Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

— Seria assim tão horrível se mancasse um pouco? — Perguntou finalmente. — Também não sou como gostaria de ser. Todo mundo tem uma fraqueza, mas nem todos desistem e se deixam morrer por isso. E se sua posição fosse trocada com a deDulce? Gostaria que ela apenas deitasse lá e lentamente deteriorasse e se transformasse num vegetal? Não gostaria que lutasse, tentasse o máximo que pudesse para superar o problema?
Jogou um braço sobre os olhos.
— Joga sujo, senhora. Sim, gostaria que minha irmã lutasse. Mas não sou Dul e minha vida não é a dela. Jamais compreendi, até o acidente, como era importante para mim a qualidade da minha vida. As coisas que fiz foram selvagens e perigosas mas, meu Deus, estava vivo! Nunca fui um homem de rotina, de aceitar uma vida de trabalho das 9h às 17h; preferia morrer, embora saiba que milhões de pessoas estão perfeitamente felizes e contentes com esse tipo de rotina. É ótimo para elas, não para mim.
— Mancar o impediria de fazer todas aquelas coisas de novo? Ainda poderia pular de paraquedas ou escalar montanhas, ainda poderia pilotar seus aviões. O ritmo de seus passos é tão importante que está disposto a morrer?
— Por que continua a dizer isso? — tirou o braço do rosto com um movimento brusco, a voz áspera. — Não me lembro de levar minha cadeira de rodas para o alto da escadaria e me jogado de lá, se é isto que está pensando.
— Não, mas está se matando de maneira diferente. Deixando seu corpo morrer pela negligência. Christopher estava desesperado quando me achou na Flórida; disse que você morreria no prazo de um ano pela maneira como se comportava e, depois de vê-lo, concordei.
Ficou lá deitado em silêncio, olhando um teto que já observara por mais horas do que ela podia imaginar. Queria tomá-lo nos braços e acalmá-lo como fazia com as crianças com quem já trabalhara; era um homem mas, de certa forma, estava tão perdido e amedrontado como qualquer criança. Subitamente confusa pela necessidade pouco familiar de tocá-lo, dobrou as mãos com força no colo.
— Qual é a sua fraqueza? — Perguntou. — disse que todos têm uma. Conte-me o que a atormenta.
A pergunta foi tão inesperada que não conseguiu impedir o poço de dor que a invadiu e um tremor sacudiu todo o seu corpo. A fraqueza dele era evidente, estava lá para todos verem em suas pernas fracas e inúteis. A dela era também um ferimento que quase fora fatal, por mais que não pudesse ser vista. Houvera um tempo sombrio em que a morte parecera a saída mais fácil, uma almofada macia para uma mente e um corpo estraçalhados que haviam sido abusados demais. Mas também houvera, bem no fundo, uma centelha brilhante e determinada de vida que a impedira de até mesmo tentar, como se soubesse que dar o primeiro passo em direção à morte seria demais. Lutara, vivera e curara seus ferimentos o melhor que pudera.
— O que há de errado? — Havia uma leve zombaria na voz. — Você pode descobrir os segredos de todo mundo, então por que não partilha um pouco dos seus? Quais as suas fraquezas? Rouba lojas para se excitar? Dorme com estranhos? Sonega impostos?
Anny estremeceu de novo, as mãos tão apertadas que os nós dos dedos ficaram brancos. Não podia contar, não tudo, no entanto, de certa forma, ele tinha o direito de saber um pouco de suas dores. Já vira muito das dele, sabia o que pensava, conhecia seus anseios e desesperos. Nenhum de seus outros pacientes exigira tanto, mas Alfonso não era como os outros. Estava pedindo mais do que sabia, assim como ela lhe solicitava um esforço sobre-humano. Se o afastasse agora, sabia que não reagiria mais ao tratamento.
Sua recuperação dependia dela, da confiança que fosse capaz de construir entre ambos. Tremia visivelmente, todo o corpo tomado por tremores que a abalavam dos pés à cabeça. Sabia que a cama vibrava, sabia que ele podia sentir seus estremecimentos. As sobrancelhas dele se ergueram e pareceu inseguro.— Dione? Escute, eu...