Então Alfonso tinha aparecido.
Por um breve período, pelo menos, Anahí podia erguer a cabeça, fazer planos. Sim, ele obviamente fazia aquilo por obrigação, mas ela estava em Nova York, e tudo melhoraria. Tinha perdido a fazenda, e isso a entristecia, mas talvez estivesse melhor em Manhattan. Possuía amigos na cidade, contatos, seu antigo empresário. Poderia encontrar um pequeno apartamento, fazer alguns trabalhos como modelo, recomeçar.
Pensara em todas essas coisas durante o voo, mas, quando o avião aterrissara, estava enjoada. Qualquer que fosse a virose que contraíra, a derrubara. Tudo doía. Seu estômago parecia estar contraído num nó.
Anahí escondera isso de Alfonso. Não que ele fosse abandoná-la se soubesse que ela estava doente. Mas a última coisa que queria era ser um fardo maior do que já estava sendo.
Mas logo melhoraria. Uma semana, no máximo, e sairia da casa de Alfonso.
Precisava fazer isso, pensava enquanto o bebê dormia ao seu lado. E rapidamente, antes que seu tolo coração lhe criasse problemas. A tentação... Veja o que acontecera pouco tempo atrás. Aquele beijo. O roçar do dedo de Alfonso contra seu seio. Ela sentira seu corpo ganhar vida, relembrando-a que não era somente mãe, mas mulher também.
Yara tinha dito que ela ficaria livre desses desejos por um bom tempo, mas claramente se enganara. Os desejos estavam lá. Por Alfonso. Apenas por Alfonso.
Uma leve batida soou à porta. Anahí puxou as cobertas mais para cima.
— Sim?
— Posso entrar?
— Sim, claro.
Alfonso tinha uma bandeja nas mãos. Chá gelado, copo, xícara... Uma caixa de lenço de papel. E um pequeno sino de latão.
— Caso você sinta sede - disse ele, colocando a bandeja sobre a mesa ao lado da cama. - E um sino, se precisar de mim.
— Um sino - repetiu ela, como se nunca tivesse ouvido a palavra antes. Por que Alfonso não a olhava? Momentos atrás ele a beijara daquele jeito, e agora...
— Minhas irmã,May, o trouxe da Tailândia ou de Katmandu. Algum lugar onde hippies velhos vão para morrer. - Ele a olhou então, sorrindo. - Não que may esteja envelhecendo. Sempre lhe digo que ela nasceu atrasada algumas décadas.
—May - murmurou Anahí, nunca tendo ouvido falar dela. Nos meses que eles haviam passado juntos, conhecera os irmãos de Alfonso uma vez, por acaso, mas ele nunca falava sobre a família. É claro, nem ela. - É um nome adorável.
— Antiquado, ela diz, mas...-
Mas o quê?, pensou Alfonso. Por que estava falando sobre sua irmã? Porque era mais seguro do que fazer o que realmente tinha vontade... envolver Anahí em seus braços e acariciá-la até que ela lhe suplicasse para que continuassem o que estavam fazendo pouco tempo atrás? De jeito nenhum. Ela estava doente. Ademais, isso apenas complicaria as coisas... como seja não estivessem complicadas o bastante.
Alfonso moveu desnecessariamente alguns itens da bandeja, então deu um passo atrás.
— Como falei, se precisar de alguma coisa...
— Obrigada.
— Está se sentindo melhor?
—Estou bem.
Não era verdade. O rosto de Anahí estava branco como a fronha do travesseiro. O bebê, pelo menos, parecia bem, dormindo pacificamente, os pequenos lábios formando um biquinho.
Bonitinho. Como todos os bebês.
Alfonso franziu o cenho. Errado. O bebê não era como os outros, parecia uma miniatura de um rosto familiar. Um rosto muito familiar...
Ele engoliu em seco. Virou o rosto para Anahí.
— Bem, veremos o que o médico tem a dizer.
— Alfonso, eu não preciso de...
— Sim, precisa.
— Não preciso. Honestamente, Alfonso...
— Honestamente, anahi - disse ele, então, porque precisava fazer aquilo, inclinou-se e beijou-lhe a boca bem de leve. - Toque o sino se precisar de mim - acrescentou e partiu.
