Fanfics Brasil - Um vizinho pefeito DyC [terminada]

Fanfic: Um vizinho pefeito DyC [terminada]


Capítulo: 10? Capítulo

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CAPÍTULO III


Quando muitas idéias a respeito de cenas e de pessoas preenchiam sua mente, Dulce era capaz de trabalhar até seus de­dos começarem a doer e se recusarem a segurar adequadamente o lápis ou a caneta.


Nos dias em que isso acontecia, geralmente ali­mentava-se apenas com biscoitos e bebidas diet, por gostar de ter a sensação de que estava equi­librando as calorias em relação aos dias em que havia abusado delas.


No papel, a cada tira cômica, Emily e sua amiga Cari, que durante os últimos anos vinha apresen­tando muitas características da personalidade de Anahí, planejavam e arquitetavam mil maneiras de descobrir os segredos do sr. Misterioso. Iria chamá-lo de "Quinn", mas não por muitos episódios.


Durante três dias, Dulce mal saiu da mesa de desenho. Anahí tinha uma cópia da chave de seu apartamento, por isso não era necessário ficar se preocupando em atender à porta quando a amiga aparecia para uma visita. E Anahí nunca fazia ceri­mônia para abrir a porta para a sra. Wolinsky, ou para algum outro vizinho que decidia visitar Dulce.


 


De fato, em um dado momento da terceira noite, havia tantas pessoas no apartamento de Dulce que foi possível fazer até uma festinha informal, en­quanto ela terminava de colorir a tira cômica que sairia no jornal de domingo.


Alguém havia ligado o aparelho de som, mas a música não a distraiu. Os risos e a conversação chegavam até seus ouvidos, vindos do andar de baixo, mas ela não se importava com isso. Gostava da animação de seus vizinhos, mesmo quando não podia compartilhá-la.


Sentiu um delicioso aroma de pipoca e imaginou se alguém levaria um pouco para ela. Encostan­do-se na cadeira, examinou o que já estava pronto em seu trabalho. De fato, não tinha a veia irônica de seu pai nem a genialidade artística de sua mãe, mas tinha o que poderia ser considerado como um "talento inusitado".


Tinha a mão muito ágil e precisa para o dese­nho. Sim, gostava do que fazia e do resultado final de seu trabalho. Mas gostava principalmente do fato de ele fazer as pessoas rirem.


Se Uckermann, do 3B, achava que ela ficara ofen­dida com o comentário dele, estava muito enga­nado. Dulce estava mais do que contente com seu "talento inusitado para o absurdo".


Agitada pelo êxito de três dias de trabalho in­tenso, pegou o telefone assim que este começou a tocar.


- Alô?


- Ora, ora, se não é minha neta preferida.


- Vovô! - Dulce se encostou na cadeira, com um sorriso satisfeito.


- Eu estava morrendo de saudade, mas não me venha com essa história de "neta preferida", porque eu sei que você diz isso para todos.


Tecnicamente, Daniel MacGregor não era avô de Dulce, mas isso nunca a havia impedido de considerá-lo como tal. Para ela, o amor ignorava tecnicidades.


- "Morrendo de saudade"? - Daniel repetiu. - Então por que não me telefonou ou para sua avó? Você sabe quanto ela se preocupa com você, aí sozinha, nessa cidade imensa.


- Sozinha? - Com um sorriso, ela segurou o te­lefone no alto, para que o som da festa no andar de baixo de seu apartamento pudesse ser ouvido por seu avô. –


 Parece mesmo que estou sozinha, vovô?


- Está com seu apartamento cheio de pessoas de novo?


- É o que parece. E vocês, como estão? Está tudo bem por aí? Quero saber tudo.


Os dois passaram a conversar a respeito da fa­mília. Dulce ouvia tudo com um brilho de diver­timento no olhar, rindo e fazendo seus próprios comentários de vez em quando. Ficou contente ao saber que havia uma reunião familiar marcada para dali a algumas semanas.


