Fanfics Brasil - • ๋○ ๋•Flertando com o Perigo• ๋○ ๋• [FINALIZADA]

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Capítulo: 5? Capítulo

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Capítulo II


Poncho nervoso fechou seu celular. — Myerson e Schmidt acabam de confirmar que não enviaram ninguém para testar a segurança da mansão, Chris. Mas estão ansiosos por continuar um bom relacionamento com você.


No banco detrás da limusine, Christopher meneou a cabeça. Tinha esperanças de que a moça tivesse dito a verdade.


E Revertte? Contatou sua família?


Os pais moram com uma irmã mais velha em Dade County. Myerson e Schmidt já enviaram um agente para dar-lhes toda a assis­tência.


Quero que meu escritório lhes envie condolências e veja se precisam de algo.


Senhor, polícia e imprensa adiante — avisou o motorista.


— Passe direto. Não vão me manter fora de minha própria casa!


— Achei que vocês, britânicos, se mantivessem sempre frios diante de adversidades — Poncho brincou.


Estou agindo com frieza. Quero me livrar deles, Poncho!


Repórteres ou policiais?


Ambos!


Posso cuidar da imprensa, mas, já que tentaram matá-lo esta madrugada, sugiro que deixe a polícia fazer seu trabalho.


Não diante de minha casa! Não mudarei meu estilo de vida. Não deixarei que circundem por todo canto como se eu fosse um fracote amedrontado!


Farei o que puder, está bem? Mas tem de encarar o fato de que é uma celebridade; e bem valiosa, diga-se de passagem.


Entraram na propriedade, e Christopher deixou de lado qualquer outra coisa para fixar sua atenção nos destroços amontoados diante da en­trada principal. Mais adiante, viam-se estátuas e objetos de valor, pouco danificados. A companhia de seguros já enviara seus agentes, que cuidavam das obras mais valiosas, sempre sob o olhar atento de policiais.


Janelas quebradas e telhas enegrecidas. Além disso, não parece que o estrago foi tão grande, daqui de fora.


Vai ver lá dentro, Poncho. — E Christopher saiu do carro, cuja porta fora aberta por um policial.


Olhou, aborrecido, para o pessoal que ainda cuidava do estrago, bebendo café em suas xícaras de porcelana.


Senhor, o prédio ainda não foi liberado — informou um oficial, aproximando-se.


Para mim, já limparam tudo. — Christopher contrariado, olhava para as pilhas do lado de fora da residência.


Eu me referi ao pessoal do esquadrão antibomba, senhor. Já vasculharam o porão e os dois primeiros andares, mas ainda falta o terceiro e o sótão.


Pois diga-lhes que me notifiquem, caso achem que algo ainda vai explodir.


Calma, Chris — Poncho aconselhou. — Eles estão do nosso lado.


Christopher respirou fundo. Arrumara a propriedade para ter privaci­dade, onde pudesse fugir das câmeras e dos repórteres. E, sem a polícia ali, metade dos tablóides já teria invadido, tinha de admitir.


Voltou-se, encarando o oficial.


Qual é seu nome?


Rocco Bezaure, senhor.


Pode nos acompanhar. Desde que não atrapalhe.


O policial parecia confuso, e Poncho interferiu, explicando:


O que o sr. Uckermann quer dizer é que pretende colaborar com vocês no que estiver a seu alcance, mas ainda tem muitos negócios que requerem sua atenção. Se ficar conosco, estará garantindo que nada será tocado que possa interferir em sua investigação.


Entendo. Mas a Homicídios não vai gostar nada disso, senhor.


— Não se preocupe. Teremos cuidado. Mesmo contrariado, o oficial assentiu.


Pablo Lyle, gerente de aquisições, apareceu assim que Poncho e Christopher chegaram ao terceiro andar.


Está tudo uma confusão — queixou-se, em seu sotaque italiano.


— Quem poderia ter feito isto?! Duas das armaduras do século XII estão quebradas, o capacete romano foi danificado, metade dos apa­ratos do século XVI ficou...


Estou vendo — Christopher o interrompeu. Passou os olhos pela destruição de suas valiosas peças de arte e observou, irritado: — Con­fusão... Não. Isto é o verdadeiro inferno!


Poncho ficou boquiaberto.


Nossa! Onde você estava no momento da explosão?


Aqui. — Christopher posicionou-se no lugar exato.


