Fanfic: Desperte comigo (adaptada) aya finalizada | Tema: ponny e vondy

Não foi fácil admitir que o amava mas, enquanto os dourados dias de outono passavam, parou de tentar esconder seus sentimentos de si mesma. Enfrentara sofrimento demais no passado para aceitar se enganar por muito tempo. A admissão de que finalmente amava um homem era doce e amarga porque não esperava que nada resultasse daquele amor. Amá-lo era uma coisa; permitir que a amasse era outra muito diferente. Seus olhos dourados tinham uma expressão assombrada enquanto o observava, mas se dedicou de corpo e alma a seus últimos dias juntos com uma determinação absoluta de reunir todas as lembranças que pudesse, de não deixar que sombras escurecessem o tempo que ainda tinham.
Como jóias de ouro, guardava no coração suas risadas profundas, seus palavrões sempre que suas pernas não faziam o que queria, a forma como a covinha no rosto se aprofundava quando sorria e a olhava, maravilhado diante de cada pequeno triunfo.
Era tão vitalmente vivo, tão masculino, que merecia uma mulher completa, em todo o sentido da palavra. Podia amá-lo, mas sabia que não seria capaz de satisfazê-lo da forma que era a mais importante para ele. Era um homem muito físico; esta era uma parte de seu caráter que se tornava cada vez mais evidente a cada dia que passava, enquanto recuperava o controle do corpo. Não o sobrecarregaria com o peso das lembranças sombrias que viviam bem abaixo do exterior calmo que apresentava ao mundo; não o faria se sentir culpado por ter se apaixonado por ele. Mesmo se a matasse, se a despedaçasse, manteria seu relacionamento no nível mais calmo da amizade, guiaria-o pelas últimas semanas da terapia, celebraria com ele quando finalmente desse aqueles primeiros e tão importantes passos, então partiria silenciosamente.
Tinha anos de prática em fazer exatamente isso, de se devotar de corpo e alma a um paciente... não, corrigiu o lado implacavelmente honesto de sua natureza. Nunca antes se dedicara de corpo e alma a alguém, apenas a Alfonso. E jamais saberia. Diria-lhe adeus com um sorriso, se afastaria e ele retomaria sua vida de novo. Talvez pensasse algumas vezes na mulher que fora sua terapeuta, mas talvez não.
Seus olhos eram câmeras famintas que fotografavam imagens dele e as imprimiam de forma permanente em sua mente, seus sonhos, em cada fibra do seu ser. Como naquela manhã em que entrou no quarto e o encontrou deitado de costas olhando para os pés com total concentração.
— Observe — rosnou, e ela observou.
O suor lhe cobria o rosto, os punhos se fecharam... e seus dedos se moveram. Jogou a cabeça para trás e lançou um sorriso brilhante de triunfo e sua câmera interna clicou e preservou mais uma lembrança.
Ou a noite em que lançou um olhar feroz quando o venceu no xadrez depois de um jogo que durou horas e ele agiu com o mesmo tipo de ultraje que demonstrara quando descobrira que levantava pesos.
Rindo ou franzindo a testa, a boca rija de raiva era a coisa mais linda que já acontecera a ela e o observava o tempo todo. Simplesmente não era justo que um homem tivesse tanto dos tesouros da masculinidade, tentando-a com sua força e sua risada, quando sabia que era proibido para ela.
A profundidade de seusa zuis olhos de fada continha um mundo de sofrimento silencioso e, embora fosse muito controlada quando pensava que alguém a olhava, em repouso suas feições refletiam a tristeza imensa que sentia. Estava tão absorta pela descoberta de seu amor e pela angústia do que jamais poderia ser que não percebeu que aqueles vivos olhos verdes a observavam de volta, percebiam a dor que sentia e mostravam a determinação de descobrir sua causa.
Quando os primeiros dias de novembro amenizaram consideravelmente o forte calor de Phoenix, o objetivo que temia, mas pelo qual trabalhara de forma tão determinada, foi finalmente alcançado. Ele passara toda a manhã nas barras, literalmente arrastando os pés, e estava tão molhado de suor que seu short de um azul-escuro aderia à pele. Estava exausta pelo esforço de se agachar ao lado dele, guiando-lhe os pés nos movimentos adequados, e então se deixou cair sentada no chão.
— Vamos descansar por um minuto — a voz estava fraca com a fadiga.
As narinas tremeram e Alfonso produziu um som na garganta que foi quase um rosnado. Com as mãos apertadas nas barras, os dentes cerrados de determinação, flexionou os músculos e suportou a tensão. Seu pé direito se moveu, errático. Um grito visceral escapou do fundo do seu peito e se debruçou sobre as barras, a cabeça caída para a frente.
Trêmula, Anahi se levantou e estendeu os braços, mas antes que pudesse tocá-lo, ele endireitou os ombros e recomeçou o processo agonizante com o pé esquerdo. A cabeça arqueou para trás e engoliu o ar; cada músculo do corpo se esticou com a tensão a que se submetia, mas finalmente o pé esquerdo se moveu, arrastando-se mais do que o direito, mas se moveu. Ficou paralisada ao lado, o rosto molhado com lágrimas silenciosas que não sabia que estavam lá enquanto o observava.
— Maldição — sussurrou Poncho, estremecendo com o esforço de dar outro passo. — Faça de novo!
Não conseguiu suportar mais, com um grito abafado, jogou-se para ele, enlaçou-lhe a cintura com os braços e enterrou o rosto no ombro molhado de suor. Alfonso se desequilibrou, então se recuperou e os braços musculosos a abraçaram, segurando-a com tanta força que gemeu com a dor deliciosa do abraço.
— Sua feiticeira — resmungou com a voz rouca, então mergulhou os dedos nos cabelos que haviam se soltado da trança e enrolou a mão na massacastanho escuro. Exerceu apenas a pressão suficiente para erguer o rosto do ombro e virá-lo para ele, para olhar suas lágrimas, os olhos brilhantes e os lábios trêmulos. — Sua teimosa, linda feiticeira, praticamente me arrancou daquela cadeira de rodas pelos cabelos. Shhh, não chore — o tom se transformou e se encheu de ternura. Abaixou a cabeça e a beijou as lágrimas salgadas presas aos cílios. — Não chore, não chore — repetiu docemente, os lábios seguindo os traços das lágrimas prateadas pela face, roçando-lhe os lábios, onde a língua as lambeu. — Ria comigo, senhora; celebre comigo. Vamos abrir o champanhe; não sabe o que isto significa para mim... senhora... nada mais de lágrimas — sussurrou no rosto dela, contra seus lábios e tomou sua boca com firmeza.