Fanfic: •♥ღツ°Uma entrega especial°ღ•♥ [terminada]
CAPITULO IX
Dulce ficou deitada na cama, sem conseguir dormir, ouvindo as risadas contidas e os ruídos estranhos vindos da sala. A despeito de se manter imóvel, sua mente parecia estar funcionando a toda velocidade.
A casa já estava em silêncio e o sono quase a envolvera quando Bella acordou e começou a chorar.
Sem demora, ela foi até o bercinho e a pegou. Depois de trocá-la, levou-a à cozinha para o lanche das duas da madrugada. Quando lá chegou, encontrou Chris em frente ao forno de microondas, esquentando a mamadeira para ela.
Estava descalço e sem camisa. A única peça de roupa que usava era uma calça jeans quase branca de tão desbotada.
—Escutei o choro — explicou ele, antes mesmo que algo lhe fosse perguntado. — Achei que você poderia querer companhia.
—Obrigada. Bella acordou mais alguém?
—Apenas minha mãe, mas eu a encontrei no corredor e a mandei de volta para a cama.
Enquanto falava, Chris a acomodou em uma cadeira, à mesa da cozinha, ficando de pé diante dela. Depois de fitar aqueles olhos castanhos por alguns instantes, abaixou o rosto para não ter de encará-lo. Contudo, sem saber para onde olhar, já que aquele peito másculo também não estava ajudando em nada a abaixar a pulsação de seu coração, ela só pôde relaxar quando o viu se afastar para checar a mamadeira.
Quando ele retornou com a garrafinha na mão, ajudou-a a se levantar e a conduziu até a sala, onde a acomodou em uma das cadeiras de balanço.
— Hum, agora você me parece mais confortável — falou Chris, acendendo as luzes da árvore de Natal e apagando a luz do teto. — Assim haverá luz suficiente, sem brilho demais. Acho que Bella ficará menos agitada.
Observando o brilho e a infinita coleção de enfeites naquele imenso pinheiro natural, Dulce se lembrou das ilustrações de cartões-postais, as quais pensara serem apenas cenários do mundo da fantasia. Jamais imaginara que existissem coisas assim na vida real.
—Não é à toa que achou que minha árvore de Natal estava com raquitismo.
—Eu disse isso? — disse ele, surpreso.
—Ora, não com todas as palavras, mas seu olhar foi denunciador.
Chris riu de maneira carinhosa.
—Minha mãe teve muitos anos para acumular todos esses enfeites. Dê algum tempo a si mesma.
—Mas não estou impressionada apenas com a árvore. É todo o conjunto que me constrange. Sempre sonhei em acordar em um lugar assim na manhã de Natal, com presentes, amigos e tudo mais. Achei o máximo quando vi seu pai ler uma história para os netos. Só não entendi os balões amarelos. Será que ignorei essa tradição ao longo dos meus vinte e sete anos?
—Não é nada disso — garantiu ele, em tom gentil. — Essa é uma brincadeira que surgiu em um livro infantil que Anahi leu na escola, onde o Papai Noel deixava um rastro de balões amarelos por onde passava. Fizemos uma cena para impressioná-la naquele ano e, desde então, adotamos o ritual.
—Perdi muita coisa?
—Digamos que, apenas a parte em que os adultos suam muito, para garantir que as crianças continuem acreditando no "bom velhinho" — respondeu Chris, apontando para os brinquedos já montados.
—Oh, esqueci de colocar os laços nos meus pacotes — lembrou Dulce.
—Deixe que eu acabo de dar mamadeira para Bella enquanto você cuida disso. É melhor fazê-lo agora mesmo, pois as crianças acordam cedo na manhã de Natal.
Enquanto o bebé era transferido de colo, ela fez o máximo esforço para não tocá-lo. Saindo depressa dali, buscou os laços que estavam em sua bagagem no "quartinho" e voltou para colocá-los.
Foi Chris quem rompeu o silêncio.
— Em pouco anos, Bella estará trazendo para casa os enfeites que tiver feito na escola. Sua árvore vai se encher tão depressa que precisará de um pinheiro maior a cada ano.
