Não era o bastante.
Ele precisava daquilo.
De Anahi em seus braços. Abraçou-a mais forte. Como tinha vivido sem ela?
Sem aviso, um pensamento o atingiu como uma rajada de ar frio. Aquilo podia ser perigoso. Havia tanto a discutir, a resolver. Mas então Anahi suspirou, beijou-lhe o pescoço, e Alfonso soube que nada mais importava, exceto ela.
A onda de desejo voltou a percorrê-lo.
Beijando-a, ele a rolou de costas, segurou-lhe as mãos e entrelaçou os dedos de ambos. Alfonso afastou-se apenas o bastante para vê-la.
Ela era maravilhosa.
Os cabelos com mechas douradas, os olhos grandes e luminosos, os lábios levemente inchados de seus beijos. Tudo tinha acontecido tão rapidamente que Anahi ainda estava usando o roupão dele, a camiseta por baixo. Alfonso inclinou a cabeça, beijou-lhe o pescoço, antes de capturar-lhe a doçura da boca que jamais esquecera.
— Anahí - sussurrou com voz rouca. Ansiava, não apenas para amá-la novamente, mas para vê-la inteira. Gentilmente, deslizou o roupão pelos ombros delgados, e suas mãos penetraram por baixo da bainha da camiseta. Sentiu a pele sedosa, e sua excitação aumentou.
Então começou a brincar com o ponto secreto entre as pernas delgadas, provocando-a com o dorso da mão, e depois com os dedos. Anahi gemeu, inclinou a cabeça para trás.
— Você gosta quando eu faço isso, Anahi? Quando eu a toco aqui?
— Sim - sussurrou ela. - Sim, sim...
Ele a acariciou... a flor mais perfeita que já vira. Adorava a sensação, adorava fazê-la gemer e arfar. Mas não era o bastante. Queria beijar-lhe a barriga, os seios.
— Querida, sente-se. Deixe-me tirar esta camiseta do caminho.
— Alfonso.
— Apenas levante os braços, que vou...
— Não. - Ela segurou-lhe os pulsos, os olhos suplicantes. - Por favor, não.
— O que foi? O que eu fiz? Anny, querida... Oh, que idiota eu fui. - Ele a puxou para seus braços, beijou-lhe a testa, as pálpebras, a boca. - Perdoe-me. Eu devia ter percebido. Você está doente.
— Não. Estou bem.
Pior ainda. Alfonsl praguejou por ser tolo. Anahi tivera um bebê apenas quatro meses atrás. Ele deveria ter perguntado.
— É...
— O bebê. Daniel. Eu entendo. Apenas me diga que não machuquei você, porque...
Anahi pôs os dedos contra os lábios dele.
— Não é nada disso. É... é que eu mudei. - Ela hesitou. - Meus seios. Meu corpo... Talvez se você deixar a camiseta...
Alfonso a silenciou com um beijo.
— Quero ver você. - Anahi meneou a cabeça.
— Meus seios não são como costumavam ser. E... há marcas de pontos na minha barriga.
Ele segurou o dela rosto entre as mãos.
— Você é a mulher mais linda do mundo, querida.
— Não, eu não sou. Ter um bebê muda tudo.
— Sim, tornando-a uma mulher. Minha mulher. - Anahi deu um sorriso trêmulo.
— Sei que pareço tola. Mas não quero desapontá-lo. Eu não suportaria se...
— Anny. Como você poderia fazer isso? - Ele comprimiu os lábios. - Fui eu quem a desapontou, quem a magoou. Deixei-a sozinha para enfrentar os dias mais difíceis de sua vida e...
— Você não sabia.
— Mas sei agora. E quero ver você. Por favor?
Ele esperou, perguntando-se como iria sobreviver se ela recusasse, sabendo que não poderia forçá-la a nada que Anahi não quisesse, mesmo se tivesse de passar as próximas 24 horas debaixo de uma ducha fria.
Anahi respirou fundo. Assentiu. E soltou-lhe os pulsos.
Muito lentamente, ele removeu-lhe a camiseta pela cabeça. Podia senti-la tremendo, e queria aninhá-la contra o seu corpo, dizer-lhe que ela sempre seria perfeita em seus olhos.
