Fanfics Brasil - * Senhora *

Fanfic: * Senhora *


Capítulo: 9? Capítulo

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- Desculpe-me, V.S., se o procuro logo no dia seguinte ao da sua chegada, quando ainda deve estar fatigado da viagem; mas o assunto que me traz é de sua natureza urgentíssimo.


 


- Estou pronto a ouvi-lo com toda a atenção.


 


- É negócio importante que exige a maior reserva e discrição.


 


- Pode contar com ela.


 


O Damián bamboleou-se na cadeira com sua frenética alacridade e prosseguiu:


 


- Trata-se de uma moça, sofrivelmente rica, bonitona, a quem a família deseja casar quanto antes. Desconfiando desses peralvilhos que por aí andam a farejar dotes, e receando que a menina possa de repente enfeitiçar-se por algum dos tais bonifrates, assentou de procurar um moço sisudo, de boa posição, embora seja pobre; porque são justamente os pobres que sabem melhor o valor do dinheiro, e compreendem a necessidade de poupá-lo, em vez de atirá-lo pela janela fora como fazem os filhos dos ricaços.


 


Damián fitou os olhinhos de azougue no semblante do Uckermann.


 


- Fui encarregado por essa família que me honra com sua amizade de procurar a pessoa que se deseja, e minha presença aqui, neste momento, significa que tive a fortuna de encontrá-la.


 


- Sua escolha devia lisonjear-me o amor próprio, se o tivesse, Sr. Ramos; porém há de compreender que não posso aceder...


 


- Perdão; em negócio tenho o meu sistema. Faço a proposta com lisura, sem omitir os encargos e as vantagens, porque não costumo regatear. O outro pensa, e aceita se lhe convém.


 


- Já vejo que é um verdadeiro negócio que me propõe? Observou Christopher com ironia cortês.


 


- Sem dúvida! - Atestou o velho. - Mas ainda não disse tudo. A pequena é rica bastante e dota o marido com cem mil cruzeiros em moeda sonante.  - Como Christopher se calasse:


 


- Agora V.S. me dirá se posso levar uma boa decisão?


 


- Nenhuma!


 


- Como assim? Nem recusa, nem aceita?


 


- Sua proposição, Sr. Ramos, permita-me esta franqueza, não é séria,  - disse o moço com a maior urbanidade.


 


- Porque razão?


 


- Antes de tudo cumpre-me declarar-lhe que estou de algum modo comprometido e embora não haja um ajuste formal, todavia não poderia dispor livremente de mim.


 


- Os compromissos rompem-se dum momento para outro.


 


- É exato; às vezes ocorrem circunstâncias que desatam as mais solenes obrigações. Mas entre as razões que movem a consciência, não se conta o interesse; ele daria ao arrependimento a feição de uma transação.


 


- E o que é a vida, no fim de contas, senão uma contínua transação do homem com o mundo? - Exclamou Damián.


 


- Não vejo ainda a vida por esse prisma. Compreendo que um homem sacrifique-se por qualquer motivo nobre, para fazer a felicidade de uma mulher, ou de entes que lhe são caros; mas se o fizer por um preço em moeda, não é sacrifício, mas tráfico.


 


O Damián  insistiu com todos os recursos da dialética materialista que ele manejava habilmente. Não conseguiu, porém, desvanecer os escrúpulos do moço que o ouvia com afabilidade, mantendo-se inflexível na negativa.


 


- Bom, - resumiu o velho. - Não são negócios que se resolvem assim de palpite. O Sr. Uckermann pensará, e se como eu espero decidir-se, me fará o favor de prevenir. Vou deixar-lhe minha morada...


 


 


- Agradeço, mas para esse objeto é inútil - observou Uckermann.


 


- Ninguém sabe o que pode acontecer!


 


O velho escreveu a lápis a rua e o número de sua casa numa folha da carteira que deixou sobre o consolo. Meia hora depois, Uckermann descia a rua do Ouvidor em busca do hotel de Europa, onde ia almoçar à fidalga, pela volta do meio dia. De caminho encontrava os camaradas e conhecidos que o festejavam, pedindo-lhe novas da viagem e dando-lhe as mais frescas da corte. Entre estas figurava a aparição de Dulce Saviñón, que datava de meses, mas era ainda o grande sucesso do mundo mexicano.


