Fanfic: Simplesmente Nós (Vondy) *--* | Tema: Rebelde (Vondy)
Any percebeu a mudança do clima, minha mãe percebeu, vovó Clara percebeu, acho que todo
mundo notou. Mas eu fiquei de boca fechada, não por medo de Nome de Cachorro, e sim
porque ali não era lugar para descarregar a bomba. Porém, o baile perdeu a graça para mim.
Mesmo a orquestra tocando lindamente e todas as outras pessoas sendo simpáticas e
amáveis comigo, fui murchando e perdendo as energias pouco a pouco. Laika conseguira
estragar minha festa, literalmente.
Mas eu tive que resistir, com bravura ainda por cima. Teve uma hora em que todo o
restante parou para meu pai e eu dançarmos pelo salão. Não me lembrava dessa parte no
script de Irina. Roxa de vergonha, dancei — ou melhor, tentei dançar — uma valsa nos braços
de Fernando, coisa que eu não fazia desde... nunca. O que era aquilo, uma festa de debutante?
Depois de nós, os convidados sentiram-se animados para fazer o mesmo. De repente, o
centro do salão havia se transformado numa grande pista de dança e o povo aproveitou. Eu
também, mas para escapulir à francesa. Dei um perdido em todo mundo, até em Any .
Necessitava de solidão.
Escapei até o jardim do castelo e me esgueirei entre os canteiros de flores. Eu ainda não
sabia o nome delas, mas estava apaixonada por todas. Uma coisa era certa: assim que voltasse
para o Brasil, teria meu próprio jardim na varanda de meu quarto.
Baixei meus dedos até as pétalas e as acariciei. Um gesto quase automático, mas que me
fez relaxar um pouco. E colocar a cabeça no lugar. Eu não sairia correndo da Krósvia só por
causa de Laika, só porque ela estava cismada comigo. Isso era problema dela.
Fazia frio do lado de fora do castelo. Era outono na Krósvia. Senti meu corpo se arrepiar
ao ser envolvido por uma brisa gelada. Estava na hora de entrar.
— Por que está sozinha aqui?
A brisa fez meu corpo tremer. Aquela voz injetou calor em minhas veias. Como eu
poderia ignorar o dono dela?
Mudei de posição para não olhar para ele. Não queria que ele lesse em meus olhos toda a
minha agonia.
— Vim tomar um ar, respirar um pouco. Estou cansada.
— Está frio e seu vestido é bem... pelado — Ele notou. — Vista meu casaco.
— Não! — quase gritei. — Quero dizer, não precisa. Já vou entrar.
Chris fingiu que não me ouviu. Tirou o paletó do corpo e me envolveu com ele, sem minha
permissão. Não sei o que mexeu mais comigo: 1, seu gesto, 2, o cheiro dele no casaco, ou 3, o
breve encontro de seus dedos com minha pele.
— Você está bem? — ele quis saber, procurando meus olhos.
— Só cansada, como já disse — suspirei, inalando ainda mais o aroma masculino que
exalava de sua roupa. Não mencionaria minha conversa com Laika. Não queria resgatar aquilo
naquela hora.
Ele sorriu.
— Caso você não saiba, fiquei orgulhoso de ver você hoje. Não sei se aguentaria firme,
como você fez. O cansaço agora é mais que natural.
Para tudo! Christopher estava me elogiando!
Ele percebeu meu espanto e continuou:
— É sério. Esteve demais, Dulce.
— Obrigada. Vindo de você, esse elogio tem uma conotação muito maior.
— Como assim? — ele franziu a testa. — Vindo de mim?
— Ah, não se faça de bobo. Temos nossas diferenças, não é?
Ele ficou ainda mais sério.
— Temos, é? Não sabia
Pronto! Agora, aquela. Como se nunca tivéssemos discutido nem nada.
— Christopher , por favor... Lembra quando a gente se conheceu? Lembra da cena na biblioteca,
das palavras que me disse na cozinha, na frente da Kare ? Garanto que não estou
inventando.
— São águas passadas, Dulce. Eu não conhecia você direito — justificou-se e fez aquilo
de novo, quero dizer, o que sempre fazia quando ficava desconfortável: passou a mão
freneticamente pelos cabelos, bagunçando-os um pouco. — Mas agora tudo mudou.
— Mudou, é? Que bom! — Tentei parecer tranquila, indiferente. Mas meu peito
palpitava. Que espécie de conversa estávamos tendo? Seria minha imaginação ou havia um
clima de flerte no ar?
— Claro! — ele garantiu. — Temos saído juntos e eu pude ver que você é uma mulher
autêntica. Gosto do seu jeito, da sua maneira natural, dos seus ataques de sinceridade. Você é
divertida e me faz rir.
Corei. Aquilo não era uma declaração de amor nem nada, mas servia. Chris gostava de mim! Então, não era um avanço?
Andei um pouco entre as flores, afastando-me de Christopher para tomar fôlego. Eu havia
acabado de escutar todo tipo de asneira da namorada dele. Não tinha nada que ficar
praticamente flertando com Chris pelo jardim. Se eu fosse mais esperta daria no pé o quanto
antes.
