Fanfics Brasil - * Senhora *

Fanfic: * Senhora *


Capítulo: 11? Capítulo

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- Aqui está a minha, rubricada pelo tribunal do comércio e competentemente selada, com todas as formalidades legais. Ah! Ah! Ah!... Então, meu amigo, que manda a seu serviço?


 


- O Sr. Ramos mantém a proposta que me fez anteontem em minha casa? - Perguntou Christopher. Damián fingiu que refletia.


 


- Um dote de cem mil cruzeiros no ato do casamento, é isto?


 


- Resta-me conhecer a pessoa.


 


- Ah! Este ponto parece-me que o deixei bem claro. Não tenho autorização para declarar, senão depois de fechado o nosso contrato.


 


- O senhor nada me disse a esse respeito.


 


- Estava subentendido.


 


- Qual a razão desse mistério? Faz suspeitar algum defeito - observou Christopher.


 


- Garanto-lhe que não; se o enganar, o senhor está desobrigado.


 


- Ao menos pode dar-me algumas informações?


 


- Todas.


 


Christopher dirigiu ao velho uma série de interrogações acerca de idade, educação, nascimento e outras circunstâncias que lhe interessavam. As respostas não podiam ser mais favoráveis.


 


- Aceito, concluiu o moço.


 


- Muito bem.


 


- Aceito; mas com uma condição.


 


- Sendo razoável.


 


- Preciso de vinte mil cruzeiros até amanhã sem falta.


 


O velho saltou na cadeira. Este caso o apanhava de surpresa.


 


- Meu amigo, se dependesse de mim... Mas o senhor sabe que neste negócio eu sou apenas um procurador oficioso. Não tenho ordem para adiantar a menor quantia. Quanto ao dote depois de realizado o casamento, este sim, garanto.


 


- Não pode emprestar-me sobre essa garantia?


 


Ao Damián escapou uma careta que ele procurou disfarçar.


 


- Tem razão - observou Christopher sem alterar-se. - V. S. não me conhece, Sr. Ramos; e a posição em que me coloquei dando este passo, não é própria de certo para inspirar confiança.


 


- Não é isso, homem - acudiu o velho ainda um tanto atrapalhado; mas é que há viver e há morrer.


 


- Desculpe-me o incômodo que lhe dei, - tornou o moço fazendo um cumprimento de despedida.


 


O negociante estava tão atarantado e perplexo que não correspondeu à cortesia de Christopher, e o viu sair do escritório, indeciso sobre o que devia fazer.


 


- Para que diabo quererá este marreco os vinte mil cruzeiros? Aposto que anda aqui volta do Alcazar. O rapaz está caído por alguma das tais francesinhas; e elas que são umas jibóias!... Finas como um alhambre, mas capazes de engolir um homem!... Que dirá a isso a senhora minha pupila? Estará disposta a correr todos os riscos e perigos da transação?


 


Neste ponto de seu monólogo, o velho recobrando sua petulante agilidade, deu uma corrida à porta do armazém, onde ainda chegou a tempo de avistar o moço, que afastava-se a passos lentos, pensativo e de cabeça baixa.


 


- Oh! Sr. Christopher!... Faz favor!


 


- Chamou-me?


 


O negociante adiantara-se alguns passos na rua para ir ao encontro do moço.


 


- É só uma pergunta! - Foi logo dizendo o velho para não incutir vã esperança. - Se recebesse os vinte mil cruzeiros, ficava fechado de uma vez o nosso ajuste?


 


- Sem dúvida! Já o declarei.


 


- Não tínhamos mais objeção de qualquer espécie, nem essas patranhas de honra e dignidade com que andam por aí uns certos sujeitos a embaraçar os outros. Negócio decidido; sem olhar à fazenda, quero dizer, à pequena?


 


- Sendo ela como o senhor assegurou...


 


- Está visto! Escute, não prometo nada; mas espere-me amanhã em sua casa, que eu lá estarei por volta das nove.


 


Damián aviou uns negócios; muniu-se de uma folha de papel selado de vinte cruzeiros; e depois de jantar deu um pulo às Laranjeiras. Dulce estava lendo na sala de conversa; mas o estilo de George Sand não conseguia nesse momento cativar-lhe o espírito que às vezes batia as asas, e lá se ia borboleteando pelo azul de uma sesta amena. Quando lhe anunciaram o Damián, ela sobressaltou-se; e o tremor agitou as róseas asas da narina, revelou a comoção interior.


