Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

— Se quiser — disse a Dulce com calma. — Um pedido de desculpas realmente não era necessário.
— Era para mim — insistiu, e talvez fosse mesmo. Era a irmã de Alfonso e muito parecida com ele, que também não fugia de questões desagradáveis.
Estava cansada depois do impacto emocional do dia e não verificou como estava Alfonso antes de se deitar. No humor em que se encontrava, provavelmente estava acordado, só esperando ela colocar a cabeça na porta para agredi-la. Deixaria para se preocupar com o que o estivesse incomodando pela manhã. Deitou-se e dormiu imediatamente, sem ser perturbada por sonhos.
Quando foi acordada de repente pelo som do seu nome sendo chamado, teve a sensação que havia sido repetido diversas vezes antes de lhe penetrar o sono. Pulou da cama quando o ouviu de novo.
—Anahi!
Era Alfonso e, pela tensão na voz, sentia dor. Correu para o quarto dele e se aproximou da cama. Contorcia-se, tentando se sentar. O que havia de errado?
— Diga o que é — disse, as mãos nos ombros nus fazendo-o se deitar.
— Câimbras — gemeu.
É claro! Devia ter previsto! Esforçara-se demais aquele dia e agora pagava o preço. Anny passou as mãos pelas pernas dele e encontrou os músculos enodoados. Sem uma palavra, subiu na cama com ele e começou a massagear os músculos, os dedos fortes trabalhando com eficiência. Relaxou uma das pernas, então a outra e ele suspirou de alívio. Continuou a lhe massagear as panturrilhas, sabendo que poderia ter câimbras de novo. Sua carne estava quente sob os dedos agora, a pele áspera com os pelos das pernas. Ergueu as pernas do pijama acima dos joelhos e continuou a fazer massagem. Talvez ele voltasse a dormir com o toque calmante... E, de repente, sentou-se e afastou as mãos dela de suas pernas.
— Já chega! — A voz era tão áspera como fora o gesto. — Não sei que tipo de excitação tem em cuidar de aleijados, mas pode brincar com as pernas de outra pessoa. Pode tentar as de Christopher, tenho certeza de que lhe dará mais do que posso.
Ficou sentada lá, atônita, a boca aberta. Como ousava dizer aquilo? Quando subira na cama, ela havia suspendido a camisola para ter mais liberdade de movimentos e agora a puxou para cobrir as longas pernas.
— Merece ser espancado — a voz tremia de raiva. — Maldição, o que há de errado com você? Sabe que não tenho nada com Christopher, que não estou me encontrando com ele e estou cansada de jogar isto na minha cara! Você me chamou, lembra? Não entrei aqui sorrateiramente para tirar vantagem.
— Teria muita dificuldade em fazer isso — zombou.
— Está muito convencido depois que melhorou, não? — Perguntou, sarcástica.
Sentia-se mais zangada por ele agir daquela maneira depois do que tinham partilhado aquele dia. Beijara-a. É claro, não poderia saber que era o único homem a tocá-la desde que tinha dezoito anos, dez anos atrás, mas mesmo assim... a injustiça daquilo a fez se ajoelhar na cama, debruçar-se sobre ele e cutucá-lo no peito com o dedo.
— Agora escute aqui, sr. Pateta Herrera! Tenho me esfalfado tentando ajudá-lo e lutou comigo a cada passo! Não sei o que o está atormentando e não me importo, mas não vou deixar que interfira na minha terapia. Se achar que suas pernas precisam de massagem, então a farei, mesmo se tiver de amarrá-lo primeiro. Estou conseguindo penetrar nesta sua cabeça dura?
— Quem pensa que é, Deus? — Rosnou, o rosto escurecendo tanto que pode ver mesmo à luz fraca que atravessava as janelas. O que sabe sobre o que quero ou preciso? Tudo em que pensa é neste maldito programa. Há outras coisas de que preciso e não posso...
Ele parou e virou a cabeça para o outro lado. Anahi esperou que continuasse e, quando se manteve calado, ajudou.
— Você não pode... o quê?
— Nada — resmungou mal-humorado, sem se virar para ela.
—Alfonso! — Exclamou com total exasperação, pegando-o pelos ombros e sacudindo. — O quê?
Afastou-lhe as mãos e se virou para a janela, sua expressão desolada.
— Pensei que aprender a andar de novo seria a resposta — sussurrou. — Mas não é. Meu Deus, mulher, tem estado junto de mim por semanas agora, andando por aí praticamente sem roupas e nestas camisolas transparentes o resto do tempo. Não percebeu ainda que não posso...
Quando sua voz desapareceu de novo, Anahi pensou que explodiria.
— Não pode o quê? — Tentou de novo, mantendo o tom de voz calmo com enorme esforço.
— Sou impotente — disse, com a voz tão baixa que teve de se debruçar mais perto para ouvi-lo.
Então se sentou sobre os calcanhares, atônita. Depois de dizer as palavras em voz alta, continuou o resto numa torrente, como se não pudesse se controlar.
— Não pensei nisto antes porque, o que havia lá para me excitar? Não tinha importância, se não pudesse andar, mas agora descobri que há o outro lado da moeda. Se não puder viver corno homem, se tiver de ser impotente, incapaz de fazer sexo, então não importa se posso andar ou não.
A mente de Anahi esvaziou. Era uma fisioterapeuta, não uma terapeuta sexual. Era irônico que conversasse sobre o assunto com ela, entre todas as pessoas. Estava no mesmo barco, talvez tivesse sentido isto desde o começo e era por isto que não tivera medo. Mas não podia deixar que isto o atormentasse ou desistiria. Tentou desesperadamente pensar em alguma coisa para dizer.
— Não sei por que você pensa que deveria se sentir excitado por mim — deixou escapar — sou uma terapeuta, seria totalmente contrário à ética haver outro relacionamento entre nós, a não ser o profissional. Certamente não estive tentando seduzi-lo ou despertar seu interesse! Não deve pensar em mim desta forma! Sou... sou mais uma figura materna do que qualquer coisa, assim acho que seria estranho se reagisse a mim fisicamente.
— Não me faz me lembrar da minha mãe — disse, a voz pesada.
Ela procurou de novo outra coisa para dizer.
— Realmente esperava que todas as suas capacidades voltassem imediatamente, só porque conseguiu manter seu peso sobre os pés hoje? — Disse, finalmente. — Ficaria muito surpreendida se tivesse... reagido assim. Tem tido coisas demais na cabeça e estava numa péssima forma física.
— Não estou numa péssima forma física agora — lembrou-a, cansado.