Fanfic: Procura-se um marido (Adaptada Vondy)- Finalizada | Tema: Vondy

- Espera um instante, mocinha! Você está dizendo que comprou os serviços do meu filho como amante? – Interrompeu Julius, o rosto assumindo um tom arroxeado. O fato de eu não ser sua filha não o impediu de me lançar um olhar tão reprovador que me fez encolher e me esconder parcialmente atrás do ombro de Ucker. Julius me lembrava muito vô Narciso quando estava furioso.

- Pai, por favor – grunhiu Ucker. – Não é nada disso. Vamos sentar e explicou tudo com calma.

A quietude que invadiu a sala, exceto pela voz contida – porém um pouco ansiosa – de Ucker, era assustadora. Eu me peguei olhando para o chão diversas vezes, envergonhada enquanto ouvia tudo: o anúncio, o casamento de fachada, a herança, mentiras e mais mentiras. Vez ou outra Ucker acariciava meu braço, meu ombro, meu joelho, depois que me sentei ao seu lado. A família Cassani ouvia tudo num silencio de morte, nem uma única pergunta foi feita ate que Ucker terminasse seu relato.

- Por isso que eu não contei pra vocês sobre o nosso casamento – ele resmungou, olhando fixo para as próprias mãos. – Eu conheço vocês e sabia que iam se apaixonar pela Dulce assim que botassem os olhos nela, como de fato aconteceu. Não queria que sofressem quando nosso acordo terminasse e ela saísse da nossa vida. Mas as coisas saíram de controle e... Ainda não consigo acreditar na sorte que eu tive – ele sacudiu a cabeça, sorrindo um pouco. – Descobri que ela correspondia aos meus sentimentos, por isso decidimos contar tudo pra vocês. Nosso casamento ficou de um jeito diferente, admito, mas posso garantir que hoje é um casamento de verdade. Em... Todos os aspectos.

Ele parou de falar e entrelaçou os dedos aos meus, apertando-os. Nós nos encaramos por um momento e esperamos pela reação da família de Ucker. E esperamos. E... Esperamos. Os Cassani se entreolhavam como se fizessem algum tipo de comunicação silenciosa.Como um júri decidindo se mandava ou não o acusado para a cadeira elétrica. Ou acusados, como era o caso.

Por fim, Mirna e Julius se colocaram de pé. Ucker e eu também ainda que um pouco inseguros. Marcus se aproximou.

E a reação deles mais uma vez me surpreendeu.

- Ah, pobre menina! – Mirna exclamou, me abraçou ternamente. – Imagino como estava sofrendo, como estava desesperada para tomar uma atitude dessas.

- E ser obrigada a casar com o Ucker. Com o Ucker! – resmungou Marcus. – Ela devia mesmo estar desesperada.

- Tão jovem e completamente sozinha... – Julius acariciou meus cabelos. – Sinto muito pela sua perda.

- Mas você não está mais sozinha – Mirna me soltou e olhou dentro dos meus olhos, com tanta intensidade que quase me fez chorar. – Você tem o Ucker e a todos nós. Somos sua família agora.

- O-obrigada, dona Mirna – consegui dizer com a voz embargada.

Ela sorriu, depois se recompôs, alisando o avental.

- Bom, o que estamos esperando? Vamos comer antes que o jantar esfrie.

O falatório simultâneo recomeçou. O jantar prosseguiu como se nada tivesse acontecido, com exceção de Marcus, que permaneceu o tempo todo carrancudo e não falou com Ucker. Eu me senti como se realmente fizesse parte daquilo tudo. Gostava do barulho, das risadas, das brincadeiras à mesa. Era como se eu me encaixasse ali também.

Já era tarde quando pegamos a estrada. Eu estava cansada, mas extremamente feliz.

- Acho que foi tudo bem... – comentei, encostando a cabeça no banco do carro.

- Humm... Fácil pra você falar – zombou Ucker. – Você acaba de ganhar um pai, uma mãe e um irmão caçula ciumento. Eu ainda estou sob julgamento. – Ele soltou uma das mãos do volante e alcançou a minha, plantando um beijo demorado em minha palma. – Mas estou aliviado. Pelo menos as mentiras acabaram. Finalmente vamos ter um pouco de paz.

Só que Ucker estava errado

Essa família é louca, mas são uns amores!

Preparados para os próximos capítulos?

Eu acho que não estou...