- Que bom! Mal posso esperar para ver todos novamente. Parece que faz tanto tempo que nos vi­mos, desde o casamento de lan e Naomi, no último outono. Estou morrendo de saudade de vocês.


- Ora, então por que esperar até a reunião de família? Você sabe que estamos aqui o tempo todo.


 


- Talvez eu faça uma surpresa a vocês.


- Pois telefonei para fazer uma a você - de­clarou Daniel, com seu costumeiro tom firme mas bem-humorado. - Aposto que ainda não sabe que nossa Naomi está esperando um bebê. Teremos mais uma caixinha de presente sob nossa árvore no próximo Natal.


- Oh, vovô, isso é maravilhoso! Vou telefonar para eles ainda hoje. E com Darcy e Mac prestes a ter o deles nos próximos dias, teremos uma por­ção de bebês para mimar nesse Natal.


- Para alguém que gosta tanto de bebês, de­veria estar preocupada em ter um também - insinuou Daniel.


O velho tema, mais do que conhecido por Dulce, fez com que ela começasse a rir.


- Meus primos já estão cuidando disso muito bem, vovô.


- Ah, se estão! - concordou ele. - Mas isso não a livra de sua incumbência, mocinha. Você pode até ser uma Saviñon de nascimento, mas carrega a chama do amor dos MacGregor no coração.


- Bem, em último caso, ainda me resta a chan­ce de jogar tudo para o alto e me casar com Frank.


- Aquele sujeito com boca de peixe?


- Não, vovô. - Ela riu.


- Ele só beija como um peixe. De qualquer maneira, sim, é ele mesmo. Poderíamos dar algumas "trutinhas" como netos para você.


Daniel fungou, impaciente.


- Você precisa é de um homem, não de uma truta vestida com um terno italiano. Um homem com mais interesses na mente do que apenas dó­lares e investimentos. Alguém que entenda de arte e que tenha juízo suficiente para mantê-la longe de problemas.


- Sei me manter longe de problemas - lem­brou Dulce, achando melhor não mencionar o in­cidente daquela fatídica noite.


- Além disso, vovó não iria gostar que eu o roubasse dela, portanto, terei de me conformar em continuar sozinha, aqui, nesta imensa cidade.


Daniel riu alto, do outro lado da linha.


- Com todos os homens que existem em Nova York, não é possível que não acabe encontrando um que lhe sirva. Você sai para passear de vez em quando, não sai? Não acredito que passe o dia inteiro sentada aí, desenhando seus papéis engraçados.


- Tenho feito isso apenas ultimamente, porque tive uma ótima idéia e precisei aproveitá-la logo. Estou com um vizinho novo, vovô. Ele é meio ta­citurno e reservado. Bem, digamos que ele é "cer­tinho" demais e que detesta que invadam o espaço dele. Acho que ele está desempregado, embora to­que sax de vez em quando em um clube aqui perto. É simplesmente o vizinho perfeito para Emily.


- Só isso?


- Bem, ele passa o dia inteiro fechado no apar­tamento e não fala com ninguém. O nome dele é Uckermann.


- Mas se ele não fala com ninguém, como sabe o nome dele?


- Vovô. - Dulce sorriu com ar travesso. -


 


Alguma vez já me viu desistir de falar com alguém quando decido fazer isso? Não que ele seja do tipo que se solta depois de alguns biscoitos de choco­late, mas, mesmo assim, consegui descobrir o nome dele.


- E o que achou dele? - indagou Daniel, fin­gindo um tom casual.


- Ele parece muito, muito incrível. Capaz de deixar Emily maluquinha.


- É mesmo? - Daniel riu com satisfação.


Quando conseguiu saber tudo o que precisava da neta, Daniel fez a ligação seguinte. Cantaro­lando baixinho e examinando as unhas, lustrou-as sobre a camisa e sorriu quando Christopher atendeu ao telefone com um impaciente:


- Sim, o que é?


- Ah, essa sua natureza dócil sempre me deixa surpreso, Uckermann. Chega até a me comover.


