Fanfics Brasil - • ๋○ ๋•Flertando com o Perigo• ๋○ ๋• [FINALIZADA]

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Capítulo: 14? Capítulo

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Capítulo XII


 


Quando Poncho chegou, o dr. Pascoal já tinha visto o Picasso e constatara a fraude. Dulce dera-lhe um Matisse para que ele ve­rificasse também. E, enquanto o perito trabalhava, os três, Dul, Chris e Poncho, aproximaram-se de uma janela da biblioteca.


Precisamos saber o que dizer a Colucci — Christopher observou, taciturno.


Tudo, é lógico! — o advogado exclamou.


Quero saber quem está com o original do Picasso. — Dul ajei­tou os cabelos. — Se conseguisse falar com Christian, poderia tentar rastreá-lo. Se Pablo não se abrir, não terei como procurar nada. Vou buscar mais chá para o dr. Pascoal. Isso faz parte de meu trabalho no museu também.


Quando ela se foi, Poncho aproximou-se mais do amigo:


Chris, não deve conduzir essa investigação sem o conhecimento da polícia! Você disse que vinte e sete arquivos foram encontrados. Isso significa o quê? Cinqüenta milhões em obras de arte, não?


Mais ou menos.


Então! Pessoas já morreram nessa confusão toda. Farei o que você quiser, mas... não se arrisque tanto. Vejamos o que Pascoal diz sobre o Matisse. O arquivo estava aqui, com data atualizada, e Dul acha que o quadro é original.


Dulce voltou, com uma bandeja, com chá para Pascoal, água para Poncho, uma coca-cola para ela própria e cerveja para Chris.


— Acho que deve contratar o dr. Pascoal para verificar toda sua coleção, Chris. Afinal, se Lyle for a julgamento, tudo aparecerá na imprensa, e será bom que você tenha alguém para declarar a autentici­dade de suas antigüidades para que continuem a ter valor de mercado.


Minutos depois, o perito ergueu os olhos da tela, tomou um gole de chá e garantiu:


Este, para mim, é verdadeiro. -Christopher dirigiu-se a Poncho:


Agora podemos falar com Colucci.


No fim da tarde, muitas peças falsas lotavam a biblioteca. Chris estava furioso, mas Colucci dissera-lhe que tudo aquilo serviria de evidência e não deveria ser tocado. Caso contrário, ele mesmo colo­caria fogo na parafernália, tão bravo estava.


Pablo é bem esperto. — Dul meneou a cabeça. — Alguns dos arquivos que removeu e parou de documentar com datas são de peças genuínas. Poderia, assim, alegar que não notara a fraude, se tudo fosse descoberto. Poderia até culpar você, Chris, pelas falsificações.


Bem, posso deter Lyle pela tentativa de assassinato, mas quanto a um crime desse porte, devo avisar o FBI. — O detetive aceitou o sanduíche que Christopher lhe oferecia.


— Não quero que me envolvam nisso.


— Já está envolvida, senhorita, porque não posso esperar que a outra vítima, o segurança Revertte, testemunhe contra Lyle, uma vez que está morto.


Ela olhou, aflita, para Chris.


— Calma. Cuidaremos disso — ele garantiu.


Assim que o detetive se foi e Poncho seguiu para o escritório, Dul aproximou-se de Christopher e abraçou-o pela cintura.


— Não quero me envolver com a lei, e você sabe disso.


— Prometi que você não será envolvida, querida. Confie em mim como confio em você.


Ela suspirou.


— Tive uma idéia sobre o que pode ter acontecido aqui na noite da explosão, Chris. Quer saber?


— Claro!


— Então, vamos esperar escurecer. Quero seguir os passos de Guillermo.


Apesar de tudo, Colucci concordou em interrogar Pablo Lyle mais uma vez e esperar para contatar o FBI. Isso fez Dul apreciá-lo.


Na verdade, estava se envolvendo com gente que jamais quisera ver nem de longe: um policial, um advogado...


— Minha teoria é que Guillermo tomou esta direção porque é a mais segura. Lembra-se de que encontramos a pegada no muro?


Chris assentiu.


