Fanfics Brasil - Capítulo 4 Desde sempre.

Fanfic: Desde sempre. | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 4

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                Algumas semanas se passaram e a vida de William seguia em paz. Ele se sentia aliviado, livre e entusiasmado como nunca. Era triste pensar em como um relacionamento podia terminar dessa forma. Ele se compadecia do provável sofrimento de Heloísa. Não queria magoá-la, desejava fortemente que ela superasse o rompimento rapidamente. Mas, infelizmente, nada podia fazer para ajudá-la. Ele tentou entrar em contato com ela pra devolver-lhe roupas, sapatos e maquiagens que estavam na casa dele. Preferiu não ligar, enviou torpedos, mas não obteve nenhuma resposta. Então, decidiu colocar tudo dentro de uma caixa de papelão, lacrou-a com fita e deixou na portaria do condomínio de Heloísa. Naquele momento, a sensação de desapego o fez se sentir melhor e mais independente daquele relacionamento. Mas, bem no fundo, William tinha um sentimentozinho estranho. Era como se o término de seu namoro com Heloísa tivesse deixado alguns pontos mal explicados, mas não se tratava dela. Lembrava-se, algumas vezes, das palavras de Heloísa: “Eu achei que eu fosse o amor da sua vida, mas eu estava equivocada... O amor da sua vida é a Fátima, William.” Ele se arrepiava ao se lembrar disso. Era maluco e assustador.


                Era uma sexta-feira. William saiu do trabalho exausto. Deitou-se esparramado no sofá, e esfregou o rosto, morto de preguiça de ainda ter que sair pra festa de confraternização da empresa. Subitamente, pegou o celular e ligou pra Fátima.


                - Liguei pra fazer um convite, que na verdade será mais um favor que você vai fazer pra mim. Você está em casa?


                - Acabei de estacionar o carro aqui na garagem. Porquê?


                - Hoje tem um tal de jantar dançante, lá do pessoal da rádio. Coisa de gente velha, sabe? Mas eu preciso ir, não posso faltar. Vai comigo? Não vou agüentar ver a cara daquele mesmo povo que vejo a semana inteira, numa sexta a noite.


Fátima riu.


                - Que horas?


                - Ah... lá pelas 21 horas... Quebra essa, vai? Te pago uma cerveja.


                - AH TÁ! Vai me pagar é uma pizza, isso sim. Não sou barata não, meu filho. – William gargalhou. – Tô brincando, eu vou.


                - Ótimo! Te busco então.


William desligou o telefone, ligeiramente empolgado.


 


***


 


                Não muito entusiasmada, Fátima se aprontou pra ir ai bendito jantar dançante. Se arrependeu de ter aceitado, mas sentia pena por William não ter outra companhia pra ir. Usou um vestido longo, estampado, levemente despojado. Ele deixava as costas expostas de forma sexy e elegante. Ela soltou os cabelos. Ouviu a buzina de William e calçou um peep toe azul turquesa, rapidamente. Pegou a bolsinha de maquiagens e desceu correndo. Ao entrar no carro, viu que William estava absurdamente lindo.


                - Hum... cheiroso, hein? Que perfume é esse? – ela disse, ao entrar no carro.


                - Ah, um novo que comprei. Oi pra você também. – ele sorriu.


                - Oi! – ela deu um beijou no rosto dele. Abriu o quebra sol, pra se maquiar usando o espelhinho.        


                - Vai passar maquiagem com o carro em movimento?                 


                - Vou, qual o problema?


William riu e sacudiu a cabeça, observando ela passar rímel nos cílios. 


                - Preferia você amarrando a chuteira, com o joelho esfolado.


Ela riu. 


                - É? Ia me levar no jantar do seu trabalho se eu fosse desleixada como eu era quando pequena?


                - Ia, mas ia torcer pra ninguém pensar que você é minha namorada. – os dois gargalharam.     


                - Tosco!


 


***


 


                O salão onde acontecia a confraternização era relativamente grande. Estava decorado com cadeiras brancas e forros vermelhos. Uma banda tocava Bésame mucho. Fátima olhou pra cara de William quando ouviu a música e soltou uma sonora gargalhada.


                - SOCORRO! Bésame mucho vai me dar diarréia, não tô brincando! – ela disse, rindo.


