Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

— Quero um waffle de mirtilo.

— Lamento, não está na sua dieta. Doce demais. Coma sua laranja-romã.

— Odeio laranja-romã.

— Precisa da vitamina C.

— Acabei de tomar um suprimento para um ano de vitamina C!

— Escute — disse suavemente — este é o seu desjejum. Coma ou fique sem ele. Não vai ter um waffle de mirtilo.

Jogou a bandeja nela.

Como esperava alguma coisa assim, Anny se abaixou graciosamente e o prato se espatifou na parede. Deixou-se cair junto à mesa e a risada que segurara por toda a manhã finalmente explodiu. Os cabelos dele estavam arrepiados, praticamente em pé, de tão furioso. Estava lindo! Os olhos, cor de cobalto, reluzentes como safiras e o rosto, vermelho, brilhante.

Tão digna como uma rainha, Alberta saiu da cozinha com seu passo lento com uma bandeja idêntica e a co­locou diante dele.

— Disse para mim que você provavelmente me joga­ria a primeira — a voz não tinha inflexão.

Saber que agira exatamente como a cozinheira previra o deixou ainda mais zangado, mas agora estava numa enrascada. Não sabia o que fazer, temendo que, ao que fizesse, ela se anteciparia. Finalmente decidiu não fazer nada e começou a comer em silêncio, levando o ali­mento à boca com movimentos determinados. E então reclamou de novo diante do copo de leite.

— Não suporto leite. Certamente café não vai me fazer mal!

— Não fará mal, mas também não fará bem. Vamos fazer um acordo, toma o leite, de que precisa por causa do cálcio, e depois pode beber café.

Ele respirou fundo e tomou todo o copo de leite. Alberta levou o café. O resto da refeição transcorreu numa paz relativa.Maite Perroni, enteada de Alberta, entrou para limpar a sujeira que Alfonso fizera com sua primeira bandeja do desjejum e pareceu um pouco constrangido.

Maite, a seu modo, era um enigma tão grande como Alberta. Mas, ao contrário desta, mostrava a idade, em torno de vinte e oito anos, e era tão redonda e macia como a cozinheira era magra e angulosa. Muito bonita e podia até ser considerada linda. A pessoa mais serena que Anny já conhecera. Os cabelos eram castanhos  e os olhos, da mesma cor, eram muito suaves. Mais tarde, Anny descobriria que tinha sido noiva, mas o homem morrera e Maite ainda usava o anel de noivado que ele dera a ela. Não fi­cou nem um pouco perturbada por ter de limpar o ovo da parede, embora Alfonso se tornasse cada vez mais in­quieto enquanto ela trabalhava.

Anahi terminou calmamente a refeição, então colo­cou o guardanapo sobre a mesa.

— Hora de mais exercícios — anunciou, a voz tran­qüila.

— Não! — Foi um berro. —Já tive o bastante por hoje! Um pouco de você é demais, senhora!

— Por favor, me chame de Anahi.

— Não quero chamá-la de nada! Meu Deus, pode apenas me deixar em paz!

— É claro que o deixarei, assim que terminar meu trabalho. Não posso deixá-lo arruinar minha lista de su­cessos, posso?

— Sabe o que pode fazer com sua lista de suces­sos? — Rosnou e apertou o botão na cadeira para dar uma ré, então fez meia-volta e apertou o botão para se­guir em frente. — Não quero ver seu rosto de novo! — Gri­tou, enquanto a cadeira rolava para fora da sala.

Ela suspirou e ergueu os ombros, impotente quando seus olhos se encontraram com o olhar filosófico de Maite, que sorriu mas não disse nada. Alberta falava muito pouco e Maite ainda menos. Imaginava que, quando estavam juntas e sozinhas, o silêncio era ensurde­cedor.

Quando achou que Alfonso já tivera tempo suficiente para superar a birra, subiu para começar de novo. Prova­velmente seria perda de tempo tentar abrir a porta dele, assim entrou no próprio quarto e foi diretamente para a galeria. Bateu de leve na porta corrediça de vidro do quarto, abriu-a e entrou.

Observou-a de cara fechada. Aproximou-se e colo­cou a mão no ombro dele.

— Sei que é difícil — a voz era muito suave. — Não posso prometer que será fácil, mas tente confiar em mim. Realmente sou muito boa no meu trabalho e no pior dos casos estará pelo menos em condições muito melhores de saúde do que agora.

— Se não puder andar, por que deveria me importar com minha saúde? — A voz era muito tensa. — Acha que quero viver assim? Preferia ter morrido naquele penhas­co a passar pelo que passei nestes últimos dois anos.