Anahí olhou para porta fechada. Ele achava que podia lhe dar ordens?, pensou irritada. Beijá-la até fazê-la obedecer? Alfonso não tinha mudado nada. Ainda agia como se fosse dono do mundo.
Ela detestara aquilo nele.
Adorara aquilo nele.
Até Alfonso entrar em sua vida, Anahí não sabia que você podia ficar furiosa com um homem e adorá-lo ao mesmo tempo. Mas a arrogância fazia parte da personalidade dele, e era incrivelmente sexy. Havia mostrado isso na primeira vez em que lhe telefonara, a fim de convidá-la para sair. Não convidara, e sim a intimara, dizendo-lhe que passaria em sua casa às 8h e a levaria para jantar.
A autoconfiança era parte de Alfonso Herrera.
O problema era que também se sentia seguro a respeito dos sentimentos de Anahi. Certo de que ela estava encantada, o que era verdade, desde o começo.
"Não quero que você veja ninguém além de mim " dissera ele na primeira noite. Anahí estivera em seus braços no momento. Em sua cama. Nesta cama. E Alfonso estivera em seu interior. "Você pertence a mim. É minha. Entendeu?"
" Sim, sim, sim."
Anahí piscou contra a súbita ameaça de lágrimas. Ridículo. Ambos tinham sido fiéis. Alfonso era um homem de moral. O problema era que seu interesse numa mulher nunca durava muito.
E quanto ao que parecia estar acontecendo agora... não significava nada. Ele era um homem extremamente viril. E ela... não fazia sexo havia um bom tempo.
Certo, não fazia sexo desde a noite antes de Alfonso viajar a negócios.
Daniel resmungou em seu sono. Anahí o aconchegou mais perto. Sairia de lá o mais rapidamente possível. Alguns telefonemas iniciariam o processo. Então agradeceria Alfonso por toda sua ajuda e diria adeus.
Outra batida à porta.
Alfonso novamente. Desta vez, acompanhado de um médico. Ele os apresentou e saiu do quarto. Se o médico se surpreendeu ao encontrar uma mulher e um bebê na cama de Alfonso Herrera, não deu sinal. Apenas examinou-a, assim como examinou Daniel, que reagiu à invasão com choros de protesto.
O médico guardou seu estetoscópio.
— Você está com uma virose.
— Eu poderia ter lhe dito isso - disse Anahi.
— O bebê está bem - continuou ele, ignorando a rudeza dela. - Ele já tomou leite em pó?
— Sim, mas por quê? Será perigoso amamentá-lo enquanto estou doente?
— Não perigoso. Cansativo. Você precisa descansar. E beber muito líquido. Deixe o sr. Herrera cuidar das coisas enquanto você se concentra em melhorar.
O médico partiu. Alfonso reapareceu. A facilidade com que ele tinha assumido o controle, tomado decisões por ela, era irritante. Quando Alfonso abriu a mão e mostrou dois comprimidos, Anahí meneou a cabeça.
— Não.
— Não, o quê?
— Não vou tomar isso. Seu médico devia saber que não se prescreve antibióticos para vírus.
Alfonso fez uma careta.
— É paracetamol.
É claro que era. E ajudaria a aliviar as dores dela. Outra decisão tomada por Alfonso... mas e daí? Aquilo era apenas temporário.
Ela pegou as cápsulas. Bebeu água.
— Mais - ordenou Alfonso.
Anahi o olhou com raiva, mas terminou a água do copo.
— Obrigado - murmurou Alfonso, pegando o copo e pondo-o sobre a mesa. Então tirou o bebê do berço improvisado, onde o médico o colocara.
— O que você está fazendo?
— Deite-se. Feche os olhos. Descanse um pouco.
— Ouça, Alfonso, você não me dá ordens. Não sou criança...
— Ouça você, Anahí - começou ele, abaixando-se para lhe dar um beijo suave nos lábios entreabertos.
— Você vai pegar a gripe - disse ela, porque precisava falar alguma coisa, ou corria o risco de corresponder ao beijo.
Alfonso tocou-lhe a ponta do nariz.
— Hora de uma soneca.
— Mas Daniel...
— Daniel e eu ficaremos bem.
Ouvir o nome de seu filho ser pronunciado tão suavemente por Alfonso fez Anahi ter vontade de chorar. Em vez disso, observou-o sair do quarto, o bebê pressionado contra o ombro, os olhos azul-claros de Daniel repletos de curiosidade.