—Assim espero — sussurrou Dulce, tentando não desviar o olhar dos pacotes que tinha nas mãos.
—Por que foi criada por tutores e em internatos? O que aconteceu a seus pais?
—Acha que isso pode ajudar no meu caso?
—Estou apenas curioso. Só isso — confessou ele, sorrindo.
Por um instante, ela pensou em todas as histórias que inventara ao longo dos anos, para que as pessoas não a olhassem com o coração cheio de piedade. Imaginou então se Chris gostaria de sua versão predileta, em que dizia que sua mãe morrera e seu pai trabalhava na área diplomática.
De repente, a sala pareceu menos confortável.
—Não sei muito sobre meu pai. Ele desapareceu antes de saber sobre minha existência e sempre foi um assunto meio "proibido" em casa. Minha mãe dizia que o amava demais e que falar nele era muito doloroso. Aprendi depressa a não fazer nada que a contrariasse.
—Acho que não entendi. Então chegou a morar com ela?
—Ela era alcoólatra. Como não conseguia se manter em um emprego, não podia cuidar de mim. Morei com minha mãe durante algum tempo mas, quando uma crise insistiu em não passar, alguém a denunciou e me levou embora.
—E a colocou sob a tutela do Estado, no programa de tutores temporários.
—Sim, mas só até a ajudarem e a deixarem sóbria outra vez. Porém, logo veio outra crise de alcoolismo e os oficiais acharam que minha vida podia ser colocada em risco. Mais uma vez, fui morar com outra família. E mudei de escola de novo, claro. Sabe, sei que minha mãe me amava muito, mas isso não impediu que as ações dela me prejudicassem.
—O que aconteceu com ela então?
—Morreu depois de um coma alcoólico, quando eu estava com dezesseis anos.
Depois de um prolongado silêncio, a voz dele se assemelhou a uma distante carícia.
—Crescer dessa maneira não deve ter sido fácil.
—Depois da morte dela, passei por mais um internato e vivi dois anos inteiros com a mesma família, até que completei dezoito anos e deixei de estar sob a tutela do Estado. Eu e Zora, minha irmã adotiva, fazemos aniversário na mesma semana, então chegamos juntas à maioridade. Alugamos um apartamento e fomos morar sozinhas. Cada uma de nós tinha dois empregos, assim conseguimos nos manter e fazer faculdade. Aqueles anos foram os mais estáveis da minha vida.
—A vida de Bella será estável — garantiu Chris, que acabara de dar a mamadeira para a menina e já a tinha feito dormir em seus braços.
—Você parece mais otimista do que Anahi e John.
—Eles precisam fazer aquele tipo de questionamento para não restarem imprevistos que possam surgir na corte.
—Acha que vou conseguir ficar com ela?
—Claro. Assim como meu pai e minha irmã, tenho convicção de que sim.
—Eles lhe disseram isso?
—Sim, quando conversamos há pouco, antes de nos recolhermos.
Dulce até pôde imaginar os três conversando sobre legislação enquanto os outros enchiam os balões.
—Por falar em "recolher" — disse Alexandra, chegando à porta da sala —, vocês dois deveriam estar seguindo o exemplo de Bella. Amanhã, logo ao amanhecer, as crianças vão acordar todo mundo nesta casa.
—Minha mãe acredita que todos devem ter uma vida saudável, dormindo cedo para levantar cedo — resmungou Chris, com um sorriso sarcástico.
—Só vim para checar se estava tudo bem.
—Obrigada — agradeceu Dulce. — Está tudo ótimo e acho que sua filosofia é perfeita. Vou voltar para a cama.
—Podem ir, que eu mesma desligo as luzes da árvore — sugeriu a anfitriã.
Chris entregou o bebé a Dulce e a seguiu até a porta do "quartinho", segurando-a com cuidado pelo braço antes de ela fechar a porta.
— Não conte com minha mãe nem com Bella para salvá-la da próxima vez, minha doce Dulce — advertiu ele, em tom de promessa, com um intenso brilho nos olhos. — Tenha bons sonhos.
