Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Anahi se deixou cair de bruços na cama e dormiu pesadamente, sem sonhos, e acordou assim que o despertador tocou. Aprendera, ao longo dos anos, como funcionar mesmo quando sentia que uma parte dela fora assassinada e fez isto agora. No começo, precisou se esforçar para cumprir a rotina que se impusera, mas logo sua dura autodisciplina se impôs e afastou da mente a crise da noite. Não se permitiria ser derrotada! Tinha um trabalho a fazer e o faria.
Talvez alguma coisa de sua determinação estivesse evidente em seu rosto quando entrou no quarto de Afonso  porque ele imediatamente ergueu as mãos e disse, suavemente:
— Eu me rendo.
Parou e o olhou, perplexa. Ele sorria de leve, o rosto magro pálido e cauteloso, mas não estava mais com a máscara do afastamento.
— Mas nem ataquei ainda — protestou — está me privando de toda a diversão.
— Sei quando estou derrotado. — Fez uma careta e admitiu: — Não vou desistir sem pelo menos tentar de novo. Você não desistiu e nunca fui homem de recusar um desafio.
Os nós duros de apreensão que haviam se formado no seu estômago desde que ele caíra novamente em depressão se desfizeram lentamente, então desapareceram. Sentiu-se animada de novo e lhe deu um sorriso tão brilhante que quase o cegou. Sentiu que, com a cooperação dele, seria capaz de fazer qualquer coisa.

* * *

A princípio, pôde fazer muito pouco com os pesos. Até os mais leves eram demais para ele, embora cerrasse os dentes e tentasse continuar, mesmo quando lhe dizia para parar. Teimosia era uma palavra fraca demais para descrever sua postura. Estava determinado a esforçar-se até o limite da resistência que, infelizmente, não era grande. Sempre precisava de uma longa sessão de hidromassagem para aliviar a dor dos músculos torturados, mas manteve o ritmo, mesmo sabendo que teria de pagar com a dor.
Para alívio dela, não fez mais perguntas nem referências ao que lhe contara sobre sua infância. Devido à exigência extrema que fazia do corpo, estava sempre dormindo profundamente quando o observava, assim não houve novas noites como aquela.
Apesar dos protestos de Dulce , Anahí  também começou a fazer terapia com ele na piscina. A irmã tinha medo de que se afogasse, já que suas pernas inúteis não podiam ser usadas para nadar. Mas o próprio Alfonso descartou suas objeções. Dissera que gostava de desafios e não desistiria daquele.
Com seu conhecimento profundo de engenharia, desenhou e administrou a construção de um sistema de braçadeiras e roldanas que permitia que Anahi o descesse na piscina e tirasse quando a sessão terminava, algo que logo seria capaz de fazer sozinho.
Uma manhã, duas semanas depois de sua chegada, viu-o devorar o desjejum que Alberta havia preparado. Parecia já ter engordado um pouco. Seu rosto estava mais cheio e a cor não era tão cinzenta como antes. Ficara um pouco bronzeado com o sol que tomava na academia e agora seus olhos pareciam ainda mais verdes.
— Por que está me encarando? — Perguntou, enquanto Alberta substituía seu prato vazio por uma tigela de morangos e creme.
— Está ganhando peso — havia enorme satisfação na voz de Anny.
— Não é de admirar — resmungou Alberta enquanto saía da sala de jantar — está comendo como um cavalo.
Alfonso fechou a cara para ela, mas mergulhou a colher na tigela e ergueu um gordo morango. Os dentes brancos mergulharam na fruta vermelha, então a língua lambeu o suco que manchava seus lábios.
— É isto que queria, não é? Engordar-me?
Sorriu e não respondeu, apenas continuou a observá-lo devorar as frutas. Quando estava terminando, Maite entrou silenciosa com um telefone sem fio, que colocou sobre a mesa diante dele. Deu-lhe um sorriso tímido e saiu.
Ficou sentado lá, olhando o aparelho. Anahi escondeu um sorriso.
— Acho que isto significa que recebeu um telefonema — explicou.
Pareceu aliviado.
— Bom, estava com medo de que quisesse que eu comesse o aparelho.
Ela riu e se levantou. Quando Alfonso pegou o aparelho e levou ao ouvido, ela tocou seu ombro de leve.
— Vou para a academia, encontre-me lá quando terminar.
Olhou-a e acenou, absorto na conversa. Ouvira o bastante para saber que conversava com Christopher e isto foi o bastante para fazê-la franzir a testa, preocupada.
Desde aquele primeiro dia,Dulce tinha se comportado muito bem; aparecia para visitá-lo apenas no fim da tarde, quando Anahi já havia terminado a agenda do dia. Também aprendera a não chegar muito tarde ou Alfonso já estaria dormindo. Na maioria das noites,Christopher também chegava para jantar.
Christopher era um homem divertido, espirituoso, com um senso de humor seco e um enorme repertório de piadas que a faziam rir por horas a fio, mas que não podiam ser repetidas quando Alfonso e Dulce perguntavam o que era tão engraçado.Não podia dizer que Christopher tinha sido menos do que um completo cavalheiro. Nunca fizera ou dissera nada que pudesse ser considerado sugestivo. Era apenas a maneira como percebia, nos olhos dele, que sua admiração por ela se aprofundava, como sentia a crescente gentileza na forma como a tratava. Não era a única a perceber que talvez Christopher estivesse gostando demais dela,Dulce era sutil, mas observava o marido intensamente quando conversava com Anahi. De certa forma, sentia-se aliviada; significava que Dulce estava, pelo menos, dando atenção ao marido. Mas não queria complicações daquele tipo, especialmente quando não havia nada entre os dois.