Tudo bem. Ela ficaria deitada ali por alguns minutos. Então resgataria o bebê de um homem que não sabia nada sobre bebês.
Anahi acordou e soube que horas haviam se passado. Experimentou estender os membros. As dores tinham diminuído consideravelmente.
Com cuidado, levantou-se. Suas pernas estavam bambas, mas precisava usar o banheiro, e jamais pediria ajuda a Alfonso para uma coisa dessas.
Devagar, foi para o banheiro. Teve vontade de tomar um banho, mas decidiu não arriscar sua sorte. Então lavou as mãos e o rosto, automaticamente abrindo a gaveta que sempre continha escovas de dente novas, tentando não pensar em quantas mulheres tinham aberto aquela mesma gaveta nos últimos meses.
Ela escovou os dentes e penteou os cabelos.
O roupão de Alfonso estava pendurado, como sempre, atrás da porta. Ela o vestiu sobre a camiseta, parou no quarto para pôr uma calça e saiu à procura de seu filho.
A enorme cobertura de dois andares estava silenciosa. Que horas eram? Incrível como perdera a noção do tempo.
Anahí desceu a escadaria em espiral, segurando no corrimão, uma vez que ainda sentia fraqueza nas pernas.
Ouvia uma voz? Parou ao pé da escada.
Sim. Havia uma luz brilhante no fim do corredor que levava à magnífica, embora raramente usada, cozinha de Alfonso. Lentamente, ela seguiu para lá, os pés descalços silenciosos contra o piso frio de mármore... e parou à entrada, os olhos se arregalando.
A voz que ouvira era de Alfonso. Também descalço, vestido em jeans e camiseta, estava sentado num banco alto ao balcão de granito, segurando Daniel na curva de seu braço.
O bebê o olhava e sugava alegremente uma mamadeira.
Os dois pareciam como se tivessem compartilhado aquele momento desde sempre.
— Ei, amigo - murmurou Alfonso - você está fazendo um ótimo trabalho. Beba tudo. Sei que não é com isso que está acostumado, mas lhe fará bem do mesmo jeito. Isso colocará pelos no seu peito, vai ver.
Os olhos de Anahí se encheram de lágrimas. Ela encostou-se contra a parede, determinada a não deixar que Alfonso a visse até que recuperasse o controle. Ver seu amor... seu amor de uma época... e seu filho daquela forma, era quase mais do que podia suportar.
Entretanto, sabia que não podia se iludir com a cena.
Alfonso era um homem inteligente e capaz. Deparado com um problema, sempre tentaria resolvê-lo. Ela estava doente, o bebê precisava de cuidados... ele assumira o controle da situação. Alfonso era bom nisso. Todavia, era impossível vê-los juntos sem sentir uma alegria quase indescritível.
— E aí, garotão? O que acontece a seguir? - Daniel arrotou. Alfonso riu. - Isso responde a pergunta. Ótimo, sua barriga está cheia. Você não parece nem um pouco sonolento. Precisa de uma visita ao banheiro? Aposto que sim. Bem, vamos tentar...
Anahí respirou profundamente e entrou na cozinha. Alfonso a olhou, arqueando as sobrancelhas.
— Olá.
— Oi. - Ela sorriu. - Obrigada por alimentar o bebê.
— Não foi nada - replicou ele com um toque de orgulho machista. - O médico receitou esta marca de leite e pedi para a farmácia entregar. - Ele franziu o cenho. - Mas o que está fazendo de pé? Deveria tocar o sino se precisasse de mim.
Anahi estendeu os braços para Daniel, que lhe ofereceu um sorriso amplo.
— Eu sei. Mas pensei que um pouco de exercício me faria bem. - O bebê agitou braços e pernas. - Além disso, senti sua falta.
Tolo como era, no começo, Alfonso pensou que ela estivesse falando com ele. Não estava, é claro. Era com Daniel. Ele percebeu bem a tempo de impedir-se de dizer que também sentira a falta dela.
Alfonso costumava adorar quando Anahí passava a noite na sua cobertura. Isso não acontecia com outras mulheres. Não permitia que elas passassem a noite em sua cama, pois criava muitas expectativas.
