Fanfic: fora do prumo

William parou o carro no estacionamento do shopping onde levou seus filhos e seu telefone começou a tocar. Ele pensou que fosse Fátima, mas era outro nome no visor.

- Vocês podem ir que eu vou atender o telefone. - Comenta William, pegando o aparelho.

- É sua nova namorada, pai? - Pergunta Vinícius, um pouco curioso.

- Não, Vini. Eu não estou namorando ninguém. - William atende o celular e olha para o menino pelo retrovisor. - Na verdade, é o namorado da sua mãe. - Ele volta a olhar para frente e os filhos saem do carro. - Ou ex. - Ele dirige-se a Pedro.

- Eu prefiro pensar que voltarei a ser. - Pedro diz a William de maneira clara e objetiva. William pode jurar vê-lo sorrindo.

- E você me ligou para dizer isso?

- Não. Eu liguei pra avisar que não vou desistir do grande amor da minha vida.

William morde os lábios e se controla para não jogar o telefone longe. Só ele sabia como não suportava aquele homem.

- Ótimo. Mas por que você está dizendo isso pra mim? Nós estamos separados, esqueceu?

- A festa. Vocês não voltaram?

- Nós dormimos juntos, mas ela não quis nada comigo. Eu estava bêbado, Pedro, e a Fátima é uma mulher digníssima! Ela até tentou uma reconciliação comigo no outro dia, mas quando eu não estou bêbado eu não constumo dar o braço a torcer.

- Que ótimo, William. Eu achei que você fosse lutar por ela, mas talvez já não haja mais amor... - Pedro sugere e William bufa com força.

- Não é amor que falta, Pedro. A Fátima é o meu grande amor, sempre foi e sempre vai ser. Mas um casamento não se alimenta só de amor. Eu acreditava que nós dávamos muito certo porque a base do nosso relacionamento era o respeito. Respeito que ela perdeu por mim quando apresentou você como seu novo namorado aos nossos filhos. Ali eu vi que o nosso casamento tinha acabado de vez. - William olha para o dedo esquerdo e sorri. - Eu amo ela e vou continuar amando. Posso até lutar por ela como você disse ou voltar para casa, mas o nosso casamento jamais será o mesmo. E é por isso que eu ainda não voltei. Eu não quero que o fim do nosso casamento seja definitivo. Eu já pedi o divórcio, mas ainda tenho esperanças.

Pedro fica quieto por um momento. Não sabe o que responder. William é melhor que ele até na forma de pensar e ele sabe disso.

- Bom, eu espero que você continue esperando. Quanto mais esperanças você tiver melhor, porque assim você fica esperando e eu luto pelo amor dela. Só fique avisado de que eu não vou desistir.

- Fique a vontade. Foi só pra isso que você me ligou? - William retira o cinto, pega as chaves e sai do carro.

- Foi.

- Então boa sorte... Tchau Pedro. - Ele desliga o telefone e vai junto aos filhos.

- Vocês brigaram?

- Não, meus amores. O Pedro não merece essa atenção toda. - Ele sorri e acaricia os cabelos de Beatriz. - Vamos?

Fátima sai do banho e se enrola em uma toalha branca. Seu abdômen automaticamente se contrai e ela sabe que aquilo é indício de uma única coisa. 

- Ótimo... - Murmura ela.

Pega no armário do banheiro um tampax e ouve seu celular tocar. Ela pensa ser William e corre para atender. Infelizmente, não é ele. A voz do outro lado da linha é bem menos grave.

- O que você quer? - Pergunta ela de forma ríspida.

- Você, meu amor.

Fátima, imediatamente, desliga o telefone.

- Quem você pensa que é? - Grita ela para o telefone, como se Pedro pudesse ouvir.

Novamente, o telefone toca. Ela atende.

- Ótimo, escuta aqui. Eu cometi um erro ficando você, eu não gostava de você, eu queria atingir o William. Pode ser que eu tenha atingido ele até demais, mas você é um erro que eu não pretendo cometer novamente. Você foi muito legal comigo no início, mas agora está sendo inoportuno. Não me liga mais. Nunca mais. - E então ela desliga novamente, sem deixar Pedro responder.

Ela respira aliviada e olha para baixo. A toalha que antes era branca agora deixou de ser.

William volta com os filhos do shopping três horas depois. Estaciona o carro na calçada e sente que deve entrar. Acompanha os filhos até a porta e quando eles abrem, vê Fátima deitada no sofá coberta dos pés a cabeça.

Os meninos entram perguntando o que aconteceu e William aproveita a deixa para entrar também. Vai caminhando devagar até o sofá e Laura brinca:

- Acho que o senhor deveria cuidar da nossa mãe, pai. Ela está mal e o nome disso é saudade.

Fátima sorri e William não segura sua risada. Ele passa a mão pelo rosto e olha para Fátima. Os filhos correm até as escadas e ele senta nos pés da ex esposa.

- O que houve? - Fátima sorri e murmura algo como "coisa de mulher". - Você deve estar com um humor horrível.

- Melhorou agora que você chegou! - Ela sorri e joga um beijo para William.

- Parece que a nossa separação fez bem para o seu romantismo! - Ele brinca.

- Jogou na minha cara o quão ruim eu sou sem você. - William chega um pouco mais perto e senta próximo a cintura de Fátima. Ela sorri e tira os braços debaixo do edredom, entrelaçando-os no pescoço do ex-marido. - Me beija?

William não responde nada, mas chega mais perto do corpo de Fátima. Vai inclinando-se pouco a pouco e quando está quase encostando seus lábios nos dela, sopra com força.

- Não.

Ele ri e se afasta. Fátima ri também, apesar de ficar vermelha de raiva.

De repente, o celular de Fátima vibra em cima da mesa de centro. Ela o pega e lê uma mensagem de Pedro.

Ouvi boatos de que o William não quer uma reconciliação. Ele me contou que não há mais respeito entre vocês. Se quiser mais detalhes, me liga. Eu te amo, Pedro.

Ela mostra o visor para William, que lê rapidamente o conteúdo da mensagem.

- Acho que agora eu entendo porque você não quer me beijar.

Ele não responde nada, mas fica um tempo olhando para os olhos da ex mulher. Acaricia o rosto de Fátima, se aproxima e a beija. Segura sua cintura com força e movimenta sua boca de forma calma, tranquila. Ele sente o amor de Fátima durante o beijo e torce para que ela sinta o dele também.

Sem dizer nada, ele a solta, levanta e cruza a porta, indo embora.