Fanfic: El hechizo | Tema: Trendy / Dulce e Poncho

Capítulo 27

O mês passou voando, mas a dor de ambos não, parecia estar mais forte do que nunca. A saudade também não ia embora. E o arrependimento, pelo menos para Dulce, nunca se afastaria.

Ambos tocaram a vida, se arrastando pelos dias. Não se viram mais desde aquela noite, nem uma ligação. Ele não a procurou nem para dar-lhe dinheiro, provavelmente havia desistido, não iria assumir aquela criança.

Dulce trabalhou freneticamente o mês inteiro, fazendo hora extra, ficando até mais tarde e às vezes até no final de semana. Afinal, não tinha mais nada que a prendesse fora do banco.

Mas todo esse tempo extra de trabalho era por um motivo: no mês seguinte tiraria uma licença, três meses durante a gravidez e mais cinco meses após o nascimento do bebê. Fizera as contas e possuía dinheiro suficiente para viver bem com o filho pelo menos nos próximos oito meses. Depois pensaria no que fazer.

Já Alfonso, não tinha mais tantos projetos assim. Gravava quatro vezes na semana e o resto dos dias divertia-se. As baladas, boates e passeios de final de semana haviam voltado para sua rotina. E nesse momento estava novamente comprometido, só que dessa vez com Marcela. Precisava dar um jeito de esquecer Dulce, e a amiga era um alvo perfeito. Não era uma mulher pra ficar o resto da vida, mas sim uma mulher para as noitadas, sexo e pegação fácil.

A imprensa sabia do término, mas não sabiam o motivo. Os pais de Alfonso também sabiam e ficaram decepcionados com o fim do romance, pois tinham certeza que Dulce era a mulher certa para Alfonso. A mãe de Dulce era a única que sabia o que a filha havia tentado fazer e a entendia, mas não aprovava aquilo, mas claro que permaneceu do lado da filha.

Foi em uma terça feira à noite, quando preparava algo para comer, que a campainha tocou. Ela sentiu desde o primeiro momento que era ele. Ficou nervosa, com medo de olhar em seus olhos, mas mesmo relutante abriu a porta.

Ele a observou com tristeza, era óbvio que um clima ruim ainda permanecesse. Ele ainda não queria vê-la, mas era necessário. Só quando a viu parada na porta, que todos os sentimentos vieram a tona, sentia saudade, era tão grande que não cabia dentro de si, e ainda a amava muito, tinha certeza. Estava tão bonita, tão linda com aquela barriga, era o que queria dizer, mas se conteve.

-Oi. -ele disse sem expressão alguma.

-Oi. -respondeu. -Pensei que não viria mais... -sua voz era baixa.

-Bom, já estou aqui. Na verdade, pedi para que González viesse, mas ele não pôde, então resolvi vir.

-Tudo bem. -um silêncio constrangedor.

-É, eu trouxe dinheiro se precisar de alguma coisa. -entregou a ela um envelope pardo.

-Não é preciso, sabe disso.

-Sim, eu sei, mas como pai é minha obrigação. Aceite, por favor. -ela assentiu, não iria discutir.

-Obrigada. -ficaram se olhando durante um tempo. O silêncio era doloroso, mas logo foi quebrado por uma voz fina que se aproximava, era Marcela.

-Poncho? -chamou enquanto ia a caminho da porta. -Ah oi, Dulce. -sorriu.

-Oi. -engoliu em seco.

-Vamos, meu amor? –Marcela o agarrou, estava provocando Dulce.

-Vamos, Marce. -disse sem nem a olhar nos olhos, olhava Dulce. -Tchau. E se precisar de alguma coisa é só ligar. -saiu com a nova namorada.

-Ligarei. -murmurou.

Não podia acreditar no que acabava de ver. Ele já estava em outros braços, e pior, nos de Marcela. Aquilo doeu tanto que perdeu até a fome. Conseguiu apenas jogar-se na cama e adormecer. Havia feito uma besteira tão grande e acabado com sua própria vida. Ainda o amava tanto, mas pelo visto, ele já tinha superado, isso se um dia chegou a amá-la de verdade.

Alguns dias passaram, era sábado e Alfonso iria com os amigos para sua casa de praia. Chegou sozinho pela manhã, os outros chegariam depois.

Desde o dia em que havia ido ao apartamento de Dulce, Marcela estava um pouco zangada com ele. Quando ela chegou, foram direto para o quarto conversar.

-E ai? Ainda está brava? -ele perguntou.

-Deveria, não acha? -revirou os olhos.

-Não, não acho. A Dulce é a mãe do meu filho, é natural que eu a veja.

-Não concordo. EU estou com você agora e não aquela... Aquela vadia!

-Marcela, você não precisa falar assim dela, nem ao menos a conhece. -disse alterado.

-Por quê ficou bravinho? Não posso chamar a Dulcinha de vadia?

-Olha... -respirou fundo e fez uma pausa. -Esquece. Marce, esquece isso, por favor. -a abraçou. -Você mesma disse que estamos juntos.

-Tem razão, isso não vai nos levar a nada. -o apertou mais ainda. -Eu te amo.

-Eu... Eu também. -um "eu te amo" nunca sairia de sua boca, não para ela.

O dia pareceu se arrastar, para Alfonso claro, já para Marcela estava tudo perfeito. Ficaram juntos dentro do quarto o dia todo. Ela não o deixava sair, queria ficar o tempo todo com ele. Aquilo o sufocava, ela era péssima.

Se perguntou várias vezes por quê estava com ela e a resposta vinha em sua mente a todo tempo. Sentia saudades de Dulce, ainda estava espantado e furioso com o que ela havia feito, mas não podia deixar de pensar nela e muito menos de amá-la.

Durante a noite saíram para caminhar na praia. Estavam de mãos dadas, Marcela não o largava um minuto sequer, era um massacre.

-A noite está tão linda, não acha? -ela disse observando o céu.

-É, está sim. -sentou-se sobre a areia macia. Ela se sentou em seguida.

-Nunca pensei em passar um momento tão lindo como esse com você. -o envolveu em seus braços.

-Eu também não. -a olhou nos olhos, mas não a via mais, nesse momento via Dulce. -Você é tão especial pra mim. Quero passar o resto da minha vida com você.

-Eu também. Acho que nascemos um para o outro. -ela se aproximou para beijá-lo.

-Aham. -murmurou. Quando seus lábios se tocaram, ele já sabia que não era Dulce, aquele não era seu beijo. Infelizmente não era.