Mas quem disse que eu era? Quis ficar para ver aonde tudo ia dar.
— Sabe, quando soube que era filha de um rei, meu mundo virou de cabeça para
baixo. — Senti-me compelida a abrir meu coração. O momento se revelou muito adequado. —
Eu jamais esperei conhecer meu pai, muito menos receber uma mensagem dele pelo Facebook.
— Então, essa parte da história não é lenda? — debochou ele.
— Não. Foi assim mesmo.
Meus pés latejavam dentro da sandália nova de salto dez. Precisei me sentar um pouco
para dar conforto a eles. Ainda bem que o jardim era contornado por bancos.
— Minha mãe mentiu para mim a vida inteira — assumi, aconchegando-me ainda mais no
casaco dele. — Segundo ela, meu pai sumiu no mundo quando soube da gravidez. Mas, na
verdade, quem sumiu foi ela, e sem contar a ele que seria pai. Ela tentou se proteger e
preservar a imagem da família real da Krósvia ao mesmo tempo. Não fosse o Fernando ter me
achado, eu jamais estaria aqui.
Christopher também se sentou. No entanto, continuou calado, incentivando a continuação
de meu discurso
— Fazia séculos que eu havia parado de desejar ter um pai. Quando era pequena,
pensava nisso o tempo todo. Mas eu cresci e abri mão. Deixou de ser importante.
— Até o Fernando aparecer — ele concluiu por mim.
— Sim. Ele chegou metendo a cara, cheio de certeza, e mudou meu mundo. De uma hora
para outra, eu me vi diante do meu pai, e um pai que não era qualquer um, não. Simplesmente
o rei de uma nação europeia, um cara poderoso, influente e... perfeito. Christopher, eu esperei 20
anos para conhecer o homem que me deu a vida!
— Não deve ter sido fácil.
— Pior que não mesmo. Mas eu não pedi tudo isso — fiz um gesto com os braços, como
se estivesse abarcando tudo ao meu redor. — Você pode não acreditar, mas o fato de o Fernando
ser um rei é um mero detalhe para mim. Não foi esse fato que me fez amá-lo.
Christopher segurou minha mão e ficou massageando o dorso com o polegar. Minúsculos
cristais de gelo acertaram minhas entranhas, fazendo-
-me ter um calafrio, uma onda súbita de prazer
— Eu sei — ele disse, bem baixinho. — O Fernando é um dos homens mais íntegros que
conheço.
— É. Ele é demais, com sua honestidade, bondade, paciência. Eu fiquei louca por ele e
foi impossível negar seu pedido, mesmo tremendo nas bases de tanto medo.
Ele franziu a testa.
— Que pedido?
— De vir passar uns meses com ele aqui — esclareci. Apesar de parecer segura, minha
voz saía meio entrecortada devido ao frenesi que os dedos dele estavam provocando em
meu corpo. — Eu não queria vir, mas todo mundo ficou insistindo para eu vir. Ninguém me
entendeu, nem o idiota do...
Olha só quem eu estava prestes a mencionar! Eu e minha língua solta.
Chris deduziu logo, pois arqueou uma sobrancelha, daquele jeito sexy que me matava, e
sorriu meio de lado, elevando a pintinha no canto da boca.
— Sei, nem o idiota do Douglas De quase-namorado a idiota. Gostei da mudança de posto.
Fiquei muda. Eu que não ia falar sobre o traidor justamente com Christopher. Preferiria ter
chiclete colado em meu cabelo
— Vai ficar calada?
— Totalmente. Sobre esse assunto eu me recuso a falar. — Fingi passar um zíper na
boca.
Christopher subiu as carícias da mão para o pulso. Aquilo era tortura. Imagina se Laika
resolvesse aparecer por ali. Entenderia tudo errado. Bom, eu mesma não estava entendendo
muita coisa...
— Então, termina a história. Você não queria vir, mas as pessoas acharam que deveria.
— Resumindo tudo, sim. Relutei bastante, mas vim. Morri de medo de não conseguir me
comunicar, mas graças a Deus todo mundo neste país é fluente em inglês. Bom, quase todo
mundo. — Lembrei-me de Patrick. Figuraça. — Fiquei insegura quanto à recepção das
pessoas, à reação de todo mundo, e quebrei a cara de novo, no bom sentido, pois fui muito
bem tratada. Estou sendo, quero dizer. Não tenho do que reclamar. — Exceto por Laika. Mas
isso eu não disse em voz alta.
Ele assentiu, meio encantado.
— A Kare, o Jorgensen, a Irina... Olha só o que ela faz comigo!
Levantei-me e contornei meu corpo com as mãos. Caso não
enha entendido, estava mereferindo a meu visual elegante e fashion.
— Atesto para os devidos fins que as intervenções de Irina são de muita valia —
brincou. Os olhos dele adquiriram um brilho felino ao visualizarem minha aparência.
Senti meu rosto arder. Eu estava me arriscando demais ficando sozinha com Christopher
por tanto tempo naquele jardim.
— Você não contou o que pensa de mim — ele protestou, batendo com a palma da mão
no banco, exigindo que eu voltasse a me sentar a seu lado. — Babou no Fernando, elogiou o
povo todo do castelo. Não sobrou nada para mim?
