Fanfic: Procura-se um marido (Adaptada Vondy)- Finalizada | Tema: Vondy
- Boa noite. Eu sou Dulce Maria de Bragança e Lima, neta de Narciso Moraes de Bragança e Lima. Muitos de vocês devem me conhecer desde que eu tinha cinco anos. Eu era aquela pirralha de quem o vô Narciso corria atrás, pedindo que não jogasse bolo na cara de ninguém. Eu não sei se todos vocês estão achando essa festa tão estranha quanto eu. Talvez estejam. Uma festa que reúne tanta gente do Conglomerado Lima sem o vô Narciso é como... como se faltasse o aniversariante, ou o noivo não aparecesse no casamento... – sorri nervosa.
Recebi muitos sorrisos complacentes. Encontrei Mai exibindo uma careta divertida, me encorajando, Breno a seu lado assentiu. Hector, Suzana, Janine – Espanador, Inês com seus óculos de tartaruga, até Joyce, aquele doce de pessoa, sorriam me incentivando. Amaya, num canto do salão, levantou o polegar e piscou um olho. Paulo me observava com uma expressão debochada e para minha surpresa, os pais de Ucker estavam ali e, a julgar pelo buraco entre eles, Marcus também.
Isso tudo ajudou, mas foi o dono de um certo par de olhos verdes, parado ao lado da janela francesa, com as mãos enfiadas nos bolsos da calça, usando apenas paletó e camisa, sem gravata, os cabelos ligeiramente desgrenhados, que me encheu de certezas. Ucker me lançou um pequeno sorriso, meio torto, cúmplice, que me inundou de coragem e determinação. Sorri de volta.
- O vovô adorava festas – continuei, encarando-o. Era mais fácil fingir que eu falava apenas com ele que com toda aquela gente. – Dizia que eram as noites mais especiais do ano, em que podia reencontrar velhos amigos e fingir que tinha trinta anos outra vez. Se estivesse aqui hoje, ele estaria rindo, falando com todos, saindo sorrateiramente para fumar seu charuto as escondidas. “Eu não fumo, Dulce!”, ele diria com o rosto corado quando eu o flagrasse. E mais tarde, no fim da festa, depois que todos os convidados tivessem partido, ficaríamos os dois aqui, ele pediria um pouco de bolo e comeríamos sentados no chão, e ele me perguntaria o que achei do seu discurso. – Então eu vi a cena toda. Uma lembrança tão vívida que mais parecia um filme. Vi a mim mesma, pequena em um vestido cheio de laços e rendas, sentada no chão com a cara suja de glacê. Vovô, ao meu lado, sorria satisfeito, com a cara tão suja quanto a minha. – Às vezes ele me tirava pra dançar – e lá estávamos nós dois, eu sobre seus pés, me sentindo importante e muito adulta aos oito anos. Depois, aos quinze, desengonçada e descoordenada, rodopiando nos braços gentis de vovô. – E outras vezes ficávamos apenas ouvindo a orquestra tocar, um apoiado no outro, exaustos – e me veio a imagem da última festa, em que vovô, já sentindo o peso da idade, se manteve sentado numa cadeira, um braço em meus ombros, minha cabeça em seu peito, como se estivéssemos assistindo a um concerto. Minha garganta se fechou com as lembranças felizes. – Foi isso que fizemos todos esses anos. Estou contando essas coisas porque queria que todo mundo aqui conhecesse o vô Narciso como eu conheci. O homem simples, decente e honrado, que jamais usou ninguém para alcançar o sucesso, que adorava se deitar ao meu lado pra ver desenho animado nos momentos de folga, que fazia questão de me levar para escola todas as manhãs, mesmo se tivesse que adiar alguma reunião importante. Um homem correto, que me dava bronca por falar palavrão, mas que às vezes deixava escapar alguns quando dava uma topada... e o vovô dava muitas topadas. Um avô que me fez entender que é preciso respeitar as regras e dizer a verdade sempre... – suspirei, ainda presa aos olhos iridescentes de Ucker – mesmo que doa. Um avô que foi pai, mãe, amigo, que enfrentou a perda do filho e da nora sem jamais desmoronar, para que eu pudesse ter um porto seguro. Imagino quanto isso deve ter custado a ele, mas esse era o meu avô, sempre se colocando em segundo plano para que eu pudesse ser feliz. E eu fui muito feliz – sorri, piscando, tentando desobstruir a visão embaçada pelas lágrimas.
