Fanfic: fora do prumo

Fátima rodou e rodou de carro, até que conseguiu achar o carro de William. Se perguntassem a ela, ela não conseguiria responder, mas o importante é que o carro dele estava lá, parado no cordão da calçada.

Um pouco mais à frente, tinha uma casa grande, pintada de branco e com um jardim cheio de flores. Com certeza, William estava dentro daquela casa. Se ela fosse até lá e batesse na porta ou tocasse a campainha, ela provavelmete veria William nos braços de outra mulher e isso ela jamais seria capaz de perdoar. Respirou fundo e contou até dez. Esperaria que ele saísse da casa e fosse até seu carro. Assim, iria correndo falar com ele.

Estacionou seu próprio carro na calçada oposta e esperou. Se fosse preciso, esperaria até o anoitecer.

Mas não foi.

Ele saiu de casa por volta de dez minutos depois. Foi ele entrar no carro para Fátima ir correndo até ele. Bateu no vidro e viu que William se espantara.

- O que você está fazendo aqui? Como me encontrou?

Ela fez um sinal com os dedos e William entendeu como um pedido para que ele abaixasse os vidros.

- Eu posso entrar? Acho que precisamos conversar.

- Você tá a pé? Da onde você veio? - William estava tão atordoado que nem vira o carro de Fátima do outro lado da rua. Mas ele estava ali e Fátima o apontou com o dedo. - Tudo bem, entra.

Fátima fez a volta e William destravou a porta, vendo-a entrar em seguida.

- Só uma pergunta. - William assentiu com a cabeça. - Aonde você esteve? - Fátima perguntou pausadamente.

- Viajando.

- E?

- Uma pergunta.

- William, pelo amor de Deus! Que lugar é esse, que casa é essa, quem é a loira do site, viajando pra onde, por quê não atendeu às ligações, o que está acontecendo?  - Fátima gritou.

- Calma aí Fátima. Uma pergunta. E ainda que você queira saber tudo isso que você acabou de me perguntar, como você veio parar aqui?

Fátima respirou fundo e virou para frente; William fez o mesmo. Ele tirou o cinto de segurança e desligou o carro. Antes de falar qualquer outra coisa, Fátima fez um resumo da última semana.

- Eu só queria saber porque você fez isso...

- Por que eu viajei?

- Porque você ainda não voltou pra mim. - E ela olhou pra ele, quase chorando. - Eu não vim aqui saber onde você esteve, porque você viajou, com quem você estava ou que lugar é esse. Eu vim aqui saber o que nós estamos fazendo conosco? Com a nossa família e com a vida que a gente tinha. Por que nós estamos fazendo isso? O que aconteceu com o nosso amor?

- Acho que eu viajei exatamente pra isso. Pra entender o porquê de tudo isso.

- Eu poderia ter ido junto.

- Fui eu quem não quis voltar pra casa.

- Fui eu quem fiquei com outra pessoa poucas semanas depois da nossa separação.

- É. - Fátima riu. William, apesar de tudo, mantinha seu senso de humor. - Você não tinha nada que ter ficado com o Pedro. Você sabe que eu nunca fui muito fã dele.

- Por isso mesmo. Eu queria te atingir. Queria trazer você de volta pra casa.

- Mas não conseguiu.

- Ainda.

- Fátima, eu - mas William foi interrompido.

- Não, não me interessa nada. - Fátima posicionou as duas mãos ao redor do rosto de William e o molhou com suas lágrimas. - Só me interessa saber se você ainda me ama. Só isso que importa. Porque se você ainda me ama, a gente dá um jeito. Você volta pra casa, eu esqueço da Rubia e você do Pedro, eu não pergunto nada sobre essa sua viagem e nem sobre a loira do site. Você nem precisa voltar pra casa se você quiser, a gente  pode só voltar a namorar, porque por mim tudo bem. Você volta a transportar as crianças pra sala de aula e nos finais de semana a gente sai pra passear. Eu não sei o que a gente pode fazer, mas se você ainda me ama, a gente faz alguma coisa.

- Ual. - Ele respira fundo, sorri e olha para Fátima. - Que loira do site? - Eles riem.

- Não conheço, nunca vi. Acho que você conheceu na viagem, talvez uma nova namorada. Eu não sei, mas também não me interessa. Volta pra mim.

William para e afasta Fátima. A põe sentada no banco e volta a olhar pra frente.

- Camila.

- Quem?

- Uma mulher muito especial. A conheci na Itália, toda suja de macarrão. Ela também é brasileira e carioca. - William sorri e Fátima faz cara de nojo. - Conversamos por um tempo, mas depois eu troquei de rota e a reencontrei só agora, no aeroporto. Ela viria de táxi, mas eu ofereci uma carona. Ela é muito bacana! - E ele se vira para ela. - Ela só tem um problema.

- Qual?

- Ela não me olha do jeito que você me olha, não sorri do jeito que você sorri, ela ri de todas as minhas piadas e brincadeiras e ela adora rede social.

- Só um?

- É.

- Você citou no mínimo uns quatro.

- Ela não é você. - Fátima entra em choque e volta a chorar. - É claro que eu ainda te amo, Fátima. E não precisei de uma viagem pra isso. A viagem foi apenas pra relaxar, pra parar de pensar em nós dois como um casal. Claro que nós somos um casal, mas tem muito mais coisa envolvida. Antes de ser um casal unido em matrimônio, nós somos eu e você. E eu não estava mais reconhecendo a mim mesmo. Nem reconhecendo você. Eu acho que todos os nossos tiros sairam pela culatra, mas eu estou feliz que tenha acontecido isso. Só assim eu pude ver o quão ruim estava sendo nosso casamento. E eu não quero isso, nunca quis.

- Você vai voltar pra mim?

- Eu sempre fui seu. E você minha, você sabe. Nem todos os Pedros e Rubias do mundo conseguiriam mudar isso. Nós fizemos essa promessa uma vez e jamais poderíamos quebrá-la.

- Eu te amo, William. Eu juro.