Fanfics Brasil - Capítulo 17 Desde sempre.

Fanfic: Desde sempre. | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 17

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                O dia 24 de dezembro amanheceu ensolarado. William dirigia na estreita estrada, por entre os eucaliptos que circundavam todo o percurso. Ele virou à esquerda, em um portal de tijolos aparentes, que dava acesso à pequena estrada de terra que antecedia a entrada do rancho da família de William. Ele olhou pelo retrovisor e visualizou o carro dos pais de Fátima atrás dele. Olhou para o seu lado direito e ela estava ao lado dele, de óculos escuros e a cabeça pra baixa mexendo no celular. Ela olhou pra William e sorriu. E encheu o coração dele de alegria com esse simples gesto.


                Os dois carros adentraram o imenso jardim que havia em frente a casa e estacionaram. Desceram os quatro, de ambos os carros. O pai de Fátima ajeitou a camiseta e caminhou de mãos dadas com a mãe dela, em direção a William.


                - Nossa... mudou muito pouco desde a última vez que viemos. – disse, olhando para a casa.


William concordou com a cabeça, sorrindo.


                - Eles renovaram a pintura recentemente, mas tentaram manter a aparência original. Essa casa deveria ser tombada como patrimônio histórico, pra que ninguém possa alterá-la mesmo que um dia a gente venda, o que acho pouco provável.


                - É... eu me lembro quando eles compraram, vocês eram pequenos, quase nem devem se lembrar. Vínhamos pra cá quase todos os fins de semana. – ele olhou pra William. – Você costumava vir conosco de carro, pra esperar a escola, porque seus pais vinham antes pra organizar tudo. Você e a Fátima mal desciam do carro, já tiravam os sapatos, abandonavam aqui mesmo no meio desse gramado e pulavam naquela piscina com roupa e tudo. – ele apontou pra piscina. – Vocês se lembram disso?


Os dois concordaram com a cabeça, rindo nostálgicos. Quando os pais de Fátima se distraíram, caminhando em direção a casa, Fátima e William se olharam e sorriram um para o outro. Os pais de William rapidamente desceram a escadaria da frente da casa, indo de encontro a eles.


                 - Que bom que vocês vieram! – disse a mãe de William.


Todos se abraçaram carinhosamente e receberam boas vindas. Ela segurou as mãos de Fátima e sorriu pra ela.


                - Fiquei muito feliz quando o William me disse que você vinha, minha linda!


                - E eu estou muito feliz de estar aqui também, tia. Obrigada pelo convite!


                - Imagina, vocês são de casa! Vem, vamos entrar! – ela puxou Fátima pela mão.


Aquela casa inteira remetia às férias felizes da infância de Fátima e William. Em cada canto dela havia uma lembrança, até mesmo de natais passados, quando a imensa árvore que havia no canto da sala ficava rodeada de embalagens de presentes, tragos pelo Papai Noel. Aquela árvore ainda era a mesma de que ela se lembrava e ainda estava no mesmo lugar de sempre. Estava com os pisca-piscas apagados e ainda não haviam presentes embaixo dela. O clima daquela casa era sempre o mesmo: muito caloroso, aconchegante e familiar. A última vez que Fátima esteve lá, no aniversário de William, a casa ainda estava parcialmente em reforma, com alguns móveis da sala de TV e de jantar cobertos com uma lona cinza. Praticamente, ficaram só na parte externa da casa naquela ocasião, iam pra dentro apenas pra dormir. Dessa vez, com a casa organizada e todos os móveis em seus devidos lugares, foi como voltar no tempo, há 20 anos atrás. E era delicioso relembrar tudo. Mais delicioso ainda era sentir a presença de William ao lado dela. Fátima não sabia explicar exatamente o motivo, mas tinha a sólida sensação de que aquele natal seria incrivelmente especial.