Quero cuidar de todas as peças pessoalmente — Pablo dizia — , mas a companhia de seguros parece agir como se fosse Dona de tudo! Não faz idéia da delicadeza...


Está bem, Pablo! Poncho garantirá que você seja consultado em tudo.


Certo. Mas a água que jorrou dos sprinklers danificou algumas pinturas e...


— E a pedra?


Não está aqui — Colucci respondeu pelo italiano, aparecendo no topo da escadaria, atrás dos três homens. — Imaginemos que esti­vesse atrás dessa peça. E o senhor não deveria estar aqui. Esta é uma cena de investiga...


Já fotografaram e tiraram as digitais de tudo? — Christopher não o deixou terminar.


— Sim.


Então, descobriram que tipo de explosivo foi usado. Colucci respirou fundo, mas respondeu:


Ao que tudo indica, havia um fio de aço cruzando o corredor, conectado a uma espécie de granada de alta potência. Rápido e pro­fissional, eu diria. Perfeito para cobrir vestígios se o intruso fosse pego antes de conseguir escapar.


E se ela tivesse saído sem ser vista?


Seria uma boa forma de confundir a investigação do roubo.


E muito arriscado também. — Christopher raciocinava. — Seria trocar alguns anos de detenção por roubo pela pena de morte por assassinato, certo?


— Só se a pessoa for pega. Poderia haver esse risco, pelo que o senhor tinha aqui dentro.


— Nem tanto. Bem, vou deixá-lo trabalhar, Colucci, mas mantenha-me informado, sim? Tenho algumas ligações a fazer.


Pablo voltou a verificar os estragos, e Poncho e Christopher fecharam-se no escritório do segundo pavimento.


As enormes janelas davam para o jardim da frente, naquele mo­mento repleto de destroços e policiais. Christopher sentou-se a sua escri­vaninha, mal-humorado.


Algum problema além de quase ter sido feito em pedaços? — Poncho sentou-se também.


Eu lhe disse que não consegui dormir a noite passada por causa das chamadas pelo fax. Estava andando pela casa, esperando uma hora decente para ligar para o escritório de Nova York. E teria entrado na galeria.


Poncho assentiu.


Vai demitir Myerson e Schmidt?


Não se trata disso. A moça gritou para Revertte, depois se jogou contra mim... E não estava tentando salvar a própria vida apenas.


Vamos lá, o que está imaginando?


Digamos que ela tenha entrado, passado pela segurança, pego a pedra, mesmo havendo coisas que valiam muito mais... Então pára por segundos para colocar um explosivo, é surpreendida e tenta im­pedir que todos voem pelos ares. Estranho, não?


Ou tentou apenas impedir que ela própria morresse.


Se não tivesse parado para colocar a bomba, teria saído sem ser vista — insistiu Christopher, sem concordar.


O advogado assentiu e ponderou por segundos.


Muito bem, Chris, possibilidade número um: roubar não era o objetivo dela. Afinal, a moça passou por muitas coisas valiosas e não as levou.


Isso mostra que o objetivo poderia ser assassinato. Então, por que me arrastou escada abaixo, evitando que o fogo me atingisse?


Talvez você não fosse o alvo.


E quem era? Revertte? Não... Aí vem a possibilidade número dois: ela não colocou a bomba.


Nesse caso, temos dois intrusos, na mesma noite. Um entrou pela janela do pátio; o outro... não sabemos como. Um queria a pedra; o outro, explodir alguma coisa, ou alguém — Poncho concordou.


— Bem, eu não deveria estar aqui.


— É... Devia estar em Stuttgart até hoje à noite. A não ser que alguém soubesse que você deixou a Alemanha antes do previsto.


Christopher suspirou.


Isso diminui o número de suspeitos. Confio plenamente naque­les que trabalham comigo. Além de Léon Bustamante, que queria que eu ficasse, mesmo depois de eu lhe ter dito que não pagaria mais do que o acordado pelas ações de seu banco.


— As pessoas falam, você sabe...


— Não as minhas pessoas. — Christopher levantou-se, com uma careta de dor, e deu alguns passos pelo escritório. — Quero falar com a srta. Pardo.


— A polícia também. E agora, até o FBI. Sabe como detestam quando executivos estrangeiros de países aliados quase são feitos em pedacinhos.


As movimentações do FBI não interessavam a Christopher, no mo­mento.


Alguém entrou aqui, matou uma pessoa que trabalhava para mim e roubou algo que me pertence, Poncho. Quero respostas!