— Mas para que tanto cuidado se Pablo cuidara de alterar as câ­meras de vídeo, Dul?


— Já vou explicar. Pode abrir os olhos agora.


Chris obedeceu. Estavam diante de uma janela pequena, na parte de baixo da residência.


— O que há aqui dentro? — Dul quis saber.


Cadeiras extras, mesinhas para festas, esse tipo de coisas. Com uma lanterna, ela viu as marcas próximas ao trinco.


Ah, aqui está! Ele usou um pé-de-cabra e entrou por aqui.


 


Então, não só as câmeras e os sensores externos foram desli­gados.


Não creio que estivessem desligados, ou Guillermo não teria sido tão cuidadoso para entrar. Lyle deve ter deixado tudo ligado para que ninguém desconfiasse. Venha até esta sala.


Foram pelo lado e entraram, utilizando-se do clipe de papel mágico de Dul.


Vê? O trinco da janela foi quebrado.


Ochoa o quebrou para parecer que estava trancado, mas saiu pela mesma janela.


Sim.


E por que Ochoa entraria na casa se Lyle ia trocar as pedras?


Essa é minha dúvida. Muito bem, se fôssemos Guillermo, sabe­ríamos onde fica a galeria. A câmera da sala de segurança não estaria funcionando, e seria seguro entrar pela janela. O que fizemos então? Subimos pela escada dos fundos, para evitar os guardas. Não tomamos cuidado com a porta de cima porque tudo iria ser destruído...


À medida que ela falava, ambos reproduziam os passos de Guillermo Ochoa.


— Pegamos a pedra porque os sensores estão desligados, e torna­mos a sair, fechando a porta. Se Revertte visse a porta aberta, teria mudado sua ronda, sem tropeçar no arame. Mas essa é a parte em que ainda tenho dúvidas. Deixe-me pensar.


Christopher assentiu, passando os olhos ao redor. E então lhe ocorreu:


— E os demais guardas? Pablo não poderia detê-los.


Eles fazem rondas de quinze em quinze minutos. Guillermo sabia disso, como eu também.


Nesse caso, Lyle e Ochoa estavam juntos nisso.


Não creio. Guillermo devia saber que Lyle ia desligar os alar­mes, mas não vejo indícios de que Lyle soubesse da presença de Guillermo na mansão. Vejamos... Coloquemo-nos no lugar de Lyle por um minuto.


Dul desceu a escada até o quarto do gerente de aquisições.


Como estava acostumado a trocar as peças de arte por cópias, ele devia saber como desligar todos os alarmes. Isso, ou subornava Tómas. Bem, Pablo devia estar com a pedra falsa aqui, já que você e Poncho tinham acesso a seu escritório. — Dul analisou em torno. — Eu ia perguntar-lhe: por que não há peças de arte aqui?


Não sei. Não supervisionei a decoração dos quartos particulares.


Mas as acomodações de hóspedes têm obras de arte. E o homem encarregado de toda a arte por aqui não tem nada em seu dormitório... Bem, desligamos os alarmes e pegamos a pedra falsa para colocá-la no lugar da outra. AviDulos nosso comprador quando teríamos a pe­dra verdadeira, e ele deve ter contado a Guillermo ou a quem o contratou. Afinal, Guillermo sabia que os alarmes estariam desligados.


Christopher tornou a assentir, concordando com o raciocínio.


Lyle, sabendo ou não que você ia voltar de Stuttgart, tinha de fazer a troca. Guillermo não devia saber que você estaria aqui, mas isso seria irrelevante para ele. Pablo começa a troca, deixa o rádio ligado por segurança ou porque Tómas poderia avisá-lo de algo. Deve ter ouvido os guardas se comunicar, como você ouviu, avisando sobre um intruso. Assustado, ele volta para seu quarto e religa os alarmes.


E então tudo explode, a pedra desaparece e ele fica com a falsa.


Exato. Mas, se eu não tivesse entrado, e você não estivesse aqui, teria sido ele a tropeçar no arame.


Christopher a encarou.


Então... Pablo era o alvo!


É possível.


