Fanfic: fora do prumo

Eram três horas da tarde e Fátima sentia que alguma coisa estava faltando... Que alguma coisa estava errada. Já havia apresentado o seu programa pela manhã e também a reunião para o do dia seguinte já estava finalizada, então - mesmo sem comer nada - resolveu procurar por William. Mas apesar de querer muito saber de tudo que estava acontecendo, ela iria procurá-lo apenas para entregar-lhe o aparelho celular.

Dirigiu até o prédio do Jornalismo da Globo, onde encontraria William trabalhando nas pautas do Jornal de mais a noite.

William estava em sua sala, já ciente de que havia virado notícia após seu jantar com "a mulher misteriosa", que ele sabia bem quem era. Uma mulher muito bonita, que conhecera logo que voltara à vida de solteiro - de festas, de bebedeiras e de mulheres. Ele não esperava voltar a se prender a alguém pouquíssimo tempo depois de ter se separado, mas estava com raiva de Fátima por seu relacionamento com Pedro Bial. Então Rubia apareceu e William logo tratou de conquistá-la.

O que William não esperava era que fosse sentir um amor arrebatador sem fim por Fátima, mesmo quando estava com Rubia, seu novo affair. Ele a mantia às escondidas, mas ele jurava ser por pouco tempo. Esperava tirar férias em breve e então faria uma viagem romântica com ela, se afastando de Fátima e tentando se aproximar ainda mais de Rubia.

Mas quando ele viu Fátima incrivelmente linda na casa que um dia eles compartilharam juntos, com os olhos brilhando de alegria e um sorriso maior que a lua lá fora, ele não conseguiu se controlar. Suas mãos suavam, seu corpo estava eriçado de excitação. Quando ela se declarou para ele, William perdeu o rumo e o auto controle, também. Os dois acabaram fazendo amor no antigo quarto, mesmo com Rubia esperando por William num restaurante da cidade.

E mais uma vez, o destino parecia conspirar contra a reconciliação de Fátima e de William.

Quieto, concentrado em uns papeis a serem corrigidos, William levantou de pressa de sua cadeira quando viu Rubia parada na porta de sua sala. Ela estava com uma calça de couro grudada no corpo e uma camisa regata vermelha, evidenciando um volume que Rubia não tinha nos seios. Ela sorriu quando os olhos de William encontraram os seus e entrou na sala dele, segurando a alça da bolsa de franjas que pendia no seu ombro.

- Aqui é meu local de trabalho. Eu pedi para que você não me procurasse.

- Eu sei. - Ela foi até William e lhe deu um singelo beijo nos lábios. Deu dois passos para trás e William a acompanhou até duas poltronas brancas que haviam ali. Rubia sentou e William sentou ao seu lado, na outra poltrona. - Mas acho que você viu o que aconteceu.

- Eu vi. - William respirou fundo e segurou as mãos de Rubia. - Ontem, antes de chegar no restaurante, eu e a Fátima nós - porém ele foi impedido de continuar.

- Vocês transaram, eu sei. Você não atrasaria tanto se não estivesse com ela.

- Me desculpe.

- Não, tudo bem. Quando eu encontrei você, você estava completamente apaixonado por ela. Ainda sentia a mesma coisa de quando eram casados, em uma proporsão um pouco menor. Você estava tentando se afastar dela e me encontrou. E quer saber? Eu até gostei. Começamos a nos relacionar e eu sabia que o que você sentia por ela, uma hora ou outra, ia se mostrar maior do que qualquer coisa. E eu resolvi não me importar com isso e apenas curtir os momentos que tínhamos juntos. Eu prometi para mim mesma que não cobraria nada de você e nem de mim. E acho que consegui isso.

- Você foi excepcional comigo durante o tempo em que nos relacionamos! Você é incrível, Rubia. E eu adoraria me apaixonar por você.

- Mas você ainda é apaixonado por ela. Você é. Eu sei. - Ela sorriu sincera e William fez o mesmo. - Mas eu juro que eu não me importo, William. Eu fiquei chateada ontem, porque eu estava começando a acreditar que íamos dar certo, mas foi só ontem. Se você ainda precisar ou quiser alguma companhia, eu vou estar aqui. Pode acreditar.

- Muito obrigado Rubia, mas eu não quero. Eu preciso ficar um tempo sozinho, sentindo a minha dor e tentando me acertar comigo mesmo. Se eu ainda pretendo voltar com a Fátima, é preciso estar livre e resolvido. Mas caso nada dê certo, eu prometo que você será a primeira da fila.

Ela riu. E ele também. Os olhos azuis da morena brilharam quando os castanhos de William brilharam também. Ambos se levantaram das poltronas e se abraçaram.

- Então é aqui que tudo termina? - Eles se soltaram e Rubia baixou seus olhos. - Tudo bem se você não quiser, nem aceitar. Mas é uma coisa que eu adoraria muito, mais como uma lembrança de um sentimento do que de um momento. Mas tudo bem se - e então William a interrompeu.

Segurou o rosto de Rubia com as duas mãos e a beijou, como nunca antes. Ela segurou seus braços e então chorou, enquanto ainda era beijada por William.

E foi exatamente nessa mesma hora, que Fátima entrou na sala de William. Ela não ouviu nada, apenas viu William e a mulher das fotos se beijando ardentemente na sala do ex-marido. Nenhum dos outros dois viu que ela estava ali com eles, mas não demorou muito para que William sentisse o cheiro da ex-mulher.

- Fátima! - Ele soltou Rubia e se virou para o outro lado, onde Fátima observava os dois se beijando. Seus olhos transbordavam e William não sabia o que fazer, já que Rubia chorava também.

- Então é tudo verdade. - Fátima murmurou. - A mulher das fotos é sua nova paixão. Não era boato nem montagem. Vocês estão juntos! - Ela gritou e soluçou. William correu para abraçá-la, mas Fátima recuou. - Não volte a olhar pra mim, William. Você praticamente me traiu! Me deixou sozinha em casa depois de transar comigo somente para se encontrar com essa daí!

Rubia ameaçou reclamar do tratamento, mas William a impediu. Ele esticou o braço para o lado e ela sentiu que era para que ela ficasse quieta. Pegou sua bolsa, pediu licença e se retirou da sala.

- Eu posso explicar tudo para você. Por favor, me escuta.

- Não, William. Eu não preciso disso. O Pedro me ama, e apesar da minha traição, eu sei que ele vai me perdoar. Obrigada por me abrir os olhos. - Ela estava quase saindo da sala quando lembrou do que fora fazer. Procurou dentro da bolsa e quando achou, atirou o celular de William em sua direção. - Espero que tenha quebrado, assim lhe serve de lição. - E então foi embora, correndo e chorando, com o coração tão quebrado quanto a tela do celular de William.

Este sentou-se novamente e pôs o rosto entre as mãos, chorando sem rumo.