Bem, irei ver se estão perto de capturar a garota. Mas, se formos presos por interferir nas investigações, eu não o conheço, certo?


Se isso acontecer, vou demiti-lo por trabalhar mal. — Sorrindo, Christopher pegou o telefone. — Agora, vá. Tenho de trabalhar.


 


Dulce sentou-se em seu sofá, procurando outro canal com o controle-remoto. Dois dias e a mídia ainda explorava a história. Não havia informações novas, por isso se ocupavam de amenidades. A vida de Christopher Uckermann, seus amores, sua filantropia, seus negócios, repetiam os fatos de que tinham certeza: houvera uma explosão, um segurança, chamado Don Revertte, morrera, e vários itens valiosos foram destruídos ou danificados. E a polícia estava à procura de uma mulher jovem, branca, de mais ou menos um metro e sessenta e cinco e uns cinqüenta quilos.


Tensa, ela sabia que era o alvo. Se achavam que tentara matar Christopher Uckermann, metera-se em grandes apuros. Não podia aparecer em aeroportos ou rodoviárias, pois tudo estaria sendo vigiado. Era uma ladra excepcional; seu pai lhe dissera isso, Christian vivia repetindo o mesmo, e também alguns clientes para os quais trabalhara fizeram o mesmo elogio.


Muito bem. Gostava da independência que seus talentos lhe garan­tiam. Adorava o desafio de sua profissão. E mais ainda o dinheiro que recebia como pagamento, o qual gastava sem fazer-se notar.


Seu pai lhe ensinara discrição, junto com as habilidades do ofício. Era por isso que Dul vivia numa casa pequena, discreta, arrumada, nas vizinhanças de Pompano Beach; também era por esse motivo que trabalhava por uma ninharia como consultora de arte, em um ou outro museu. E tinha a seu favor também o fato de nunca ter matado nin­guém. Portanto, se queria se aposentar em paz, precisava descobrir quem plantara aquela bomba. E provar que não fora ela.


Como não havia mais nada de interessante na tevê, trocou-a pelo computador, onde verificou se tinha alguma mensagem. Nada de interessante tampouco. E, quase automaticamente, digitou o nome Christopher Uckermann num site de busca.


A página que se abriu mostrou uma torrente de fotos, artigos em revistas e jornais, websites e curiosidades. Apesar dos cabelos um tanto longos, ele tinha a aparência de um multimilionário, vestido num terno Armani. Mas seus olhos, de um cinza-escuro, eram interessan­tes. Havia poder e confiança neles. E olhavam direto para a câmera que o fotografara, como se anunciassem que pertenciam a um homem que devia ser encarado com muita seriedade.


Dul mordeu o lábio inferior. Sim, Uckermann era muito atraente, teve de admitir. E admitiu também que ele lhe parecera delicioso usando apenas short de dormir, mesmo coberto de sangue e poeira negra.


Distraída, clicou na página seguinte. Via compras de antigüidades, uma página inteira sobre divorciados famosos, e informações sobre Belinda, ex-mulher de Christopher Uckermann. Clicou sobre o nome da mu­lher, interessada.


Uma bela foto dela apareceu na tela. Uma loira bem cuidada, que decerto freqüentava um salão de beleza caríssimo. Considerando-se que, dois anos antes, Uckermann a surpreendera nua em companhia de sir Gastão Diestro, na vila do nobre na Jamaica, Dul achava que a loirinha acabara se dando muito bem, visto que enfrentara um divórcio nem tão ruim assim e acabara se casando com o amante riquíssimo. Nem todos os ex-maridos traídos dariam dinheiro a suas ex-mulheres para que pudessem manter uma casa com o novo companheiro no centro de Londres.


O telefone tocou. Dul teve um sobressalto e seguiu para a cozinha, para atender.


Alô!


Dulce Saviñon... — disse alguém com leve sotaque francês. Então, é aí que anda se escondendo...


O coração de Dul pareceu parar por instantes, para depois retomar o ritmo normal.


Guillermo Ochoa. Não estou me escondendo. E como, me diga, encontrou meu número?


Sei conduzir meus negócios, cherie. E acho que deve ficar fora dele, pois é perigoso.


Uma sirene soou a distancia, e parou. Arrepiada de medo, Dul afastou a cortina rendada da janela.


Então, era você quem estava na casa de Uckermann! Quase me matou, sabia?