E por que alguém contrataria Ochoa para pegar a pedra e matar Lyle, se Lyle ia pegar a pedra de qualquer maneira?


Não sei. E há outro pormenor também: por que alguém iria me querer aqui quando tudo acontecesse?


Passados alguns segundos de total silêncio, Christopher arriscou:


— Teria sido Mike Biagio quem contratou vocês três para o mesmo serviço?


Dulce fez que não, explicando:


— Ele não teria tanta imaginação para coordenar um roubo assim, em que nenhum dos intrusos soubesse dos demais. Além disso, foi assassinado também. Meu palpite é que eu seria o bode expiatório. Presa ou morta, levaria a culpa por tudo. Deviam esperar que Pablo e a pedra falsa fossem descobertos; achariam que era a original e que ele a teria tirado de mim antes da explosão. O problema é que, com Guillermo e Mike Biagio mortos, não posso descobrir quem os contratou. Talvez Christian conseguisse, mas nem imagino onde se encontra. E não podemos perguntar a Lyle, porque, dentro de algumas horas, Colucci o entregará ao FBI, junto com as obras falsas. As pistas apontam todas contra mim, você sabe, e acho que nosso acordo, milorde, acaba de ser rompido. Tenho de desaparecer.


Dul fez um movimento brusco, parecendo querer fugir de imedia­to, mas Christopher a deteve. Experimentou a terrível sensação de que seu mundo iria ruir se Dulce se fosse. Foi aí que uma idéia lhe ocorreu:


— Dul, coloque aquele vestido que usou no jantar na casa de Poncho. E saltos altos.


Do que está falando?!


Confie em mim.


Dul retornou ao quarto. Tensa, ela ponderava. Tinha ainda algum tempo. Poderia pegar um vôo durante a madrugada, se necessário. Fosse o que fosse que Chris pretendia, queria que ela estivesse bonita; por isso ajeitou os cabelos e maquiou-se. Ao ver-se no espelho, pronta, sentiu uma vontade enorme de chorar, mas controlou-se.


Encontrou Christopher no saguão e sentiu um arrepio na espinha. Com o terno elegante, ele assumia a posição poderosa e confiante do ho­mem que era, na realidade.


Pronta?


Sim. Para onde vamos?


Para a delegacia.


Na sala havia apenas uma mesa e três cadeiras. Na parede em frente, um espelho enorme, atrás do qual Dul imaginava quem pode­ria estar.


— Calma — Chris murmurou. — Confie em mim. Ela forçou um sorriso.


Pablo apareceu, algemado, escoltado por um policial. Christopher pe­diu ao guarda que o soltasse e foi atendido, com certa relutância.


Imagino que tenha vindo para me auxiliar — disse o gerente de aquisições, com raiva. — Trabalhei para você por dez anos, Chris e só porque esta ladra se deitou em sua cama, você passou a acreditar em tudo o que ela diz!


Não vim para ouvir esse tipo de coisa — Christopher respondeu, tranqüilo. — Mandei Poncho arranjar-lhe um advogado, que estou pa­gando.


Pois nem sei o que andam dizendo de mim, além de que roubei a pedra e tentei matar essa aí. Por que eu faria isso?!


Chris encostou a perna na de Dul, num sinal para que interferisse.


— Dinheiro? — ela indagou, ainda tensa com o espelho.


Eu tenho dinheiro! Chris paga bem, porque faço um bom traba­lho. Não teria motivos para roubar a pedra.


Não me refiro à pedra, Pablo. Ela vale pouco, até para um pateta como você.


Lyle abriu as mãos sobre a mesa, alterado.


Pateta é você, que tentou roubá-la! Acharam a réplica em suas coisas, não nas minhas!


Porque todas as suas falsificações já estavam espalhadas pela mansão.


Lyle empalideceu.


— Não entendi.


— Deixe disso, Pablo... O Picasso parece ter sido pintado por um babuíno. E você, um completo idiota, até anotou quando pegou o verdadeiro.


— Mentira!


Junho de 1999. Lyle a olhava com ódio.


Não pode provar nada, moça. Sou um homem bom.