- Sr. MacGregor?


Christopher-se ajeitou na cadeira no mesmo instan­te. Não havia como confundir aquele sotaque es­cocês. Mudando subitamente de humor, riu e afas­tou-se do computador.


- Isso mesmo, meu rapaz. Como está se saindo no apartamento?


- Muito bem. Quero lhe agradecer mais uma vez por me deixar usá-lo enquanto minha casa continua naquela infinita reforma. Eu nunca con­seguiria trabalhar com todo aquele barulho. - Dizendo isso, lançou um olhar de censura para a parede, enquanto o barulho do outro apartamento lhe chegava aos ouvidos.


- Não que a coisa esteja muito diferente por aqui esta noite. Minha vizinha parece estar comemorando alguma coisa.


- Dulce? Ela é minha neta, sabia? Uma garota muito sociável.


- Até demais - falou Christopher, quase em um resmungo.


- Não imaginei que ela fosse sua neta.


-Bem, apenas informalmente. Precisa se sol­tar um pouco, rapaz, e ir participar da festa.


- Não, muito obrigado. - Ele preferiria saltar de pára-quedas, sem pára-quedas.


- Acho que metade da população do bairro deve estar lá nesse momento. Este seu prédio, sr. MacGregor, está cheio de pessoas que preferem mais falar do que viver. E sua neta parece ser a líder da "gangue de tagarelas".


Daniel riu. Admirava a sinceridade de Christopher Uckermann.


- Ela gosta apenas de ser amigável com todos - disse, em defesa da neta.


- De qualquer modo, fico mais tranqüilo em saber que você está mo­rando no apartamento em frente ao dela. Você é um rapaz sensível, Christopher. Por isso não me im­porto em pedir que você fique de olho nela. Dulce é muito ingênua às vezes, se é que entende o que eu quero dizer. Eu me preocupo com ela.


Christopher riu, lembrando-se de quando a vira acertar uma boa ajoelhada nas "partes baixas" do bandido que tentara atacá-la.


- Eu não me preocuparia se fosse o senhor. Pode acreditar.


- Bem, não vou mesmo me preocupar sabendo que você está por perto. Minha Dulce... Ela é uma gracinha, não é?


- Linda como uma flor - anuiu Christopher.


- E inteligente. Também é responsável, embo­ra às vezes pareça levar a vida feito uma borboleta esvoaçante. Ora, mas também não é possível ser um iceberg e conseguir produzir uma tira cômica por dia para um jornal, não é mesmo? Só tendo muito senso de humor, e isso é o que não falta à minha Dulce.


- Sem dúvida, sr. MacGregor.


- Para trabalhar nesse tipo de coisa - conti­nuou Daniel -, é preciso ser criativa, ter uma boa veia artística e ser prática o suficiente para encontrar temas nas situações do dia-a-dia. Mas você sabe de tudo isso melhor do que ninguém, certo? Escrever roteiros de teatro também não é um trabalho fácil.


- Não mesmo - concordou Christopher, massa­geando os olhos cansados depois de horas diante do computador.


- Mas você tem o dom, meu rapaz. Um dom raro que eu admiro muito.


- Esse dom tem sido mais como uma maldição para mim ultimamente, sr. MacGregor, mas obri­gado pelo elogio mesmo assim.


- Precisa sair um pouco, arejar a mente, beijar uma bela garota... Não que eu entenda muito do processo de escrever, embora tenha dois netos que se dedicam a isso, e muito bem por sinal. Deveria aproveitar mais o fato de estar aí, em Nova York, antes de voltar para sua cidade e se fechar em sua casa.


- Talvez eu ainda faça isso.


- Oh, Uckermann? Poderia me fazer o favor de não mencionar a Dulce que eu lhe pedi para ficar de olho nela? Ela não gosta muito de superpro­teção. Mas é que a avó dela vive preocupada com aquela menina e, você sabe como é, na idade em que estamos não é bom facilitar...


