Fanfics Brasil - Capítulo 1 Desde sempre.

Fanfic: Desde sempre. | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 1

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Dez da manhã. O som do interfone tocando ecoa pelo quarto. Na parede, uma janela com uma cortina alaranjada. Ao lado, um quadro de 40x40 centímetros. Estampada nele, uma fotografia de uma garotinha sorridente, de cabelos negros, com um vestido de quadrilha, o cabelo preso em “marias-chiquinhas” e faltando os dois dentinhos da frente. Embaixo, uma pequena estante com uma TV e três portas-retratos salpicados. Fátima abriu os olhos. Se espreguiçou, sonolenta. Era 17 de setembro, seu 27° aniversário. Olhou para a direita e seu olhar pousou direto em todas as fotos que decoravam o quarto. Em um deles, estava ela vestida com uma beca preta e um capelo, em sua formatura. Em outro, ela e os pais, em seu aniversário de 18 anos, há exatos nove anos atrás. E no terceiro porta-retrato, Fátima, ainda pequenina, abraçada ao seu melhor amigo. Ela se virou na cama e franziu os olhos para que pudesse enxergar melhor. Na foto, ele era um garoto magrelo e muito levado. Pela expressão no rosto dele naquele retrato, ela pôde se lembrar de vários flashs da infância deles.


                Fátima conheceu William quando ambos tinham sete anos. Paulista, ele se mudou com a família para o mesmo prédio que ela morava, no Rio de Janeiro. Não ficaram amigos de imediato, ele era todo engomado e mauricinho, demorou algumas semanas até se entrosar com os vizinhos. No primeiro dia em que ele desceu para brincar na rua, já soltou a primeira gafe. Olhou pra Fátima, toda descabelada e com os pés descalços e disse:


                - Eu nunca vi uma garota jogar bola na rua! Vá brincar de boneca!


Fátima, temperamental e cheia de personalidade desde criança, não precisou de muitos passes pra mostrar pra ele que jogava futebol melhor do que todos os garotos da rua. William passou a descer todos os dias depois da escola para brincar na porta do prédio. Rapidamente, nasceu ali, pouco a pouco, uma sincera amizade. Os laços se estreitavam e os dois passaram a encontrar um no outro um leque de afinidades. Tinham a mesma idade, viviam grudados. Aterrorizaram a vizinhança, tocando interfone em todos os apartamentos do prédio, pulando muros à procura da bola que SEMPRE caía no quintal alheio e subindo em árvores para jogarem amoras dentro da piscina do vizinho. Com o passar dos anos, ficaram ainda mais inseparáveis. De tanto insistirem, conseguiram convencer os pais de William a colocarem-o na mesma escola que Fátima estudava. A adolescência chegou e, com ela, todas as incertezas, inseguranças e dúvidas. Mas, foi nesse período também que viveram os momentos mais marcantes de suas vidas. Presenciaram o primeiro beijo um do outro, o primeiro porre. William viu Fátima desabrochar de uma menina magricela, miúda e descabelada para um mulherão, que chamava a atenção por onde passava. Optaram por cursar jornalismo, os dois. Se dedicaram juntos aos estudos, em geral na casa de Fátima, que é filha única e adorava a companhia dele para estudar. E foi com muita alegria que passaram no vestibular e receberam ovadas do condomínio inteiro pela aprovação. No fim daquele dia, deitados na grama, embaixo da árvore do jardim do prédio, Fátima olhou pra William.


                - William...


Ele girou o rosto para ela.


                - Hum?


                - Promete que nós nunca vamos deixar de ser amigos? Nunca deixaremos que nada nos separe?


Ele encostou a mão no topo da cabeça dela e sacudiu-lhe o cabelo, deixando-o todo desgrenhado.


                - PÁRA! Eu tô falando sério! Promete?


Ele concordou com a cabeça.


                - Eu prometo! Vamos morrer juntos! Um do lado do outro.


Ela sorriu. Fechou os olhos...


 


 


Fátima abriu os olhos. Era saudosismo demais para uma manhã de aniversário. Mas só tinha lembranças boas de uma vida inteira dividindo absolutamente tudo com William. Ele era o seu único e melhor amigo. Não sabia se era impressão por ter acabado de pensar nele, mas teve a sensação de que ouviu a voz dele, de longe. Não era impressão.


                William entrou pela porta da sala, recepcionado pela mãe de Fátima. Os dois se abraçaram fortemente e com muito carinho.


                - Oi tia! Que saudade!


                - Ah, que saudade meu filho... Você sumiu aqui de casa, porquê?


                - Pô tia, estou trabalhando demais... Ando muito sem tempo! Mas prometo que vou vir almoçar aqui qualquer dia, estou com saudade de comer sua bacalhoada!


                - Vem mesmo! Vou fazer pra você com batatas, igual você gosta!


                - Hum... delícia! – ele beijou a mão dela. – Cadê a aniversariante? Vim trazer o presente dela!


                - Adivinha?


                - Dormindo, é lógico! Como eu não imaginei? – ele riu.