Posso provar tudo. Quer mais detalhes? O Gauguin, por exem­plo? — inquiriu.


Cale a boca!


Christopher assistia a tudo, atento aos movimentos de Pablo.


Não fará diferença — Dul continuou. — O FBI virá falar com você amanhã de manhã. Eu só queria lhe informar que sei o que fez e que contei tudo a Chris. Vamos, agora? — Ela olhou para Christopher.


Cretina... — Lyle sussurrou, de súbito esgotado.


Christopher bateu com o punho no tampo. Os dois estremeceram.


— Já chega! Quero duas palavras suas, Pablo, e então verei o que posso fazer para ajudar. Se não me der a resposta que quero, gastarei até meu último centavo para provar que matou Revertte e tentou me matar também!


— Mas eu nunca...


— Dê-me o nome de seu comprador para a pedra! Sabemos que tinha seus planos!


Pablo engoliu em seco. Murmurou, por fim:


— Bustamante. Léon Bustamante. Christopher ficou de pé.


— Farei o possível por você. Mas, para seu próprio bem, seria melhor que ficasse na cadeia para sempre.


Em segundos, Dul e Chris estavam fora dali. Diante do carro, ela pediu:


— Deixe-me dirigir. Você não gostou nada de ter ouvido o nome desse tal de Bustamante, não é?


Christopher entregou-lhe as chaves.


— Dirija bem rápido.


Bustamante devia ter algo a ver com os negócios de Christopher, Dulce concluiu. Para ela, o nome era conhecido, mas não signifi­cava nada. E, dali em diante, apenas uma preocupação não a aban­donava: tinha de escapar antes que o FBI chegasse.


Colucci viu o guarda recolocar as algemas em Lyle. Quebrara a ponta do lápis com o qual tomava notas. Dul Saviñon poderia ter sido uma policial se seu pai não a tivesse transformado no que era. Léon Bustamante. Um banqueiro, ou algo assim. Notara que Uckermann reco­nhecera o nome e ficara tenso. Ele e Saviñon fariam algo, com certeza. E teria de tomar a dianteira naquela investigação, pois queria uma prisão, fosse como fosse.


Assim que entraram na mansão, Chris seguiu para a escada.


Não vai me explicar nada?


Depois. Preciso chegar a Stuttgart amanhã. Isso... ficou muito pessoal, Dulce. Não posso lhe dizer nada neste momento.


Ela assentiu.


— Boa sorte, então. Você tem de ir, e eu também. Ele sentiu o coração se apertar.


Como assim? Retomarei de Stuttgart em apenas dois dias!


Pablo falará sobre mim ao FBI amanhã. Não posso ficar espe­rando.


Sendo assim, venha e faça as malas. Você virá comigo!


Não! Pode ser preso por cumplicidade, Chris. Não foi esse nosso acordo.


Vamos, Dul, estou com pressa! E não a deixarei.


Mas...


Ele tornou a descer, tomou-a pelos ombros e a beijou com paixão.


Mandarei meu piloto preparar o jatinho para amanhã bem cedo. Tenho de fazer algumas ligações para saber onde Bustamante se en­contra. Eu e você teremos uma conversinha com esse sujeito.


Mas... quem é ele?


Christopher respirou fundo. Três pessoas tentaram roubá-lo. Não dei­xava de ser um consolo jamais ter gostado de Bustamante. A ironia era que a pessoa que escolhera para confiar mais naquela confusão toda era uma ladra.


Ele quase foi meu sócio num empreendimento bancário, duas semanas atrás. — E subiu os degraus, apressado.


Mudança de planos — Chris avisou, depois de uma hora e meia de vôo. Acabara de desligar o telefone, ao qual estivera praticamente desde que saíram da Flórida. — Poncho acaba de ligar avisando que Bustamante não está em Stuttgart, mas em Londres. Fico imaginando por que ele me queria mais um dia em Stuttgart depois de pedir tanto dinheiro por suas ações no banco. Até ofereceu uma visita à fábrica da Mercedes-Benz...


Porque não pretendia tê-lo no meio do roubo.