Jogou a camiseta de lado. Anahi cobriu os seios com as mãos. Meneando a cabeça, Alfonso as afastou. Então, olhou-a e perdeu o fôlego.
Ela estava mais linda do que nunca.
Os seios maiores eram muito mais femininos. Os mamilos, de um rosado claro que sempre o lembrava de rosas de verão, estavam um tom mais escuro do que no passado.
Os olhos dele moveram-se mais para baixo. A elegante curva da cintura. A barriga, não tão reta, mas delicadamente convexa. A cicatriz, como uma linha prateada, era pequena e praticamente invisível.
Sim, o corpo de Anahi tinha mudado. Sua semente, seu filho, o modificara. Ela era a essência da feminilidade.
E era sua.
Orgulho primitivo e masculino o envolveu. Minha, pensou e aconchegou-a contra seu coração, circulando-a com os braços.
— Anahi. Você está incrível.
— Você não precisa dizer...
Alfonso afastou-se. Olhando-a fixamente, segurou um dos seios, traçou o mamilo ereto com um dedo. Ela gemeu.
— Seus seios estão lindos. - Alfonso abaixou a mão para a barriga de Anahi, curvou os dedos sobre a pele quente. - E isto, sua pele brilha como prata. Você é minha, querida, e eu nunca a quis tanto quanto a quero agora.
Ele a beijou. Primeiro os lábios, depois o pescoço, descendo para a curva dos seios... E quando tomou o botão rosado na boca, Anahi o encantou com seu gemido de prazer. Ele a provocou com a língua, lambendo, mordiscando... e subitamente havia um gosto novo, um gosto até mesmo mais doce e mais rico...
Anahi empurrou-lhe os ombros.
Alfonso levantou a cabeça, viu pânico nos olhos dela.
— Estou machucando você...
— Não está! A sensação da sua boca... é maravilhosa. -
Ela enrubesceu. - Mas eu deveria ter percebido. Às vezes, depois que alimento o bebê, sobra... um pouco de leite. Eu deveria tê-lo avisado que...
— Avisado? - Ele segurou-lhe os pulsos quando Anahi tentou cobrir os seios novamente. - Minha mulher. Adoro saber que você pode fazer isso por Daniel. Por nosso filho.
Com os olhos cheios de lágrimas, Anahi entrelaçou as mãos nos cabelos dele e deu-lhe um beijo tão ardente que o deixou em chamas.
Alfonso acariciou-lhe os seios, a barriga, as coxas. Quando ela tocou-lhe a ereção, ele se livrou do jeans.
Estava acontecendo muito rapidamente. Como era possível que um homem quase arrogante sobre seu controle sexual estivesse tão perto de perder o controle agora? Porque ele estava.
Mas precisava se conter, porque Anahi merecia mais de suas carícias, pensou ferozmente, quando ela gritou e arqueou o corpo.
— Por favor - sussurrou ela, e com um gemido profundo, Alfonso a preencheu. Então a amou profundamente, com loucura. Oh, Alfonso
soluçou ela, e atingiu o clímax. Ele sentiu quando aconteceu, ouviu o grito de êxtase escapando da garganta de Anahi, e no momento em que Alfonso jogou a cabeça para trás, soube que o que estava acontecendo nunca lhe acontecera antes.
Estava com ela quando eles voaram para o coração ardente do universo.
Dormiram aninhados, as pernas entrelaçadas, seus corpos unidos.
E acordaram na escuridão da noite, maravilhados pela doçura de estarem juntos. E fizeram amor mais uma vez. Até que não pudessem dizer onde um terminava e o outro começava. Até que se tornassem um só.
Alfonso a abraçou até que a respiração dela tornou-se regular, e ele soube que Anahi adormecera. Então a beijou, checou o monitor do bebê, sorriu ao apreciar seu filho dormindo. Puxou a coberta sobre os dois e aconchegou-a contra si mais uma vez.
Nunca havia se sentido tão completo em sua vida.
Alfonso dormiu também.
Eles acordaram e fizeram amor. A lua apareceu e desapareceu. E a noite tornou-se manhã.
Anahi abriu os olhos para o suave barulho da chuva.