Eu poderia dar várias respostas. Ou nenhuma. Mas eu precisaria buscar a verdade lá no
fundo de minha alma e estar de peito aberto para aceitar a realidade. Quem procura demais
acaba encontrando e eu tinha receio de não gostar do que veria.
— Eu ainda não tenho uma definição específica a seu respeito. — Resposta mais em
cima do muro impossível.
Chris se sobressaltou.
— Sério? Nossa, estou me sentindo rejeitado.
Bem feito. Quem mandou ser tão volúvel? Ou bipolar, na pior das hipóteses.
— Sério, Christopher Embora a gente esteja tendo uns momentos legais, como agora, por
exemplo, ou quando a gente sai por aí e você me apresenta todas as facetas da Krósvia, há
momentos em que você se retrai, fica taciturno, vago, até rude. Ainda não consegui te
desvendar direito.
— Isso quer dizer que você está tentando? — arriscou ele. — Tentando me desvendar?
— Ah, não fique convencido! — Voltei a ficar de pé. — E está na minha hora. Nosso
bate-papo foi ótimo, mas tenho que ir.
Não consegui ir muito longe. Christopher prendeu meu braço com seus dedos fortes e me
fez ficar paradinha perto dele. Depois, esticou-se até ficar de pé, a dez centímetros de mim. Eu
sou alta. Para a maioria das mulheres no Brasil, ter 1,70 metro é um privilégio. Por sorte,
Chris deve ter uns bons 20 centímetros a mais, senão estaríamos cara a cara, com as bocas tão
próximas que seria impossível não tentar beijá-lo.
— É impressão minha ou você está tentando fugir de mim, Dulce ? — questionou ele,
malicioso como só.
— É impressão minha ou você está tentando me confundir, Christopher ? — devolvi a pergunta,
mas não esperei a resposta.
Soltei meu braço abruptamente, retirei o paletó de meus ombros — mesmo sofrendo
muito para tomar essa decisão, pois ele já estava se tornando parte de meu corpo — e tratei de
fugir dali. Christopher era uma ameaça à minha saúde mental — e talvez até corporal, já que
Nome de Cachorro deixara meio implícito que não se acanharia em acabar com minha raça
caso eu me engraçasse para o lado dele.
Mas, pelo menos, descobri o nome do que eu vinha sentindo por ele . Obsessão. Menos
mal, porque se fosse outra coisa — paixão, por exemplo —, eu estaria correndo um enorme
risco de me machucar gravemente.
Autor(a): Nobody's Perfect :)
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Que saudade do anonimato! Ser uma pessoa pública implica privação — e invasão — deprivacidade, além de desestruturar uma vida das mais pacatas, como a minha. Comecei a terideia da enormidade da situação no dia seguinte à cerimônia de apresentação. Eu bem achandoque poderia dar uma volta p ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 12
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stellabarcelos Postado em 24/01/2016 - 13:42:18
Aí que história linda! Amei do início ao fim!
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cavondy Postado em 08/12/2014 - 01:37:05
Posta mais!!!
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candyvondy2 Postado em 24/11/2014 - 17:07:22
Aiiii mds do céu q isso coitada da dul mais eu tenho certeza q o cão do nome de cachorro ta no meio e meu bebe ta safrendo por causa disso Há mais se eu pego essa Laika eu sou capaz te matar
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nobodys_perfect Postado em 24/11/2014 - 15:07:09
candyvondy2 :Rsrs" que bom vc tb está acompanhando *--* sra. fantasma hahaha " .. eu tbm não gosto do ser canino kkk " , quando eu li esse livro cada página que ela entrava eu a matava mentalmente haha " postei mais alguns caps , espero que goste !! bjs :*
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candyvondy2 Postado em 24/11/2014 - 14:30:03
Oii leitora n tão nova mais fantasma kkkkk aii como eu amo sua fic eu amo o casal vondy,tenho um ódio mortal pelo nome de cachorro e amo sua fic kkkl Posta mais plixxx
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day326 Postado em 07/11/2014 - 00:33:03
Moça adoro sua fic to da vez que eu leio o nome laika me lembro de um canik kkkkkk #pegacachorrinha AHUSHSUSHSUS ahh esses últimos capitulos nao ta aparecendo o site deu bug denovo ;( mas continua postando #melhorasplease
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nobodys_perfect Postado em 30/10/2014 - 23:08:32
Eu vou postar mais sim :) e obrigado por acompanhar e me avisar que não estão aparecendo os caps :/ .. vou respostá-lo pra vcs .. o site está com esse problema chato ás vezes :P .. maaas vou postar mt hj rsrs *-*
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day326 Postado em 30/10/2014 - 13:59:15
Gostei muito dos capitulos, mas os demais nao estao aparecendo ://, posta mais :))
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day326 Postado em 16/10/2014 - 02:34:18
Oi ;) muito boa e engraçada dou muita risada com sua fic... continua ??
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nobodys_perfect Postado em 15/10/2014 - 20:22:38
Mais uma leitora *--* !! Continuaando ... <3