- Prometo fazer tudo que estiver ao meu alcance para me tornar a mulher que ele sonhou – continuei. – Vou dar o melhor de mim para que vocês, acionistas e funcionários, se sintam felizes por trabalharem comigo. Vou me esforçar para um dia ocupar o lugar de vô Narciso honradamente. Até lá, Hector Simione, que todos já conhecem de longa data, permanecerá nesse posto. Então, como essa é a primeira vez que o vô Narciso não está aqui... de corpo presente... – porque eu sabia que, de alguma forma, ele podia me ouvir – eu gostaria de concluir dizendo o que ele não se cansou de repetir no final de seus discursos. Bebam, comam, se divirtam esta noite, porque amanhã, meus amigos, a batalha continua e todos voltamos para o mundo real.
Fui aplaudida enquanto engolia as lágrimas. Ouvi Breno assobiar alto ao lado de Mai, abafando seu “Uhuuuu!”, e não pude evitar o sorriso. Ucker assentiu, sério, parecendo a ponto de explodir de orgulho.
Fui abordada por muitas pessoas ao descer do pequeno palco. Jornalistas enfiaram microfones na minha cara e eu mal conseguia respirar.
- Quando você percebeu que o advogado estava tramando contra você?
- É verdade que o Sr. Clóvis Hernandez está louco devido à pancada que levou na cabeça?
- Você vai exigir uma auditoria no conglomerado todo para saber se há outros envolvidos no esquema de desvio de dinheiro?
- Você foi mesmo convidada para posar nua numa revista masculina?
- Por que decidiu se casar com seu ex-marido?
Quando finalmente fiquei livre – graças a Amaya e seus cotovelos formidáveis - , tentei chegar até onde Ucker estava, mas não pude. Dezenas de diretores e acionistas me cercaram, me parabenizando e me enchendo de perguntas que eu ainda não sabia como responder. Quase tropecei em Mirna e Julius quando me livrei deles. Os pais de Ucker me cumprimentaram com abraços e sorrisos, já Marcus...
- Quer dizer que além de linda você também é podre de rica. Meu irmão tirou a sorte grande – ele me lançou um sorriso sedutor.
Julius lhe deu um tapa na cabeça.
- Por favor, Marcus. Você me prometeu – implorou.
- Desculpa, eu só estava dizendo que não entendo como Ucker conseguiu arrumar uma gata dessas, mas tudo bem. E prometi que não vou voltar ao assunto do primeiro casamento deles, para o qual nós não fomos convidados. Eu não voltei ao assunto, voltei? Alguém aqui me ouviu falar sobre como fomos excluídos do casamento?
Autor(a): nessa.vondy
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- Marcus, para – ordenou Mirna, visivelmente constrangida. – Nós entendemos tudo, Dulce, não dê ouvidos ao Marcus. Nós compreendemos e não ficamos magoados – ela me assegurou. - Uma ova que não! – o garoto reclamou. Julius suspirou. - O importante é que tudo acabou dando certo pra vocês &n ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 135
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stellabarcelos Postado em 21/04/2016 - 11:03:18
Maravilhosa
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juhcunha Postado em 14/03/2016 - 18:06:18
Final maravilhoso
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Duplicata Vondy Postado em 14/03/2016 - 13:45:53
Cara que final mais lindo e perfeito, ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
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minhavidavondy Postado em 12/03/2016 - 08:44:45
Amei.
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juhcunha Postado em 10/03/2016 - 20:17:49
Posta o fimmm amando
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nessa.vondy Postado em 09/03/2016 - 21:54:41
Amanhã vou postar os últimos capítulos... Até que enfim, eu sei :)
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minhavidavondy Postado em 27/02/2016 - 08:37:07
Termine a fic por favor
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franzinhasiemprerbd Postado em 21/02/2016 - 21:17:30
olaaaaaaa minha linda volta logo...poxa vc me para bem na fase que a fic tava pegando pouco??? meu deus eu conto os dias pra tiver!!!
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minhavidavondy Postado em 20/02/2016 - 23:42:31
Boa noite. Vc desistiu da fanfic, por favor me avise....passo todos os dias para ver se postou algo.Poderia pelo menos terminar...já que ela é otima.
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thaysaantana Postado em 29/01/2016 - 21:51:42
Geeeeeeente To amando, onde eu arrumo um desse?! Tá de parabéns tá ótima!!!!!!!! CONTINUAAAAAA