 


***


 


                Noite de natal. De frente pro espelho, Fátima limpava os excessos de batom vermelho no lábio inferior da boca. Atrás dela, o quarto onde se acomodou junto com os pais. Uma cama de casal e uma delicada cama de solteiro no canto da parede, que estava com produtos de maquiagem dela espalhados por todos os cantos. Fátima deu três passos pra trás e se olhou de corpo inteiro no espelho. Ela usava um vestido tubinho vermelho, bem justo no corpo. Nos pés, um sapato preto altíssimo. Ela estava deslumbrante. Os cabelos negros e ondulados faziam contraste com o vermelho sangue do vestido que ela usava. Ela se olhou de costas, virou-se de frente pela última vez e ajeitou os seios dentro do sutiã. Escondeu a alça da lingerie, embutindo-a por trás da alça do vestido. Jogou os cabelos de lado, caminhou até a porta e apagou a luz do quarto.


                Na sala de jantar, a mesa estava decorada com velas, arranjos e enfeites de Natal. O jantar ainda não estava servido, apenas alguns amendoins e castanhas, como entradas. Os pratos, guardanapos de pano e souplasts eram todos com cores e temas natalinos. Os pisca-piscas na árvore da sala ao lado agora já piscavam sincronicamente. Nos pés dela, cerca de 20 caixas de presente, jogadas aleatoriamente. Nas paredes, várias guirlandas de diferentes cores salpicadas, deixando o ambiente ainda mais bonito e convidativo. A mãe de William sempre foi caprichosa e adorava decorar a casa em épocas festivas. Era quase um passatempo pra ela e era visível o quanto ela se alegrava ao ouvir algum elogio a respeito da decoração.


                Fátima desceu as escadas lentamente, se equilibrando majestosamente em cima dos saltos. A sala estava relativamente cheia. Naquele ano, não haviam tantos convidados como era de praxe. Além deles, estavam apenas os avós de William, duas tias e as irmãs dele, com seus respectivos namorados. O pai de Fátima estava em pé, conversando com o pai e avô de William, ao lado do bar. A mãe estava sentada na mesa principal, com uma priminha de William no colo e o restante das mulheres da família. Fátima correu os olhos pela sala e não encontrou-o. Assim que desceu o último degrau da escada, ela parou, se apoiando no corrimão. Olhou em volta, questionando a si mesma se ele ainda não havia descido. Sentiu uma mão tocar seu cotovelo, atrás de si. Olhou rapidamente para o lado e quase perdeu o fôlego. Tentou desesperadamente disfarçar, na frente de todos, mas foi muito difícil. Ele estava absurdamente lindo. Usava um jeans escuro, uma camisa social listrada de azul claro e branco e por cima, um blazer azul marinho. O cheiro do perfume dele quase tomava conta do olfato de Fátima naquele momento. Ela sorriu pra ele, com os olhos brilhando. Sentiu seu coração levemente disparado, mas virou-se de frente, olhando novamente para a sala. Observou se alguém havia reparado a troca de olhares entre os dois, mas todos estavam ocupados demais conversando e rindo. Ela se sentiu levemente aliviada. Notou que William se aproximou lentamente e sussurrou no ouvido dela.


                - Você está muito mais maravilhosa do que eu consigo suportar. – ele se afastou imediatamente depois que disse isso.


Fátima respirou fundo. William parou ao lado do pai, com uma taça de champagne na mão e ficou de costas pra ela. Ela sacudiu a cabeça, indignada com a ousadia dele. Sorriu de leve, caminhou até a cadeira ao lado da mãe e se sentou. Notou que havia uma caixa de fotos antigas na mesa, na qual a mãe de William remexia.


                - Olhem essa! – ela virou a foto para que todos vissem. – Foi uma páscoa, eu estava grávida do William. Eu queria ter confeccionado um mural com várias fotos pra colocar na sala, mas não deu tempo!


O pai de William gritou do fundo.


                - Ah! William, vem cá! – cutucou o filho, que estava ao lado dele. William veio caminhando atrás do pai. – Eu separei uma foto pra mostrar pra você e pra Fátima.


Ele abriu um envelope, dentro dessa mesma caixa de relíquias. De dentro dele, tirou várias fotografias e procurou pela que ele gostaria de mostrá-los.


                - Olhem! Vocês se lembram disso?


Ele estendeu a foto. Fátima sorriu, com os olhos arregalados.


