Fanfic: Quem nunca amou que atire a primeira pedra #

Ao passar em frente ao quarto de Annie, a velha porta de madeira permanecia entreaberta... a curiosidade foi alem dos meus princípios. Inflei o pulmão e adentrei silencioso, até mesmo minha respiração poderia acordá-la e eu definitivamente não poderia correr esse risco.

Os cabelos ruivos tampavam seu rosto adormecido, suas mãos pousadas levemente sobre o abdômen se mexiam á cada respiração.

Aproximei-me, inspirando levemente o perfume que exalava de seu corpo, aquele perfume tão único, que exalava apenas de seu pequeno corpo.

Não posso negar que nunca em minha vida sequer imaginei haver perfume como aquele, era intenso e extremamente atrativo.

Hesitante, tirei a mecha que cobria seu rosto. Seus olhos cerrados e a boca entreaberta me fizeram arrepiar. E era incrível como a mais espontânea posição ou forma que ela estivesse me deixava tão devastadoramente atraído...

Ela fechou a boca, fazendo um ruído desconhecido, me fazendo pular. Seria desconfortável e constrangedor ter de explicá-la o que eu fazia ali, naquele momento, nós dois sozinhos... A experiência de uma semana atrás, me fez imaginar sua reação.

Me ergui, e sai a passos silenciosos de perto da cama, mas por mais forte que fosse o medo de ser surpreendido, eu não conseguia deixar de mirá-la...

Dulce: Annie... Por que se calou? Continue me contando sobre Derek!  — Ela murmurou de olhos fechados... Se eu me movesse certamente iria despertar de uma vez, mas não poderia permanecer ali em silencio, ela abriria os olhos para procurar a figura loira que falava incessantemente.

Ela se esticou na cama, coçando os olhos docemente. — Christopher? — Ela gritou ao abrir os olhos, eu permanecia grudado á porta, sem reação alguma. — O que faz aqui? Cadê Annie? — Ela se sentou, passando os olhos por todo o cômodo silencioso, eram muitas perguntas para que eu respondesse, e meu cérebro trabalhava devagar demais para uma situação daquelas.

Christopher: Annie pediu que eu te avisasse que ela foi buscar Derek, mas não irá demorar! — Falei pausadamente ou gaguejando como preferir.

Dulce: E por que não me acordou, ao invés de ficar me olhando com essa cara de tacho? — Ela se ergueu, ajeitando a saia torta, que deixava á vista suas pernas torneadas.

Christopher: Hey, eu não tenho culpa se você adormeceu e muito menos dela ter te deixado aqui, sozinha! — Fiquei na defensiva, e claro que ela percebeu. Sua roupa amassada e os cabelos desajeitados não diminuíram nem um terço da atração que eu sentia por ela... Naquele momento.

Dulce: Sim, você não tem culpa disso, mas tem de outras bem piores!— Sua expressão me fez soltar um sorriso indesejado e ela cruzou os braços na altura dos seios.

Christopher: Ah, por Deus, esqueça o ocorrido de semana passada!— Eu falei calmamente, enquanto me divertia internamente vendo sua expressão alterada e sua mandíbula se contrair há cada segundo.

Dulce: Pra você é tão simples não é Christopher? Foi apenas mais uma vida que se foi! Voce não tem responsabilidade e muito menos consciência! Acha que é pouco matar um cachorro? — Ela franziu o cenho.

Christopher: Céus, como você é dramática! Tudo o que digo é motivo para que voce solte mais um de seus sermões! — Soltei um suspirou entediado e me joguei na cama que ainda continha uma pequena, quase imperceptível, quantidade de seu perfume.

Dulce: Você é um estúpido mesmo! — Ela andava de um lado para o outro, tentando, inutilmente, acabar com sua irritação.

Christopher: Já vale insultar?

Dulce: Sempre valeu! Avise para Annie que não pude esperá-la porque não tenho condições mentais para ficar com você num mesmo cômodo, e peça para que me ligue mais tarde! — Ela pegou a bolsa sobre a poltrona reclinável felpuda e se dirigiu á porta do cômodo.

Christopher: Se eu for para o meu quarto você fica? — Me sentei. Não queria que ela se fosse, era reconfortante a sensação de saber que ela estava ali, há poucos metros de mim. — Annie não vai gostar de saber que expulsei uma amiga sua! — Eu praguejei, eu não podia crer que aquela havia sido a resposta mais coerente que eu havia pensado.