- Pode ficar tranqüilo, sr. MacGregor. Não di­rei nada a ela - Christopher prometeu.


Ciente de que aquele barulho não o deixaria mesmo trabalhar, Christopher saiu do apartamento. Tocou no clube de Delta, mas, dessa vez, nem mesmo a música o distraiu dos pensamentos que andavam rondando sua mente.


De onde estava, sobre o palco, não era difícil imaginar Dulce sentada no fundo do salão, com o queixo apoiado sobre a mão, os lábios curvados em um sorriso e um brilho sonhador no olhar. De fato, ela conseguira invadir um de seus bens mais preciosos: a música. E ele estava se sentindo pro­fundamente irritado com isso.


O Delta era um de seus refúgios. Havia noites em que ele viajava de carro de Connecticut a Nova York só para subir no palco com André e tocar até que toda sua tensão desaparecesse por meio da música.


Então voltava para casa ou, se já. fosse muito tarde, apenas se acomodava em um sofá no fundo do Delta e dormia até a manhã. Ninguém o abor­recia no clube ou esperava que ele desse mais do que queria dar.


Mas depois que Dulce estivera ali, seu olhar insistia em se voltar para a mesa que ela havia ocupado, enquanto ele se flagrava imaginando se ela não estaria ali, observando-o com aqueles olhos de pantera.


- Rapaz - disse André, tomando um gole de água da garrafa deixada ao lado do piano -, você está mesmo esquisito esta noite.


- Sim, acho que sim.


- Geralmente, quando um homem fica com essa expressão, é porque há alguma mulher en­volvida na história.


Christopher balançou a cabeça, negando o fato mais para si mesmo do que para o amigo.


- Não, não há nenhuma mulher. Estou preo­cupado com o trabalho.


André se limitou a dar de ombros enquanto Christopher levava o sax novamente aos lábios. - Se é o que você diz...


Christopher chegou em casa às três horas da manhã, preparado para bater à porta do apartamento de Dulce e exigir silêncio. Por isso, foi um alívio chegar e descobrir que a festa havia terminado. Não se ouvia nenhum ruído vindo do apartamento dela.


Entrou em casa, trancou a porta e prometeu a si mesmo que aproveitaria ao máximo aquele mo­mento de paz. Depois de preparar um café forte, acomodou se novamente diante do computador, preparando-se para entrar na mente das perso­nagens que estavam arruinando suas próprias vi­das por não conseguirem seguir os impulsos de seus corações.


O sol já estava alto quando ele parou de tra­balhar, depois que o súbito surto de energia cria­tiva que se apoderara de sua mente finalmente se desvaneceu. Concluiu que aquele fora o pri­meiro trabalho mais consistente que ele consegui­ra realizar na última semana, e decidiu comemo­rar isso caindo sobre a cama com a mesma roupa com que estava vestido.


Não demorou muito para começar a sonhar. Um belo rosto com expressivos olhos verdes se apo­derou da maioria das imagens que surgiram em meio a seu estado onírico. E juntamente com ele, uma voz insistente que parecia não parar mais de falar.


Por que tudo tem de ser tão sério?, ela pergun­tou, rindo ao deslizar a mão sobre o peito dele.


Porque a vida é um negócio sério.


Mas esse é apenas um dos lados da moeda. E há muitas e muitas moedas em nossa vida. Não vai dançar comigo?


Ele já estava dançando. Estavam no Delta, e embora o clube estivesse vazio, havia música no ar. Uma música suave e sensual.


Não vou ficar de olho em você. Não conseguirei fazer isso.


Mas você já está.


Christopher apoiava o queixo no alto da cabeça dela. Quando ela inclinou a cabeça para trás e mordis­cou-lhe o queixo com sensualidade, ele sentiu um arrepio pelo corpo.


Ficar de olho em mim não é tudo que você quer fazer comigo, não é?


Eu não quero você.


Ouviu-se uma risada leve como o ar.


Acha que adianta negar isso até mesmo em seus sonhos? Pode fazer o que quiser comigo em seus sonhos. Não fará diferença.