 


Havia nessa noite teatro lírico. Cantava Lagrange no Rigoletto. Uckermann, depois de um exílio de oito meses, não podia faltar ao espetáculo. Às oito horas em ponto, com o fino binóculo de marfim na mão esquerda calçada por macia luva de pelica cinzenta, e o elegante sobretudo no braço, subia as escadas do lado par. No patamar encontrou Alfredo Moreira com quem de véspera apenas falara de relance no Cassino.


 


- Ontem não sei onde te meteste, Uckermann, cansei de procurar-te!


 


- Pois andava bem perto de ti. É que estavas ontem muito encadeado, - respondeu Uckermann a sorrir.


 


- É verdade! Que mulher, Uckermann! Não imaginas. Olhas de longe e vês um anjo de beleza, que te fascina e arrasta a seus pés, ébrio de amor. Quando lhe tocas, não achas senão uma moeda, sob aquele esplendor. Ela não fala; tine como o ouro. Era para apresentar-te que eu te procurei. Ei-la que chega!


 


Esta última exclamação, Alfredo soltou-a avistando um carro que nesse momento parara à porta. Efetivamente dele saltou Dulce, que se dirigiu acompanhada de D. Firmina a seu camarote na segunda ordem. Envolvia-a desde a cabeça até aos pés um finíssimo e amplo manto de alva caxemira, que apenas descobria-lhe o fino rosto à sombra do capuz e uma orla do vestido azul.


 


Era preciso ter a suprema elegância de Dulce para dentre esse envolto singelo e fofo, desatar o talhe dum garbo encantador. Ela parou justo em frente dos dois moços, voltando-lhes as costas, à espera de D. Firmina, que se demorara a descer do carro.


 


- Não é uma beleza? - Perguntou Moreira ao camarada, em tom de ser ouvido.


 


- Deslumbrante! - Respondeu Uckermann - mas para mim é uma beleza de espectro! Não entendo! É a imagem de uma mulher a quem amei, e que morreu. Esta semelhança me repele! Dulce ficou impassível.


 


Moreira que se adiantara para cortejá-la pensou que o amigo tinha razão. Efetivamente havia alguma coisa de fantástico, naquela fronte lívida e cintilante. D. Firmina se aproximara. A moça retribuindo com um afável cortejo ao cumprimento do Alfredo passou como se não se apercebesse de Christopher, e subiu à segunda ordem.



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Autor(a): Bela

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VIII     Damián voltara satisfeito com o resultado da sua exploração. Era o velho um espírito otimista, mas à sua maneira; confiava no instinto infalível de que a natureza dotou o bípede social para farejar seu interesse e descobri-lo. Tinha, pois como impossível que um moço, em seu perfeito ju&iacut ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • anilorakk Postado em 13/09/2009 - 15:23:59

    Oiii

    genteeee !

    Passem lá na minha web?? =)

    - Nossa História -DyC(romance)
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    Obrigada. ;)

    P.S: Perdão a propaganda !
    =*

  • css Postado em 11/09/2009 - 17:57:19

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  • css Postado em 11/09/2009 - 17:56:50

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  • css Postado em 11/09/2009 - 17:56:27

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  • dulvonuckermann Postado em 11/09/2009 - 15:27:55

    to amando a adaptação tambem é meu livro favorito. jose de alencar é meu escritor romancista favorito, posta maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!!!!
    passa nas minhas web's tambem; atraidos pelo destino, tudo que precisa saber: te amo! e quem sabe. te espero la bjks!

  • bela Postado em 10/09/2009 - 15:30:42

    é simm ... é o meu livro favorito!
    continua lendo e comentando ...
    bjinhos

  • dulvonuckermann Postado em 10/09/2009 - 15:21:51

    oi bela, esse web é uma adaptação não é? já li o livro e é lindo! posta mais concerteza vou ler essa nova versão, bjks!


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