                -Ssshhhh! Sossega! – ele colocou o dedo indicador na frente da própria boca, rindo também.


Alguns casais dançavam bolero no meio da pista de dança. William correu os olhos e encontrou a mesa dos colegas mais jovens e mais próximos dele. Conduziu Fátima até lá. Deu um tchau coletivo, cumprimentando a todos.


                - E aí, gente? Animada a festa, hein? – ele foi irônico e todos riram. – Bom, gostaria de apresentar pra vocês minha amiga, a Fátima. – ele se voltou pra Fátima, para fazer as apresentações. - Aquela é a Silvinha, a Kátia e a Janaína. – ele dizia, enquanto apontava. – E de cá, o Cristiano e o Rogério. – Fátima sorriu, simpaticamente pra todos. – Ah, e esse aqui é o Luiz Cláudio, meu parceiro. Enche meu saco o dia inteiro. – Fátima riu.


O rapaz se levantou e cumprimentou-a com um beijo no rosto. Ela, espontaneamente, sorriu pra ele. Ele brincou:


                - Acho que é bem o contrário, você que enche o meu, hein William... – ele riu. – Muito prazer em te conhecer. Seja bem-vinda.


                - Obrigada! – ela respondeu, sorrindo.


Fátima e William se deslocaram e sentaram-se, lado a lado. Luiz Cláudio se encarregou de puxar assunto:


                - A famosa Fátima!


Ela franziu a testa.


                - Famosa? Porquê?


                - Esse rapaz aqui fala muito de você! – ele deu duas batidinhas no ombro de William, que sorriu.


                - É mesmo? Espero que bem, né? – ela disse, divertidamente.


                - Claro! – o rapaz concordou.


Fátima notou que Luiz Cláudio não tirava os olhos dela. Ficou levemente envergonhada, mas vez ou outra, correspondia o olhar.


                Se divertiram por várias horas, apesar das péssimas músicas que ressoavam no som, durante todo o tempo. Bebericaram champagne, conversaram e riram bastante. Antes que a festa terminasse, decidiram sair de lá e esticarem a noite para uma boate qualquer, mas que fosse minimamente animada.


 


***


 


                A boate era relativamente grande. A turma de colegas de trabalho de William e alguns respectivos acompanhantes, dentre eles estava Fátima, ocuparam um camarote que ficava localizado no fundo do grande e retangular salão. Naquele noite, teria um warm up com um DJ eletrônico. Pediram um combo de vodka com energético, que veio em um considerável balde de gelo. William temperou sua bebida no próprio copo e ficou próximo à mesa do lounge. Observou Fátima. Ela estava de costas pra ele cerca de dez passos à frente, apoiada no guarda-corpo do camarote, de forma que ela visualizava toda a pista de dança da boate que ficava no andar debaixo. O calor estava insuportável, então ela se abanou com as próprias mãos, segurou o cabelo e o suspendeu, para que sua nuca se refrescasse um pouco. Luiz Cláudio se aproximou de William. Parou ao lado dele, com o copo na mão. Ficou em silêncio por alguns segundos, observando Fátima também. Ambos, lado a lado, com os olhares direcionados nela. William percebeu o olhar dele, mas antes mesmo que pudesse se manifestar, Luiz Cláudio falou:


                - Pô, William... Eu queria te falar uma coisa, espero não estar cometendo uma gafe...


William olhou pra ele.


                - Fala aí!


                - Não, é que... eu queria saber se você e a Fátima são realmente só amigos mesmo.


William franziu a testa e sorriu, com um pouco de estranhamento.


                - Claro que é, cara. Não entendo porque as pessoas tem tanta dificuldade de acreditar nisso.


                - William, putz... Quando você falava dela pra mim, eu sempre achei que era uma baranga. Nunca, jamais pensei que era uma mulher... como essa. Ela é maravilhosa. Cara, como você agüenta?


William sacudiu a cabeça, confuso.


                - É... todo mundo me pergunta isso, eu... não sei explicar, Luiz. Sério. Simplesmente... é assim a nossa relação. Sempre foi. Não sei o que te dizer.


                - Opa, ainda bem então! Eu queria ter chegado nela antes, mas estava com medo de estar furando seu olho. Que bom que por você tranqüilo então, não é? – ele sorriu pra William, deu duas batidinhas em suas costas e caminhou em direção a Fátima, sem esperar que o colega respondesse. Parou ao lado dela, com a mão direita apoiada na grade. Cutucou-a com a ponta dos dedos e engatou em um assunto, que não terminou tão cedo.


