Fanfic: El hechizo | Tema: Trendy / Dulce e Poncho

Capítulo 3

Naquele dia havia saído mais cedo do banco, precisava resolver uma coisa referente ao apartamento no centro da cidade.

A tarde estava quente, perfeita para um banho de piscina. Passou em frente a uma doceria e resolveu tomar um sorvete. Sentou-se em um banco da praça enquanto deliciava a gostosura, e começou a mexer em seu celular.

Ficou um tempo distraída e só se ligou na movimentação ao seu redor quando ouviu gritos fanáticos de garotinhas de quinze anos. Olhou em volta e quase não acreditou. Alfonso Herrera gravava ali naquela tarde, só podia ser brincadeira.

Levantou-se a fim de não ser vista por ele, mas tarde demais, já ouvia alguém a chamando. Era González, lembrava-se dele.

Logo atrás do segurança surgiu Alfonso, com um sorriso de orelha a orelha.

-Que coincidência boa! -disse enquanto caminhava na direção dela. -Estava mesmo querendo falar com vc.

-Estava? -questionou confusa.

-Queria te ver outra vez, podíamos sair qualquer dia desses...

-Acho melhor não.

-Por que não?

-Olha quanta gente tem aqui, não quero ser vista com você.

-Eu sei, mas... -fez uma pequena pausa e logo encontrou uma solução. - Amanhã as quatro. González irá te buscar.

-Que? Pra que? Amanhã às quatro estarei trabalhando e... -inventou.

-Eu sei que não estará. E não aceito não como resposta. -Deu-lhe um beijo na bochecha e saiu apressado.

"O que? Quem ele pensa que é pra dizer onde e quando eu tenho que ir?", ficou parada ali por um bom tempo. Parecia até mentira.

O fim de tarde passou rápido, a noite voou e o dia seguinte não foi diferente. As quatro horas já estavam ali. E foi nessa hora que decidiu sair, ia á academia, assim o segurança não a encontraria.

Quando ia saindo, a campainha tocou, ou fingia que não estava ou abriria a porta de uma vez. Preferiu a primeira opção. Mas não adiantou, González insistiu, sabia que ela estava ali.

Ela iria, informou a ele, mas só se soubesse para onde.

-Não estou autorizado a dizer. -respondeu brevemente.

-Então não vou. Não posso deixar que me levem para um lugar desconhecido. Seu patrãozinho está pensando o que? Que sou um brinquedinho que ele ordena e leva onde quiser?

-Está bem, vou lhe contar, mas nem uma palavra a ele, certo?

-Certo.

O carro parou em frente a uma mansão. Era fantástica! Desceu do carro e foi levada até dentro da casa. Lá estava ele, parado na entrada, com um grande sorriso.

-Demoraram. -dirigiu-se a González.

-A moça causou problemas. -esclareceu o segurança. -Uma das mais difíceis que já vi.

-Por que, González? Muitas aparecem por aqui? -disse ela.

-Pode ir, González, obrigado. -agradeceu Alfonso sem dar tempo para que o segurança a respondesse. -E então? Vamos entrar?

-Claro que não.

-Não? Mas pq? -espantou-se.

-Eu sei que nos damos bem no jantar, mas isso não te dá o direito de me trazer até sua casa, de querer que eu entre. Nós não somos amigos, não temos essa intimidade... O que você quer realmente? Eu juro que não estou entendendo.

-Você disse bem: não somos amigos, mas quero ser, quero te conhecer melhor.

-E quem te disse que eu quero o mesmo? Uma amizade só começa quando ambos querem, e esse não é o caso.

-Qual o seu problema comigo? Ainda a mesma coisa da balada?

-Não, isso já passou. Só estou tentando dizer que por ser quem é vc não pode mandar nas pessoas, não pode comprar amizades, não pode...

-Eu sei disso... Bom, desculpe se fiz algo de errado. Vou mandar alguém te levar embora.

-Tá vendo? Vc vai mandar. Faça você mesmo as coisas. -um silêncio predominou. -Vamos começar de novo, eu aceito entrar, vamos conversar um pouco, não vai ser tão ruim assim, não é?

...

-Claro que amo minhas fãs, elas são incríveis, mas às vezes precisamos de privacidade. Mesmo sendo uma pessoa pública, eu preciso de um tempo sozinho. Elas são muito invasivas.

-Imagino. Isso deve ser péssimo, ser sempre perseguido, não poder ir ao mercado, à farmácia, em uma loja sozinho. Eu não poderia viver assim nunca.

-Nunca?

-Jamais. -parou um momento para pensar. -Posso te fazer uma pergunta?

-Claro que pode.

-Por que eu? Você tem tantos amigos, imagino, por que quer conversar comigo? Por que eu tenho que estar aqui?

-Outro lado ruim da fama, não sei quem está comigo de verdade, entende?

-E por que acha que eu estou?

-Lembra de como me tratou? Depois disso não tenho dúvidas. -riu.

-Fui muito grossa, não é? Sério, peço desculpas. Eu achei que você era uma coisa, mas vi que é totalmente diferente.

-O que pensou que eu fosse?

-Não vamos tocar mais no assunto, acho melhor pararmos por aqui.

O silêncio permaneceu, mas logo foi quebrado.

-Você é linda, sabia? Com todo respeito, claro

-Obrigada. -sorriu.

-E eu?

-Você o que? -fez-se de desentendida.

-O que acha de mim?

-Não é de se jogar fora. -riu. -Foi você quem perguntou.

-Está comprometida no momento?

-Não. Namorarei por três anos e no final não deu certo.

-Por que?

-Ele era tão devagar, não tinha atitude. Odeio homem assim. Foram três anos jogados fora.

-Tem certeza? Alguma coisa boa deve ter ficado, certo?

-Sim. -sorriu enquanto lembranças afloravam em sua mente. -Mas não era o certo.

-Mas três anos... É muito tempo. Quem dera eu ter um relacionamento duradouro assim.

-Seus relacionamentos duram quanto tempo em média?

-Eu... Só namorei uma vez, aos quinze anos, por dez meses. Eu sei, é ridículo.

-Não, só é estranho...

-Mas é claro que já tive noitadas com algumas.

-Claro né, típico. -ele a observou sem entender. -É o que dizem ué.

-É, eu sei. Sou assim, mas agora estou velho, preciso encontrar alguém. Quero casar, ter filhos, alguém pra compartilhar minha vida.

-Talvez essa não seja a melhor opção pra um homem como você. Tem sua carreira, uma família não lhe cairia bem, acho.

-E pra você?

-Não sei. Gosto tanto de ser independente, acho que não aguentaria...

Não conseguiu completar a frase e muito menos seus pensamentos, pois nesse instante ele já beijava-a. Ela não negou, apenas deixou-se levar, afinal, ela era mulher e ele era maravilhoso.