Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Era diferente de todos os homens que conhecia. Capaz de amar; era, ao mesmo tempo, um sorridente e ousado aventureiro e um duro homem de negócios. Mas, o mais importante de tudo, é que precisava dela. Outros pacientes haviam precisado, mas apenas como uma terapeuta. Precisava da mulher que era, porque apenas sua força pessoal lhe dera a capacidade de ajudá-lo com suas habilidades treinadas e conhecimento. Não se lembrava de ninguém que tivesse precisado dela daquela maneira antes.
Abraçou-o com força, puxando-o, assombrada como o crescente calor que dentro dela gradualmente derretia a dor congelada que a havia dominado por tanto tempo. Queria chorar mais porque estava, ao mesmo tempo, amedrontada e excitada pela nova liberdade de tocar e ser tocada. A mão lhe acariciou os cabelos, os dedos se enlaçando nas mechas sedosas, enquanto as lágrimas dele finalmente paravam e se deixava ficar deitado docemente contra ela.
Então ergueu a cabeça e a olhou. Não estava envergonhado das lágrimas que molhavam seu rosto e brilhavam nos olhos verdes. Muito gentilmente, encostou o rosto molhado no dela, uma carícia sutil que misturava a felicidade e as lágrimas dos dois.
Então a beijou.
Foi um beijo lento, maravilhado, um toque gentil que buscava, mas não perseguia, uma prova delicada dos lábios de Anahi na qual não havia nenhuma necessidade agressiva, masculina. Estremeceu nos braços dele, as mãos se movendo automaticamente para os ombros para empurrá-lo se ultrapassasse a barreira ainda existente de intimidade que podia aceitar. Mas não tentou aprofundar o beijo. Ergueu a boca e tocou-lhe o nariz com o dele, girando a cabeça para um lado e outro num movimento leve, apenas roçando.
Depois de um longo momento, afastou um pouco a cabeça e deixou o olhar lhe percorrer o rosto com uma espécie de curiosidade. Anahi não conseguia afastar os olhos dos dele, observando as íris se expandirem até quase engolirem o verde . No que ele pensava? O que causara aquele súbito brilho de desespero que a assustara, a sombra que lhe cruzara o rosto? Os olhos se demoraram nos lábios cheios e macios, então se ergueram lentamente para encontrar e se fixar nos dela. Olharam-se por um longo momento, tão próximos que podia ver seu, reflexo nos olhos dele e sabia que ele podia se ver nos seus.
— Seus olhos são como o imerso do mar — sussurrou Alfonso. — Olhos de mar. Brilham no escuro? Um homem pode se perder neles — a voz ficou subitamente áspera.
Anahi engoliu, seu coração parecia ter saído do lugar e parado na garganta. As mãos ainda estavam nos ombros dele; sob o calor de sua carne, podia sentir a flexão dos músculos enquanto ele se erguia nos cotovelos, o peso de seu corpo ainda pressionado no dela, da cintura para baixo. Tremeu, levemente alarmada pela posição, mas enfeitiçada demais pela intimidade emocional que se instalara entre ambos para afastá-lo.
— É a coisa mais adorável que já vi — murmurou. — Tão exótica quanto Salomé, tão graciosa quanto uma gata, tão simples quanto o vento... e, ao mesmo tempo, tão malditamente misteriosa. O que existe atrás destes olhos? Em que está pensando?
Não podia responder, então balançou a cabeça, cega com novas lágrimas que faziam seus olhos brilhar. Inspirou profundamente, então a beijou de novo, desta vez lhe abrindo os lábios e penetrando sua boca lentamente com a língua, dando-lhe tempo para decidir se aceitaria ou não a carícia. Tremia em seus braços, com medo de se deixar ser atraída pelo toque gentil e, ao mesmo tempo, seduzida, terrivelmente seduzida. Moveu a língua de leve e tocou a dele, afastou-a, voltou, tímida, para saborear de novo e finalmente se demorou. Ele tinha um gosto maravilhoso.
Alfonso aprofundou o beijo, explorou seus dentes, a suavidade da boca. Anahi ficou deitada, quieta, sob ele, inconsciente da crescente força da paixão que o tomava até que, de repente, a boca se tornou rija e exigente, querendo mais do que ela podia dar, lembrando-a subitamente e com dolorosa clareza de como tinha sido com Rodrigo...
O buraco negro de seus pesadelos assomou-se diante dela e se mexeu debaixo dele, mas não sentiu a súbita tensão do corpo de Anahi. As mãos a agarraram com a aspereza do desejo e o último fio de controle que mantinha se partiu. Afastou a boca da dele com um grito.
— Não!
O medo repentino lhe deu força e o empurrou com o poder considerável de seus braços e pernas. Ele rolou no chão, bateu na cadeira de rodas e jogou-a longe, Alfonso se sentou e a fuzilou com um olhar.
— Não precisa gritar — a voz era áspera e amarga — nada vai acontecer.
— Pode apostar que não! — Ergueu-se e ajeitou a blusa e o short — sou uma terapeuta, não uma... uma conveniência!
— Sua integridade profissional está segura — resmungou — pelo menos de mim. Pode querer tentar com alguém como Christopher , se realmente leva a sério seus beijos, embora tenha de adverti-la que todas as suas partes estão funcionando e pode não ser tão fácil de afastar!
Era evidente que ferira seu ego quando o afastara com tanta facilidade; ele nem mesmo percebera a expressão de pavor que lhe cobrira o rosto. Agradeceu silenciosamente por aquilo, então pegou a cadeira de rodas e, com toda a calma, colocou-a ao lado dele.
— Pare de sentir pena de si mesmo, temos trabalho a fazer.
— Certo, senhora — rosnou — tudo o que disser. É a terapeuta.
Ele se esforçou tanto pelo resto do dia que Anahi teve de perder a paciência no fim da tarde para fazê-lo parar. Alfonso estava no pior dos humores, emburrado e soturno. Até mesmo Dulce foi incapaz de melhorar seu humor durante o jantar e, logo que terminaram, ele pediu licença, alegando estar cansado e que queria ir para a cama.
Dulce ergueu as sobrancelhas, mas não protestou. Christopher se levantou antes que saísse da sala.
— Vamos ao estúdio por um minuto,Alfonso. Preciso conversar sobre algumas coisas, não vai demorar.
Acenou, concordando, e os dois homens deixaram a sala. O silêncio se prolongou entre Anahi e Dulce, que nunca tinham mesmo muito a dizer uma à outra. Dulce se mostrava aparentemente muito interessada nas sandálias brancas que calçava. Sem erguer os olhos, perguntou casualmente:

— O que está errado com Alfonso esta noite? Parece um urso ferido.
Deu de ombros, não contaria nada sobre os beijos ou o motivo para o mau humor dele. Preferiu dar a boa notícia que, por algum motivo,Alfonso, não comentara.