Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

— Ele disse alguma coisa sobre tê-la criado.
— Praticamente. Tinha treze anos quando a mãe morreu e foi um choque terrível para ela. Levou semanas para aceitar que Alfonso ficasse fora de sua visão; deve ter parecido que todas as pessoas que amava morriam. Primeiro o pai, depois a mãe. Era especialmente próxima da mãe. Sei que está apavorada, com medo que alguma coisa aconteça a ele, mas ao mesmo tempo não consigo me impedir de ficar ressentido.
— Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza — citou Anny o voto de casamento.
— Exatamente. Quero minha esposa de volta.
— Alfonso disse que não lhe dá atenção, que está mergulhado demais no trabalho.
Passou dedos inquietos na nuca.
— Tenho trabalho demais, com Alfonso do jeito que está. Meu Deus, o que não daria para chegar em casa e receber apenas um pouco do cuidado amoroso que ela dedica a ele todos os dias!
— Conversei com Alberta sobre a possibilidade de trocar as fechaduras das portas, mas quanto mais penso no assunto mais acho que é uma péssima idéia — confessou. — Alfonso ficaria furioso se qualquer um tentasse impedir a entrada da irmã na casa. O problema é que não posso mantê-lo numa rotina e num horário adequados se ela continuar a interromper.
— Vou ver o que posso fazer — disse, a voz cheia de dúvidas. — Mas qualquer sugestão de que devo mantê-la afastada do irmão será tão mal recebida como a peste. — Olhou-a e, de repente, seus dentes brilharam num sorriso. — Deve ter os nervos mais firmes que já vi. Foi interessante hoje?
— Teve seus momentos — riu de leve. — Ele jogou a bandeja do desjejum em mim.
Christopher riu.
— Gostaria de ter visto isso! Sempre teve um temperamento forte, mas no último ano ficou tão deprimido e apático que ninguém conseguia irritá-lo. Deve ter sido como nos velhos tempos.
— Espero conseguir levá-lo ao ponto em que não precise mais ficar com raiva. E estou certa de que progredirá com mais rapidez se não formos interrompidos. Estou dependendo de você para pensar em alguma coisa que mantenha Dulce ocupada e longe daqui.
— Se pudesse, já teria feito isto — havia aborrecimento na voz dele. — Fora sequestrá-la, não consigo pensar em nada que funcione.
— Então, por que não faz?
— O quê?
— Sequestre-a. Leve-a para uma segunda lua de mel. O que quer que seja necessário.
— Uma segunda lua de mel parece boa idéia — admitiu. — Mas não tenho como viajar até que Poncho volte ao trabalho. Alguma outra idéia?
— Temo que terá de pensar sozinho no assunto. Não a conheço bem, mas preciso de privacidade para trabalhar comAlfonso.
— Então você terá — prometeu, depois de pensar por um momento. — Ainda não sei o que farei, mas manterei Dulce afastada daqui o máximo que puder. A menos que Alfonso esteja morto, não levará muito tempo para compreender que prefere ter você cuidando dele do que a irmã.
Ao evidente tom de elogio na voz dele, Anny se mexeu, desconfortável. Era consciente de sua aparência, mas não gostava que ninguém comentasse. Alfonso era seu paciente; era fora de questão que tivesse qualquer tipo de relacionamento sexual com ele. Não apenas seria contra sua ética profissional, seria impossível. Não acordava mais no meio da noite, tentando desesperadamente gritar, a garganta fechada de puro terror, e não faria nada para despertar de novo aqueles pesadelos. Pusera o horror no passado, onde teria de ficar.
Sentindo sua inquietação, Christopher perguntou:
—Anahi? — A voz era baixa, perplexa — alguma coisa errada? — Pôs a mão no braço dela, que pulou como se tivesse sido mordida, incapaz de suportar o toque. Ele se levantou, alarmado com a reação. —Anahi?
— Eu... sinto muito — murmurou, e passou os braços com força em torno do próprio corpo num esforço de controlar o tremor que a tomara. — Não posso explicar... desculpe...
— Mas o que está errado? — Estendeu a mão para ela de novo, que se afastou depressa e se levantou.
Sabia que não podia explicar, mas também não queria mais ficar ali.
— Boa noite — disse rapidamente e se encaminhou para a casa. Quando entrou, quase esbarrou em Dulce, que se aproximava da porta que dava para o pátio.

— Aí está você — disse. — Poncho foi se deitar, estava tão cansado.
— Sim, achei que estaria — Anny se esforçou para responder com calma. E, de repente, se sentiu também muito cansada e foi incapaz de controlar um bocejo. — Desculpe, foi um dia longo.
Dulce lhe lançou um olhar estranho, pensativo.
— Então Christopher e eu vamos embora, não quero mantê-la acordada. Virei amanhã para vê-lo.
— Amanhã vou aumentar o ritmo dos exercícios — informouAnny, aproveitando a oportunidade para deixá-la saber que sua presença seria inconveniente e não ajudaria em nada. — Seria melhor se esperasse até o final da tarde, digamos, depois de quatro horas.