Mas adorava quando Anahí ficava. Vê-la logo cedo pela manhã, como ela estava agora, aconchegada no roupão dele, os cabelos com mechas douradas soltos, sem maquiagem...
O fato era que há mais de um ano Alfonso não tinha uma mulher dormindo em sua casa. Não quisera mais ninguém na sua cama ou em sua vida por mais de uma noite.
Ele pigarreou.
— Certo. Hora do banheiro. Leve a criança. - Anahí riu.
— Ele não vai ao banheiro. É apenas um bebê.
Alfonso lhe deu um olhar, então tirou o bebê dos braços dela.
— Ela pensa que não sei disso - murmurou ele para Daniel, que o fitou solenemente. - Devemos mostrar o quanto está errada?
— alfonso, honestamente...
— Ela gosta desta palavra - disse ele para o bebê. - Honestamente. O que sua mãe quer dizer quando fala "honestamente" é: você acha que sabe de tudo. - Enquanto falava, Alfonso estava saindo da cozinha, seguindo o corredor, indo para a escada. O bebê agora estava emitindo sons alegres, rindo. - Pode subir a escada?
— Claro - respondeu Anahí. - Mas o que...
— Não. Pensando bem, ainda não confio em você na escada. Fique aí. Volto já.
— Alfonso. Honestamente...
— Dois "honestamente" em uma conversa. - Ele meneou a cabeça, virou-se e roçou-lhe os lábios com os seus. - Incrível.
Anahi teve de rir, mesmo que não quisesse.
— Não. Quero dizer, honestamente...
Ele a beijou novamente, um beijo mais longo desta vez, o bebê entre os dois divertindo-se com o novo jogo. Quando se afastou, deslizou uma das mãos pelo rosto dela.
— Esta é a penalidade. Um beijo cada vez que você usar a palavra. Agora fique aí, certo?
Ela assentiu. Não foi capaz de fazer mais nada.
Ele subiu a escada rapidamente, então desceu de novo, mas sem o bebê. Anahi esperou por um chorinho de protesto e ouviu, em vez disso, as risadinhas contentes de seu filho.
Alfonso a ergueu nos braços. A sensação era... maravilhosa. Horas atrás, ele a carregara por aqueles mesmos degraus, mas ela estivera muito enjoada para apreciar. Agora estava ciente de tudo que o ato envolvia. As batidas firmes do coração de Alfonso. O peito sólido. A leve pressão da mão máscula na lateral de seu seio. O aroma de sabonete na pele e nos cabelos.
O inchaço de desejo em seus próprios seios.
— Você perdeu peso.
— Talvez um pouco - concordou Anahí.
— Para quê? Você era perfeita como estava.
— Não... não foi deliberado. Tive muitas coisas para fazer quando voltei para a fazenda.
— O bebê. Sinto muito porque você teve de passar por tudo isso sozinha.
Anahi pensou em lhe contar que não estivera totalmente sozinha, que seu irmão a apoiara, pelo menos no começo. Mas isso levantaria perguntas. Alfonso não sabia nada sobre seu irmão... eles sempre tinham mantido as conversas impessoais.
— Aqui estamos - disse Alfonso quando passou pela porta. Não a porta do quarto dele, mas uma porta em frente.
A boca de Anahí se abriu.
Aquele era um quarto de bebê.
Não em decoração. As paredes eram cor de creme, havia persianas brancas e pretas nas janelas, um tapete branco e preto escandinavo no chão. Mas estava mobiliado com um pequeno berço.
Winnie e Pooh sorriam de cima de uma cômoda de madeira, ao lado de um monitor onde se via o bebê. Um ursinho de pelúcia com olhos de botões estava sentado numa cadeira de balanço, e havia um trocador contra uma das paredes. O berço, de madeira boa, era o mais lindo que Anahí já vira, enfeitado com lençóis de gatinhos e cachorrinhos. Um móbile com naves espaciais, estrelas, luas e planetas estava pendurado sobre ele.
Seu filho estava deitado de costas do berço, agitando bracinhos e pernas, os olhos fixos no móbile, o rosto era um retrato de encantamento.
— Eu não sabia do que você gostaria - disse Alfonso - Então encomendei estas coisas.