 


 



 


                - A casa da árvore! Não acredito! Eu nem lembrava, agora que estou vendo a foto me lembrei perfeitamente! – ela disse.


William pegou a foto, sutilmente.


                - Putz! Eu me lembro, vocês nem sempre deixavam a gente ir, porque ela fica longe aqui da casa e vocês tinham medo de cairmos lá de cima! – todos riram. – Ainda existe, pai? – ele questionou.


                - Claro! Está intacta! Estava com cupins e alguns pregos apontados, mas eu dei uma arrumadinha nela, pintei novamente as ripas das paredes, coloquei uma lâmpada nova e limpei por dentro.


                - Pra quê, pai? Quase não tem crianças na família mais... – William disse.


- Não, mas eu demorei muito pra construir aquela casinha, não podia deixar que ela acabasse a míngua desse jeito! E tem mais, agora não têm mais crianças, mas em algum momento terão. – ele riu.


                Por volta de dez da noite, a ceia foi servida. Todos jantaram harmoniosamente e beberiscaram vinho e champagne. O clima estava ótimo, riram muito e conversaram sobre os mais variados assuntos. Durante toda a noite, William e Fátima trocaram olhares. Ele conseguia provocá-la sem dizer nada. Estavam sentados lado a lado na hora da ceia. William entrelaçou as pernas com Fátima por debaixo da mesa. Ela tomou um susto, mas agiu naturalmente. Deslizou a meia-pata do sapato pelas canelas dele. Com uma mão, ele segurava o guardanapo por cima do tampo da mesa e com a outra, deslizou a palma da mão pelas coxas dela. Fátima soltou o garfo que estava comendo, disfarçadamente escorregou a mão por debaixo da mesa também e beliscou o pulso dele. Ela sentiu vontade de reprimi-lo com o olhar, mas temia que quando olhasse pra cara dele, tivesse uma crise de gargalhadas, que não conseguiria explicar para as pessoas ao redor. Ninguém na mesa notou absolutamente nada, estavam muito acostumados com os dois grudados o tempo todo. As mães de William e Fátima se levantaram para buscarem as sobremesas na geladeira. Todos se distraíram e William aproveitou a brecha. Levantou-se de sua cadeira de supetão. Fátima observou-o, sem entender nada. Ele fez sinal pra ela e disse:


                - Vem que eu quero te mostrar uma coisa. – olhando para os demais integrantes da mesa, ele completou. – Daqui a pouco a gente volta. – ele passou pela estante, pegou uma garrafa de vinho discretamente, sem que ninguém percebesse.


Fátima se levantou e seguiu-o, em silêncio, confusa sobre o que ele iria fazer. Viu William cruzando a porta da varanda, até a parte externa da casa. Ela parou no vão da porta e inclinou o corpo pra frente, olhando para o lado à procura dele. William estava parado nas escadas da direita. Chamou-a com um aceno. Fátima caminhou até ele.


                - O que você está fazendo?


                - Psiiiiiu, vem comigo!


                - Pra onde?


                - Você vai saber.


Caminharam em silêncio até os fundos da casa, pelo gramado. Entraram por entre a plantação de eucaliptos, no meio de uma mata quase fechada. Fátima parou e cruzou os braços.     


                - WILLIAM! Eu vou parar por aqui, não vou me enfiar nesse mato, você tá louco?


                - Pô, você não tá reconhecendo o caminho?


                - Tô, por aqui a gente desce pra represa do vizinho que a gente nadava escondidos, pra clareira onde fazíamos piquenique, para as árvores com cipós que você se pendurou, caiu e quebrou o tornozelo.


                - Só? Mais nenhum lugar?


Fátima puxou no fundo de suas lembranças.


                - Ah, claro... A casinha na árvore! Mas você não está achando que eu...


                - Anda logo, Fátima. – ele a interrompeu, puxando-a pelo braço.


                - Eu tô de salto, lá é muito longe daqui...


                - Tira os sapatos.


                - Jamais! William, eles vão dar pela nossa falta e vão se preocupar, vamos voltar!