Nunca imaginei que fosse aceitar um trabalho assim... com­plicado.


— O que é isso, mon ami? Como sabe que era eu quem estava lá? -Guillermo riu de leve.


— Não insulte minha inteligência, cherie. Qualquer outra pessoa estaria morta agora. Mesmo com você, foi perto, não? Além do mais, estou tentando fazer-lhe um favor.


— Claro...


Mais uma sirene a alertou.


— Tenho de desligar agora, Guillermo. Se mandou os tiras atrás de mim, pode se considerar acabado!


— Eu? Jamais chamo a polícia! Mas pode desligar. Cuidarei de tudo.


Dul pôs o fone no gancho, confusa. Quem poderia ter dado com a língua nos dentes e por quê?


Correu para o banheiro, pegou a mochila que sempre deixava pron­ta e retornou à sala, onde desligou o computador puxando o fio da tomada. Em seguida, arrancou a tampa da CPU e retirou tudo que poderia deixar alguma pista sua. Foi até a janela, olhou para fora e saiu pelos fundos, pulando para o quintal da vizinha.


Deixara o automóvel a duas quadras dali e chegou a ele quando o helicóptero da polícia, seguido de outro, de reportagem, pairava, perigosamente, sobre o teto de sua residência. Ligou o motor e saiu, sem muita pressa, para chamar a atenção. Seguiu até um quarteirão abarrotado de restaurantes e estacionou diante de um deles. Saiu, lo­calizou um telefone público e ligou para Christian.


Sim? — atenderam.


Juan? — ela indagou, disfarçando a voz. — Juan está?


Olhe, moça, eu sempre lhe digo que não há nenhum Juan aqui — Christian replicou, irritado. — Não está aqui, compreende?


— Compreendo. — Dul desligou. 
Suas mãos tremiam. Tinham localizado Christian, ou, pelo menos, estavam mantendo-o sob vigilância. Poderiam tentar localizar sua chamada.


Apressada, voltou para o carro, seguindo agora rumo norte. Como acharam seu rastro tão depressa? Não deixara digitais, e, mesmo que Uckermann tivesse dado uma boa descrição dela, o que não era provável, não tinham nada para comparar. Não devia ter sido Guillermo a entre­gá-la. Não era seu estilo. Mas a chegada dos policiais não o surpreen­dera. Alguém abrira a boca, implicando tanto a ela quanto a Christian.


O que estava acontecendo, afinal? Era comum gente rica ter coisas valiosas roubadas o tempo todo. Para isso existiam companhias de seguro, ora. Mas os ricos não costumavam ter outras pessoas querendo matá-los...


Lembrava-se da expressão de Uckermann quando o derrubara. Ele devia saber que ela não quisera vê-lo morto. Afinal, salvara-lhe a vida!


De repente, uma constatação: Christopher Uckermann era a única teste­munha que tinha. Guillermo dissera que cuidaria de tudo, mas Dul sabia, por experiência, que ele cuidaria apenas do que lhe interessava. Se seguisse seu padrão costumeiro, desapareceria por algumas semanas e depois reapareceria para contar vantagem. Isso a colocava em maus


Precisava de Uckermann. Teria de convencê-lo de que era inocente; pelo menos, em parte. Alguém tinha de levar a culpa, e as costas de Dul não eram tão largas assim.


 


Isso é ridículo. — Christopher desligou o telefone depois de ter falado com o chefe de polícia de Palm Beach. — Dois dias e eles ainda não têm nada de concreto para me dizer!


Nada? — Poncho estranhou, vendo o amigo andar de um lado para o outro.


Só que um tal José "Christian" Chavez está sendo vigiado. Christopher olhou para o fax que Poncho trouxera. — E uma casa que começaram a vasculhar esta tarde. Pouca coisa.


Já é algo. Mas como a Dona da casa chama-se Blanca Fuentes, que parece ter morrido em 1997, não devem ter muita certeza do que está havendo.


— Quero ir até lá. — A dor de cabeça que acometia Christopher de vez em quando desde a explosão voltara.


Não podemos! Para todos os efeitos, não sabemos nada a res­peito ainda. Chris, não posso ir mais adiante, nem citando seu nome.


Detesto não saber o que há. E, apesar do que pensam, creio que a garota...


Sei. Acha que ela não agiu como assassina. Já disse isso antes.


