Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

— Srta. Portilla? — Perguntou, educado.

As finas sobrancelhas se curvaram, perplexas, mas tirou os pés da grade, levantou-se e estendeu a mão para ele.

— Sim, sou Anahi Portilla. E você...?

— Christopher Ucker — apertou-lhe a mão com firme­za. — Sei que me intrometo em suas férias, srta Portilla, mas é muito importante para mim conversar com você.

— Por favor, sente-se — indicou uma cadeira ao lado daquela em que estivera sentada e retomou a postura anterior, as pernas esticadas e os pés nus na grade. — Há alguma coisa que possa fazer?

— Com certeza — havia emoção na resposta. — Escre­vi-lhe há cerca de seis semanas sobre um paciente de quem gostaria que cuidasse de Alfonso Herrera.

Anahi franziu de leve as sobrancelhas.

— Eu me lembro. Mas respondi, sr.Ucker , antes de viajar de férias. Não recebeu minha carta?

— Sim, recebi — admitiu — mas vim pedir para re­considerar a recusa. Há circunstâncias atenuantes e sua condição está se deteriorando rapidamente. Estou con­vencido de que pode...

— Não faço milagres — interrompeu com gentile­za. — E tenho outros casos marcados. Por que deveria pôr o sr. Herrera à frente de outros que precisam tanto dos meus serviços quanto ele?

— Estão morrendo? — A pergunta foi abrupta.

— O sr. Herrera está? Pelas informações que me deu em carta, a última operação foi um sucesso. Há outros fisioterapeutas tão qualificados quanto eu, se há algum motivo para ele precisar de fisioterapia de ime­diato.

Christopher Ucker olhou as águas cor de turquesa do golfo, as cristas das ondas douradas pelo sol poente.

— Alfonso Herrera não viverá mais um ano — uma expressão de imensa tristeza cobriu as feições fortes e austeras. — Não como está agora. Compreenda, srta. Portilla, ele não acredita que voltará a andar e desistiu. Está deliberadamente se deixando morrer. Não come, raramente dorme e se recusa a sair de casa.

Anahi suspirou. A depressão algumas vezes era o pior aspecto das condições de seus pacientes e minava a energia e determinação. Vira tantas vezes aquilo aconte­cer e sabia que veria de novo.

— Mesmo assim, sr. Ucker, deve procurar outro fisioterapeuta...

— Acho que não. Já contratei dois fisioterapeutas e nenhum deles durou uma semana.Alfonso se recusa total­mente a cooperar e diz que é uma perda de tempo, algu­ma coisa para mantê-lo ocupado. Os médicos lhe dizem que a cirurgia foi um sucesso, mas ainda não consegue sentir as pernas nem movê-las, assim não acredita. O doutor Damian a sugeriu, disse que obteve sucessos extraordinários com outros pacientes que não queriam cooperar e que seus métodos são extraordinários.

Sorriu, cautelosa.

— É claro que diria isso, Pedro Damian me ensinou. Crhistopher  deu um leve sorriso como resposta.

— Compreendo. Mesmo assim, estou convencido de que é a última chance de Alfonso. Se ainda acha que suas outras obrigações são mais urgentes, então vá comigo a Phoenix e o conheça. Acho que, quando o vir, compre­enderá por que estou tão preocupado.

Anahi hesitou enquanto examinava a proposta. Pro­fissionalmente, estava dividida entre recusar e aceitar. Tinha outros casos, outras pessoas que dependiam dela; por que Alfonso Herrera deveria ter precedên­cia? Por outro lado, parecia um desafio a suas habilida­des e era uma dessas pessoas com enorme força de vontade que se sentiam bem ao enfrentar desafios, em se testar até o limite. Era muito segura no que se refe­ria à sua profissão e gostava da satisfação de terminar um trabalho deixando um paciente mais capacitado a andar do que antes. Nos anos em que trabalhara como terapeuta particular, viajando por todo o país para as casas de seus pacientes, construíra uma carreira im­pressionante de sucessos.

— É um homem extraordinário — disse Ucker. — Criou diversos sistemas aeronáuticos que são amplamente usados hoje em dia. Faz os desenhos dos próprios aviões, já voou como piloto de teste em alguns aviões para programas secretos do governo, escala montanhas, participa de corridas de iate, faz mergu­lhos de profundidade no mar. É um homem que se sente à vontade na terra, no mar ou no ar e agora está preso a uma cadeira de rodas, o que o está matando.

— Em qual de suas atividades estava engajado quan­do sofreu o acidente?

— Escalava montanhas. A corda acima se prendeu numa ponta aguda da pedra e seus movimentos dividi­ram-na em duas. Caiu quinze metros, bateu numa pe­quena plataforma de rocha, quicou, então caiu por mais sessenta metros, quase a extensão de um campo de fu­tebol. A neve funcionou como uma almofada e salvou a vida dele. Disse mais de uma vez que, se tivesse caído daquela montanha no verão, não precisaria passar o res­to da vida como um aleijado.

— Conte-me sobre os ferimentos —Anahi estava pensativa.

Ele se levantou.

— Posso fazer melhor do que isso. Tenho seu arquivo, completo com radiografias no meu carro. O doutor Damian sugeriu que o trouxesse para você.

— É uma raposa esperta, aquele médico — murmu­rou enquanto Christopher deixava o deque e o rodeava.Pedro sabia exatamente como despertar seu interesse, como apresentar um caso. Já estava interessa­da, exatamente como previra. Tomaria a decisão depois de ver as radiografias e ler o histórico do caso. Se achas­se que não poderia ajudar Alfonso, não o faria passar pelo tormento da fisioterapia.

Em alguns minutos oChristopher voltou com um gros­so envelope na mão. Entregou a Anny e esperou ansio­so, mas ela não o abriu.

— Deixe-me estudá-lo esta noite, sr. Ucker — disse com firmeza — não posso tomar uma decisão apenas com uma rápida olhada. Darei-lhe uma resposta amanhã de manhã.

Uma expressão impaciente cruzou o rosto dele; en­tão rapidamente a controlou e acenou.

— Obrigado por seu interesse, srta.Portilla.