Fanfics Brasil - Capítulo 8 Desde sempre.

Fanfic: Desde sempre. | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 8

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                A cabeça de Fátima girava, levemente zonza. Ela sentia as mãos lisas de William dançarem por suas costas e sua nuca e a respiração quente dele em sua orelha, fazendo-a arrepiar o corpo todo. Era uma sensação deliciosa e excitante, mas por alguns instantes, ela não se deu conta de que era William. Abriu os olhos, como se estivesse despertando de um transe. Segurou com as duas mãos, uma em cada ombro de William e o impulsionou pra trás. Olhou pra ele e os olhos de William faiscavam ao olhar pra ela. Preferiu não pensar no que ele poderia estar sentindo, não naquela hora. Firmemente, falou pra ele.


                - Me leva embora. Eu estou muito, muito bêbada. – Fátima girou o corpo e caminhou pra fora da pista de dança.


William abaixou a cabeça e foi atrás dela. Não conseguia formular um pensamento concreto sobre o que tinha acabado de sentir, apenas caminhou ao lado dela até o carro, em silêncio. Permaneceram mudos durante todo o percurso. William olhava-a, pelo canto do olho, discretamente. Ele estacionou o carro na porta do prédio dela. Girou a cabeça, olhando pra Fátima com o semblante sério, mas suave. Ela retribuiu o olhar. Respirou fundo, abriu a porta do carro e foi embora, sem se despedir. William ficou um pouco confuso, sem saber o que pensar, mas optou por não pensar em nada. De nada adiantaria se martirizar por algo que ele não conseguiria resolver sozinho. Esperou que ela entrasse e arrancou com o carro, pegando o caminho de casa.


A porta do elevador se abriu e Fátima entrou, em passos lentos no próprio apartamento. Encostou-se no espelho, escorando o corpo nele. Com o olhar vago, ela tentava centralizar seus pensamentos. Notou que estava com a nuca e as costas suadas. Abriu a porta do apartamento, se abaixou, apoiando-se na parede e tirou os sapatos. Caminhou até o quarto, entrou no banheiro e desabotoou o vestido. Ele deslizou de cima pra baixo, caindo em círculo o redor das pernas dela. Despiu-se e entrou debaixo do chuveiro, totalmente nua. De olhos fechados, deixou que a água caísse sobre todo o rosto, fazendo com que seu rímel escorresse, deixando o rosto dela todo borrado de preto. A água do chuveiro fazia com que a cabeça dela tomasse um prumo e ela conseguisse pensar melhor. Nunca, em nenhuma circunstância, vivera uma cena parecida com William. Poderia interpretar que os dois apenas dançaram abraçados, fazendo carinhos um no outro, como dois amigos inseparáveis que eram. Mas não foi assim e ela sabia. Foi diferente, foi surreal. Foi erótico, foi a coisa mais deliciosamente estranha que ela já viveu. Se arrepiou ao lembrar-se do toque dele. Ele nunca acariciou-a antes, não daquela forma. Nunca ofegou em seu ouvido, como se quisesse mostrar pra ela que estava excitado. Mas ele estava excitado? Fátima se perguntava. Não conseguia entender, nem sequer imaginar uma situação como aquela. Seria o excesso de bebida e a carência? Mas por várias e várias vezes dormiram juntos, na mesma cama, um ao lado do outro sem se tocarem. William era um homem absurdamente lindo e charmoso, ela precisava admitir. Não se parecia em nada mais com aquele pivete levado que ele foi até o princípio da adolescência. Era inteligente, era sensível e romântico. “Mas porquê to pensando tudo isso?”, Fátima refletiu consigo mesma, sacudindo a cabeça. Desligou o chuveiro, se enxugou e tratou de ir pra cama. De camisola, remexeu de um lado pro outro, sem conseguir dormir. De olhos fechados, tapou o rosto com o travesseiro. Lembrou-se do calor da boca de William encostando-se na orelha dela. Se arrepiou novamente. Virou de bruços na cama, coçando a cabeça. Tentar dormir era o melhor a se fazer, pois amanhã seria outro dia e com a cabeça fresca e descansada, todos esses pensamentos se tornariam uma completa banalidade e as coisas voltariam a ser como antes. Era no que ela acreditava fortemente.


 


***


 


Terça-feira, daquela mesma semana.  Fátima jantava na frente da TV, por volta de oito da noite. O celular vibrou na mesinha de canto. Era William.


- Alô?


                - Ei! Sumida! – ele falou, com muito barulho no fundo.


                - Onde você tá?


                - Em casa. Estou te ligando pra você vir pra cá, estamos fazendo um churrasco no grill. – ele riu.