Eu não quero você, ele repetiu, já deitando-se com ela sobre o chão.


Christopher acordou ofegante e suando, enrolado en­tre os lençóis. Depois de alguns segundos, quando sua mente finalmente começou a clarear, não con­teve o riso.


Dulce era mesmo uma ameaça, concluiu. De fato, a única coisa que parecera mais sensata em seu sonho erótico fora o detalhe de ele repetir que não a queria.


Depois de passar as mãos pelo rosto, olhou para o relógio ainda em seu pulso. Já passava das qua­tro horas da tarde, e foi somente então que ele se deu conta de que aquela fora a primeira vez que ele conseguiria dormir por oito horas na úl­tima semana. Que culpa tinha ele, se seu relógio biológico andava meio maluco?


Ao chegar à cozinha, notou que teria de descer e comprar algo para comer. Tomou um banho e se barbeou pela primeira vez, depois de três ou quatro dias sem fazê-lo.


Pensou em comer algo fora, para ter uma re­feição decente. Quem sabe assim teria mais ânimo de enfrentar o horror de ter de fazer compras e ver todas aquelas pessoas armazenando carrinhos e mais carrinhos de comida no mercado.


Já vestido e sentindo-se mais bem-disposto, abriu a porta.


Dulce abaixou a mão que havia acabado de le­vantar para tocar a campainha.


- Graças a Deus que você está em casa.


Christopher não conseguiu deixar de se lembrar do sonho que tivera havia poucas horas.


- O que foi?


- Você precisa me fazer um favor.


- Não, não preciso não.


- Mas é uma emergência! - Ela o segurou pelos braços antes que ele pudesse se afastar. - E uma questão de vida ou morte! A minha vida e muito provavelmente a morte de Johnny, sobrinho da sra. Wolinsky. Sim, porque um de nós vai morrer se eu tiver de sair com ele! Foi por isso que eu disse a ela que já tinha um encontro esta noite.


- E você acha que eu tenho algo a ver com isso porque...


- Oh, não seja ranzinza justo agora, Uckermann. Não está vendo que sou uma mulher desespera­da?! Ouça, ela não me deu tempo de pensar, e eu sou péssima com mentiras. Quero dizer, não minto com muita freqüência, por isso não consigo mentir direito. Ela ficou insistindo em perguntar com quem eu ia sair, e eu não consegui pensar em ninguém mais a não ser você.


Dulce continuou de pé bem diante dele, impe­dindo-o de sair. Christopher respirou fundo, tentando se manter paciente.


- Vamos deixar uma coisa bem clara, está bem? - disse a ela. - Isso não é problema meu.


- Não, eu sei que é meu. E com certeza teria inventado uma coisa melhor se ela não houvesse me pegado de surpresa, enquanto eu estava tra­balhando e pensando em outra coisa. - Deses­perada, Dulce passou a mão pelos cabelos.


- Ela vai ficar me vigiando, entende? Vai querer se cer­tificar de que eu vou mesmo sair com alguém.


Dizendo isso, começou a andar de um lado para outro massageando as têmporas, como que para estimular os pensamentos. Christopher aproveitou o momento de distração de Dulce e começou a seguir em frente pelo corredor.


- Ouça, tudo que terá de fazer será me acom­panhar para fora do prédio fingindo ser alguém que está interessado em mim - falou ela, atrás de Christopher.


- Poderemos tomar um café, ou algo do gênero, e passar algumas horas fora an­tes de voltarmos. Sim, porque ela também vai saber se não voltarmos juntos. Aquela mulher sabe de tudo! Prometo que lhe pagarei cem dó­lares por isso.


Ouvir aquilo o fez parar de repente.


- Quer me pagar para que eu saia com você?


- Não é bem assim, mas é quase - admitiu Dulce. - Sei que o dinheiro lhe será útil, e acho justo compensá-lo pelo tempo que você vai gastar. Cem dólares, Uckermann, por algumas horas. Ah, e eu pagarei o café.