Porém, isso levanta a questão: Léon sabia sobre Ochoa e os explosivos?


Se sabia, não o queria morto.


Claro que não. Não poderia salvar seu banco se eu morresse.


E se Lyle deu-lhe esse nome só para tirá-lo do caminho? Bustamante seria capaz de fazer isso com você?


Christopher meneou a cabeça.


— Você disse que Ochoa era ambicioso, pensando sempre mais nos fins do que nos meios para conseguir o que desejava. Léon tam­bém é assim. Tentou me passar para trás em algumas transações e acabou com grandes perdas por causa disso.


— Por esse motivo queria que comprasse as ações de seu banco... Ele se levantou.


— Vou avisar Jack de que mudaremos o curso para Heathrow. Durma um pouco. A poltrona vira leito.


 


Christopher queria seguir direto do aeroporto para a casa de Léon, mas era cedo para o banqueiro ter chegado do trabalho. Chris tinha uma casa em Londres, embora sua residência oficial fosse em Devon. As­sim, foi para lá que seguiram, ao longo do Tâmisa.


De repente, um caminhão avançou contra a limusine, empurrando-os para o rio. Tudo ocorreu muito rápido, tomando-os de surpresa.


Ernest! — Christopher gritou para seu motorista.


Estou fazendo o possível, senhor!


Mas o caminhão continuava, atingindo-os de novo.


— Abra o teto solar! — Dul pegou sua arma de tinta. Levantou-se, pedindo a Christopher que a segurasse pelas pernas, e disparou três vezes contra o pára-brisa do caminhão.


O motorista quase perdeu a direção e, atingindo o carro mais uma vez, continuou, um tanto às cegas, deixando de persegui-los. Ernest conseguiu parar na margem.


Estão todos bem? — Chris perguntou.


Sim — disse Dul.


Sim, senhor. Mas assustado — afirmou Ernest.


Logo, dois policiais apareceram numa viatura, para verificar os estragos. Chris pegou a arma de tinta. Aquela era sua cidade, e era melhor que não fizessem muitas perguntas sobre Dul.


— Não sabia que costumava levar seus apetrechos em suas viagens.


— Nunca saio sem eles. — Ela sorriu.


 


Lá estava ela numa outra delegacia em menos de vinte e quatro horas. Chris deu seu depoimento sobre o incidente, e a queixa foi registrada. Logo foram liberados. Não era a primeira vez que tentavam matar Christopher Uckermann, pelo visto.


— Ficaremos sozinhos em casa — ele comunicou a Dul, dentro da viatura que os levava. — Dispensei a criadagem por medo de haver perigo para eles. O esquadrão antibomba já foi verificar tudo, mas... nunca se sabe.


A casa era pequena. Chris dera a maior para Belinda e Gastão, e ela não ficava tão longe assim, como Christopher explicou assim que se aco­modaram.


Deixou obras de arte com ela também?


Não, Dul. Por quê?


Para saber se Pablo poderia ter se mantido ocupado lá. Ela foi até a janela, que dava para o Tâmisa.


Em que está pensando? — Chris indagou, ao notá-la tão calada.


Amanhã, tudo deverá ter terminado.


— É. Sabe, não fico longe de Devon por muito tempo. Gostaria de conhecer meu verdadeiro lar? Poderíamos... passar algum tempo jun­tos após resolvermos tudo.


Dul vacilava.


Não me responda agora. Pense bem a respeito.


Farei isso, Chris.


O telefone tocou, sobressaltando-os.


Christopher atendeu, e sua expressão mudou, tornando-se séria, dura.


— Não, Belinda. Aconteceu há algumas horas. Não sou responsá­vel pelo que a BBC põe no ar, e não, não devo avisá-la quando estarei na cidade. Não, a mulher que estava comigo não é de sua conta. Agora, vou desligar, estou no aguardo de outra ligação. Não quero jantar com você. Vim a negócios. É, com ela.


Pelo que ouvia, Dulce avaliava o quanto Belinda ainda queria se manter perto do ex-marido.


— Não. Nem desjejum, nem almoço. Nada. Gastão não está aí? Ótimo. Então, vá falar com ele. Não tenho a menor disposição para esse tipo de assunto.