                - “Estamos”? Quem mais ta aí?


                - Dois colegas meus lá da redação. Um deles acaba de voltar do Chile e trouxe pisco. Vem pra cá beber.


                - Mas só tem homem aí e eu vou?


                - Ah, desculpa, foi engano. Liguei pra Fátima errada, então. – ele riu e ela também. Ele prosseguiu.- Pára de frescura, quando é que isso foi problema pra você? Sempre andou no meio de macho. Eu tô te esperando, é pra vir!


Fátima esfregou o rosto.


                - Tá bom, William... Eu vou.


Ela desligou. Terminou de jantar, se arrastou pro banheiro, morta de preguiça. Mas conhecia bem William, se ela não fosse ele ficaria ligando o tempo todo, cobrando a presença dela. Tomou um banho rápido, vestiu um macacão jeans bem curtinho, estilo boyfriend, com uma regata branca por baixo. Prendeu o cabelo em um coque e dirigiu até a casa de William.


Estacionou o carro dentro da garagem do prédio dele e subiu com a própria chave. Ao entrar no apartamento, os três rapazes estavam sentados em uma mesinha de bar, na sacada. O som estava em um volume mediano. Olharam pra ela quando ela abriu a porta e caminhou até eles. Lembrou-se de conhecer os dois colegas no jantar dançante que foi com William, tempos atrás. Cumprimentou-os com um beijo no rosto. William observava-a. Ela se aproximou dele e sorriu.


                - Oi.


                - Oi... – ele retribuiu o sorriso. Fátima se arrepiou, mas não conseguiu explicar pra si mesma o motivo.


Ela sentou-se ao lado dele, no banco.


                - Vou te servir, peraí. – William disse, se levantando.


                - Não, acho que eu não vou beber...


William olhou pra ela, sem entender.


                - AH, mas vai MESMO! Odeio ficar perto de gente que não está bebendo. – ele virou as costas e foi até a cozinha pegar um copo.


Fátima revirou os olhos e olhou pros amigos, rindo.


                - Eu mereço!


Eles riram e engataram em um assunto divertido e despretensioso. O pisco era uma bebida docinha, com sabor de limão, mas muito forte no álcool. O gosto se aproximava muito ao de uma caipirinha, mas com um aspecto mais uniforme, como um refrigerante. Era delicioso e Fátima nunca havia experimentado. E a noite estava quente, extremamente propícia para uma bebida gelada e destilada, na varanda de um apartamento no 15° andar.


               


 


***


 


                Passava da meia noite. Os dois amigos de William estavam em um carro só, decidiram ir embora e se despediram. Fátima se sentou no sofá da sala e esticou as costas. O excesso de pisco proporcionou a ela uma dorzinha funda na cabeça. Ficou por horas sentadas no banquinho sem encosto na sacada, concluiu que as costas estavam doloridas. William acompanhou os colegas até o elevador, deixando-a sozinha na sala. Fátima esticou as pernas, apoiando-as no pufe, em frente ao sofá. Ela curvou o pescoço pra trás, olhando pro teto. Poucos segundos depois, ouviu quando a porta se fechou atrás dela e os passos de William com os pés descalços se aproximaram. Ele se sentou ao lado dela, se jogando com tudo no sofá e fazendo com que ela balançasse no estofado.


                - Nossa, que sutileza de um rinoceronte! – ela disse, sem olhar pra ele.


William permaneceu em silêncio. Fátima girou a cabeça pra esquerda, olhando pra ele. Ele olhava fixamente pra ela e Fátima sentiu um pequenino frio na barriga. Sentiu vontade de perguntar “Que foi?”, mas preferiu não fazê-lo.


                - Acho que eu já vou... – ela disse, ainda permanecendo imóvel.


                - Não, pô... espera. – ele disse, quase esbravejando.


                - Fazendo o quê? O cara levou o pisco embora... – ela gargalhou e ele também.


William abaixou a cabeça e ficou em silêncio por alguns segundos. Reuniu toda a coragem que pôde e disse:


                - Fica comigo. – ele falou seriamente.


Fátima sentiu seu coração disparar. Ela bem que tentou, mas foi impossível notar e negar pra si mesma o clima envolvente que pairava no ar, desde que ficaram sozinhos. Isso era, pra ela, uma sensação completamente inédita. Inédita, assustadora, esquisita e secretamente deliciosa. Mas isso, nem ela própria assumiu.


                - Eu não vou dormir aqui. – ela disse, sem olhar pra ele.


                - Não precisa, se não quiser. Só... fique mais um pouco. Só mais um pouco.