William permaneceu imóvel. Involuntariamente, ele não conseguia tirar os olhos dos dois. Bebericava o whisky, mas permanecia concentrado, olhando em linha reta.


 


***


 


                Cinco da manhã. Fátima descia as escadas até o exterior da boate, ao lado de Luiz Cláudio. William estava logo atrás. Ele parou no balcão pra dar baixa no ticket do estacionamento. Fátima continuou andando em direção ao local onde o carro estava estacionado. Ela havia conversado com Luiz Cláudio a noite toda. Estavam levemente bêbados. Gargalhavam e gesticulavam efusivamente. William apenas observava de longe, em uma tentativa insistente de não parecer que estava fiscalizando os dois. E conseguiu. Ninguém notou os olhares dele, o que fez com que ele ficasse imensamente aliviado.


                A caminho do carro, Fátima constatou que estava sozinha com Luiz Cláudio em um estacionamento praticamente vazio. Ela se aproximou do carro de William, em passos lentos, no mesmo compasso que ele.


                - Foi muito bom conhecer você. Nunca vou perdoar o William por não ter te apresentado antes pra mim. – ele disse.


Fátima sorriu, sutilmente envergonhada.


                - Eu também adorei conhecer todos vocês. É por isso que o William ama tanto o trabalho dele. Vocês devem ser colegas sensacionais. – ela parou em frente a porta do carro de William. Virou o corpo, ficando de frente pra Luiz Cláudio.


Ele era um homem muito bonito e interessante. Alto, aparentemente atlético, os cabelos lisos escorridos penteados para trás, mas levemente desgrenhados. Também era muito inteligente. Fátima notou perfeitamente as várias investidas que ele lançou pra ela durante toda a noite. Um pouco constrangida com aquele estacionamento deserto, ela abaixou a cabeça e aguardou que ele quebrasse o silêncio. Mas ele não o fez. Luiz Cláudio deu dois passos, quase colando no corpo de Fátima. Empurrou-a pra trás, levemente, fazendo com que ela se encostasse de costas, na porta do carro. Ele trespassou a mão ao redor da nuca dela e salpicou-lhe um beijo na boca. Fátima fechou os olhos e retribuiu o beijo. Em segundos, William veio caminhando, de cabeça baixa guardando o troco na carteira. Fez a curva, entrando pelo portão do estacionamento. Perdeu a forças quando se deparou com aquela cena. Luiz Cláudio e Fátima entrelaçados, se beijando encostados na porta do passageiro do seu próprio carro. William não conseguiu entender e nem descrever pra si mesmo o motivo de estar sentindo aquela fincada certeira no peito. Era um misto de raiva, ciúmes e angústia. Não sabia dizer se era uma ciúme de amigo, por Fátima ter ficado envolvida apenas com Luiz Cláudio durante toda a noite. Ele já havia visto-a beijar outros caras, várias vezes, ao longo de todos esses anos. Coçou a testa e sacudiu a cabeça, atordoado. Os dois não pareciam notar a presença dele, o que era ótimo pra que William pudesse maquinar mentalmente sua reação. Olhou novamente para eles e encarava as mãos de Luiz Cláudio deslizando pela cintura e quadril de Fátima. Cuidadosamente, William deu meia volta e retornou para a porta da boate. Fechou os olhos, respirou fundo e aguardou por alguns poucos minutos. Voltou pro estacionamento e, por sorte, os dois já estavam parados, conversando e não mais se beijando. Não estavam nem abraçados. Olharam pra William assim que ele veio caminhando em direção a eles. Por fora, William estava sereno e aparentemente cansado, necessitando desesperadamente de uma cama. Mas por dentro, seu coração dava saltos dentro de seu peito sem que ele conseguisse nem descobrir o motivo. Ele olhou para Fátima e sorriu, sem graça.


                - Vamos? – intimamente, ele temeu que ela o recusasse e pegasse carona com Luiz Cláudio. Mas isso não aconteceu.


Fátima assentiu com a cabeça.


                - Vamos.


William olhou pra Luiz Cláudio.


                - Até segunda, Luiz.


                - Até, irmão! – ele acenou pra William. Olhou pra Fátima e deu uma piscadela pra ela. Virou as costas e caminhou até seu carro.


