Fanfic: fora do prumo

William saiu da casa de Fátima correndo e em meia-hora chegou à porta de um restaurante famoso. Ele estacionou à beira da calçada e - saindo com o paletó no antebraço - entregou suas chaves ao manobrista. Assim que entrou no restaurante, ele sentiu que muitos olhares se voltaram para ele, mas aquilo era algo normal. Ele sorriu para uma mulher loira que estava sentada atrás de uma bancada e ela levantou-se, dirigindo William até uma mesa um pouco mais afastada das outras mesas.

- Obrigado. - William disse à mulher, que seguia seu caminho de volta à bancada. Ele encarou os olhos azuis da mulher que estava sentada na mesa a qual ele fora dirigido e sorriu para ela. - Desculpe a demora.

- Não, tudo bem. - Ela sorriu e tomou um gole do líquido que estava em sua taça de cristal. - Você estava na redação?

- Na verdade não. - William puxou a cadeira e sentou-se, pendurando o paletó nas costas da cadeira. - Precisava resolver um assunto antes de vir. - Ele falou e respirou fundo, olhando em volta. - Você já fez os pedidos?

- Eu estava esperando você, então só pedi suco de abacaxi pra mim. - Ela sorriu e percebeu que William não estava muito tranquilo. - Resolveu o tal assunto?

- Na verdade não, só piorei as coisas. - Ele fez um sinal para o garçom e encarou os olhos azuis da mulher à sua frente mais uma vez. - Eu estou completamente perdido, Rubia. Eu já não sei mais o que fazer.

- Você estava com ela, não é? - Ela perguntou e William baixou a cabeça, envergonhado de admitir o que acabara de fazer. - Eu sabia. Você não iria furar comigo a não ser por causa... - ela fez uma pausa. - Dela.

- Você sabe que eu ainda a amo com todas as minhas forças, não é mesmo? Nós temos uma história juntos...

- Tiveram. E de que adianta morrer de amores por ela, se ela já está em outra? Ah Bonner, por favor! - A mulher se alterou e só não subiu o tom da voz, porque o garçom se aproximou. - Eu não vou querer nada, muito obrigada. Perdi o apetite.

- Então nos veja a conta. - O garçom sorriu e se retirou. - Por que você não vai comer?

- Porque eu sei que você vai ficar esperando que eu peça pra trocar de prato. E também sei que você vai ficar desapontado, porque eu não vou pedir. E sabe por quê? Porque eu não sou a Fátima. - Ela enfatizou cada palavra que disse e revirou os olhos, apoiando o braço no encosto da cadeira.

- Às vezes parece que você só se importa com você. E olha que estamos saindo apenas há uma semana...

- Não seja por isso, Bonner. Paramos por aqui. - A mulher mal parou de falar e o garçom tornou à mesa, dirigindo a conta a William. Este assinou, pagou e então levantou da mesa, esperanndo que a mulher fizesse o mesmo. - Você vai me levar em casa?

William assentiu com a cabeça e a mulher levantou. Ele posicionou sua mão na coluna dela, que sorriu vitoriosa por estar desfilando com William Bonner pelo restaurante. Ela sabia que se tratava de uma mulher bonita e que estremeceria ainda mais a relação entre William e sua ex-esposa, fazendo com que uma possível reconciliação entre eles se tornasse algo quase inalcansável.

O que William não viu e a mulher ao seu lado não previu, foi que tirassem uma foto dos dois escondidos. Aliás, várias. Ele entrou e saiu do restaurante certo de que era observado, mas nunca passou pela sua cabeça que estivesse sendo fotografado.

No outro dia de manhã, Fátima acordou ao horário habitual. Seis horas e ela abriu os olhos, tateando sua cama até encontrar seu telefone, que tocava enlouquecido. Ela desligou o alarme e abriu os olhos com certo esforço.

Quando se deu conta de que estava sozinha, temia ter apenas sonhado um sonho bom. Era impressionante, mas ela ainda conseguia sentir as mãos de William em seu corpo. Os beijos quentes que eles deram e seu cheiro ainda estava nela. Sorriu ao lembrar do ex-marido e ligou para ele - que não atendeu.

Achou estranho, mas depois se preocuparia com isso. Correu para o banheiro e foi tomar seu banho.

Assim que desceu as escadas de sua casa para ir tomar café, viu que o celular de William estava em cima da mesa de centro de sua sala. Botou as mãos no peito e sorriu ao lembrar dos dois naquele carpete.

- Mãe! - Laura gritou e foi correndo até ela. - Está tudo bem?

- Está sim... Por quê? - As duas já se encaminhavam até a sala de jantar quando o telefone residencial tocou. Fátima pediu licença à filha e foi correndo atender, imaginando que pudesse ser o ex-marido. Mas infelizmente não era. - Alô?

- Fátima? - Era Pedro quem ligava...

- Oi.

- Tudo bem, meu amor?

- Tudo. - Ela não queria ter que conversar com ele outra vez, principalmente depois da noite que tivera com William.

- Você já abriu seu computador hoje?

- Não, ainda não... Por quê?

- Assim que tiver um tempo, abra. - Pedro sorriu e Fátima pôde vê-lo sorrindo maliciosamente. - Bom trabalho.

- Obrigada, pra você também.

Ela desligou o telefone e quase não prestou atenção no que ouviu de Pedro.

Durante todo o dia, Fátima fora tratada de maneira muito cuidadosa, diferentemente das outras vezes. As pessoas pareciam ter medo de tratar de algum determinado assunto com ela e isso a deixou preocupada; e apesar de perguntar para todos se estava acontecendo alguma coisa que ela não sabia, a resposta era sempre negativa.

Ela estava no carro quando um celular começou a tocar em sua bolsa. Fátima o pegou e o atendeu, sem nem perceber que era o de William que tocava. Assim que atendeu, viu seu ar ir embora e seu coração parar de bater.

- Eaí cara!? Quem era a gostosa que você pegou ontem a noite no restaurante? Caramba, aqueles olhos azuis dela me deixaram cegos, William! Onde é que você achou aquela belezinha? Não que ela chegue aos pés da sua Fatinha, mas aquela dá uma bela noite de amor e sexo, hein! - O homem do outro lado da linha riu alto e se calou por um instante. - William! Você ainda tá aí? Tá me ouvindo? Não me leve a mal, eu só achei que você ainda tivesse pra baixo por causa da separação, mas vi que está a todo vapor! Qual o nome da boneca?

E então Fátima desligou o celular. Encostou a cabeça no volante do carro e chorou até não querer mais. Ainda no celular de William, abriu o navegador e pesquisou pelo nome do ex-marido. Diversos sites noticiavam o jantar que ele tivera com uma anônima morena branca do olho azul, horas depois de ter transado com Fátima em sua antiga casa. Ela lembrou das palavras sem sentido que Willliam dissera antes de ir embora e chorou, de raiva, de saudade, de decepção e de amor.