Mas isso não é problema seu. Preocupa-me mais o fato de a polícia querer que você fique na Flórida. Não me sinto bem sabendo que, por aqui, as coisas costumam explodir.


É, eu também não.


Ah! Você gosta de estar no meio da confusão!


Gosto de soluções, Poncho. Vá fazer algo produtivo, sim? Poncho fez-lhe uma careta e inclinou-se.


— Como queira, milorde! — brincou. — Ligarei de novo para o senador Branston. Talvez consiga fazer nascer algo naquela árvore...


— Dê uma sacudida em Bárbara também.


— Claro. Sou o advogado, certo? Devo ser o sujeito mau. Poncho se foi, e Christopher voltou a andar de lá para cá. Detestava a situação.


Foi até um barzinho próximo e serviu-se de um pouco de uísque. Bebeu o primeiro gole, que lhe parou na garganta quando viu que a clarabóia no teto do escritório se abria e uma mulher pulava para dentro. Ela! A garota em quem acabara de pensar!


— Obrigada por se livrar de seu amigo — disse ela, num sorriso. — Eu já estava tendo cãibras.


— Srta. Pardo...


Com os olhos castanhos sempre nele, Dul caminhou até a porta e trancou-a.


— Tem certeza de que é Christopher Uckermann? Achei que usava sempre terno e dormia de short. Mas agora o vejo de jeans, camiseta e... descalço.


Calado e surpreso, ele apenas a observava. Notava suas roupas Pregas, justas, como naquela noite. — Satisfeito por eu não estar portando uma arma?


— Nem sei onde esconderia uma, se a tivesse consigo. — Os olhos de Christopher continuavam percorrendo as curvas do corpo de Dul, insinuantes no traje apertado. — Não está com o boné. Sempre o usa?


— Ele ajuda a manter meus cabelos longe do rosto.


— Entendo. Bem, se veio até aqui para me matar, nem devia dar-me explicações, não é?


Se tivesse vindo para isso, sr. Uckermann, já estaria morto.


Quanta autoconfiança!


Como Dul não estava armada, Christopher sentia que poderia, num movimento rápido, agarrá-la e entregá-la à polícia, mas preferiu tomar mais um gole de uísque.


— Posso saber quem era o sujeito que você mandou sacudir o senador e a tal Bárbara?


Com a atenção voltada para os lábios dela, Christopher quase se es­queceu da conversa. Fitou mais uma vez a clarabóia. Mais uma vez, a moça teve a oportunidade de matá-lo e não o fizera. Interessante.


— Era meu advogado, Poncho.


— Advogados... Odeio essa gente. Por que não vai até aquele armário?


Ela parecia pronta para reagir a qualquer coisa, e isso o interessou ainda mais. A maioria que conhecia reagia na defensiva em sua pre­sença, mas a srta. Pardo, ao que parecia, considerava-se páreo para ele.


— Este é meu escritório, senhorita. Pode pedir com mais... edu­cação. Afinal, está desarmada.


Um breve sorriso surgiu nos lábios dela.


— Por favor, mexa-se, sr. Uckermann.


Christopher lhe obedeceu, querendo ver aonde Dul pretendia chegar. Com agilidade, ela verificou a papelada sobre a escrivaninha.


Também não tenho armas escondidas — Christopher informou, vendo-a abrir a gaveta de cima.


Claro que tem. Só quero ter certeza de que não estão a seu alcance. — Um olhar mais audacioso ficou na calça jeans dele.


Após alguns segundos, Dul deu um passo atrás, fazendo um gesto que permitia que Chris se movesse.


— Digamos que aceito que não esteja aqui para me matar, srta. Pardo. Por que veio, então?


Ela suspirou.


Para pedir-lhe ajuda.


Como?


Acho que sabe que não tentei matá-lo naquela noite. O que quis foi roubar sua pedra troiana, e não vou me desculpar por isso. Mas roubo é uma coisa e assassinato é outra. Jamais mataria uma pessoa.


Se é assim, entregue-se e diga isso à polícia.


De jeito algum. Posso não ter pego a pedra, mas ainda estou em perigo.


Christopher cruzou os braços. Ela não levara a pedra. Não devia dizer-lhe que outra pessoa o fizera.


Quer dizer que andou roubando por aí. De outras pessoas, claro.


Mais uma vez, Chris notou a tensão dela. Havia em Dul uma fra­queza que ele captava em seu olhar.