                - AH, me poupe! Se preocuparem com dois marmanjos como nós, era só o que faltava!


Resmungando, Fátima desceu ao lado dele, tentando não atolar seus saltos na grama. Tudo escuro, eles se guiavam pela lanterna do celular de William. Transitavam entre arbustos e um gramado ligeiramente alto. Estava tudo em um escuro absoluto. Ouvia-se apenas barulhos dos passos deles pisando nas folhas secas e o canto de grilos e cigarras. Ventava muito forte e uma leve neblina escondia o topo dos eucaliptos.


                - Ai credo que isso aqui está parecendo um filme de terror.     


William gargalhou.


                - É? O Jigsaw vai brotar aqui, de trás daquela árvore?


                - Não, mas talvez um bicho.


                - BICHO? Uma onça pintada, por exemplo?


                - NÃO WILLIAM, uma cobra. Uma tarântula, um escorpião. Qualquer uma dessas coisas que tenho horror.


                - FRESCURA! Você fazia tocaia pra morcego como ninguém.


Ela riu.


                - Porque eu era uma pivete ridícula, não tinha um pingo de juízo.


Eles desceram um pequeno declive. William desceu na frente e apoiou Fátima, pra que ela não escorregasse. Logo em frente, foi possível visualizar a penumbra da casa, através da lanterna de William. Caminharam até ela, lentamente. Fátima sentiu um arrepio ao vê-la melhor. Estava muito parecida com a última que vez que ela a viu. Cerrou os olhos pra conseguir ver direito, mas era difícil, estava muito escuro. Se assustou com a voz de William naquele silêncio absoluto.


                - Espera aqui que eu vou subir e tentar acender a lâmpada.


Fátima concordou com a cabeça. Observou com dificuldade ele se esgueirando pela escadinha, com uma mão ocupada com o celular e a garrafa de vinho. Já lá em cima, ele empurrou a porta e tateou até encontrar um interruptor improvisado. Uma lâmpada se acendeu na parte interna. Ele parou no parapeito de madeira e acenou pra ela subir. Antigamente, aquele parapeito alcançava até a barriga de William. Agora, batia no joelho dele. Fátima riu daquela situação patética: os dois sozinhos no meio do nada, em plena noite de natal. Mas olhando por outro ângulo, bem que era uma idéia um tanto quanto excitante. Ela tirou os sapatos de salto. Lentamente, subiu os degraus até chegar no topo. William parou ao lado da porta e deu passagem a ela. Fátima riu, se abaixou pra conseguir passar pela porta e entrou. Ficou encantada com o que viu. A mesinha de madeira ainda era a mesma, em frente a janela com três banquinhos pequenos. No canto direito, quatro alicerces de madeira, onde antigamente ficavam os colchõezinhos. No fundo, uma pia branca acinzentada, com uma torneira que funcionava de verdade. E no meio, um espaço vazio, onde era o tapete decorativo. Fátima tinha a impressão de que era bem maior, na infância. Sorriu.


                - Seu pai super caprichou nessa casinha, né? – ele concordou com a cabeça.


William sentou-se no chão e com o dente, arrancava o lacre do vinho. Ela se abaixou e sentou-se de frente pra ele, com as pernas esticadas no chão.


                - O fogãozinho deve ter se desintegrado com o passar dos anos. Mas eu me lembro das minhas irmãs fingindo que cozinhavam capim e davam pra gente comer como se fosse sopa de legumes. – ele disse e os dois riram.


                - É... se não fosse por elas, esse fogãozinho ia ser desnecessário, nunca foi meu forte brincar de coisa de mulherzinha. Eu amava vir pra essa casinha só pra descer me dependurando nos galhos, sem usar a escada.


William deu uma talagada no vinho, bebendo pelo gargalo da garrafa.


                - Acho que talvez seja por isso que eu sempre gostei mais de você do que das outras meninas da turma. Você sempre foi mais autêntica e bem-resolvida. Nunca precisou seguir parâmetros e padrões.


                - O que nem sempre foi bom pra todo mundo... Suas irmãs me detestavam.


