E a oito mil quilômetros de distância dele.
Alfonso suspirou.
Uma pequena distância entre eles não tivera nada a ver com sua decisão. Anahí não deveria estar ali para que ele pudesse vê-la. Sentir seu perfume delicado, único. Saber que ela passara a noite a alguns passos de seu próprio quarto.
Droga praguejou Alfonso, saindo do terraço e indo para a sala.
Esse era precisamente o tipo de bobagem que o levara àquela situação. Como podia raciocinar com clareza quando Anahí correspondera aos seus beijos com tanto ardor? Fazendo-o sentir como se ele fosse o único homem que importava... Que era de fato importante para ela.
Que Anahí estava se tornando importante para ele.
Alfonso foi para a cozinha e jogou o resto do café na pia.
Por que pensar sobre essas coisas ridículas? Ela era linda, inteligente e incrível na cama. Fim da história.
O fato de que Anahí ainda podia afetá-lo não era bom. Alfonso estreitou os olhos.
Correspondendo aos seus beijos mesmo enquanto o encarava com expressão desafiadora. Tremendo em seus braços e insistindo que não queria nada dele após contar-lhe sobre o filho...
Onde isso tudo o levara? Alfonso lidava com problemas todos os dias de sua vida. Era assim que tinha ajudado a transformar a Herrera`s numa companhia de investimento mundial, respeitada e sólida, mesmo durante a crise econômica atual.
Era hora de começar a tomar algumas atitudes inteligentes, a começar por instalar Anahí e a criança em qualquer outro lugar. O corretor de imóveis que lhe conseguira a cobertura conhecia seu gosto, suas necessidades e, mais importante, era discreto. Então este seria o primeiro passo. Encontrar um lugar para Anahí morar. Sam Cohen certamente concordaria. Não que Alfonso fosse envolver seu amigo e advogado até que começasse a agir. Caso contrário, teria de admitir que Sam tinha um cliente tolo.
Alfonso deu um pequeno sorriso. Ligaria para Sam mais tarde, marcaria uma hora, combinaria sobre os exames necessários, estabeleceria um fundo financeiro temporário, ou de longo prazo, se esse fosse o caso. Finalmente, não aceitara o fato de que qualquer coisa era possível?
Por nenhuma razão discernível, uma imagem de Anahí se formou em sua mente.
Os olhos grandes. A boca adorável. O sorriso encantador. E a honestidade dela durante todo o tempo que passaram juntos, começando na primeira vez em que Alfonso lhe telefonara.
"É Alfonso Herrera - dissera ele. Então, porque estava desesperado para vê-la, havia ido direto ao ponto: - Estarei aí às 8h. Vou levá-la para jantar.
— Perdi alguma coisa? - perguntara ela com uma risada. - Quando, exatamente, você me convidou para sair?
– Eu não convidei. Por que faria isso se é algo que ambos queremos?
Ele a ouvira arfar. Então:
– Sim. E apenas aquele "sim" falado numa voz baixa e sexy havia enchido o coração de Alfonso de alegria."
Anahí era honesta desde as pequenas coisas até as grandes.
Diferentemente das outras mulheres que Alfonso conhecia... que sempre concordavam com sua opinião para agradar... ela lhe contara que torcia pelo Jets quando ele lhe dissera que torcia pelo Giants.
Anahí comia com gosto, desde um cachorro-quente repleto de recheios até lagosta com as mãos, acabando com o queixo sujo, que ele tinha de limpar com beijos.
Era sincera e aberta sobre tudo.
Especialmente na cama.
A paixão, a ansiedade quando ele a tocava, quando lhe provocava os seios, quando saboreava o botão perfeito entre as coxas... era tudo tão doce, tão intenso, tão incrível que abalava o mundo de Alfonso.
E quando ela acariciava seu sexo, envolvendo-o nas mãos e na boca...
Alfonso suspirou, irritado.
Nada disso significava que devia acreditar, sem provas, que aquela criança era sua, pensou friamente.
Precisava entrar em ação. Primeiro, um banho. Depois, telefonaria para seu corretor de imóveis. Então, bateria à porta do quarto de Anahí e lhe explicaria que tinha traçado um plano.
Ele já se sentia melhor.
De banho tomado, barbeado, vestido em jeans desbotado e camiseta azul-marinho, alfonso se dirigiu à cozinha.
Tinha perdido a noção dos dias e das horas. Era hora do café da manhã ou do almoço? Não sabia e não se importava. Estava com fome. Havia comido um sanduíche no avião, mas isso parecia fazer muito tempo. Anahí também não comera nada durante o voo.
Ele cozinharia alguma coisa para os dois. Então iria acordá-la.
Franziu o cenho quando abriu a geladeira. As prateleiras estavam vazias, exceto pelas coisas de que precisava. Ovos, pão e manteiga. Uma caixa de leite fechada. Havia um pedaço de cheddar na porta. Alfonso não era o melhor cozinheiro do mundo, mas sabia fazer uma boa omelete, torradas e café. E para o bebê...
O que bebês pequenos assim comiam? Leite em pó? Papinhas em potinhos com uma aparência horrível? Não que isso fosse problema seu. Anahí tinha preenchido uma sacola com o que chamara de "coisas do bebê". Certamente haveria alimentos para ele lá dentro.
Alfonso pegou os ovos, o leite, a manteiga, o queijo...
E hesitou.
Como a casa podia estar tão silenciosa? Ele estivera andando no andar de cima e fazendo barulho por horas. Anahí deveria estar exausta, mas e quanto à criança? Bebês sempre choravam.
Sem nenhuma boa razão, a nuca de Alfonso se arrepiou. Ele fechou a geladeira e subiu a escada. Nada. Nenhum som vinha do corredor. Parou à porta da suite de hóspedes.
— Anahí? - Alfonso bateu. - Anahí? - Nenhuma resposta. Então ele abriu a porta e entrou.
As cortinas da saleta de estar estavam abertas. Assim como a porta do quarto adiante. Alfonso andou naquela direção.
O bebê estava deitado de bruços na cama, cercado de travesseiros, o bumbum empinado no ar, a cabeça virada de um lado, e parte do pulso dentro da boca. Dormia profundamente e... Alfonso franziu o cenho. Tinha de admitir que a criança era bonitinha. Uma imagem clichê. Tão pequenino, naquela cama tão grande.
Alfonso pigarreou. Não tinha subido para admirar o bebê, e sim para chamar Anahí. Obviamente, ela estava no banheiro.
Oh, não.
A porta do banheiro estava fechada, mas o som de alguém vomitando chegou aos seus ouvidos.
— Anahí? - disse ele, correndo para a porta. - Você está passando mal?
— Alfonso. - A voz dela era fraca. Assustadoramente fraca. - Não entre. Peguei uma virose. Uma gripe...
Ele quase pôde sentir o sangue se esvaindo de seu rosto. Não era bom naquilo, também. Gente vomitando...
Anahí gemeu, pareceu engasgar. Ele não pensou, não hesitou. Abriu a porta e entrou no banheiro. Sua Anahí estava agachada contra o vaso sanitário, os cabelos soltos nas costas, o corpo tremendo. Praguejando, ele se aproximou e segurou-lhe os ombros por trás.
— Querida. Por que não me pediu ajuda? Vou chamar um médico.
— Vá embora. Eu não preciso...
Ela esforçou-se para vomitar mais, sem êxito. Alfonso apertou-lhe os ombros. Anahí estava usando uma camisola ensopada de suor. O coração dele se comprimiu.