Fanfic: fora do prumo

- Laura! - Fátima gritou descendo rapidamente as escadas. - Liga pro seu pai e pede pra ele vir aqui, por favor.

- Pra que, mãe? - A menina perguntou, levantando da mesa e cruzando com Fátima no corredor.

- Eu preciso conversar com ele, mas se eu ligar ele não vai atender.

Laura balança a cabeça e ri baixo, mas pega o telefone e disca os números do telefone do pai.

- Ele não atende.

- Você tá ligando do telefone de casa? - Pergunta Fátima de um outro cômodo.

- Aham.

- Liga do seu celular, então. - Laura não fala nada, apenas pega seu telefone e liga para o pai. Ele continua sem atender. - Nada - diz ela, sentando-se à mesa junto com a mãe e os dois irmãos. - Só chama.

- Bia, tenta você por favor.

- Depois eu tento.

- Agora. - Fátima insiste. A menina disca os números do telefone do pai e espera que ele atenda, mas ele continua sem atender. - E então?

- Nada.

- Vinícius - sugere Fátima, mas o menino balança a cabeça negativamente. - Eu estou mandando.

- Mas não adianta nós ligarmos. O nosso pai não vai nos atender porque ele sabe que é você quem quer falar com ele. Ele não é idiota, mãe. E além do mais, ele disse que nos ligaria. Se ainda não ligou é porque tem algum motivo. Quer tentar, fica a vontade. Mas o nosso pai você já perdeu!

Vinícius, completamente irritado, levanta da mesa e corre até seu quarto. As meninas fazem a mesma coisa e deixam a mãe sentada, boquiaberta. Por mais que saiba ser a culpada de tudo o que acontece de ruim, ela continua sem entender o porquê daquilo tudo.

Uma semana depois, Fátima e os filhos estão completamente desolados. William continuou sem dar sinal de vida e deixou sua família muito preocupada. Fátima o ligava todos os dias, em todos os períodos. Já os filhos mandavam mensagens e ligavam pela parte da noite. William não era capaz nem de atender a própria mãe. Ou William estava morto, ou havia sido sequstrado.

- E seu pai? - Fátima perguntou aos filhos quando chegou em casa pela parte da tarde. Ela já não fazia mais o seu programa direito, não era capaz de comer e muito menos de ir às suas aulas de dança. Nem de dormir ela era capaz.

- Nada ainda. - Comentou Laura, cabisbaixa. - Mãe, eu estou começando a ficar com medo.

Fátima corre até a menina e a abraça com força.

- Não aconteceu nada com seu pai. Vocês têm que ficar seguros disso. Ele está bem e ele vai voltar pra gente.

- Mãe - Beatriz chora -, eu liguei pro nosso avô e ele disse a mesma coisa, mas não disse o que estava acontecendo. Aonde o pai foi, mãe?

- Eu não sei. - Fátima chora junto. - Eu juro que eu não sei.

Fátima corre até o escritório e abre o computador, levando-o até a sala e procurando notícias do ex-marido. Seu alerta de e-mails não aponta nada novo, nem as redes sociais de William e muito menos a de seus fãs. Todos manifestam-se muito preocupados, mas ninguém sabe explicar onde ele está e como está.

- E então? - Pergunta Laura, aflita.

- Nada ainda. - De repente, Fátima morde o lábio. - Mas eu já vou descobrir.

Ela pega seu telefone e disca um número. Enquanto espera, seus filhos ficam sem entender nada.

- Para quem você está ligando?

- Alô? - Fátima responde. - Por favor, me diz aonde o seu filho está. Ele não atende o telefone, ele não apresenta o Jornal Nacional, ele não nos liga e ele não dá nenhum tipo de sinal de vida. O que está acontecendo, seu William? Pelo amor de Deus.

- Eu não posso contar.

- Eu não sei o que o senhor pensa sobre mim, mas eu juro que eu amo o seu filho. E amo demais. Eu estou tentando trazê-lo de volta pra casa porque não sei viver sem ele, ele faz parte de mim, ele é meu! Por favor, me diz onde ele está.

- Eu não posso porque eu não sei, mas ele não está no Rio. A única coisa que eu posso fazer é garantir pra você que ele está bem. E Fátima, eu não duvido do seu amor. Nem eu e muito menos ele. O problema é que vocês estão debaixo de uma terrível nuvem. Ou estavam. A única coisa que você pode fazer é esperar e rezar para que ele volte bem longe dessa nuvem.

- Por favor...

- Desculpe, mas eu realmente não sei.

- Ele

- O quê?

- Está acompanhado?

- Eu não sei.

E então Fátima deixa o telefone cair. Um alerta de e-mail aparece na tela de seu computador e lá está a manchete.

"William Bonner é visto saindo do aeroporto acompanhado por loira misteriosa"

- Meu Deus! - Exclama Fátima.

- Mãe, o que houve? O que o vovô falou?

Beatriz tira o computador do colo da mãe e lê a manchete.

- Você acha que é verdade?

- Ajudaria muito se seu pai atendesse o telefone.

- Ele está de volta! - Comemora Laura, sem dar atenção para a mulher mencionada.

- Com uma mulher. - Pondera Vinícius.

- Mas aqui no Rio, o que é mais importante. - Insiste a menina.

- Bia, abre a página e vê se diz o nome do aeroporto. - Pede Fátima.

Beatriz abre o link do alerta e espera um pouco. Quando acha o nome, conta-o à sua mãe, que pega as chaves do carro e sai em disparada.

- Não saiam de casa. Eu volto para o jantar. - Fátima faz uma pausa e respira fundo. - E trago o pai de vocês comigo.

Quando sai, os filhos ficam se olhando, sem saber o que fazer.

- Vocês acham que ele volta? - Pergunta Laura.

- Se ele ainda estiver disposto a sentir um amor desmesurado por uma mulher que apenas o ama, então ele volta.

- Não fala assim. Você sabe, melhor do que ninguém, que a mãe o ama além do que se pode imaginar.

- O problema é ela não demonstrar isso como ele faz, Lau. - Comenta Vinícius.