Fanfic: El hechizo | Tema: Trendy / Dulce e Poncho

Capítulo 22

O observava atentamente, absorvendo cada detalhe do que dizia. Nunca chegou a pensar que poderia ser algo tão triste, Dulce tinha razão em não querer dizer nada.

Rodrigo parou de falar por um minuto como se fosse tudo o que sabia, mas ele sabia de muito mais.

-E então? Como se conheceram? Como a ajudou?

-Eu realmente preferiria que ela contasse. A parte a seguir é muito mais forte.

-Não, ela não vai contar. Por favor, Rodrigo, eu preciso saber.

Em 2010...

Uma semana havia se passado desde que recebera a noticia que havia acabado com sua alma.

Ainda sentia a mesma dor, mas agora sentia que os pais a culpavam pela morte da irmã, claro que isso não era verdade, mas em sua cabeça fazia o maior sentido.

As únicas coisas que escutava eram palavras de acusações, um sentimento de culpa permanecia sempre ali.

Não podia mais olhar nos olhos da mãe e do pai sabendo o que havia provocado. Era difícil. Estava matando-a por dentro.

Tomou a decisão em uma tarde: iria embora, não iria mais incomodá-los ou provocar qualquer outro tipo de sofrimento as pessoas que amava.

Inventou que havia recebido a promoção de um estágio em outra cidade. Os pais ficaram felizes, ela era o orgulho da família. A mãe a princípio não gostou da idéia, mas a menina precisava voar.

Na verdade, trancou a faculdade e foi embora da cidade, para uma mais longe do que todos podiam imaginar. Não tinha nada na nova vida, não tinha casa, não tinha comida, não tinha dinheiro (exceto algumas economias que durariam no máximo um mês).

Instalou-se em uma pensão. Os dias foram passando e tudo ficava mais difícil, a grana estava acabando. A dificuldade foi ficando ainda maior, mas sabia que era melhor passar por isso do que ter que encarar os pais depois do que havia feito.

Chegou a um ponto onde o dinheiro não existia mais. Ia ser despejada da pensão. Teria que voltar pra casa, mas não queria, não podia.

Foi em uma manhã, enquanto caminhava pelas ruas do centro da cidade, que a idéia veio-lhe a cabeça. A princípio achou loucura, não iria chegar a esse nível. Mas ai a noite chegou, amanheceu novamente e ela já havia tomado sua decisão. Tentaria durante um dia, não devia ser tão ruim assim.

Bateu na porta do local pela tarde. O dono a adorou de primeira. E pela noite já tinha um cliente.

Era um velho gordo. Quando o viu teve vontade de vomitar. Queria desistir, mas era tarde demais. O velho já lhe apertava contra a parede.

Saiu de lá tarde da noite. Chorava como nunca. Sentia nojo daquelas pessoas, nojo de si mesma. Era uma prostituta.

Tentou dizer ao dono que não iria mais. Ele a ameaçou, iria sim, e já tinha dois clientes no dia seguinte.

A noite passou rápido e o dia também. Fez o primeiro serviço da noitada e saiu para tomar um ar. Outra vez chorava, soluçava, não podia parar em pé. O que estava fazendo com a própria vida? Aquilo era um pesadelo. Cambaleou pelas ruas e só se deu conta do que acontecia quando esbarrou em um homem.

-Perdão. -ele disse. -Está tudo bem com você? -percebeu que ela chorava incontrolavelmente.

-Sim... Eu... -o choro a impedia de falar.

-Não, não está nada bem. -a guiou até um banco da praça. -Se quiser posso te ajudar.

-Ninguém pode me ajudar.

-Eu sim posso. Apenas me conte tudo, desde o começo.

Até hoje não soube o que fez com que contasse tudo a ele, talvez a saudade de ter alguém pra conversar. Só tinha certeza de que ele a ouviria e que parecia uma boa pessoa.

Assim que terminou o relato, ele a abraçava.

-Vou resolver isso agora mesmo. -disse ele decidido. -Fique aqui e me espere.

Ele voltou uma hora depois.

-Pronto. Não vai mais trabalhar naquele lugar, fique tranqüila.

-Você foi até... -não acreditou o que ele havia feito por ela.

-Fui.

-Mas como...? –perguntou confusa.

-Isso não importa. –ele declarou.

-Obrigada. -um sorriso apareceu em seu rosto. -Não sabe como estou agradecida...

-Não precisa me agradecer. Qualquer um faria isso por uma mulher como você. Não combina nada com aquele lugar sabia? -ela assentiu.

-Seu nome é? –Dulce perguntou.

-Rodrigo.

Desde ai uma amizade começou. Ele a ajudou a arrumar um emprego e conseguir um lugar para ficar. Aos poucos ela foi se reerguendo. E junto a tudo isso um amor foi florescendo. Rodrigo a fazia muito bem, fazia se sentir muito importante. Não sentia mais culpa pela morte da irmã e tudo de ruim que havia passado ficou para trás. No momento, a melhor coisa que tinha era Rodrigo.

Agora...

-Então ela já se pros... –Alfonso não conseguiu completar a frase.

-Sim, mas você entende que não foi por querer? Entende que ela sentia culpa e precisava sair de perto dos pais? –Rodrigo perguntou querendo escutar uma resposta positiva.

-Entendo, mas é algo tão inesperado vindo dela que...

-Eu sei, é chocante, nunca ninguém imaginaria. Mas, por favor, descrição, só ela e eu sabemos disso.

-Claro, cara, isso não se diz a ninguém. -bebeu um gole de seu suco e pôs-se a pensar.

Estava muito surpreso com o que acabara de ouvir. Era terrível! Era óbvio que ela não queria que ele soubesse.

Observou a rua durante um momento. Ambos estavam calados. O silêncio era pesado, mas foi quebrado quando Dulce se aproximou da mesa como um foguete.

-O que faz com esse idiota? –ela perguntou a Alfonso, estava se referindo a Rodrigo. Seu tom de voz era irado, sabia que tudo havia sido contado.

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Ellenzinhavondy obrigada pelos comentários <3