Fanfic: fora do prumo

Passados alguns dias depois da situação horrível que acontecera na sala de William, ele já havia resolvido a sua vida: completamente solteiro, entrando em contato com alguns advogados para tratar de seu divórcio e trabalhando como nunca, tendo seu devido reconhecimento.

Com Fátima acontecia o contrário. Ela ainda estava com Pedro, mas sempre ocupava-se dos seus filhos para não ter que sair com ele. E apesar querer ficar sozinha por um tempo, ela não conseguia afastá-lo de si. Sentia que os seus filhos a tratavam com rispidez e ela os entendia muito bem, já que se olhar no espelho e encarar seus próprios olhos era coisa rara. Além disso, ela não conseguia manter-se focada em seu trabalho. Hora ou outra ela lembrava de William, ou pegava seu celular achando que ele iria ligar a qualquer hora.

Era uma sexta-feira a noite e ela estava em casa, sentada no sofá da sala, assistindo o Jornal Nacional ao lado de Laura.

- O papai é um gato, não é? - Provocou Laura.

- É sim... Seu pai é um homem incrível! - Fátima falou sem pensar e quando se deu conta do que acabara de dizer, forçou uma tosse. - Quer dizer... Você me entendeu. Seu pai é um ótimo pai. Foi isso que eu quis dizer.

- Sei! - Laura riu e ambas ficaram quietas.

Quando o telefone tocou, Fátima levou um susto. Laura estendeu a mão e atendeu.

- Sim? - Ela ficou em silêncio um pouco e logo voltou a falar. - O meu pai? Não. Ele não pode... - Laura alterou o tom de voz e começou a chorar.

- Filha, o que houve? - Fátima correu até a filha e sentou-se ao lado dela.

- O pai, mãe. Ele... Não! - Ela soltou o telefone em cima do sofá e subiu as escadas correndo. Fátima pegou o telefone, já temendo o pior.

- O que houve com o William?

- Com o senhor William? Creio que não tenha acontecido nada, mas não sei lhe informar.

Fátima respirou fundo e sentiu a seriedade da mulher que falava com ela.

- D-desculpe... Quem é você?

- Sou Vanessa Amorim, advogada do senhor William Bonner. Ele me contratou para tratar dos assuntos de seu divórcio, por isso que liguei para a senhora.

- Divórcio? O William... Ele...? - Fátima não conseguia prosseguir. Olhou para o lado e viu William na tela da sua televisão, despedindo-se e desejando uma boa noite a todos. Piscou os olhos e então já estava chorando. - Ele já cuidou de tudo?

- Na verdade, ainda não. Eu estou apenas comunicando a senhora de que vou pedir os papeis do divórcio e também dizer que o meu cliente ficaria muito feliz se a senhora os assinasse sem nenhuma complicação. Ele pediu para que qualquer dúvida voltada a esse assunto a senhora trate comigo.

- Eu não acredito que

- Obrigada, uma boa noite para a senhora. - A mulher interrompeu, despediu-se e desligou o telefone. Fátima desligou também e apoiou a cabeça entre as mãos, soluçando e chorando.

- Eu não acredito que você vai sair de casa e ir pra festa hoje! - Beatriz gritava. - Justo hoje, quando você deveria ir até o nosso pai e conversar com ele sobre essa palhaçada de divórcio!

- Vocês ainda se amam, mãe! - Vinícius gritou e Fátima tremeu por dentro, sentindo que não teria o apoio dos filhos para mais nada dali em diante.

- Eu vou e está decidido. Eu e o Pedro fomos convidados para uma festa comemorativa e nós vamos. Foi o seu pai quem decidiu pedir o divórcio, não eu. Briguem com ele!

- Ah claro! Porque você anda com o senhor Pedro Bial pra cima e pra baixo, fica se esfregando com ele, mas não quer se separar do nosso pai! Ah tá bom, mãe.

- Olhe bem como você fala comigo, Laura. E eu vou. Durmam cedo e qualquer coisa me liguem.

Fátima - que estava deslumbrante em um vestido preto frente única, com detalhes em pedraria no meio do busto e com uma sandália prata a fazendo crescer mais um pouco -, saiu de casa e entrou no carro de Pedro, seu namorado. Ele, vestido em um simples terno cinza com uma gravata roxa, não parecia adequado para uma mulher como Fátima.

Quando ela o viu vestido daquela maneira, sorriu sem graça.

- Vamos?

Ele confirmou com a cabeça e então saíram.