Ela o olhou. Fale alguma coisa, seu cérebro ordenou mas Anahí não foi capaz de pronunciar uma palavra. Alfonso pigarreou.
— Ouça, posso devolver tudo. Se não é isso que você queria,...
— Oh, Alfonso! É maravilhoso! - A expressão dele se iluminou.
— Você acha?
— E só que... não podemos lhe dar todo esse trabalho. Quero dizer, sei o quanto você é ocupado. Investimentos Herrera. Sua família. A última coisa de que você precisa é... alguém do passado se infiltrando em sua vida, em sua casa...
Alfonso a silenciou da única forma que podia.
Beijando-a. E beijando-a. E quando Anahí correspondeu ao beijo e sussurrou seu nome daquele jeito que sempre o enlouquecia de desejo, ele soube que tudo que fizera... levá-la para lá, mudando seus planos de encontrar um apartamento para ela e decidindo instalá-la em sua casa... estava certo.
A ideia lhe ocorrera enquanto o médico a examinava. Anahi estava doente, e tinha um bebê para cuidar. Não poderia deixá-la sozinha neste momento. Ela teria de ficar por alguns dias. Um arranjo temporário, é claro, mas ainda assim, o bebê precisava de coisas...
No entanto, agora, olhando para a mulher em seus braços, ele soube que todas aquelas eram racionalizações patéticas.
— Eu quero você aqui - disse ele quando finalmente terminou o beijo. - Comigo. Você e o garoto... pertencem a este lugar.
— Alfonso. - A voz dela tremeu. - Por favor, não fale isso sem sinceridade.
—Daremos um passo de cada vez.
Não era bem a resposta que anahi queria ouvir, mas era uma resposta honesta. Portanto, ela assentiu e murmurou suavemente:
— Tudo bem.
Alfonso encostou a testa na sua.
— Começando com a coisa do banheiro com a qual você acha que não sou capaz de lidar. - Ela sorriu.
— Não posso imaginá-lo trocando uma fralda.
— Quer apostar?
— Quero.
Anahi perdeu a aposta.
Alfonso podia fazer qualquer coisa. Dirigir uma corporação poderosa? Claro. Fazer cada homem em uma sala lhe obedecer? Isso também. Ser o homem que todas as mulheres do mundo queriam? Facilmente.
Ela sabia disso por experiência própria.
O que não soubera até agora era que ele podia trocar a fralda de um bebê como se tivesse feito isso a vida inteira. Cuidar dela. Dar-lhe chá e comprimidos para dor. Preparar uma refeição... embora, como alfonso apontara, tirar algo do freezer e levar ao microondas não fosse exatamente cozinhar. Porém, era muito mais do que anahi vira no passado. Naquela época, ele era especialista em fazer reservas em restaurantes ou pedir comida chinesa por telefone.
Alfonso Herrera? Fazendo tarefas na cozinha?
Nunca... até esta noite.
Horas depois, Anahi e Daniel estavam bocejando Alfonso ofereceu dar uma mamadeira ao bebê, mas ela disse que iria amamentá-lo, sem explicar que precisava fazer isso, ou seus seios ficariam pesados e doloridos. Aquilo era íntimo demais...
Anahi amamentou Daniel, sentada na linda cadeira de balanço do quarto do bebê, enquanto Alfonso limpava a cozinha. Quando ela terminou, eles deram banho no bebê juntos. Alfonso logo pegou o jeito, rindo quando Daniel espirrou água nele, envolvendo o bebê numa toalha grande, então o secando e vestindo-lhe a fralda e um macacãozinho azul.
Gentilmente, colocou Daniel no berço. Anahi beijou o topo da cabeça do filho. Alfonso acariciou os cabelinhos escuros.
— Boa noite, amigo - murmurou ele suavemente. Do hall do lado de fora, pela primeira vez no dia, eles estavam sozinhos. A cobertura parecia envolta no silêncio. Eles se entreolharam. Anahi sentiu o rosto esquentar, e deu um passo atrás quando Alfonso se aproximou.
— Não. Não podemos. - A voz dela era ofegante. - Isso... iria apenas complicar as coisas.
Ele assentiu. Já não tinha chegado à mesma conclusão?
— Então, boa noite - disse ela.
— Boa noite, querida - sussurrou Alfonso. Então estendeu os braços e Anahi foi para eles.