                - Vai lá no quarto dela, sacode ela da cama!


William atravessou a sala, até o corredor dos quartos. Abriu a porta do quarto de Fátima de supetão, sem se preocupar em ser delicado. Meteu a mão no interruptor e tacou uma almofada na cara dela.


                - Acorda, palhaça!


Fátima tapou o rosto.


                - RIDÍCULO! Nem bate! E se eu estivesse pelada? – ela esbravejou.


                - Num ia fazer diferença nenhuma, já te vi pelada, queridona!


                - Ah, claro! Eu tinha 12 anos! E você me espiou tomar banho pela fresta da porta, nunca te perdoei, queria que você soubesse!


Ele gargalhou. Sentou-se na borda da cama dela.


                - Parabéns!! – ele deitou a cabeça, na barriga dela, por cima do edredom.


Fátima empurrou a cabeça dele pra cima.


                - Sai, deixa eu levantar! Vou te dar um abraço!


Ela levantou o corpo e pendurou-se nele.


                - Obrigada! Mas porque você veio tão cedo? Vai almoçar comigo?


                - Não... não vou poder... Eu entro no trabalho meio-dia hoje...


                - Ué, vai dar plantão hoje?


                - É, hoje vai ter uma entrevista com aquele delegado que está comandando a força-tarefa da favela, sabe? Me escalaram pra fazer...


                - Sério? Ao vivo na rádio?


                - Sim.


                - Vou ouvir você deitada na minha cama então, se te consola. – ela se deitou novamente e abriu os braços no travesseiro, fazendo uma cara irônica.


                - Ah, cala a boca! Vai tripudiar? Eu ganho mais que você!


                - Não interessa, ao menos eu não trabalho sábado a tarde! Revista tem suas vantagens...


William sacudiu a cabeça.


                - Toma seu presente! – ele estendeu até ela.


Fátima se sentou na cama de novo.


                - Eba! O que é?


                - Abre!


Ela pegou uma pequena embalagem das mãos dele. Rasgou o embrulho e notou que era uma jóia. Abriu a caixa e sorriu com o que viu. Era um anel com o símbolo do infinito. Muito delicado e fininho. Fátima abriu a boca, encantada com a delicadeza da peça. Antes que ela pudesse falar algo, ele se antecipou:


                - Eu decidi comprar esse anel quando me lembrei daquela noite que passamos no vestibular e ganhamos um trote. Nos deitamos embaixo do pé de jabuticaba e prometemos um para o outro que nunca iríamos nos separar. Esse presente é só uma simbologia desse meu desejo de que a nossa amizade seja eterna e infinita. Eu sei que a vida nos leva a caminhos um pouco diferentes, o trabalho não nos permite estarmos juntos como gostaríamos. Mas eu queria que você soubesse que a sua presença é constante na minha vida, seja com um torpedo de “boa noite” no fim do dia ou com uma ligação sua. Ou só quando eu penso em você e me lembro de tudo que já vivemos nessa vida. – ele passou a mão no rosto de Fátima. – Desejo MESMO, de coração que você seja muito feliz! Muito! Você merece!


Com os olhos marejados, ela sorriu pra ele e engoliu seco. Deitou-se no ombro de William.


                - WILLIAM! Eu ACABEI de me lembrar desse dia, da gente embaixo da árvore! Que assustador você falar isso agora! Poxa, muito obrigada... Ai, eu amei! Melhor presente! Eu amo TANTO você! – ela deu um beijo no rosto dele, que retribuiu.


                - Que bom que gostou!


                - Lógico! – ela colocou o anel no dedo. – Vou ficar com ele o tempo todo agora! Não vou mais tirar! – William sorriu. Fátima olhou pra ele. – Você vai hoje, né?


                - Claro! Você marcou às 21, não é?


                - Sim. A Heloísa vai? – Fátima ficou com o semblante mais sério.


                - Bom... Se a gente não brigar até a noite, sim.


Fátima sacudiu a cabeça.


                - Como vocês estão?


Ele abaixou a cabeça.


                - Ah... Depois que a gente reatou o namoro agora, dessa última vez, nunca mais foi a mesma coisa. Ela ta cada dia pior, mais ciumenta, mais neurótica, fuça no meu celular, fuça na minha carteira... Implica com as minhas colegas lá da rádio, implica com as vizinhas do meu prédio... Bom, com você eu não preciso nem comentar, né? – Fátima abaixou a cabeça.


                - É... eu sou a primeira da lista das pessoas que ela mais odeia. Isso eu já sei.


William ficou levemente constrangido.


                - Não é que ela te odeie. Ela só se rasga de ciúmes de você.


                - É... ela só estraçalhou o porta-retrato que você tinha na sua casa com uma foto minha e sua. Rasgou minhas cartinhas e quebrou o cd que eu te dei. Ela não me odeia não, realmente. Ai, William... desculpa te falar isso, mas eu sinceramente não consigo entender como você suporta essa situação. Você deve amar ela demais, não é?


William sacudiu a cabeça, negativamente.