Dulce resolveu ir para o banheiro. Saiu de lá pouco depois, e se encaminhava para a sala quando ouviu ainda parte do telefonema:


— Sim, é sério. Ela é adorável. Mexe comigo. Não, não a comparo a você. Pelo amor de Deus, Belinda, encontrei outra pessoa! E você também, não?


De repente, numa atitude instintiva, Dul correu para o banheiro novamente e se trancou lá dentro. Chris dissera que era sério. Que mexia com ele... Era verdade. Para ela, também o relacionamento era sério! Estava em pânico.


Dul? Tudo bem aí?


Sim. Sairei num minuto!


Em cinco minutos, ela entrava na sala.


— Acabou o telefonema.


— É. — Chris não sabia se ela ouvira tudo, mas isso não importava,


de fato. — Vamos comer alguma coisa?


Um sanduíche seria ótimo.


Certo. Venha até a cozinha.


Chris, você disse que Gastão o decepcionou. Belinda também, imagino. E muito.


Bem, além do óbvio, Belinda tinha planos: dinheiro, uma bela casa, vida social. Fui o instrumento perfeito. Não pensei muito, na verdade e... após alguns meses de casados, nós dois soubemos que não era aquilo o que, na verdade, nos interessava.


Dul sorriu, acompanhando-o. Planos mudavam. Interesses muda­vam. Mudariam para ela também?


Christopher pegou sua BMW e seguiu, com Dul, até a casa de Léon.


Sentia-se ansioso. E não queria estar despreparado, ainda mais sabendo que Bustamante não era conhecido por sua complacência e amabilidade. Por isso, enfiou um revólver no bolo da jaqueta. Desco­brira que não iria lidar com gente boa, pelo que vira acontecer na Flórida.


Pararam diante da residência de Bustamante.


Vamos pelos fundos? — Dul quis saber.


Eu vou pela frente.


Então, irei pelos fundos. Talvez possa encontrar a pedra.


Não quero que infrinja a lei.


Você é quem está fazendo isso. Estou apenas ajudando.


Oh, moça, você é terrível!


Terrível foi ser quase jogada no rio por aquele caminhão. Dê-me dois minutos e depois faça bastante barulho na entrada principal, certo?


tome cuidado.


Você também.


Um beijo rápido selou a despedida breve.


Christopher aguardou o tempo pedido e em seguida enfiou o pé na porta, arrombando-a.


O que está havendo aqui?! — protestou Léon Bustamante. — Vou pegar meu taco de críquete! E chamarei a polícia!


Chame.


Chris?! Mas o que...


Surpreso em me ver, imagino.


Você quebrou minha porta!


Você roubou minha pedra troiana.


O quê?!


— Pediu para que eu ficasse mais um dia em Stuttgart. Foi para me proteger ou para garantir que conseguiria o que queria?


— Não faço idéia do...


Três pessoas morreram, Léon! Pense bem na história que vai inventar.


Chris, você enlouqueceu! Não tem o direito de entrar aqui e me acusar de nada.


— Chris! — Dulce o chamava do corredor. — Precisa ver isto! -Sem vacilar, ele a encontrou no escritório de Léon. As gavetas dos armários tinham sido todas arrombadas. E Dulce lhe mostrava uma foto que parecia ser uma cópia dos retratos da pedra troiana que a companhia de seguros tinha.


Léon apareceu, então, à soleira, com o rosto molhado de suor.


Saia de minha casa agora, Uckermann! Você e essa mulher, seja ela quem for!


Tenho uma sugestão melhor, Léon. Por que não se senta e me conta toda a verdade? Com nomes e tudo o mais.


Vocês podem ter plantado isso aqui. Não significa nada.


Para a polícia, talvez não, mas para mim... Agora, sente-se e comece a falar!


Por um segundo, Léon, que era alto e forte, murmurou coisas sobre não poder confiar em ninguém. Mas acabou obedecendo.


Não fiz nada de errado, Chris.


Posso não fazer acusações se me contar quem está por trás disso. Posso, também, emprestar-lhe dinheiro para salvar seu banco.


