Fanfic: fora do prumo

No dia seguinte à discussão na sala de William, no prédio da Globo do Jardim Botânico, Fátima tentou se reproximar de William. Quando ele foi até a casa que também era dele para levar seus filhos à escola, ela mandou-lhe uma mensagem para que ele entrasse, mas ele não quis. E ainda sem desistir, quando os meninos foram até o carro do pai - que ainda estava rindo da mensagem que recebera da ex-mulher -, Fátima foi junto. Pediu que ele abaixasse o vidro e falasse com ela, mas William apenas esperou seus filhos entrarem no carro e foi embora.

- Pai, o senhor não precisa ser tão grosseiro com a mamãe. - Ponderou Vinícius. - Vocês têm uma história juntos...

- Tivemos, Vinícius... Mas parece que a sua mãe não se importa com isso.

Pedro apertou a bunda de Fátima com força e ela gemeu, tentando forçar um prazer que não estava sentindo. Ela escondeu seus dedos nos cabelos grisalhos de Pedro e se sentiu mal, por fazer exatamente as mesmas coisas que fazia com William, antes de se separarem. Ela fechou os olhos e ficou imóvel, apenas sentindo as carícias de Pedro - que estava no sétimo céu.

Desde que havia conseguido ficar com Fátima, sua vida parecia ter ganho mais cor. Era impressionante a satisfação que ele sentia toda vez que Fátima tocava nele, sem pudor algum. Poder transar com ela era algo que Pedro nem sabia explicar de tão bom que era - só de imaginar. Aquela seria a primeira vez deles...

Mas só seria.

- Para. - Fátima abriu os olhos de repente e viu que era Pedro quem estava lhe beijando e lhe acariciando. E a única coisa que Fátima queria era estar ao lado de William aquela hora. - Eu não consigo. - Fátima se desvencilhou dos braços de Pedro e se afastou, colocando sua blusa em seguida. Ela estava somente de sutiã e começava a ficar envergonhada. - Me desculpe.

Pedro sentou na cama e fitou Fátima. Ele tinha certeza de que estava fazendo tudo certo: ia devagar de acordo com o ritmo de Fátima, ignorava suas vontades absurdas de grudar nela o tempo inteiro e também ficava quieto, sempre que lhe provocavam ou algo do tipo. Mas mesmo assim, ela insistia em rejeitar seus carinhos.

- O que foi?

- E-eu não consigo. - Fátima gaguejou e tapou a boca com as mãos, ainda de costas para Pedro. - Vai embora, por favor. - Ela controlou suas lágrimas e Pedro levantou da cama, pegando suas coisas e dando um beijo na parte superior da cabeça de Fátima. Ela ainda estava de costas quando Pedro fechou a porta, saindo de seu campo de visão.

Fátima caiu ajoelhada ao chão e chorou, sentindo uma dor quase insuportável. A cada beijo de Pedro, ela queria sentir os lábios de William. A cada toque de seu novo namorado, ela queria sentir vindos das mãos de seu ex-marido. Era só Pedro abrir a boca para Fátima desejar ouvir a voz de William. Ela sentia saudades enormes do tempo em que estava casada e só queria voltar para seu grande amor.

Amor este que ela havia mandado embora.

Ela se arrastou até a cama e se deitou sobre ela, virando para o lado do criado-mudo. Logo ao seu lado, seu celular parecia brilhar como uma nova esperança. Ela enxugou as lágrimas e ligou para William.

Ele atendeu no primeiro toque.

- Oi - Fátima estremeceu.

- Fátima. - William suspirou e parecia ter advinhado que ela ligaria. Estava sentindo tantas saudades de Fátima quanto ela sentia dele. - O que você quer?

- Você. - Ela disse e chorou. William ameaçou resmungar alguma coisa, mas ela se antecipou. - Não, eu sei que você não quer falar comigo. 

- Então por que ligou? - William estava sendo mais ríspido consigo mesmo do que com sua ex-esposa.

- Porque eu senti saudades. - Fátima soluçou e William sentiu seu corpo apertar.

- Você está em casa? - Fátima acenou com a cabeça, mas quando se deu conta de que William não poderia vê-la, ela murmurou algo como um sim. - Certo... Eu estou trabalhando agora, mas assim que eu tiver uma folga eu dou um pulo aí. Tudo bem por você?

- Você vem mesmo? - Fátima mordeu o lábio inferior e sentiu seu coração palpitar.

- Se você ainda quiser...

- Quero! - Fátima ergueu a voz e, consequentemente, seu corpo também. Sentou na cama, enxugou suas lágrimas e começou a tremer involuntariamente. - Você poderia jantar aqui e - porém foi interrompida.

- Eu quero acertar os detalhes do divórcio antes da minha viagem. - Ele fez uma pausa e respirou fundo. - Eu viajo no sábado agora.

- Não, William... - Fátima voltou a chorar e ouviu baterem à porta. - Não faz isso.

- Bateram na porta, não é? Eu ouvi. Por tanto vá atender e mais tarde nós nos falamos. 

- William, não. - Mas já era tarde.

- Até mais!

Ele desligou o telefone e Fátima chorou novamente, gritando o nome de seu amor. Eunice - que estava batendo na porta da filha - abriu a porta do quarto imediatamente. Quando viu a filha no estado em que se encontrava, correu para abraçá-la.

- Fátima, o que aconteceu?

- O William, mãe. Ele quer o divórcio... Ele vai viajar e - soluçou Fátima.

- Mas vocês já não estão separados?

- Estamos, mas eu quero voltar pra ele. Eu quero ele de volta pra mim!

Eunice não sabia muito o que fazer, mas continuou abraçando sua filha enquanto ela chorava desesperada.