Fanfic: * Senhora *
Christopher afastou-se. Essa mulher humilhava-o Desde a noite de sua chegada que sofrera a desagradável impressão. Refugiava-se na indiferença, esforçava-se por combater com o desdém a funesta influência, mas não o conseguia. A presença de Dulce, sua esplêndida beleza, era uma obsessão que o oprimia. Quando, como agora, a tirava da vista fugindo-lhe, não podia arrancá-la da lembrança, nem escapar à admiração que ela causava e que o perseguiu nos elogios proferidos a cada passo em torno de si.
No Cassino, Christopher tivera um reduto onde abrigar-se dessa cruel fascinação. Ocupara-se de Adelaide, que então ainda o tratava como noivo; e desfizera-se em atenções e requestes, para não deixar presa à preocupação. Nessa noite, porém, obrigado a afastar-se da moça, com quem estavam rôtas suas relações, ele não sabia o que fizessem e pensava em retirar-se aterrado com a idéia de tornar-se o ludíbrio daquela mulher fatal, quando ouviu uma voz que o agitou. Ao voltar-se tinha diante de si Dulce pelo braço de Torquato Ribeiro; e Adelaide conduzida por Alfredo Moreira. Christopher quis retirar-se; mas estava em uma estreita saleta, e um grupo de senhoras impedia-lhe a passagem.
- Proponho-lhe uma troca, D. Adelaide.
- Qual é, D. Dulce?
- Troquemos os pares. Aceita? - Adelaide corou observando timidamente:
- Podem ofender-se.
- Não tenha susto.
Dulce deixou o braço de Torquato e tomou o do Moreira que exultou como se imagina.
- Esta troca é paga da outra que fizemos, ou que fizeram por nós; ouviu,
D. Adelaide?
Soltando estas palavras com um riso argentino, Dulce perpassou pelo semblante de Christopher o olhar sarcástico e imperioso. Christopher saiu desesperado. Compreendera que Dulce escarnecia da repulsa que ele sofrera, e triunfara com seu infortúnio. Esta irrisão depois dos transtornos econômicos fez-lhe o efeito de um cautério aplicado ao talho.
Lembrou-se da moça dos cem mil cruzeiros, que lhe haviam proposto na véspera. Para ostentar sua riqueza nos salões, diante dessa mulher enfatuada de seu ouro, valia a pena casar-se, ainda mesmo com uma sujeita feia e talvez roceira. A roça é o viveiro de noivas ricas onde se provê a mocidade elegante da corte; daí vinha a suposição de Christopher.
No outro dia, depois de uma insônia atribulada, Christopher recapitulando as contrariedades com que o recebera a sua corte predileta, depois de uma ausência prolongada, chegou a esta dolorosa conclusão: que estava arruinado. Pobre, desacreditado, reduzido a vida de expedientes, com a sua carreira cortada, que futuro era o seu? Não lhe restava senão resignar-se à vegetação de emprego público com a ridícula esperança de alforria lá para os cinqüenta anos, sob a forma de mesquinha aposentadoria.
Esta perspectiva o horrorizava. Entretanto sua posição nada tinha de assustadora. Com um pouco de resolução para confessar à mãe as suas faltas, e algumas perseveranças em repará-las, podia ao cabo de dois anos de uma vida modesta e poupada restabelecer a antiga abastança. Mas esta coragem é que não tinha Christopher . Deixar de freqüentar a sociedade; não fazer figura entre a gente do tom; não Ter mais por alfaiate o Raunier, por sapateiro o Campas, por camiseira a Cretten, por perfumista o Bernardo? Não ser de todos os divertimentos? Não andar no rigor da moda?
Eis o que ele não concebia. Sentia-se com ânimo para matar-se, mas para tal degradação reconhecia-se pusilânime. Este pânico da pobreza apoderou-se de Christopher, e depois de trabalhá-lo o dia inteiro, levou-o na manhã seguinte à casa de Lemos, onde se efetuou a transação, que ele próprio havia qualificado, não pensando que tão cedo havia de tornar-se réu dessa indignidade. A uma justiça, porém, tem ele direito. Se previsse os transes por que ia durante a realização do mercado, e especialmente no ato de assinar o recibo, talvez se arrependesse. Mas arrastado de concessão em concessão, a dignidade abatida já não podia reagir.
Três dias depois daquele em que recebera os vinte mil cruzeiros, achou
Christopher ao recolher-se um recado do tal Ramos nestes termos:
“Prepare-se, que amanhã às 7 da noite vou buscá-lo para a apresentação.”
No dia seguinte, à hora marcada, com pontualidade mercantil, parava à porta do sobradinho da rua do Hospício um carro, no qual poucos momentos depois seguia o Damiám a caminho das Laranjeiras com o noivo que ele havia negociado para sua pupila. Durante rápido trajeto, o velho divertiu-se em meter sustos no rapaz acerca da noiva, a quem sorrateiramente ia emprestando certos senões, a pretexto de os desculpar. Ora dava a entender que a moça tinha um olho de vidro; ora inculcava que era uma perfeita roceira, a qual o marido devia depois do casamento mandar para o colégio. Tão depressa intentava o negociante suas pilhérias, como as destruía com o comando repique de riso, batendo três palmadinhas na perna de seu companheiro.
- Ficou passado, hein, managão!... Qual roceira! Esteja descansado! Não precisa de colégio; se ela já é uma academia! Tome meu conselho; trate de estudar, senão o senhor faz má figura! Eh! Eh! Eh!...
Christopher não prestava atenção às facécias do velho, seu espírito estava nesse momento oprimido pela dolorosa convicção que tinha, do abatimento e vergonha de sua posição. Agora, sobretudo, ao começar a realização do mercado que ele havia feito de sua pessoa, quando ia encontrar-se com a mulher a quem se alienara sem a conhecer, e em troca de um dote; agora é que toda a humilhação desse procedimento se lhe desenhava com as cores mais carregadas.
O carro acabava de parar. O velhinho saltando ágil e lépido bateu no chão com os pés a fim de consertar as calças que haviam subido pelos canos das botas. Escuso preveni-lo observou Damián, de que a pequena nada sabe, nem suspeita. Por enquanto não dê a perceber.
Autor(a): Bela
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 7
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anilorakk Postado em 13/09/2009 - 15:23:59
Oiii
genteeee !
Passem lá na minha web?? =)
- Nossa História -DyC(romance)
http://www.e-novelas.com.br/?q=webnovela&id=3933
Obrigada. ;)
P.S: Perdão a propaganda !
=* -
css Postado em 11/09/2009 - 17:57:19
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BJO e agradeço por terem pelo menos lido meu comentário. http://www.e-novelas.com.br/?q=webnovela&id=3619 -
css Postado em 11/09/2009 - 17:56:50
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css Postado em 11/09/2009 - 17:56:27
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dulvonuckermann Postado em 11/09/2009 - 15:27:55
to amando a adaptação tambem é meu livro favorito. jose de alencar é meu escritor romancista favorito, posta maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!!!!
passa nas minhas web's tambem; atraidos pelo destino, tudo que precisa saber: te amo! e quem sabe. te espero la bjks! -
bela Postado em 10/09/2009 - 15:30:42
é simm ... é o meu livro favorito!
continua lendo e comentando ...
bjinhos -
dulvonuckermann Postado em 10/09/2009 - 15:21:51
oi bela, esse web é uma adaptação não é? já li o livro e é lindo! posta mais concerteza vou ler essa nova versão, bjks!