Uma vaga esperança apareceu nos olhos do sujeito.


O banco? Lyle falou apenas que tinha algo para vender e me ofereceu uma parte do lucro.


Pablo falou com você pessoalmente?


Sim. E agora chamarei meu advogado e a polícia.


Quem mais, além de Lyle, ofereceu-lhe a pedra?— Dulce interferiu.


Quem é você? — Léon rebateu.


O bode expiatório enviado pelo outro sujeito que, quando con­tatou você, mandou alguém para roubar a casa de Chris e matar Lyle.


Léon arregalou os olhos.


— Vai nos dizer que não sabia, que foi tolo o suficiente para que o culpassem por tudo? O sujeito que roubou a pedra está morto; o outro, que contratou minha amiga aqui, também; e esta tarde alguém tentou empurrar meu carro para dentro do Tâmisa, conosco dentro! Como pode ver, não estou nada contente! Quero nomes!


Dulce passou os olhos ao redor.


O Gauguin também está aqui, Chris. Deve ser ele mesmo quem coordenou tudo.


Sou um colecionador, moça. Não tive nada a ver com essas mortes.


— Então, prove! Quem é o outro, Léon? Parecendo cansado, abatido, Léon quase gemeu.


Oh, Chris, será que ainda não percebeu?!


Não. Sou lento demais. Vamos, diga-me! -Bustamante suava em bicas.


— É meu nome que interessa? — Um homem alto e loiro entrava no escritório com uma pistola em uma das mãos e um taco de críquete na outra.


A pistola estava apontada para Chris; e o taco, para Dul.


Você...


É, meu caro, você fornece uma boa vida a quem está em sua órbita.


Bustamante ficou de pé.


— Gastão, eu...


O taco moveu-se rápido, prostrando-o no chão.


Gastão Diestro?


Moça esperta! Por isso sempre esteve à frente de meus passos. Quanto a você, meu velho companheiro, acho que terei de matá-lo e fazer parecer que você e Léon tiveram um... desentendimento.


Espere. — Dul tentava ganhar tempo. — As peças falsas em Palm Beach estão com o FBI. O que você pegou é original, Lyle está preso... Nada o ameaça agora.


Lyle irá falar. É um idiota. Terei de eliminá-lo mais cedo ou mais tarde.


Pablo tentou vender a pedra a Léon sem você saber, não?


Esperta, de fato...


E Guillermo e Mike Biagio? O que lhe fizeram?


Guillermo ficou nervosinho porque descobriu que você foi cha­mada para estar na casa naquela noite. Erro de Mike Biagio. Eu disse a ele para mandar alguém tolo o suficiente para acabar pagando por tudo. O imbecil mandou você e depois entrou em pânico.


Bem, você é novo no ramo de roubos, pelo que sei. Não irão acusá-lo de nada. Mike Biagio era detestável. O fato é que todos nesse negócio saberão que você matou dois de nós. Alguém falará, em es­pecial se houver uma recompensa oferecida pela polícia.


Que tal calar a boca, mocinha? — Gastão voltou-se para Christopher. — Engraçado, não, colega? Venho roubando você há anos, e nunca percebeu. Aliás, roubei sua mulher, o que não demandou muito esfor­ço, devo confessar. Agora, vou matá-lo e será o fim. Quase consegui, na semana passada, mas sua amiguinha aqui foi mais rápida do que imaginei. Ou Pablo foi idiota demais, não sei.


Quer dizer que foi você quem me acordou com a máquina de fax...


Brilhante! — Gastão ironizou. — Os jornais sempre mostraram o quanto foi gentil doando sua casa para mim e Belinda, Chris. Nunca mostraram como me levou quase à falência no negócio de Nova York! Não comentaram que tirou os móveis da residência que nos deu, que pintou as paredes de vermelho e deixou colchões sujos no chão!


Dul olhou para Chris, espantada.


Achei que seria poético — disse ele, com um macabro senso de humor.


Mas eu acabei vencendo, seu idiota! E agora, quem vai primei­ro? Você ou ela?