                - Ah... e quem liga? – ele sacudiu a cabeça.


Estendeu a garrafa a ela. Fátima colou o gargalo nos lábios e inclinou a cabeça pra trás, dando um longe gole no vinho ligeiramente quente. William aproveitou pra correr os olhos pelo corpo dela. Mordeu na boca ao fitar as coxas torneadas, cruzadas despretensiosamente no chão. Fátima encostou a garrafa no piso e lambeu os lábios, olhando pra ele. Ele sentiu um arrepio de notar o quanto ela estava linda, com os cabelos jogados de lado e os resquícios do batom vermelho ainda nos lábios carnudos. Sem conseguir disfarçar, ele encarou a boca dela fixamente.


                - Eu já te disse o quanto você está maravilhosa hoje?


Ela sorriu.


                - Já! E quase me matou do coração, chegando por trás de mim.


Ele riu, divertidamente. Olhou novamente pra ela, com uma expressão que fazia Fátima trepidar.


                - Quer saber quando foi que eu te enxerguei como a mulher linda que você é e não mais como amiguinha?


Fátima ficou curiosa pela resposta.


                - Quero, claro.


                - Foi no fim de semana do meu aniversário, aqui mesmo no rancho. Quando te vi embrulhada naquela toalha minúscula, toda encharcada do banho... – ele gaguejou. – Juro que eu achei que fosse sofrer um troço.


Fátima ficou em silêncio, absorvendo o que acabara de ouvir dele. Mas naquela altura, ouvir aquilo não a chocava mais. Era simplesmente uma realidade que ela aprendeu a lidar e, honestamente, ela gostava da inquietude que só ele a causava. Fátima notou que ele olhava pra ela com um desejo que mal cabia dentro dele. Ela sorriu, provocativa.


                - Tive medo que você dissesse que me viu como mulher há anos atrás, quando me espiou tomar banho.


William riu.


                - Você nunca vai se esquecer disso, não é?


                - NUNCA! Principalmente porque você espalhou pra rua inteira que eu já tinha peitinhos.


Ele soltou uma gargalhada.


                - Você JURA que ainda acha que eu fiz isso só para os garotos rirem de você?


                - E não foi?


                - LÓGICO QUE NÃO! Eu só pedi pra eles tomarem cuidado para não te darem cotoveladas no futebol, porque você já tinha seios. Não queria que eles te machucassem. Só por isso. Nunca entendi porque você ficou tão nervosa. Eu tentei te proteger, mas você deturpa tudo, como sempre. Sua ridícula.


Fátima sacudiu a cabeça, um pouco surpresa.


                - Você NUNCA me disse isso.   


                - Você nunca me perguntou!


Ela desviou o olhar dele e correu os olhos ao redor. William não tirava os olhos dela, continuou observando-a. Ventava absurdamente. Fátima se encolheu, esfregando os braços de frio.


                - Você tá com frio? – ele questionou.


                - Um pouco.


William franziu a testa, reprimindo-a.


                - Porque não me disse? – ele se ajoelhou no chão e foi de joelhos até ela. Tirou o blazer e jogou por trás dela. Ele esfregou os ombros dela, por cima do blazer. Fátima fechou os olhos, sentindo o cheiro e o toque das mãos dele na pele dela. William aproximou o rosto, de forma que ela conseguia sentir a respiração dele na bochecha dela. Baixinho, ele sussurrou:


                - Foi insuportavelmente difícil não chegar perto de você a noite toda. E te beijar... sentir seu cheiro...


Fátima arrepiou-se por inteira. Girou o pescoço e ficou de frente pra ele, com seus narizes quase se encostando.


                - Agora você está insuportavelmente perto... – ela disse.


William sorriu pra ela, mordendo no lábio com força, quase ofegante. Ele encaixou a cabeça no pescoço dela, mordiscando-lhe o lóbulo da orelha. Com a mão esquerda, ele tocou o queixo dela. Quando, pela respiração dela, ele percebeu que ela estava suficientemente excitada, cochichou com a voz mais sexy que Fátima já ouvira na vida.