Salvei sua vida, sr. Uckermann. Portanto, deve-me um favor. Diga à polícia, ao FBI e à imprensa que não matei seu segurança e que não tentei matar você. Do resto, cuido eu.


Entendo. Quer que eu ajeite as coisas para que possa sair dessa sem conseqüências, pois não teve sucesso em sua empreitada. É uma moça boazinha.


Não. Sou má. Pode me acusar de tentativa de roubo, mas não de assassinato.


— Claro.


— Eu tinha de tentar, não vê? Mas deve entender que, se não fui eu quem colocou aquela bomba, outra pessoa o fez. Alguém que con­segue entrar nos lugares melhor do que eu. E olhe que sou boa nisso. Muito boa.


Aposto que sim. Posso admitir que você tem algo que eu gostaria de adquirir, mas não se trata de suas teorias ou de seu pedido de auxílio. -Dul se reaproximou da clarabóia.


— Oh, sr. Uckermann, nunca dou algo em troca de nada...


Christopher percebia que ela ia sair, e não queria que isso acontecesse.


— Talvez possamos negociar.


Dul o encarou e aproximou-se, devagar, muito sensual.


— Parece que não estamos nos entendendo. Já sugeri isso e você recusou. Mas tome cuidado, pois alguém o quer morto e, como eu sou capaz de chegar tão perto, outra pessoa também poderá fazer o mesmo.


Christopher quase sentia os pêlos de seus braços se eriçarem devido aquela proximidade.


— Eu saberia — respondeu, suave.


Chris deu um passo à frente, sabendo que, se ela fizesse mais um movimento em sua direção, estariam tão próximos que poderia tocá-la. E era isso o que mais queria no momento.


Mas Dulce se afastou, voltando para baixo da clarabóia.


— Nesse caso, não se surpreendeu hoje. — E esboçou o mesmo sorriso insinuante de antes. — Cuidado, Uckermann. Se não me ajudar, não o ajudarei. Sei de coisas que os policiais desconhecem.


Com um pulo de gata, Dul subiu para o teto, e, pendurada à mol­dura da clarabóia, disse ainda, antes de desaparecer:


— Boa noite. Durma bem.


Vendo-se sozinho, Christopher terminou seu uísque, murmurando:


— Eu me surpreendi, sim, e muito. E agora preciso de um banho frio...


 


Dulce reconhecia que Chris não fizera soar o alarme depois de deixá-lo. Mas fora uma idéia tola ir até lá.


Como Christopher Uckermann poderia querer ajudá-la? Agora, ele a tinha visto bem, sabia que ainda estava por perto e que podia entrar e sair de sua mansão com facilidade, o que mostrava que podia, sim, ter colocado uma bomba, se quisesse. O que ganhara com aquele encon­tro? Notara, mais uma vez, o quanto Christopher era atraente. E ele não apertara o botão de alarme...


Correu até o carro, entrou nele e ligou o motor. Precisava de outro plano. Sabia que dentro de alguns dias teria de arranjar outro veículo.


Pensava. A pedra troiana fora roubada. A bomba podia ter sido uma distração apenas, ou uma arma mortal. Alguém devia estar que­rendo matar o único milionário que conhecia que usava jeans surrado e ficava descalço em casa.


Ligou o rádio, voltando a se concentrar na situação. Se Uckermann desse sua descrição à polícia, eles não a encontrariam; saberia esperar por um ponto fraco e escaparia. Era sempre assim. Preocupava-se com Christian, mas ele conseguira sobreviver trabalhando com seu pai, que era bem mais descuidado, então saberia cuidar-se agora também.


Quanto a ela, Milão seria ótima naquela época do ano, cheia de turistas; então, ninguém a notaria. Não iria se preocupar com o que faria quando, no futuro, quisesse voltar à América do Norte e não pudesse por estar sendo procurada por assassinato.


Guillermo não saía de sua cabeça, e isso a irritava. Ele pensara apenas em si mesmo e agora Dul tinha de limpar a sujeira que deixara para trás. Nessa noite, ficaria em Clewiston, na casa que fora de seu pai e que agora era sua. Um lugar simples, mas excelente como esconderijo. Precisava limpar e cuidar de suas feridas também. No dia seguinte haveria de achar uma saída.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 50



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  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 13:00:07

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 13:00:06

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:38

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:37

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:36

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:34

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:31

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:59:30

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:58:56

    amei!!!

  • natyvondy Postado em 25/10/2009 - 12:58:55

    amei!!!


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