A manhã de Natal demorou a chegar. A mãe de Chris sabotara seus planos na noite anterior, mandando-os para a cama como se fossem crianças. Naquela manhã, tivera apenas vinte minutos na companhia de Dulce, os quais foram usados para cuidar de Bella, até que as crianças acordaram e fizeram com que todos lhes dessem atenção. Era hora de abrir os presentes.
O ritual foi lento e permeado por brincadeiras que pareciam sem fim. Vê-la derramar lágrimas emocionadas enquanto abria os presentes de Bella o fez desejar que aquilo acabasse logo para poder ir até lá e confortá-la. Jamais se ressentira tanto do Natal lento e participativo de sua família.
Aproveitando-se da casa cheia, ela evitou ficar sozinha em sua companhia ao longo de todo o dia, desde o desjejum até o momento das despedidas. Depois do jantar, todos se abraçaram uns aos outros e rumaram para seus veículos. Anahi se comprometeu a encontrá-los no dia seguinte, antes de irem para a corte.
Já eram mais de sete da noite quando acomodaram Bella em sua cadeirinha, no banco traseiro do carro de Chris. O cansaço das atividades natalinas era tão grande que a menina adormeceu assim que foi colocada ali.
Assim que se colocaram a caminho do condomínio onde moravam, ele a ouviu dizer:
— Sua família é incrível. Jamais esquecerei este Natal.
Sem perceber, ele estendeu o braço e acariciou os cabelos dela.
— Sim, ouvi o que disse à minha mãe.
Saber que estava sozinho com ela outra vez, exceto pela presença do bebé, o fez sentir-se agitado. O interior do carro parecia quente demais, apesar de estar quase nevando.
Ao parar em um semáforo, olhou para o lado e flagrou Dulce observando-o. Desconcertada, ela virou o rosto e fingiu interesse na calçada vazia. Foi impossível conter o sorriso que se formou em seus lábios, mas aquilo não o fez sentir-se menos tenso e desconfortável. Pela milésima vez, culpou a pequena caixa aveludada em seu bolso pelo modo como sua calça jeans o estava incomodando.
Quando voltou a colocar o carro em movimento, acelerou mais do que o habitual, precisando se conter em seguida. Estava ansioso para colocar seu plano em andamento.
Dulce sorriu de maneira insegura para Chris no momento em que pararam em frente ao prédio, pouco tempo depois.
— Leve Bella que eu descarrego o carro — sugeriu ele.
Ela estava sentada no sofá, embalando o sono de Bella, quando a tarefa dele acabou.
—Obrigada.
—E agora? — perguntou Chris.
—Vá para casa.
—Está pensando que será tão fácil assim se livrar de mim?
—Eu não disse que seria fácil.
O tom de Chris ficou mais grave e sério.
— Quer mesmo ficar sozinha esta noite?
Olhando para o bebé em seus braços, Dulce sentiu um aperto no peito.
— Não, acho que não. Oh, Chris, toda vez que penso no que pode acontecer amanhã eu fico apavorada.
Ele se aproximou e tocou-lhe os lábios com o indicador, silenciando-a, para então pegar o bebé no colo.
— Já que Bella dormiu, vou colocá-la no seu quarto.
Quando retornou, pegou-a pela mão e a fez ficar de pé.
—O que vai...
—Calma, deixe-me abraçá-la. Pode ser que ajude a espantar o temor que está sentindo.
Aconchegando-se contra aquele peito másculo, Dulce se sentiu mais do que protegida. Contudo, nunca se sentira tão alerta da proximidade dele. Precisava manter sua mente ocupada.
— O que faremos se não conseguirmos a audiência de emergência com um juiz moderado?
—Não se preocupe com isso. Não importa quem esteja no tribunal amanhã, cuidando da vara de família, garanto que já lidou com Anahi ou no mínimo, com algum Uckermann. Isso não garantirá privilégios, mas nos dará a oportunidade de conversarmos entre nós e adaptarmos nossas estratégias.
—Hum... e a que horas acha que será a audiência?