 


- Uma pequena dificuldade ocorreu naquele nosso negócio, é o que me traz.


 


- Qual foi?


 


- O Christopher...


 


- Já lhe pedi que não pronunciasse este nome - disse a moça com um modo austero.


 


- É verdade! Desculpe-me, Dulce, a precipitação... Ele exige vinte mil cruzeiros à vista, até amanhã, sem o que não aceita.


 


- Pague-os!


 


A moça proferiu esta palavra com aquele timbre sibilante que em certas ocasiões tomava sua voz, e que parecia o rangir do diamante no vidro. Cobria-se-lhe o semblante de uma palidez mortal; e por momentos parecia que a vida tinha abandonado aquele formoso vulto, congelado em uma estátua de mármore.


 


Não percebeu Damián esse profundo confrangimento, atrapalhado como estava a tirar do bolso uma das folhas de papel selado que estendeu sobre a mesa, alisando-a com as palmas das mãos. Depois molhando a pena, apresentou-a a moça:


 


- Uma ordenzinha!


 


Dulce sentou-se à mesa e traçou com uma letra miúda de talhe oblíquo algumas linhas.


 


- Para que pede ele este dinheiro? - Perguntou a menina enquanto escrevia.


 


- Não me quis dizer; mas eu suspeito; e tratando-se de uma união, de que depende o seu futuro, Dulce, não devo ocultar coisa alguma.


 


- É um favor, que lhe agradeço.


 


- Não tenho certeza; mas desconfio que é uma rapaziada. O nosso José Clemente fez um palácio para guardar os doidos, mas vieram os meus francesinhos e inventaram o tal Alcazar que é uma casa de fazer doidos; de modo que eles já não cabem na Praia Vermelha.


 


Dulce mordia a extremidade da caneta, cujo marfim escurecia entre os dois rocais de seus dentes de pérola.


 


- Não importa!


 


E assinou a ordem.


 


No dia seguinte à hora aprazada estava o Damián em casa do Christopher. O negociante tirou do bolso a seguinte folha de papel selado.


 


- Temos que passar primeiro um recibozinho.


 


- Em que termos?


 


Depois do uma pequena discussão em que os escrúpulos de Christopher relutaram contra a imposição da necessidade, assinou o moço contrariado esta declaração:


 


“Recebi do Ilmo. Sr. Antonio Joaquim Ramos a quantia de vinte mil cruzeiros como avanço do dote de cem mil cruzeiros pelo qual me obrigo a casar no prazo de três meses com a senhora que me for indicada pelo mesmo Sr. Ramos; e para garantia empenho minha pessoa e minha honra.”


 


Depois de verificar que o recibo estava em regra, Damián contou com destreza de um cambista o maço de notas que trazia e o entregou ao moço recolhendo uma das cédulas:


 


- Dezenove mil novecentos e oitenta cruzeiros... com vinte de selo... - Christopher recebeu o dinheiro com tristeza.


 


- Maganão feliz!...


 


Soltando a sua implicante risadinha, Damián fez duas piruetas, deu três saltinhos, beliscou a coxa de seu interlocutor e desceu a escada como uma bola de borracha aos ricochetes.



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Autor(a): Bela

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IX     Christopher era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição. Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • anilorakk Postado em 13/09/2009 - 15:23:59

    Oiii

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  • dulvonuckermann Postado em 11/09/2009 - 15:27:55

    to amando a adaptação tambem é meu livro favorito. jose de alencar é meu escritor romancista favorito, posta maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!!!!
    passa nas minhas web's tambem; atraidos pelo destino, tudo que precisa saber: te amo! e quem sabe. te espero la bjks!

  • bela Postado em 10/09/2009 - 15:30:42

    é simm ... é o meu livro favorito!
    continua lendo e comentando ...
    bjinhos

  • dulvonuckermann Postado em 10/09/2009 - 15:21:51

    oi bela, esse web é uma adaptação não é? já li o livro e é lindo! posta mais concerteza vou ler essa nova versão, bjks!


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