Christopher se encostou na parede e ficou obser­vando-a. A idéia parecia tão absurda que chegava a ser cômica.


- Nem um pedaço de torta? - perguntou a ela. A risada de Dulce foi de puro alívio. - Torta? Você quer torta? Pois terá sua torta.


- Onde está ele? - indagou Christopher, olhando para o bolso dela.


- Ele? Ah... o dinheiro? Espere um pouco aqui.


Dulce entrou no apartamento e Christopher pôde ouvi-la andando de um lado para outro, abrindo e fechando gavetas e armários.


- Deixe-me apenas me arrumar um pouco - disse ela, lá de dentro.


- O cronômetro está correndo, garota.


- Tudo bem, tudo bem. Onde diabos está mi­nha... A-ha! Dois minutos, só dois minutos. Não quero que ela fique dizendo por aí que saio com rapazes sem nem mesmo passar batom.


Christopher teve de admitir: quando ela dizia dois minutos realmente eram dois minutos. Quando voltou, dois minutos depois, estava usando um par de sandálias de salto alto, batom cor-de-rosa e um par de brincos de argola. Segundo ele pôde notar, quando ela lhe entregou o dinheiro, os brin­cos continuavam não combinando. Devia ser uma questão de preferência mesmo, concluiu ele. Uma "inusitada preferência pelo absurdo".


- Ficarei muito agradecida por isso - disse Dulce.


- Sei que a situação deve estar parecendo ri­dícula, mas é que não tenho coragem de magoá-la.


- Se os sentimentos da mulher valem cem dó­lares para você, tudo bem. - Christopher deu de om­bros.


- E melhor para mim - acrescentou, guar­dando o dinheiro no bolso de trás da calça. - Agora vamos. Estou faminto.


- Oh, quer jantar? Também posso lhe pagar um jantar. Há um restaurante ótimo no final da rua, onde eles servem massas deliciosas. Tudo bem, vamos começar o teatrinho agora - avisou ela, enquanto se encaminhavam para a saída do prédio.


- Finja que não sabe que está sendo ob­servado por ela. Aja naturalmente e segure minha mão, está bem?


- Por quê?


- Ah, pelo amor de Deus, Uckermann! - res­pondeu ela por entre os dentes, entrelaçando os dedos com firmeza entre os dele e sorrindo com ar sonhador. - Estamos saindo para um encontro, lembra-se? Nosso primeiro encontro. Faça um es­forço e finja que está se divertindo.


- Mas você só me deu cem dólares.


A ironia fez Dulce dar uma gargalhada.


- Puxa, você é mesmo "durão", 3B. Vamos sa­borear uma refeição quente e ver se isso melhora seu humor.


De fato, melhorou e muito. Seria preciso ser um sujeito muito mais mal-humorado do que ele para conseguir resistir ao apelo de uma enorme travessa cheia de espaguete com almôndegas, alia­da à esfuziante companhia de Dulce.


- Maravilhoso, não é mesmo?! - falou ela, gos­tando de vê-lo saborear o prato com tanta empolgação.


Provavelmente o coitado não tinha uma refeição decente havia semanas, pensou ela, lembrando-se do apartamento vazio. Talvez ele estivesse mesmo com dificuldades financeiras.



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Autor(a): theangelanni

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 2103



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  • dayvondy99 Postado em 13/02/2015 - 16:04:42

    Amei a web! Amei tbm o jeito arrogante e sexy do Uckermann do 3B kkkkkkkk... seria bom uma 2°tempora ja que a web permite isso. Bjs :* ;D

  • jessikavon Postado em 01/11/2009 - 14:58:53

    Q mara posta a nova logo...adoreiiii

  • jessikavon Postado em 01/11/2009 - 14:58:52

    Q mara posta a nova logo...adoreiiii

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:51:45

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:51:43

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:51:40

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:51:26

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:50:50

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:50:48

    amei!!! *-*

  • natyvondy Postado em 01/11/2009 - 13:50:45

    amei!!! *-*


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