—Com certeza, depois do meio-dia. Provavelmente entre uma e duas da tarde. Que diferença isso faz.
—Preciso de tempo para conversar com a diretoria daquele hotel que havia me oferecido um emprego. Vou aceitar a oferta, se a vaga ainda estiver em aberto. Isso não aumentaria minhas chances?
Ele afastou o rosto para poder encará-la.
—E isso o que quer fazer, mesmo que a chamem de volta em seu antigo serviço?
—Já pensei muito no assunto. O que eu mais gostava no meu trabalho era o fato de ele preencher todo meu tempo livre. Se conseguir a custódia de Bella, acho que não precisarei mais disso, não é? — indagou ela.
—Bebés não costumam deixar nenhum tempo livre para os adultos que estiverem por perto. Além disso, um emprego estável, sem muitas viagens iria eliminar muitos dos pontos negativos de sua apresentação para o juiz.
Chris a envolveu nos braços com firmeza por mais um longo período de tempo antes de voltar a falar:
— O que a convenceu de que não poderia ter filhos, Dulce?
Ela hesitou um instante.
—Bem, quando eu tinha quinze anos, sofri uma infecção...
—Não estou falando do aspecto biológico — interrompeu ele, de maneira quase impaciente. — Quero dizer, por que descartou a ideia de adoção? Está claro que jamais pensara nisso antes, mas agora quer ficar com Bella de qualquer maneira.
—Isso é diferente.
—Por quê? Você acha que não amaria o filho de outra pessoa tanto quanto um que gerasse em seu próprio ventre?
—Não consigo imaginar que seria possível amar Bella ainda mais, mesmo que fosse minha filha legítima.
—O fato de não poder ter filhos tem alguma relação com sua decisão de não se casar? — questionou Chris. — E por isso que não quer formar relacionamentos mais íntimos?
Dulce balançou a cabeça negativamente, com descrença. Ele parecia capaz de se lembrar de tudo o que lhe dissera.
—Não é isso...
—Nesse caso, por que não se permite fazê-lo? A infertilidade é apenas a barreira que você coloca diante de todos que se aproximam demais? É assim que tem evitado relacionamentos sérios?
Uma atmosfera de mágoa preencheu o ambiente. Ela afastou o rosto do ombro dele para encará-lo. Quando pensou ver piedade nos olhos dele, soltou-se daqueles braços fortes.
—Isso se chama honestidade, Chris. Além disso, pensei que tivéssemos concordado em não falar sobre isso.
—Eu não concordei com nada — falou ele, puxando-a de volta para seus braços.
—Chris...
Ele a silenciou com um beijo. Mesmo não estando sendo beijada à força, Dulce não foi capaz de escapar daquele contato provocante. Aos poucos, foi ficando difícil pensar, conforme os lábios quentes de Chris provocavam os seus.
— Como seu advogado, eu não poderia fazer isso — murmurou ele, antes de tornar o contato ainda mais íntimo e eletrizante. — Deixei de ser seu advogado para tê-la e você me vem com uma desculpa dessas?
Mesmo fraquejando, Dulce se lembrou de que ele queria filhos, então conseguiu reassumir o autocontrole por tempo suficiente para afastar o rosto do dele.
— Chris, eu não...
Outro beijo a silenciou, fazendo-a esquecer no que havia pensado. Mas ele próprio a lembrou:
—O que foi, Dulce? Está querendo me dizer que não pode ter filhos? Por acaso, isso deveria me fazer correr na direção oposta? Era esse o plano?
—Sim. — Reunindo toda força que lhe restava, ela se afastou. — Você quer uma vida estável e uma família, Chris. Estou errada em querer que alcance seu desejo?
—Tem razão. Quero tudo isso, assim como quero você.
Ouvindo a mágoa na voz dele, Dulce não conseguiu encará-lo.
—Mas, isso é impossível.
—Achou mesmo que, quando eu soubesse dos fatos, meu interesse em nosso relacionamento diminuiria?
—Mas não existe a menor possibilidade de isso continuar. Isso é o que importa.
