Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Apesar dos esforços dela para manter as pernas unidas e prender a mão imprudente, de alguma forma conseguiu subir um pouco mais.
— É apenas um beijo — pediu suavemente, estendendo a mão esquerda. — Não seja tímida.
Não se sentia tímida, estava apavorada, mas ainda conseguia manter a convicção de que Alfonso não era Rodrigo. Só isto lhe deu a coragem de se debruçar e tocar os lábios nos dele, tão levemente, tão delicadamente como um sopro de ar. Afastou-se e desceu o olhar para ele. A mão se manteve na perna dela.
— Você prometeu — lembrou-o.
— Isto não foi um beijo. — A expressão nos olhos dele era intensa, observadora. — O que quero é um beijo de verdade, não o de uma criança. Estou há muito tempo sem uma mulher. Preciso sentir sua língua na minha.
Fraca, debruçou-se de novo sobre a mesa. Não posso, pensou, desesperada, então enrijeceu enquanto o pensamento se formava em seu cérebro. É claro que podia; podia lidar com qualquer coisa. Já passara pelo pior que poderia lhe acontecer. Era apenas um beijo...
Embora a boca suave e generosa tremesse na dele, ela lhe deu o beijo íntimo que exigira e se assustou quando o sentiu começar a tremer. Tirou a mão da coxa dela e colocou os braços em torno de seu corpo, mas a segurou sem nenhuma força, apenas com uma espécie de calorosa proximidade que não a alarmou. Os pelos do peito nu lhe faziam cócegas acima do tecido do vestido decotado; seu leve cheiro almiscarado preencheu suas narinas. Tornou-se consciente do calor da pele dele, da aspereza do queixo na sua pele lisa, do leve toque da língua na dela. Os olhos, até então abertos, fecharam-se lentamente e ela se perdeu num mundo de sensações, a luz apenas uma sombra vermelha atrás de suas pálpebras, seus sentidos de tato e olfato intensificados pela crescente concentração.
Era isto o que queria, lembrou, a mente uma névoa. Só não imaginara que pudesse gostar, mas a excitação que começava a percorrer suas veias despertou alguma coisa que só podia ser prazer.
— Deus, cheira tão bem — ele suspirou, interrompendo o beijo para esfregar o rosto no pescoço macio. — Que perfume é este?
Meio tonta, lembrou-se de todos os perfumes que experimentara.
— Uma mistura de tudo — admitiu num tom meio tolo.
Riu e virou a cabeça para reclamar sua boca de novo.
Desta vez, o beijo foi mais profundo, mais intenso, mas ela não protestou; em vez disso, beijou-o de volta com a mesma intensidade até que ele finalmente se deixou cair de costas na mesa, arquejando.
— Tira vantagem de um homem faminto — gemeu, e ela riu.
— Espero que Alberta não lhe dê nada para comer — disse, e se virou de costas para esconder o rubor que lhe cobria o rosto.
Ocupou-se cuidando de diversos detalhes insignificantes, mas quando se virou para ele, percebeu que não prestava atenção nela. Forçou-se a demonstrar uma expressão calma e tranqüila e o ajudou a se vestir, mas percebeu uma determinação que a incomodou. Pensou naquilo durante todo o jantar, enquanto Dulce distraía Alfonso com uma história inteiramente fictícia sobre as compras do dia.
O que ele planejava? Sofrera agonias para elaborar seu esquema, fora a extremos ridículos para colocá-lo em ação, mas de alguma forma tinha a sensação de que era ele que fazia planos, não ela.

*****

—Anahi, posso conversar com você? Em particular, por favor. — O rosto de Christopher estava tenso e o observou com atenção, impressionada com a amargura tão evidente em sua expressão. Olhou além, para a porta do estúdio, e ele adivinhou seus pensamentos.
— Ela está jogando xadrez com Alfonso— a voz era pesada enquanto colocava as mãos no bolso e se movia em direção às portas que se abriam para o pátio.
Anahi hesitou por apenas um momento, então o seguiu. Não queria que houvesse comentários sobre estar |em companhia dele mas, por outro lado, sabia que jamais tentaria nada com ela e se ressentia da sensação de culpa por ser amigável. Dulce havia continuado a se esforçar para ser sua amiga e Anahi descobriu que realmente gostava dela. Era parecida demais com Alfonso, com seu modo direto de agir, com a disposição de aceitar desafios. Algumas vezes tinha a sensação inquietante de que Dulce pretendia fiscalizá-la melhor sob o disfarce da amizade, mas cada vez mais lhe parecia que a sensação decorria mais de sua desconfiança e não de uma ação premeditada.
— As coisas não vão bem? — Perguntou calmamente a Christopher.
Deu uma risada amarga e passou a mão na nuca.
— Sabe que não. E não sei o motivo — a voz era cansada. — Tentei, mas está sempre no fundo da minha mente que ela nunca me amará tanto quanto ama Alfonso, que nunca serei tão importante para ela como ele é e isto me deixa quase doente.
Anahi escolheu as palavras com cuidado, como se estivesse colhendo flores silvestres.
— Um pouco de ressentimento é natural. Vejo isto constantemente,Christopher. Um acidente como o dele realmente abala todas as pessoas ligadas. Se a pessoa ferida é uma criança, pode haver ressentimento entre os pais ou filhos. Em circunstâncias assim, uma pessoa recebe mais atenção e os outros não gostam.
— Você me faz parecer tão pequeno e mesquinho — disse, um canto da boca severa se erguendo.
— Não, é apenas humano. — Sua voz era cheia de calor e compaixão e olhou-a, os olhos se movendo pelo rosto suave. — Vai melhorar — garantiu.
— A tempo de salvar meu casamento? — A voz era pesada de dor. — Algumas vezes, quase a odeio e isto é terrivelmente peculiar, porque o que odeio nela é não me amar do modo como a amo.
— Por que considerá-la culpada de tudo? Por que não dirigir um pouco desse ressentimento para Alfonso? Por que não o odeia por receber toda a atenção dela?

Ele riu.
— Porque não estou apaixonado por ele — riu de novo. — Não me importo com o que faz com sua atenção... a menos que a fira.