Fátima entrou no salão de festas de braço dado com Pedro, que sorria, se exibindo por estar com Fátima. Ele a abraçou pela cintura singelamente e ela se afastou, como se dissesse que não queria nenhum tipo de carinho entre os dois.

Pedro ameaçou falar alguma coisa, mas quando olharam para frente, viram um homem muito bonito, de mechas grisalhas no cabelo e um terno aberto preto, com uma blusa branca também aberta na gola. Ele sorria animado, com uma taça de champagne na mão, quando parou de caminhar para olhar àquela linda mulher que entrava.

Seus olhos percorreram toda a extensão do corpo de Fátima, e ele quase mordeu o lábio inferior quando o brilho das pedrarias do vestido de Fátima alcançaram seus olhos. Fátima e Pedro caminharam em sua direção e quando William ficou de frente para eles, ele acenou com a cabeça.

- O que você está fazendo aqui? - Pedro perguntou.

- O mesmo que você, só que sozinho. - Ele encarou os olhos de Fátima e ela sorriu irônica.

- Recebi a ligação da sua advogada. Então quer dizer que você quer o divórcio?

- Quero sim. Aliás, desde o dia em que você apareceu... namorando - ele entortou o nariz-... com esse daí.

- Esse daí não! - Pedro "peitou" William, que riu.

- Aliás, que belo namorado! - Ele olhou novamente para Fátima e ficou sério. - Espero que isso seja o melhor a ser feito, porque não quero magoar ninguém a toa.

- Eu não sei pra que essa bobagem de divórcio. Os nossos filhos... Como eles vão ficar?

- Nós já estamos separados, só vão mudar os papeis. E eu podia jurar que você iria gostar muito dessa ideia, já que agora pode ficar livre para casar com esse daí. - Ele provocou.

- E quem disse que eu quero? - Pedro virou-se totalmente para Fátima, que manteve seus olhos presos em William. E antes que ela pudesse falar mais alguma coisa, ouviu que uma mulher o chamava. - Quem é ela?

- Uma amiga. - Disse ele. - Se vocês me dão licença, eu preciso ir.

- Ela não é a mesma daquele dia. - Fátima pensou alto.

- Mesma quem?

- Nada.

Fátima puxou Pedro e eles foram escolher uma mesa para se sentar.

Estava no meio da madrugada, algo em torno de três ou quatro horas da noite, quando Fátima virou para frente e viu uma coisa que não gostaria de ver. William já estava na décima quarta doze de champagne, completamente bêbado, no meio do salão e havia uma mulher qualquer se enroscando em seus braços. Conforme ele ia tentando acompanhar o ritmo da música, ela ia tentando o seduzir passando as mãos por seu corpo, movendo seus quadris e esfregando seu corpo no de William. Se Fátima não estivesse enganada, esta já era a sexta mulher que fazia isso. E, para a felicidade da ex-mulher, era também a sexta que ele desprezava.

Porém Fátima viu quando Rubia - a mulher das fotos e do jantar de dias atrás - se aproximou. Ela trocou o copo de William por outro mais cheio e o abraçou pela cintura, se movendo junto dele conforme o ritmo da música. Fátima, que só conseguia olhar para William e sentir vontade de o beijar, decidiu se livrar de Pedro de uma vez só. Este não sabia o que fazer.

- Mas Fátima... Não! Eu amo você e

- E eu amo o William. - Ela o interrompeu. - Não há nada que você possa fazer pra mudar isso e eu nem quero que mude! Ele é o homem da minha vida e eu não posso o perder de vez. Você foi incrível até aqui, mas eu sei que estou sendo muito ruim para você.

- Eu não me importo. Eu...

- Mas eu sim, Pedro. Tudo o que a gente tinha, acabou aqui. E espero que você me entenda.

Fátima pegou sua carteira e seu celular, e saiu desfilando na direção de William - que estava de costas. Rubia viu que ela se aproximava e agarrou William, o beijando de maneira quente. Fátima não se abalou, deu uma leve mexida nos cabelos e separou os dois. Rubia ficou vermelha de raiva e William riu.

- Vem comigo!

- Não Fátima... A festa tá tão boa. E além do mais o Pedro não vai gostar de ver nós dois juntos, meu amor!

- Vem comigo, por favor.

- Dança comigo que eu vou.

Fátima abraçou William instintivamente e ele acariciou seus cabelos, vendo Rubia correr dali.

- Eu vou levar você pra casa. Vem comigo.

Eles deram as mãos e saíram do salão abraçados.