—Oh! — caçoou ele. — Mas parece que a "revelação" de ontem de manhã apenas aumentou as possibilidades de que haja algo entre nós. — A voz dele assumiu um tom amargo. — Podemos ter muito mais diversão sem corrermos risco nenhum.
— Não.
Chris segurou as mãos dela nas suas, fitando-a nos olhos.
— Eu quero você. Não venha me dizer que não está interessada, pois não acreditarei. Case-se comigo.
Aquelas palavras finais a pegaram desprevenida. Jamais esperara ouvi-las.
—Case-se comigo, Dulce — prosseguiu ele. — Assim nós dois poderemos ter o que queremos.
—Pare de dizer isso!
—Será que não mereço nem ao menos a cortesia de uma resposta?
—Você está mesmo falando sério! — protestou ela, sentindo-se atordoada. — Acha que devemos mesmo falar em casamento?
—Falar? Não. Acho que devemos nos casar de uma vez.
Só então lhe ocorreu que Chris não falara nada a respeito de sentimentos, mas apenas de desejo. Talvez aquela fosse apenas uma proposta de troca de benefícios: ambos satisfariam seus anseios e ela ainda teria mais chances de conseguir a custódia do bebé.
— Por causa de Bella? — indagou Dulce, arregalando os olhos.
A pergunta o levou a hesitar.
— Eu quero poder cuidar dela também — admitiu ele, deixando transparecer uma forte emoção.
—Oh, Chris, não pensei em mais ninguém além de mim mesma. Nem mesmo me preocupei em como você estaria se sentindo.
—Sim, eu percebi — murmurou Chris, beijando a ponta do nariz dela.
—Você já discutiu essa opção com seu pai e com Anahi? Sei que está querendo fazer o que é melhor, eliminando pontos negativos, mas não espero nenhum sacrifício pessoal de sua parte.
—E isso mesmo o que pensa? Pois não estou me oferecendo em sacrifício.
—O que você poderia ganhar?
—Uma esposa. — A expressão dele ficou séria. — E uma filha.
—Permanentemente?
A questão pareceu incomodá-lo.
—Por acaso já ouviu falar de alguém que considere casamento como algo temporário?
—Você não está encarando isso como uma de nossas opções para melhorar minha condição diante da corte?
De alguma maneira, aquelas palavras pareceram ofendê-lo ainda mais, levando-o a assumir uma postura sarcástica.
—Não creio que mudar de esposa a cada dois ou três anos venha a aumentar minhas chances de ser indicado para o cargo de juiz da Suprema Corte.
—Oh, claro. Entendi. Está achando que eu e Bella podemos ajudar a melhorar sua imagem, assim como aquela casa enorme que construiu — declarou ela, com ironia.
—Mas que droga, Dulce! — esbravejou ele, fitando-a com mais calma em seguida — Oh, Dulce, Dulce.
Como ele podia parecer tão magoado e ofendido naquele instante, se não se passara mais do que alguns segundos, desde que demonstrara tanto carinho? Mas isso não importava. Era bom que o humor dele houvesse mudado, pois tornava mais fácil sua tarefa de rejeitá-lo. Assim não precisaria pensar em como gostava de ficar nos braços dele.
—Sabe o que me incomoda tanto? — perguntou Chris.
—Não faço a menor ideia.
—O fato de sempre se subestimar tanto, Dulce. Em algum momento de sua vida, você decidiu que se não esperar muito das pessoas, não poderá ficar desapontada. Assim não precisa se arriscar com nada nem por ninguém.
—Não se pode perder o que nunca se teve — falou ela. — É isso o que venho tentando lhe dizer. E impossível que alguém se magoe com uma perda se não tiver nada. E estou pensando também em seus anseios quando digo isso.
—Quanta nobreza. Então está tentando me proteger?
Dulce franziu o cenho, balançando a cabeça negativamente.
—Estou protegendo a mim mesma. É verdade. Não quero me arriscar a me envolver com você.
—Então está preocupada apenas consigo mesma?
—Não. Sim. Oh, eu não sei!