Chuva, naquela época do ano? Era muito cedo. A estação de chuvas não chegava ao Mato Grosso do Sul até...
Mas não estava em Bonito. Estava em Manhattan. Na casa de Alfonso.
Na cama de Alfonso.
Memórias da noite longa e incrível lhe vieram à mente. Tentou lembrar quantas vezes eles tinham feito amor. Várias. Alfonso sempre fora uma amante incrível. Carinhoso. exigente e generoso ao mesmo tempo. Infatigável.
Mesmo assim, a frequência com que ele a desejara na noite anterior a chocara, assim como sua própria necessidade por Alfonso, que parecia insaciável. Mas, até aí, sempre fora assim com ele. Mesmo durante os meses infinitos de separação, quando Anahi pensara que fosse incapaz de desejar sexo novamente, mesmo então, se fosse honesta consigo mesma, houvera noites em que sonhara com Alfonso. Sonhos ardentes. Sonhos dos quais acordava vazia e trêmula, uma pulsação no baixo-ventre, os seios inchados e doloridos...
Seus seios, inchados e doloridos...
Deus! O bebê. Ela olhou para o monitor, que mostrava apenas um berço vazio. Rapidamente levantou-se da cama. O roupão de Alfonso, aquele que usara no dia anterior, estava pendurado sobre o espaldar de uma cadeira. Anahi o vestiu, apressou-se para o quarto de Daniel...
E viu Alfonso junto à janela, segurando o filho nos braços.
Ele sorriu no instante que a avistou.
— Bom dia, querida.
— Dormi demais. Não sei como. O bebê...
— Ele está bem. - Alfonso olhou para baixo. - Não está, amigão?
Daniel ofereceu um enorme sorriso. Alfonso fez o mesmo.
— Viu? Ele está ótimo.
— Ele deve estar faminto.
— Bem, nós estávamos começando a pensar que teríamos de acordar você. Quero dizer, um lanchinho é um lanchinho, mas quando alguém quer seu café da manhã...
— Que lanchinho?
— Ele acordou às 5h.
— Você quer dizer que eu dormi e não ouvi nada? - Alfonso sorriu.
— Sim - murmurou com voz rouca. - Imagine só. - Ela enrubesceu, desviou os olhos dele e olhou para o relógio. Então ficou boquiaberta.
— Dez horas? - perguntou em perplexidade. - São 10h da manhã?
— Está tudo bem. Eu ofereci uma mamadeira a Daniel às 6h. - Alfonso deu de ombros modestamente, mas era impossível não notar o sorriso de satisfação no rosto dele. - Troquei a fralda do bebê também. Foi... uh, uma experiência interessante.
Anahi realmente tentou não rir, mas uma risadinha escapou, então outra, até que perdesse a sofisticação e estivesse gargalhando ao imaginar seu amante urbano trocando uma fralda suja.
Seu amante, pensou, e a risada desapareceu. Alfonso era seu amante novamente, e seu tolo coração estava nas mãos dele.
— Ei, querida, o que houve? - perguntou ele suavemente.
— Nada - disse ela e forçou um sorriso. - Aqui, dê-me o bebê. Vou amamentá-lo.
Daniel foi para os braços da mãe. Ela sentou-se na cadeira de balanço, começou a abrir o roupão... então hesitou.
— Posso ficar?
A voz de Alfonso era baixa e suave. Não, pensou Anahi, ele não podia ficar. Cada ato de intimidade apenas dificultaria esquecê-lo depois que aquele período de união acabasse. Eles estavam juntos temporariamente. Alfonso podia querê-la em sua cama, mas o resto... a permanência, a paternidade...
— Anny? Querida, se você quer que eu saia...
— Não - ela se ouviu dizendo num sussurro rouco. - por favor, não vá. Fique conosco.
A expressão que cruzou o rosto dele a fez querer chorar de felicidade. Alfonso beijou-lhe o rosto, depois se sentou no chão, de pernas cruzadas. Anahi abriu o roupão. O bebê virou a cabeça, pegou o bico gananciosamente. Ela sorriu para seu filho, então para o amante.
E soube que desta vez, quando Alfonso a deixasse, não restaria nada de seu coração.