Fanfic: •♥ღツ°Uma entrega especial°ღ•♥ [terminada]

Capitulo extra especial para anjodoce!

Dulce arregalou os olhos ao ouvir alguém bater à porta. Aquele fora o pior e, ao mesmo tempo, o melhor dia de sua vida. Havia acabado de con­seguir fazer o bebe dormir, e tudo o que desejava naquele instante era se sentar em uma poltrona e ficar imóvel como um zumbi por alguns minutos.

Em vez disso, porém, teve de ir atender à porta. Por sorte, conseguiu chegar a tempo de não ouvir uma segunda batida. O punho do atraente des­conhecido já se encontrava no ar, pronto para ba­ter outra vez contra a madeira. E o que ela menos precisava naquele instante era de um visitante batendo à sua porta e acordando a criança.

Na verdade, precisava menos ainda daquele visi­tante, pensou Dulce, ficando boquiaberta por um ins­tante. Ele era alto, tinha cabelos castanho-claros, olhos castanho-escuros e um rosto capaz de fazer uma mulher suspirar sem querer. Deus, quem mais apareceria sobre aquele capacho naquele dia? Pri­meiro um bebe, depois o presente dos deuses com o qual ela vinha sonhando durante toda a vida.

Encontrara-o duas vezes na saída do salão de ginástica do condomínio. Por estar corada e suada em ambas as ocasiões, tentara se misturar à decoração para não ser notada, rogando por uma oportunidade de conhecê-lo quando estivesse bem-arrumada. Droga, por que nunca o encontrava quando estava bem-arrumada?

Aquela era a terceira vez e nada mudara, pen­sou com tristeza, levando as mãos aos cabelos longos em um gesto automático. Sabia que estes es­tavam desalinhados, assim como o traje vermelho que ela não tivera oportunidade de trocar ao longo de todo o dia.

E lá estava ele, trajando um smoking e um so­bretudo tão perfeitos que o deixavam com uma aparência de artista de cinema. De fato, foi difícil decidir se apenas permanecia boquiaberta ou se fechava a porta na frente dele.

—  Dulce Saviñon? — indagou ele, parecendo tão surpreso quando ela, ao mostrar um envelope. — Você me deixou isto?

—  Sr. Uckermann?

Ele concordou, parecendo surpreso ao ser puxado pelo braço e levado para dentro do apartamento, antes de ver a porta ser fechada atrás deles.

Dulce respirou fundo. A preocupação a respeito de sua aparência desapareceu e lágrimas lhe vie­ram aos olhos.

—  Oh, graças a Deus que você veio. Nem imagina o que aconteceu hoje. Eu nem sei... Não posso...

—  Calma — disse Christopher, conduzindo-a até a sala de estar com os dedos levemente pousados em suas costas. — Vamos nos sentar. Pode me contar com tranquilidade, qualquer que seja o problema.

Depois de fazê-la se acomodar no sofá, ele sentou-se ao lado dela. Dulce conteve o fôlego enquanto observava seu novo vizinho, que se mudara para o condomínio havia pouco tempo. O toque dele a fizera sentir-se segura por um instante mas, de­pois de o contato haver sido interrompido, a sen­sação de estar perdida voltara a dominá-la.

— Agora — falou ele, em um tom gentil —, conte-me o que aconteceu hoje.

Dulce abriu a boca e então voltou a fechá-la, ba­lançando a cabeça negativamente. Não conseguia encontrar as palavras certas, por mais que ten­tasse. As lágrimas que haviam vertido com tanta facilidade ao longo do dia voltaram a escorrer por seu rosto. Por mais que tentasse controlá-las, sim­plesmente não conseguia. E isso era o mais es­tranho de tudo, pois não estava habituada a cho­rar por nenhum motivo.

Talvez o bilhete da mãe do bebé ajudasse a ex­plicar o que ela não podia. Pegando-o sobre a me­sinha de centro, desdobrou o papel e olhou-o pela centésima vez. Nem precisava mais lê-lo, pois já o havia memorizado.

— Não sei o que fazer — murmurou e levantou a vista, procurando algum apoio naquele olhar intenso.

Viu-o então franzir levemente o cenho.

—  Talvez ajude se eu puder ler o que diz aí, não acha?

—  Oh.

Depois de hesitar por um instante, Dulce entre­gou o bilhete a ele. Christopher analisou a mensagem e demonstrou uma expressão preocupada.

—Então você quer que eu evite que algo ruim aconteça a seu bebé?

Depois de quase concordar, ela balançou a ca­beça negativamente e disse:

— Não, não é isso.

Quando percebeu que estava com os lábios tré­mulos, levou a mão ao rosto, tentando se conter.

— Estamos mesmo falando de um bebé, não é? —perguntou ele.

—  Sim.

—  Bem, pelo menos estamos começando a nos entender. Sei o que são bebés — gracejou Christopher, com uma piscadela.

O gesto charmoso e bem-humorado fez Dulce se sentir quase tranquila, mas o choro da criança diluiu de imediato sua paz momentânea.

Correu para o quarto e se sentou sobre a cama, ao lado do bebé. Verificando a fralda, lembrou-se de tê-la trocado pouco antes de dar a mamadeira e de colocá-lo para dormir, o que não fazia nem vinte minutos.

— O quê, exatamente, espera que aconteça a seu bebé? E como um advogado poderia ajudá-la?
Por acaso o pai dele está querendo tirá-lo de você? —perguntou Christopher de pé, à porta do quarto.

— É uma menina — corrigiu Dulce.

De fato, ela descobrira que não poderia mais chamar o bebé de "ele" depois na primeira troca de fraldas. Antes de se preocupar em responder à pergunta, pegou a garotinha nos braços e a ani­nhou em seu colo, balançando-a para frente e para trás enquanto murmurava uma canção de ninar.

Naquelas últimas horas, chegara à conclusão de que precisaria confiar em alguém. Quando a menina adormecera por um período mais prolongado, dera-lhe a chance de pensar no que faria dali por diante. Uma das preocupações imediatas era conseguir mais fraldas, já que o estoque que viera incluído no "pa­cote surpresa" já estava acabando.

— E ela não é minha — acrescentou quando o viu fitando-a em silêncio.

A reação de Christopher foi imediata. Endireitando o corpo, ele estreitou os olhos e pressionou os lábios.

— Não?

Dulce concluiu que, pelo visto, induzira-o a tirar conclusões erradas.

— Ei! Eu não a roubei, se é o que está pensando.

continua...