                - Nem eu sei como eu suporto. Tenho pensado muito nisso ultimamente, eu preciso dar um jeito nesse meu relacionamento todo errado. Eu já amei ela, mas hoje não mais. Eu acho. – ele abaixou a cabeça.


                - Eu sinto falta de ir na sua casa, sabia? De beber cerveja jogada no seu sofá, de virar a noite assistindo futebol americano com você... De brincar de acerte o alvo com pipoca, errando sempre a mira e tacando dentro do seu olho. – os dois riram. – Sinto uma falta horrorosa.


                - Mas você sabe que você pode ir quando quiser pra lá, você que fica aí morrendo de medo da Heloísa. Você tem até a chave do meu apartamento. Nem ela tem e você tem.


                - Não tenho MEDO dela, William, pelo amor de Deus! Eu só não quero causar problemas pra depois ela brigar com você. Você está cansado de saber que se ela achar um fio de cabelo meu no chão, no sofá, na almofada, seja lá onde for, ela quebra o barraco com você. Não quero provocar uma confusão entre vocês, é só isso.


                - Tá bom, mas é uma escolha sua, eu... Bom, vamos ver no que vai dar. Agora eu tenho que ir. – ele fez um bico de emburrado e deitou a cabeça no colo de Fátima.


Ela sorriu e passou as mãos pelo cabelo dele. William se levantou. Ela levantou atrás e foi seguindo ele até a sala.


                - Ah, já vai? – a mãe de Fátima questionou, sentada na mesa de jantar.


                - Já... Tenho que ir, vou trabalhar hoje ainda, acredita? – ele se abaixou e deu um beijo no rosto dela. Fátima permaneceu atrás deles, de camisola.


                - Volta mais!


                - Volto sim, prometo! – ele caminhou até a porta.


Fátima parou no vão, com a porta aberta ao seu lado. William reclinou-se pra frente e deu um forte e demorado beijo no rosto dela. Fátima passou a mão ao redor do pescoço dele, repousando-a na nuca de William. Fechou os olhos, sentindo o gesto de carinho dele.


                - Obrigada por ter vindo me trazer o presente. Eu amei, mesmo!


                - Ainda bem! Essa era a intenção! Até mais tarde! – ele sorriu.


                - Até!


Fátima fechou a porta atrás de si. Caminhou em direção ao quarto, mas foi interrompida pela mãe.


                - Eu sei que você vai dormir de novo, filha! Mais tarde te dou um abraço de parabéns, mas posso só te fazer uma pergunta?


                - Claro!


                - Nunca aconteceu NADA entre você e o William?


Fátima riu.


                - Lógico que não, mãe! Que pergunta!


                - Ai, minha filha... Eu queria tanto que vocês namorassem, sabia?


                - SABIA! Você já falou isso um milhão de vezes! Ele tem namorada, mãe, ele é enrolado com essa insuportável dessa Heloísa faz uns 10 anos, namora com ela há 5! E vai acabar casando com essa nojenta! E não tem nada a ver, nós somos amigos, quase irmãos! Esquece isso! Vou dormir! – ela caminhou até o quarto.


Deitou-se na cama, se emaranhou no edredom, cobrindo-se até o pescoço. Olhou para a foto dela e de William novamente. Esticou a mão em frente ao rosto, vislumbrou aquele presente incrível. Deu um beijo em cima do símbolo de infinito, fechou os olhos e sorriu, adormecendo.



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários da Fanfic 29



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  • beatriz_cartilho Postado em 11/02/2015 - 20:58:16

    Ahh não acredito que acabo , mais eu amei o final *_*

  • bia_jaco Postado em 11/02/2015 - 20:25:07

    Aiiiin não acredito que a fic já acabou :( bom mais nada dura né?Quero que saiba que essa fic vai para o meu coração como todas suas,amooo!!Parabéns mais uma vez.Beijos moça linda

  • bia_jaco Postado em 22/01/2015 - 21:19:06

    Geeeeeeeeeeeeeeente que capítulo é esse?Sei mais nem o que dizer....amo amo amo!!!

  • bia_jaco Postado em 19/01/2015 - 14:50:40

    Lindos demais!!Amei muito o capítulo

  • beatriz_cartilho Postado em 12/01/2015 - 22:01:14

    Que lindo amei!!!

  • jurb Postado em 12/01/2015 - 18:58:58

    Que lindo! *-*

  • bia_jaco Postado em 12/01/2015 - 18:19:54

    Lindo lindo lindo o capítulo.Finalmente falaram as 3 palavrinhas mágica.Amei o capítulo!!

  • bia_jaco Postado em 02/01/2015 - 19:12:16

    aaaaaaaaaaaaaaaa como tem coragem de parar o capítulo assim?Quero maaaais!!Posta maaaaais!

  • bia_jaco Postado em 30/12/2014 - 18:10:08

    Estava morrendo de saudade da fic.Amei o capítulo!!Quero maaaaaaais :)

  • star.20 Postado em 22/12/2014 - 18:03:27

    Por que ta demorando tanto pra posta outro capítulo? Desistiu?


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