Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Era um trabalho cansativo e enfadonho; cansativo para ela, enfadonho para ele. E o deixou irritado de novo, mas desta vez, quando exigiu que parasse, obedeceu. Não queria controlá-lo, obrigá-lo a atender a seus comandos em tudo. Tivera a manhã mais ativa desde o acidente e não pretendia exigir mais nada dele naquele momento.
— Ufa! — Anahi suspirou e enxugou o suor da testa com as costas da mão. — Preciso tomar um banho de chuveiro antes do almoço! Parar um pouco mais cedo é uma boa idéia.
Fitou-a os olhos se abrindo de surpresa. Sabia que ele não a vira realmente durante toda a manhã; estivera preocupado com a própria condição, o próprio desespero. Dissera-lhe que teria de trabalhar duro, mas agora, pela primeira vez, percebeu que ela também estivera trabalhando duro. Não seria nada fácil e sabia que estava totalmente desarrumada, toda suada e corada.
— Um banho não lhe fará mal nenhum — concordou, seco, e ela riu.
— Não seja tão cavalheiro — provocou — apenas espere. Logo não serei a única a suar e não terei pena nenhuma de você.
— Não demonstrou nenhuma até agora — resmungou.
— Ora, fui muito boa. Mantive-o distraído a manhã inteira, garanti que tomasse um bom desjejum...
— Não abuse de sua sorte — aconselhou, lançando-lhe um olhar letal a que respondeu com um sorriso.
Era importante que aprendesse a brincar e rir com ela para aliviar a tensão dos meses seguintes. Precisava que a visse como a melhor amiga que tinha no mundo, mesmo sabendo que era uma amizade destinada a morrer porque era baseada em dependência e necessidade. Quando não precisasse mais dela, quando sua vida retomasse o ritmo normal, partiria e seria logo esquecida. Sabia disto e precisava manter parte dela distante, embora o resto de suas emoções e esforços mentais se concentrasse inteiramente nele. Enquanto o ajudava a se vestir, um processo que pareceu não irritá-lo tanto quanto pela primeira vez naquela manhã, pareceu pensativo.
— Parece que vai passar a maior parte do tempo me vestindo e me despindo. Se for esta a rotina que pretende seguir, talvez possamos economizar um bocado de tempo se usasse apenas um calção de ginástica. Posso usar um roupão antes de comermos e Alberta trará bandejas aqui para cima.
Dione conseguiu esconder com sucesso seu entusiasmo e apenas disse:
— Esta é sua segunda boa idéia do dia.
Secretamente, estava extremamente satisfeita. De um ponto de vista prático, ele tinha razão; economizaria muito tempo e esforço. Entretanto, também excluiria Dulce da maior parte das refeições, o que seria de grande ajuda.
Não desgostava da irmã dele,Anahi sentia que, se a tivesse conhecido em circunstâncias diferentes, gostaria muito dela. MasAlfonso era agora sua única preocupação e não queria que ninguém ou nada interferisse em seu trabalho. Enquanto cuidava de um caso, concentrava-se totalmente em seu paciente e todos os demais eram apenas parte do pano de fundo, figuras de cartolina e não pessoas. Era uma das coisas que a tornavam tão bem-sucedida em seu campo.
Depois de apenas uma manhã,Alfonso já lhe preenchia todos os pensamentos e estava tão sintonizada que sentia que o conhecia por dentro e por fora. Quase podia ler sua mente, saber o que iria dizer antes que dissesse. Sofria por ele, era solidária, mas, principalmente, estava feliz porque podia observar sua impotência atual e saber que, em alguns meses, estaria forte e saudável de novo. Já parecia melhor, pensou, orgulhosa. Provavelmente o resultado se devia mais à raiva do que a seus esforços, mas a cor melhorara muito. Podia continuar com raiva dela o resto do tempo do tratamento, se isso o mantivesse ativo e envolvido.
Sentia-se satisfeita com o trabalho da manhã quando entrou com ele na sala de jantar, mas a sensação desapareceu quando Dulce correu para Alfonso, o rosto adorável coberto de lágrimas.
—Poncho — soluçou, a voz trêmula.
Imediatamente se tornou alerta, preocupado, enquanto lhe tomava a mão.
— O que é? — Havia uma nota de ternura na voz, um tom particular que não existia quando falava com qualquer outra pessoa. Apenas Dulce inspirava aquele amor que se traduzia em sua voz.
— O pátio! — Soluçou — o banco de mamãe... está arruinado! Transformaram a piscina numa casa de loucos! Está horrível!
— O quê? — As sobrancelhas se cerraram. — Do que está falando?
A irmã apontou um dedo trêmulo para Anahi.
— A academia dela! Destruíram todo o pátio!
— Acho que não é tão ruim assim —Anahi tentou ser razoável. — Pode estar desarrumado agora, mas nada será destruído.Christopher está supervisionando a instalação do equipamento e estou certa de que não deixará nada ser estragado.

— Venham ver por vocês mesmos!Anahi olhou as horas.
— Acho que devemos almoçar primeiro. O pátio não irá a lugar nenhum, mas a comida ficará fria.
— Procrastinando? — A voz de Alfonso era gelada. — Disse, srta.Portilla, que não quero mudanças nesta casa.
— Não posso negar nem confirmar que houve mudanças porque não estive lá fora. Fiquei com você a manhã inteira. Entretanto, confio no bom senso deChristopher, mesmo se vocês não confiem — o insulto foi deliberado eDulce ruborizou furiosamente.
— Não é que não confie no meu marido — começou, furiosa, mas Poncho a impediu de continuar erguendo uma das mãos.
— Agora não, quero ver o pátio.

A irmã se calou imediatamente, embora parecesse aborrecida. Mas era evidente que, para ela, ainda desempenhava o papel de irmão mais velho, apesar de suas más condições de saúde. A voz dele tinha o tom inconfundível de comando. Estava acostumado a dar ordens e a ser obedecido sem questionamentos; aquela manhã com Anahi devia ter sido uma novidade absoluta.

Era a primeira vez que ia ao pátio e ficou encantada com sua paisagem, fresca e fragrante apesar do calor brutal do sol do Arizona. Plantas do deserto de diferentes variedades cresciam em perfeita harmonia com outras de clima mais ameno. Uma irrigação cuidadosa e sombras inteligentemente espalhadas explicavam a mistura incomum e adorável. Pedras brancas formavam trilhas e uma fonte central espalhava o som musical das águas, que se erguiam em perfeitos borrifos. No fundo do pátio, onde um portão alto levava à área da piscina, havia um banco de madeira lindamente entalhado numa delicada cor de pérola. Anahi não sabia qual era a madeira, apenas que era muito bonita.