                - Eu quero que essa noite seja a mais especial das nossas vidas... por isso eu te trouxe pra cá. Cada milímetro desse lugar me lembra você. Eu poderia estar aqui com qualquer pessoa desse mundo, que ninguém faria com que isso se tornasse tão mágico como você faz. Você é o amor da minha vida, Fátima. Sempre foi. Eu lamento ter percebido isso só agora.


Fátima olhou no fundo dos olhos dele. Acariciou-lhe o rosto com a parte de trás dos dedos, descendo até os lábios. Repousou a mão na orelha de William e beijou a boca dele. Ele investiu com o corpo em direção ao dela. Passou a mão levemente pelo pescoço e nuca de Fátima. Sentiu ela se arrepiar. Ele deitou o corpo dela pra trás, até se encostar no chão. Usaram o blazer pra forrar o chão de madeira levemente empoeirado. William se encaixou por cima dela, deslizando a mão pelas coxas dela, até chegar ao joelho. Puxou apenas a perna dela pra cima, de forma que ela ficasse reclinada ao redor do quadril dele. Apertou com força a coxa de Fátima, fazendo-a vibrar de excitação. Ele passou a ponta da língua pelo maxilar dela, descendo pelo pescoço e mordiscou seu queixo. Fátima ofegava, deslizando os dedos por entre os cabelos dele. O frio que Fátima sentia, de repente, desapareceu como se nem tivesse existido. William trespassou as mãos ao redor da cintura dela e, cuidadosamente, tocou a ponta do zíper embutido do vestido e desceu-o, lentamente. A peça se abriu para as duas laterais, de forma que as costas de Fátima se encostaram diretamente no chão. Ele se ajoelhou por cima dela, com as pernas abertas. Entrelaçou os dedos nas alças drapeadas do vestido e as puxou, olhando pra Fátima. Ela correspondia o olhar, em transe. O vestido desceu pouco a pouco, deixando exposto o sutiã dela, em seguida a barriga e finalmente a calcinha. William fitava cada milímetro do corpo dela, transtornado de tesão. Quando, enfim, desvencilhou completamente a roupa do corpo de Fátima, ele acariciou com a ponta dos dedos a barriga e os seios dela, por cima do sutiã. Se abaixou novamente e mordeu de leve o lábio inferior dela. Fátima acariciou o rosto dele. William sussurrou, olhando pra ela:


                - Você é linda.