—Sua preocupação engloba o bem estar de Bella, também?
Ela ficou paralisada. O ambiente pareceu ficar frio de repente. Diante do silêncio dela, Chris prosseguiu:
— Por acaso a quer tanto assim apenas por se tratar de sua única oportunidade de ser mãe?
Ao sentir as pernas fraquejando, ela precisou ir até o sofá e se sentar. Trémula, respondeu sem encará-lo:
— Oh, Deus. Isso não tem nada a ver com meu desejo em adotar Bella. Nem mesmo pensei no fato de não poder ter filhos até que...
Surpresa, Dulce se calou.
Estivera prestes a dizer que havia se apaixonado por ele. A verdade a atordoou. Não havia como negar que estava mesmo apaixonada, a despeito de todos seus esforços para que isso não acontecesse.
— "Até que", o quê?
Lançando mão de todos os anos de prática em ocultar seus sentimentos, ela fez a expressão mais neutra que conseguiu.
—Até que você me beijou. Só então percebi que havia "algo" acontecendo entre nós.
—Algo?
—Claro. Nada mais justo do que alertá-lo antes de irmos longe demais.
—Oh, avisar-me é o mesmo que se eximir das responsabilidades.
— Não sei. Talvez devêssemos ter um caso para satisfazer nossa curiosidade e nos livrarmos dessa atração. Isso só pode ser uma ilusão. Talvez, se formos para a cama e tivermos uma relação sexual...
— O que eu quero é fazer amor com você — interrompeu ele, em tom irritadiço, mas com os olhos brilhando de paixão. — Mas, de acordo com sua intenção de me proteger, isso não seria ainda pior?
Quando ele usou a expressão "fazer amor" no lugar de "relação sexual", Dulce percebeu que havia perdido o controle da situação. Ficou então em silêncio, sem conseguir pensar com clareza.
Chris cruzou os braços sobre o peito.
—Além disso, um mero caso não aumentaria suas chances de conseguir adotar Bella.
—Chris, eu não poderia fazer isso. Seria o mesmo que trapaceá-lo!
Ele fez uma careta.
— Por que não me deixa julgar isso por conta própria?
—Deveríamos esperar até que eu consiga a custódia do bebé — sugeriu Dulce, de maneira ausente, já incapaz de concatenar os pensamentos. — Se tudo der certo, talvez eu não tenha a impressão de estar...
—Trapaceando? — completou ele, assumindo uma postura agressiva, mas com um ar de total decepção.
Ela não podia suportar mais aquilo. Era hora de acabar com aquela conversa, mesmo que tivesse de usar o mais baixo dos recursos: o ataque.
—Sabe qual é o seu problema? Você espera demais das pessoas. Aposto que nunca deixou de ter algo que tenha desejado. Pois tenho uma novidade para lhe contar: este é o mundo real, meu caro. Melhor uma pequena mágoa hoje do que uma catástrofe no futuro!
Ao acabar de falar, Dulce saiu da sala e se fechou no quarto. Chris não tentou impedi-la.
Autor(a): dullinylarebeldevondy
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CAPITULO X Fechada dentro do quarto, Dulce ficou ouvindo Chris andar de um lado para o outro por mais de dez minutos. Se ficasse mais um pouco perto dele, acabaria cedendo àquele esquema insano e talvez até aceitasse se casar. O problema seria quando ele se cansasse dela e quisesse encontrar uma esposa de verdade, capaz de lhe dar filhos. Era ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 75
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bellarbd Postado em 23/10/2009 - 14:55:33
nossa já acaabou?
=(
tudo bem, eu amei a web do msm jeiito
que final mais lindo
meus olhos ficaram cheios de águaa
adoreeeeeeeeeeeeiiiiiiiii
parabéns pela magnifica e linda web! -
jessikavon Postado em 20/10/2009 - 15:43:40
Nossa q wn lindaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
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jessikavon Postado em 20/10/2009 - 15:43:39
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jessikavon Postado em 20/10/2009 - 15:43:37
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jessikavon Postado em 20/10/2009 - 15:43:36
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