Dentro do carro, William entrou mudo. Não disse absolutamente nada durante todo o percurso até a casa de Fátima. Ela estranhou.


                - O que foi? – ela questionou-o.


                - Nada. Estou cansado. – ele disse, sem olhar pra ela.


                - Não, você está estranho. Está com raiva de alguma coisa? De mim?


Ele olhou fixamente pra ela, com os olhos vibrando.


                - Eu tenho motivos pra estar?


Fátima franziu a testa.


                - Não, por isso mesmo que...


                - Então eu não estou. – ele interrompeu-a.


Ela encarou-o, enquanto ele dirigia. Virou a cara e olhou pro outro lado, fitando a rua com o carro em movimento. Decidiu não falar mais nada, antes que ouvisse outra resposta mal criada dele e os dois acabassem discutindo. Ele estacionou em frente o portão do prédio de Fátima. Ela desafivelou o cinto e olhou pra ele. William não olhou pra ela, ficou imóvel olhando na linha acima do volante. Fátima abriu a porta do carro. Antes de descer, ela disse.


                - Vá com cuidado. Boa noite. – se reclinou pra frente e deu-lhe um beijo no rosto dele.


William sentiu seu corpo inteiro se arrepiar. Engoliu seco, olhou pra ela, tentou ser simpático e disfarçar o embaraço.


                - Boa noite. – ele não retribuiu o beijo.


Esperou que ela descesse do carro e entrasse pela portaria adentro. Arrancou acelerado e dirigiu pra casa com o coração na boca. Entrou no apartamento, lentamente. Jogou as chaves na bancada, como sempre fazia. Caminhou em direção à estante. Olhou para o porta-retrato dele e de Fátima, aos nove anos, pendurados de cabeça pra baixo no galho de uma árvore. Havia colocado aquela fotografia novamente na prateleira depois do rompimento com Heloísa. Fitou aquele porta-retrato, com os olhos marejados. Esfregou o rosto, confuso e desorientado com aquele sentimento esquisito e terrivelmente inesperado que invadiu seu coração naquela noite. Não sabia o que era, nunca havia sentido aquilo antes. Se sentiu absurdamente culpado por ter tratado-a rispidamente. Foi até o quarto, tirou a roupa e se deitou. Com o celular na mão, digitou uma mensagem pra ela, em uma tentativa de se retratar.


               


 


Obrigado pela companhia. Eu te amo. Bjs.


 


 


                Fechou os olhos e torceu mentalmente para que aquela angústia recolhida e engasgada fosse apenas efeito do excesso de vodka. E seria. Ele tinha fé que seria. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 29



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  • beatriz_cartilho Postado em 11/02/2015 - 20:58:16

    Ahh não acredito que acabo , mais eu amei o final *_*

  • bia_jaco Postado em 11/02/2015 - 20:25:07

    Aiiiin não acredito que a fic já acabou :( bom mais nada dura né?Quero que saiba que essa fic vai para o meu coração como todas suas,amooo!!Parabéns mais uma vez.Beijos moça linda

  • bia_jaco Postado em 22/01/2015 - 21:19:06

    Geeeeeeeeeeeeeeente que capítulo é esse?Sei mais nem o que dizer....amo amo amo!!!

  • bia_jaco Postado em 19/01/2015 - 14:50:40

    Lindos demais!!Amei muito o capítulo

  • beatriz_cartilho Postado em 12/01/2015 - 22:01:14

    Que lindo amei!!!

  • jurb Postado em 12/01/2015 - 18:58:58

    Que lindo! *-*

  • bia_jaco Postado em 12/01/2015 - 18:19:54

    Lindo lindo lindo o capítulo.Finalmente falaram as 3 palavrinhas mágica.Amei o capítulo!!

  • bia_jaco Postado em 02/01/2015 - 19:12:16

    aaaaaaaaaaaaaaaa como tem coragem de parar o capítulo assim?Quero maaaais!!Posta maaaaais!

  • bia_jaco Postado em 30/12/2014 - 18:10:08

    Estava morrendo de saudade da fic.Amei o capítulo!!Quero maaaaaaais :)

  • star.20 Postado em 22/12/2014 - 18:03:27

    Por que ta demorando tanto pra posta outro capítulo? Desistiu?


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