— Eu — Chris respondeu, frio.


— Notou que Bustamante tem um sistema de câmeras na casa e que você está sendo filmado? — Dul começava a se desesperar.


Gastão vacilou por um segundo; foi tudo de que Dul precisou para pegar o abridor de cartas com que forçara as gavetas e arremessá-lo contra ele, atingindo-o na parte de cima do peito.


A arma que ele segurava caiu, mas, com o taco ainda atingiu Chris, que o derrubava com um soco. Outro golpe, Gastão atingiu Chris na testa, que sangrou de imediato.


Dul avançou contra Gastão, mas ele foi mais rápido e derrubou-a, agarrando-lhe os cabelos e batendo sua cabeça contra o piso. Foi então que ela viu Chris levantar-se com dificuldade, apanhar o taco e golpear a têmpora de Gastão. Então, tudo ficou negro.


Quando conseguiu abrir os olhos, Dul viu Chris muito próximo,


Acorde, meu amor! Por favor! — dizia ele.


Minha cabeça... — E cerrou as pálpebras.


Eu te amo, Dulce Saviñon. Não vai me deixar agora, vai? -Ela sorriu de leve.


Depois dessa declaração? Não, mesmo! — E tornou a desmaiar.


Dessa vez, ela acordou e viu Chris com o lábio superior inchado e uma atadura no supercílio. Havia homens uniformizados andando ao redor, ocupados, e Dul estava atada a uma maca.


Mantenha-se calma. Tudo ficará bem — Chris lhe dizia. Estavam entrando numa ambulância.


E Gastão? E Léon? — Dulce não queria desmaiar de novo.


Em outras ambulâncias.


Acha que Belinda sabia de tudo?


Não. Mas será interrogada. Olhe, Colucci ligou para a Scotland Yard e pediu para que interrogassem Bustamante pelos roubos.


Ele devia estar atrás daquele espelho, na delegacia...


Devemos uma cerveja ao bom detetive, não acha?


É. Gosto dele, sabia? Apesar de ser policial.


O paramédico aproximou-se para amarrar a maca e colocou-se entre Dul e Chris.


— Só mais uma coisa, querido. Quero ir para Devon.


Duas semanas depois, ambos passeavam por campos verdejantes na propriedade rural.


Belinda garantiu que testemunhará contra Gastão. — Christopher passou o braço pela cintura de Dul.


Acho que ela quer você de volta.


Problema dela.


O que Belinda sabe sobre o que houve?


Que Gastão esteve na Flórida por dois dias na semana passada.


Para matar Guillermo e pegar a pedra.


Exato. Alugou uma BMW.


A que vimos na estrada!


Isso mesmo.


E eu? Não vou ter de testemunhar?


Você, meu amor, ficará sempre protegida da lei em alguma de minhas propriedades. A propósito, já que perdi tantas de minhas obras de arte, começo a pensar em reiniciar minha coleção. O que acha de ser minha consultora?


Isso me tiraria de minha profissão...


Não é mesmo?


— Olhe... Andei falando com Christian. Creio que vamos nos apo­sentar e abrir uma firma de segurança particular.


Chris a encarou, incrédulo. E, rindo, comentou:


— Ótimo. Pode ser minha consultora e ter sua firma. Desse modo, terá muito o que fazer. Ah, mais uma coisa: acho que lhe darei um presente. O que me diz?


Depende do presente.


O Bentley.


Os olhos dela se arregalaram.


— A mulher que eu amo merece o que há de melhor.


Claro... Sabe, acho que sua oferta de emprego está ficando mais interessante a cada segundo, milorde.


Você fica brincando com esse título, mas sabia que sou mesmo nobre?


Ora...


Sério! Marquês de Rawley.


Está brincando...


Juro.


O caminho de volta ao pequeno castelo de Devon estava permeado de flores e também de uma felicidade que parecia emanar daquele casal tão diferente e, no entanto, tão elegantemente apaixonado...


 


FIM



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 50



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  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 13:00:07

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 13:00:06

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:38

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:37

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:36

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:34

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:31

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:30

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:58:56

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:58:55

    amei!!!


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


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