Ela sorriu maliciosamente e desabotoou um botão da camisa dele. William abaixou a cabeça e observou de cima pra baixo, os dedos de Fátima abrindo os botões da camisa dele, um a um. Ela concluiu e, imediatamente, tirou a camisa e a jogou pra longe. Ela encarou o peito dele e deslizou as mãos por entre os pêlos, mordendo na boca. William ficou em silêncio enquanto ela se deliciava com a visão dele despido da cintura pra cima, apesar de já ter visto várias e várias vezes William sem camisa. Mas naquele momento, tudo tinha uma carga de sensualidade muito maior e um clima muito mais erótico do que tudo o que já viveram antes. William afundou o rosto nos cabelos dela e respirou fundo, inalando o cheiro dela, mesclado com o cheiro do shampoo e do perfume. Ele sentiu as mãos de Fátima passearem por suas costas e seus ombros. Completamente tomado pelo desejo, ele desafivelou o fecho do sutiã dela, soltando-o por completo. Respirou fundo e retirou-o, jogando para o lado. Ainda deitado, com o rosto na curva do pescoço dela, ele permaneceu de olhos fechados. Desceu a mão e tateou, acariciando os seios dela sem olhá-los. Fátima deslizava os pés pelas panturrilhas dele, excitada. William levantou o corpo e olhou para o corpo dela, vestida apenas com uma calcinha preta de renda. Vislumbrou os seios dela e engoliu seco, surpreso por constatar que ela era muito, muito mais linda do que ele presumia. Ele sentia seu corpo pegar fogo de dentro pra fora, prestes a se incendiar por completo. Abaixou-se novamente e envolveu os dois seios dela com as mãos. Fez um movimento circular com a língua ao redor dos mamilos dela, cuidadosamente. Vez ou outra, ele olhava pra ela, que retribuía o olhar sorrindo, com os olhos flamejando. William se ajoelhou novamente, ficando com o corpo ereto. Abriu o botão da calça jeans, e retirou-a, ficando vestido apenas com uma cueca justa cinza. Se debruçou por cima de Fátima, enroscou o dedo indicador na tira da calcinha dela e desceu-a, rapidamente, até passá-la por um dos pés dela. A peça íntima pequenina permaneceu pendurada no tornozelo esquerdo de Fátima.  Ela fechou os olhos e sentiu o calor da boca de William expirando em seu ouvido. Soltou um gemido quase inaudível, não fosse o silêncio absoluto que reinava no meio daquelas árvores, quando sentiu William penetrando-a intensamente. A medida que ele se remexia dentro dela, Fátima sentia seus músculos se enrijecerem de prazer e, além dos gemidos baixinhos, as únicas reações que ela teve foi cravar as unhas nos ombros dele e revirar os olhos. William mal conseguia raciocinar naquele momento, apenas sentia seu prazer aumentar gradativamente cada vez que as unhas de Fátima arranhavam suas costas e sua nuca. Os únicos sons que eram possíveis de se ouvir naquela madrugada eram a sinfonia de grilos e cigarras do lado de fora da casa, intercalando-se entre si. Dentro dela, um casal ofegava em um ritmo frenético, entre gemidos e sussurros, as pequenas janelinhas de acrílico se embaçaram a ponto de escorrer gotículas pelo lado de dentro. Suados, ambos respiravam ofegantemente, com as bocas encostadas uma na outra e os olhos fechados. E como em um passe de mágica, o relógio marcou meia noite daquela madrugada natalina. Fogos de artifício explodiram em alguns pontos do céu levemente nublado. Fátima e William não conseguiam ver, mas ouviam os estrondos ininterruptos do show pirotécnico que as chácaras vizinhas proporcionavam. Eles abriram os olhos e sorriram um para o outro, com as testas encostadas, os corpos colados e os corações mais unidos do que nunca. 



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Autor(a): bonemerlove

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                Fátima ofegava, exausta, mas com um sorriso nos lábios. Completamente nua, ela estava deitada de barriga pra cima e as duas mãos em cima do umbigo. Ainda estava em transe, mas com os olhos abertos. Deitou a cabeça para o lado e olhou pra William. Ele olhou pra ela também e sorriu. ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 29



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  • beatriz_cartilho Postado em 11/02/2015 - 20:58:16

    Ahh não acredito que acabo , mais eu amei o final *_*

  • bia_jaco Postado em 11/02/2015 - 20:25:07

    Aiiiin não acredito que a fic já acabou :( bom mais nada dura né?Quero que saiba que essa fic vai para o meu coração como todas suas,amooo!!Parabéns mais uma vez.Beijos moça linda

  • bia_jaco Postado em 22/01/2015 - 21:19:06

    Geeeeeeeeeeeeeeente que capítulo é esse?Sei mais nem o que dizer....amo amo amo!!!

  • bia_jaco Postado em 19/01/2015 - 14:50:40

    Lindos demais!!Amei muito o capítulo

  • beatriz_cartilho Postado em 12/01/2015 - 22:01:14

    Que lindo amei!!!

  • jurb Postado em 12/01/2015 - 18:58:58

    Que lindo! *-*

  • bia_jaco Postado em 12/01/2015 - 18:19:54

    Lindo lindo lindo o capítulo.Finalmente falaram as 3 palavrinhas mágica.Amei o capítulo!!

  • bia_jaco Postado em 02/01/2015 - 19:12:16

    aaaaaaaaaaaaaaaa como tem coragem de parar o capítulo assim?Quero maaaais!!Posta maaaaais!

  • bia_jaco Postado em 30/12/2014 - 18:10:08

    Estava morrendo de saudade da fic.Amei o capítulo!!Quero maaaaaaais :)

  • star.20 Postado em 22/12/2014 - 18:03:27

    Por que ta demorando tanto pra posta outro capítulo? Desistiu?


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