seu rosto, que antigamente tinha sido muito bonito. Aquela garota não podia ser humana. Nunca na vida acreditara em fantasmas ou em seres sobrenaturais, mas agora eu estava em dúvida. Aquela garota não podia ser fruto da minha imaginação. Dessa vez a Kelly pareceu vê-la e gritou, me fazendo gritar com ela. A fumaça já estava começando a me sufocar e, a última coisa de que me lembro, é de ouvir Kelly chamando meu nome, antes de eu apagar e não ver nada além da escuridão.
Quando acordei, estava do lado de fora da cabana, deitada no chão. Rafael estava ao meu lado e os olhos dele estavam cheios de lágrimas e o rosto dele estava molhado.
— Ai meu Deus, Ramonna, que bom que você acordou. Você está bem? — Ele perguntou.
— Acho que sim. — Tossi. Parecia que eu tinha inalado fumaça demais e agora minha garganta e meus olhos estavam ardendo.
Sentei-me e Rafael me envolveu em seus braços. Olhei ao meu redor e vi que a cabana fora completamente destruída pelas chamas. O lugar estava cheio de bombeiros, que tentavam controlar as chamas que ainda restavam. A fumaça subia ao céu em uma coluna clara que formava um contraste sinistro com o céu escuro. Alexander estava parado a alguns metros do que agora eram as ruínas da cabana. Eu estava longe, mas consegui ver que ele chorava muito.
— Rafael? O que aconteceu? — Perguntei.
— Eu esperava que você me respondesse isso. O que aconteceu?
— Eu não sei. Eu e a Kelly estávamos na sala e de repente os vidros das janelas se quebraram. Um vento forte derrubou as velas e a cabana começou a pegar fogo. Eu vi a figura de uma garota na sala e então tudo ficou escuro e eu não me lembro de mais nada.
— Velas? Por que tinha velas acesas, Ramonna?
— Porque a energia da casa foi cortada ou sei lá. — Falei. — Cadê a Kelly?
Rafael me encarou, mas não disse nada. Lágrimas escorriam livremente pelo rosto dele, em um fluxo cada vez maior.
— Rafael, me fala. Onde está a Kelly? — Entrei em desespero.
Ele olhou em direção à cabana e eu segui seu olhar. Os bombeiros estavam levando uma maca para uma ambulância estacionada na estrada. Antes de eles entrarem, o Alexander começou a chorar e gritar, se abraçando a pessoa que estava na maca. Mas a pessoa estava coberta por um plástico preto. Não. Não podia ser.
— Rafael, pelo amor de Deus, me diz que não é isso que estou pensando. — Comecei a chorar. — Quem é que está naquela maca? — Ele me encarou por muito tempo, as lágrimas escorrendo pelo rosto dele. — Me fala! — Agarrei a gola da camiseta dele e o chacoalhei. — Quem está naquela maca?
— A Kelly. — Ele disse, por fim.
— NÃO. — Gritei e desabei em um choro desesperado. Ele me abraçou mais forte. — Por quê? Por que a Kelly? Como eu estou viva e ela não?
— Eu não sei. Por algum motivo ela não conseguiu sair da cabana.
— Mas, e como eu consegui?
— Não sei. Eu te encontrei caída do lado de fora, perto da janela.
— Eu não me lembro de nada. Eu estava na sala, ouvi a Kelly gritar meu nome e depois eu estava acordando nos seus braços. Não é possível. Diga-me que a Kelly não está morta.
— Você terá que ser forte, Ramonna. Todos nós teremos que ser.
— NÃO. — Gritei de novo. — Tinha uma garota com a gente. — Falei me lembrando da imagem fantasmagórica que eu vi antes de apagar.
— Que garota?
— Eu não sei. Eu a vi do lado de fora, mas a Kelly não a viu. Eu achei que estivesse imaginando coisas. Mas depois que os vidros se quebraram, eu a vi dentro da cabana. — Descrevi como ela era e Rafael me encarou incrédulo.
— Isso é impossível. — Ele disse.
— O quê?
— Nada. Esquece isso. Você deve ter batido a cabeça com força.
Não deu tempo de eu perguntar mais nada, porque nesse momento os paramédicos me colocaram em uma maca e me levaram para outra ambulância. Na verdade, a Kelly não tinha sido levada para uma ambulância e sim para o carro dos legistas.
Eu queria entender o que estava acontecendo, mas fui dopada antes mesmo de conseguir pronunciar mais alguma palavra.
Meu coração batia descompassado e dolorosamente. Eu odiava reviver aquela lembrança. Minha vida mudara drasticamente depois daquele dia e uma parte de mim morreu com a Kelly. Até hoje eu queria saber o que, de fato, havia acontecido naquela noite. Eu queria saber quem era aquela garota, mas nunca soube nem por onde começar. Ninguém acreditou em mim quando falei da garota e só o Rafael parecia me compreender. Sempre que eu falava da garota, ele reagia estranhamente, mas nunca me disse o porquê de agir assim. Ele parecia conhecer aquela garota, só que eu nunca teria certeza disso, já que ele levou isso para o túmulo.
Meus olhos voltaram a se encher de lágrimas ao me lembrar do Rafael. Não! Eu me recusava a reviver aquela lembrança. Eu já tinha revido a lembrança do dia que perdi minha melhor amiga, não suportaria reviver a lembrança do dia que perdi o Rafael também. Assim como Kelly, Rafael também estava em um cemitério de Los Angeles agora. A vida das duas pessoas que eu amara tão profundamente havia acabado. Os dois não teriam a chance de um futuro. A vida dos dois acabara abruptamente, e eu queria entender porque os dois foram arrancados de mim tão prematuramente. O problema era comigo. Eu era letal, radioativa. Todas as pessoas que eu amava acabavam morrendo. Por isso não me permitia formar nenhum tipo de laço com ninguém. Para o bem de todos, era melhor ficarem longe de mim.
Revoltada comigo mesma, empurrei os envelopes com as contas todos para o chão, revelando o jornal do dia sobre a mesa. Nesse momento um vento frio entrou pela janela aberta e abriu o jornal. Para que o jornal não voasse para o chão também, o peguei nas mãos. A página tinha sido aberta exatamente em um anúncio que me chamou a atenção. O artigo dizia que um seriado chamado Supernatural estava à procura de uma atriz. Os testes seriam realizados em alguns dias, aqui em Los Angeles mesmo. Sorri. Parece que isso era exatamente o que se chama de luz no fim do túnel. Talvez a sorte finalmente tivesse voltado a sorrir para mim. Pelo menos, me permiti pensar desse modo. Mal sabia eu que estava indo em direção à estrada para o inferno.
Autor(a): _angel_
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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