Fanfic: Paixão incontrolável | Tema: LevyRroni

Maite não podia negar que sonhava com ele, apesar de não ter tido sucesso em colocar suas fantasias no papel. Talvez um pouco de interação física, um pouco de realidade poderiam quebrar a barreira. Afinal, ele parecia interessado nela tambem. Pois na semana anterior ele tinha convidado ela pra sair, e ela por medo tinha recusado. O detetive Levy era mesmo o modelo para as cenas em seu livro, apesar de ela ter escondido sua identidade ao transformá-lo em um moreno de olhos negros, e ter diminuído sua altura uns vinte centímetros. Não era bem seu tipo, mas ambos eram policiais. Torceu o nariz. Talvez devesse mudar o personagem um pouco. Ficara tão preocupada em esconder sua atração pelo detetive  Levy que a versão fictícia se afastara muito da realidade. Não que tivesse algo contra homens atarracados, morenos, e de olhos negros, porém eles não a entusiasmavam como o detetive Levy.

MPerroni —Não posso seduzi-lo pelo livro, Any.

Any —Por que não?

MPerroni —Porque isso seria usá-lo. — Deixemos esse argumento de lado, Any. Aliás, vamos acabar com essa discussão. Any reagiu à resistência de Maite com a frustração de sempre. Levantou-se e disse:

Any —Nem se importe em me contar nada sobre ele se não se der conta de que está viva. Você é uma mulher bonita. Os homens a acham atraente Mai. Sempre acharam. Mas nunca lhes deu uma chance, para ver o que acontecia.

Any não estava exagerando sobre seu poder de atração e sua resistência em ir atrás de um homem. Maite gostava de ser bonita, mas a semelhança com a irmã mais velha, a ganhadora do prêmio Grammy Dulce, com freqüência abalava sua autoconfiança. Maite não tingia de ruiva os cabelos castanho-escuros, porém fora tantas vezes confundida com Dulce que se perguntava se não a consideravam apenas uma substituta mais barata. Saíra algumas vezes, e os idiotas sempre pareciam desapontados por ela não ter herdado a obsessão da irmã por um modo de viver liberal. Maite preferia jeans e camiseta. Gostava de alugar vídeos e estourar pipoca mais do que ficar horas no cabeleireiro. Fazer as unhas da sobrinha e reunir-se com Any tomando uma xícara de café era muito mais seu estilo. Imaginou se Wil sabia quem era sua irmã. Ele não parecia o tipo que assistia à MTV, e na certa apreciava um estilo de música mais tranqüilo. Igualzinho a ela.

MPerroni —Posso jurar que o detetive Levy me acha atraente, mas isso é assunto pessoal. Não quero usá-lo para vender o livro.

Any —Poder usar um homem para o sexo é o pagamento que as mulheres estão recebendo pelos anos que elas mesmas foram usadas. — Any fez um gesto com a mão tão típico de Dulce que Maite quase riu. Não se atrevia mais a apontar semelhanças entre a irmã rebelde e a irreverente melhor amiga, no entanto. Na última vez, Any ficara sem falar com ela uma semana. — Você só precisa de atração física, pura e simples, Mai. E muita.

MPerroni —Não estou desesperada, Any. Vou sobreviver se o negócio for cancelado.

Any —Ah, é? Acha que outra grande editora irá lhe propor algo importante se não der conta? Não se engane, Maite. Você tem de fazer esse trabalho. Tem talento. Só falta conhecimento. Além do mais, sei que não quererá aceitar a ajuda de sua irmã depois que Cassie for morar com Dul.

Maite recostou-se no sofá e balançou os pés descalços.

MPerroni —Nunca gostei de ter ficado nesta casa, mas não tive escolha... Precisei pensar em Cassie primeiro. Ela merecia o melhor.

Observou a decoração luxuosa, o escritório amplo localizado no segundo andar da mansão que Dulce comprara com a renda de seu primeiro álbum, que ganhou o disco de platina. O imóvel ficava nos fundos de um condomínio fechado e proporcionava a Dulce toda a segurança quando vinha visitá-las. Um muro de pedra alto e o segurança sempre presente protegiam a adorada menina de Dulce de ser fotografada pelos paparazzi. Tudo estava tão distante do trailer estacionado numa estrada de terra em que Maite e Dulce haviam crescido... Maite se esforçara muito para tornar o lugar aconchegante e acolhedor. Um lar, e não uma prisão. Um paraíso seguro, e não um museu atulhado de coisas. Pretendia usar o negócio do livro para comprar a casa da irmã e começar a se sustentar. Queria provar sua capacidade a si mesma, a Dulce e a qualquer um que atribuía seu sucesso a sua ligação com uma superestrela. Comprar a mansão e conquistar sua independência eram seus próximos objetivos, e tinha de conquistá-los sozinha.

Any —Você ficará sozinha aqui, não é?

MPerroni —Adoro esse lugar, Any. Além do mais, o trabalho me manterá distraída... apesar de até agora ter sido uma tortura escrever.

Any —Isso pode ser bom. Sobretudo se seu detetive Levy trabalhar com correntes e chicotes. — Any sorriu, sarcástica.

Maite forçou o riso e meneou a cabeça. Porém, tremeu com um pensamento proibido. Render-se à sugestão de Any não seria tão difícil se reconhecesse, mesmo que só em parte, que encontrara a motivação perfeita para se envolver e ir atrás de um homem a quem desejava e que fazia seu coração bater acelerado e o bico de seus seios ficarem eretos só por olhá-la. E Maite sempre precisara de um bom e sólido motivo para pôr as necessidades pessoais em primeiro lugar. Maite apresou Any e saiu apresada para sua aula, com o detetive Levy.