Fanfic: El hechizo | Tema: Trendy / Dulce e Poncho

Capítulo 2

A conversa foi breve e simples. Ele não passou mais do que dez minutos dentro do apartamento.

O perdão só foi concedido por que, primeiro, queria se livrar logo da presença dele, e segundo, porque algo a tocou como se tivesse percebido que as desculpas eram sinceras, como se tivesse notado que ali existia uma pessoa de verdade.

No final, quando a conversa já estava quase encerrada, veio o convite: "Sei que já me desculpou, mas ficaria honrado se aceitasse jantar comigo, claro que é uma forma de completar meu pedido de desculpas".

Ela tentou explicar que não queria nenhum tipo de contato com uma pessoa como ele, não queria se envolver com a imprensa e nem nada do tipo, mas ele insistiu. "espero que depois disso me deixe em paz pra sempre", foi o que pensou ao aceitar.

O jantar aconteceu dois dias mais tarde. Não sabia exatamente o por que mas sentiu uma necessidade de se arrumar, de estar perfeita. Sabia que não queria nada com ele, inclusive o mesmo sentimento de repulsa ainda persistia, porém não ia questionar a si mesma. Isso acabaria em algumas horas.

Colocou um vestido preto básico que marcava bem seu corpo. A maquiagem estava pesada e os cabelos soltos com cachos nas pontas.

Olhou-se no espelho e sorriu. Não podia acreditar no que estava acontecendo. Na verdade nada parecia real. Estava prestes a jantar com um ator, uma celebridade. Quantas mulheres não dariam tudo para estar em seu lugar? E deveriam, pensou.

Lembrou de tudo que havia acontecido desde o encontro no bar da balada, o jeito como ele tentou forçar a barra, até os presentes, o pedido de desculpas e o convite para jantar.

"Ele está conseguindo o que quer", se deu conta do quão idiota e ingênua havia sido. O pedido de desculpas, o convite, tudo era para ter mais uma em sua lista. E a tola havia caído... Chegou a pensar em desistir, mas já era tarde demais.

O restaurante era maravilhoso, um lugar de classe. Era óbvio que ele não a levaria em uma espelunca qualquer.

Sentaram em uma área reservada. Ele sabia que a presença dos paparazzis logo seria constante e de onde estavam não podiam ser vistos. Seria melhor assim.

Desde a primeira vez que a viu sentiu algo diferente. E quando tentou forçar a barra e ela negou, essa sensação foi confirmada. Ela era distinta. Havia sido a primeira vez que uma mulher o dispensava. E acho que foi isso que fez com que ele a quisesse. Ela não ligava para quem ele era ou para sua fortuna, pelo contrário, o tratava com tanto desdém que chegava a ser prazeroso.

Naquela noite ele não pôde deixar de notar como ela estava linda, muito mais do que na balada e muito mais do que na sala do apartamento. Estava com a mesma cara amarrada e isso só o atraía.  Outra mulher só de estar perto dele estaria sorrindo,  chorando de emoção, já ela não.

-Já pedi a comida, espero que não se importe. -disse assim que se acomodaram.

-Não, tudo bem. -respondeu.

-Comida japonesa, te agrada?

-Aham.

-Ah que bom! -sorriu. -Olha, quero mais uma vez me desculpar pelo que aconteceu...

-Já disse que está tudo bem, não se preocupe mais.

A refeição chegou em seguida. Comeram a maior parte do tempo em silêncio. Ele não conseguia quebrar a barreira que existia ali, mas não desistiria tão fácil. Queria muito saber mais sobre ela, do que gostava, o que fazia, como era sua vida, etc.

-Esse vinho. -ela apontou para a taça de cristal ao lado de seu prato. -Adoro ele, é muito bom.

-Ah então você entende de vinhos?

-Não muito, só o que aprendi com o meu avô, ele sim sabia absolutamente tudo.

Foi nesse momento que a conversa começou a fluir. Falaram sobre tudo. Tudo sobre ele, ele era o principal assunto, pelo menos no começo.

Foi desde ai que ela percebeu o quão humano ele era, não era exatamente o que a mídia dizia. Parecia ser diferente, claro que não podia se enganar demais.

Por um momento esqueceu absolutamente tudo e aproveitou o papo, aproveitou a noite. Quando começou a se abrir já era tarde, a noite estava no fim.

-Gostei muito disso, sabia? -disse ele sorrindo.

-Do que? -observou seu sorriso, parecia sincero.

-Da noite, do jantar. Gostei da sua companhia.

-É, foi bom. -"nunca pensei que diria isso, mas também gostei da sua companhia".

-Pena que já acabou. Realmente preciso ir, gravo amanhã e preciso estar de pé bem cedo. -levantou-se. -Tem um motorista ai fora pra você, eu sei que não quer que nos vejam juntos.

-De jeito nenhum, eu prefiro ir sozinha, não se preocupe.

-Certeza?

-Absoluta.

-Bom, então tudo bem. Foi um prazer. -estalou um beijo rápido na bochecha dela.

Na cama, quando já estava quase adormecida, refletiu sobre a noite e concluiu que havia se precipitado demais, ele não era tão ruim assim. Mas ficou aliviada por saber que tudo aquilo já havia acabado.