Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Sentados ao lado da piscina, com o movimento suave da água fazendo sua própria música, observaram em silêncio a mudança da cor do céu; então, finalmente, os primeiros raios solares surgiram sobre o alto das montanhas. Não havia nuvens para pintar o céu com os numerosos tons de rosa e ouro, apenas o claro, claro céu azul e o sol dourado, mas a completa serenidade do novo dia tornou a cena tão preciosa como os mais lindos alvoreceres que ela já havia visto. E então o calor do dia começou e ele tirou o cobertor de cima dos ombros.
— Estou com fome — anunciou, um comentário prosaico depois do longo silêncio que tinham partilhado.
Olhou-o e riu, então se levantou do piso de concreto, onde estivera sentada com as pernas cruzadas.
— Estou vendo o quanto aprecia as coisas mais delicadas da vida.
— Se insiste em me fazer levantar à meia-noite, é natural que esteja com fome ao amanhecer! Vou receber a mesma porcaria de ontem de manhã?
— Vai. Um desjejum nutritivo, rico em proteínas, é exatamente o que precisa para colocar um pouco de carne no corpo.
— Que, então, tenta com toda a sua maldita determinação arrancar de mim.
Riu dele, apreciando a discussão.
— Apenas espere — prometeu. — Dentro de uma semana vai pensar que o que recebeu ontem não foi nada!

Anahi estava deitada, observando os padrões de luz e sombras que a lua nova lançava no teto branco. Christopher havia realizado um milagre e informara no jantar daquela noite que a academia estava pronta para ser usada, mas seu problema era Alfonso.
Sem motivo aparente, tornara-se distante e deprimido de novo. Comia o que Alberta colocava diante dele e ficava silencioso, sem reclamar, enquanto Anny exercitava suas pernas ou fazia massagens e isso estava muito errado. A terapia não era uma coisa que um paciente devia aceitar passivamente, como Alfonso fazia. Podia se deitar lá e deixar que ela lhe movesse as pernas, mas quando começassem a trabalhar, na academia e na piscina, teria de participar ativamente.
Recusava-se a contar o que o incomodava. Ela sabia exatamente quando aquilo começara, mas nem começava a adivinhar o que o provocara. Estavam se insultando como sempre enquanto lhe fazia a massagem antes de começar, os exercícios com as pernas e, de repente, os olhos dele ficaram de novo vazios e sem expressão e, a partir de então, não reagira mais a nenhum de seus insultos. Achava que não tinha sido nada do que ela dissera; suas provocações aquele dia foram leves e bem-humoradas por causa de seu humor cada vez melhor.
Virou a cabeça para a mesinha de cabeceira e viu, no dial luminoso do relógio, que já passava de meia-noite. Como fizera todas as noites, levantou-se para ver como Alfonso estava. Não ouvira os sons que geralmente emitia quando tentava se virar na cama, mas estivera mergulhada em seus pensamentos.
Assim que entrou no quarto, viu que as pernas estavam naquela posição estranha, ligeiramente torta, que mostrava que já tentara trocar de posição. Gentilmente, colocou a mão esquerda no ombro dele e a direita nas pernas, pronta para movê-lo.
—Anahi?
A voz baixa e insegura a assustou e ela pulou para trás. Estivera tão atenta a suas pernas que não percebera seus olhos abertos, embora a lua que banhava a cama fosse clara e lhe permitiria ver, se tivesse olhado.
— Pensei que estava dormindo — murmurou Anny.
— O que está fazendo?
— Ajudando você a mudar de posição, a se deitar de lado. Faço isto todas as noites; esta é primeira vez que acordou.
— Não, já estava acordado. — Mexeu os ombros, inquieto. — Está me dizendo que entra aqui no meio da noite para me virar?
— Parece dormir melhor quando está deitado de lado — explicou.
Deixou escapar uma risada curta e amarga.
— Durmo melhor de bruços ou, pelo menos, dormia antes. Há dois anos que não durmo assim.
A calma intimidade da noite e o quarto iluminado pelo luar fizeram parecer que eram as duas únicas pessoas no mundo e se tornou consciente de um profundo desespero nele. Talvez sentisse também uma proximidade especial com ela; talvez agora, com a escuridão como um escudo, conversasse e dissesse o que o incomodava. Sem hesitação, sentou-se na beirada da cama e puxou a camisola em torno das pernas.
—Alfonso, o que está errado? Alguma coisa o incomoda — a voz era muito suave.
— Na mosca — resmungou. — Estudou psicologia também enquanto treinava para ser a supermulher?
Ignorou a provocação e colocou a mão no braço dele.
— Por favor, conte. O que for, está interferindo negativamente na terapia. A academia está pronta para você, mas não está pronta para ela.

— Eu podia ter dito isto. Escute, tudo é uma perda de tempo — quase podia sentir o cansaço nele, como uma grande pedra que o mantinha preso. — Pode me dar vitaminas e restaurar minha circulação, mas pode me prometer que um dia serei exatamente como era? Não compreende, não quero apenas melhorar ou aceitar qualquer coisa menor. Se não puder voltar a ser o que era, cem por cento, então não estou interessado.
Ela ficou em silêncio. Não, não podia honestamente prometer que ficaria perfeito, que não mancaria, que não teria dificuldades para o resto de sua vida. Em sua experiência, o corpo humano podia fazer milagres para se recuperar, mas os ferimentos que sofrera sempre deixavam traços de dor na recuperação dos tecidos.