Fátima concordou com a cabeça. Com o canto do olho, pôde ver que William se aninhou no sofá, na mesma posição que ela, esticando os pés pra frente e encostando a cabeça pra trás. Ela sentiu o cotovelo dele tocar o dela. No som, tocava o solo do início de Wish you were here, em uma versão acústica, na voz de David Gilmour (Link da música: http://www.youtube.com/watch?v=3j8mr-gcgoI). Fátima fechou os olhos e quase não acreditou. Ela mesma tinha presenteado William com aquele CD. A música era um clássico, linda, romântica e não colaborava nem um pouco pro nervosismo e tensão que ela sentia naquela hora. Em silêncio, ela sentia a presença dele ao lado dela. Engoliu seco. Não viu quando falou:


                - Você está notando alguma coisa... estranha?


William ficou imóvel e quase sentiu sua respiração parar.


                - Seja mais específica. – ele riu de si mesmo.


Fátima olhou pra ele.


                - Entre... nós dois.


William girou o pescoço e olhou pra ela também. Ficaram a poucos centímetros de distância, se olhando. Ele não disse nada. Não com palavras. Correu os olhos pelo rosto dela, parando na boca. Ele mordeu a própria boca, quase inebriado com aquela visão dos lábios dela tão perto dos seus. William olhou nos olhos dela, que estavam confusos, mas brilhavam ao olhar pra ele. Ele respirou fundo e fechou os olhos. Sacudiu a cabeça.


                - Me desculpa, eu... juro que tentei, mas... – ele ofegou. - ...não consigo mais controlar...


William impulsionou o corpo, colando a boca na dela, dando-lhe um beijo de tirar o fôlego. Fátima não reagiu, apenas retribuiu o beijo. William deslizou a mão esquerda pelo pescoço e nuca dela, sentindo suas línguas se entrelaçarem em um beijo estalado. Trêmulo, ele não raciocinava, apenas vivenciava intensamente aquele momento que ele, intimamente, achou que jamais aconteceria. O coração de William estava aos pulos dentro do peito. Ele inclinou ainda mais o corpo pra frente, quase deitando-se em cima dela, a medida que o amasso ficava mais excitante. Fátima segurou firme nos dois ante-braços dele, apertando-os com força com a ponta das unhas. Ele repousou as duas mãos, uma em cada lado da cintura dela, enfiando-as por dentro do macacão. A regata branca impedia que ele encostasse diretamente na pele das costas dela. A mesma música ainda tocava, o que não impedia-os de escutarem os estalos de seus beijos e suas respirações alteradas.


                Fátima parecia não exercer controle algum sobre si mesma e nem sobre aquele momento. Simplesmente, estava mergulhada em um transe. Sentiu William mordendo o lábio inferior dela, vagarosamente. Ela abriu os olhos e olhou pra ele. Ofegante, ficou por alguns segundos imóvel. Mas, de repente, se deu conta do que havia acontecido. Um desespero total invadiu-a e ela empurrou o peito de William pra cima, saindo de debaixo dele. Saltou de pé, na frente do sofá. Tapou o rosto com as duas mãos, desnorteada.


                - William, pelo amor de Deus... O que foi isso?


Mudo, ele não conseguia formular nenhuma frase. Ainda parecia anestesiado.


                - WILLIAM! – Fátima sacudia a própria cabeça, quase choramingando.


                - Eu... eu não sei, eu... – ele não concluiu.


                - FOI VOCÊ QUE ME BEIJOU! – ela berrou. – William, isso não podia ter acontecido!


Fátima correu até o balcão. Sentiu uma lágrima escorrendo, rosto abaixo. Trêmula, agarrou a alça da bolsa e foi até a porta. Em um salto, William levantou-se e foi atrás dela.


                - Fátima, vem aqui! A gente precisa conversar...


                - NÃO! Não quero conversar agora, eu... William, por favor! Isso nunca aconteceu, tá? Isso foi um erro, foi uma loucura absurda, foi uma inconseqüência, não vai se repetir e nós vamos esquecer. Olha pra mim, William. – ela tocou o queixo dele. – Você está me entendendo? Isso nunca aconteceu. Nunca. Eu vou embora. – ela virou as costas e entrou no elevador.


Apertou com força e repetidamente o botão para que as portas se fechassem. Parado no hall, William estava atordoado olhando pra porta fechada do elevador e ouvindo o barulho dele descendo, com Fátima dentro. Caminhou pra dentro de seu apartamento, fechando a porta e encostando-se nela. Na mesma proporção que se sentia extasiado por aquele beijo, estava confuso quanto à reação de Fátima. Não sabia como seria dali pra frente. Se sentiu um tolo por não ter impedido que ela fosse embora. Precisava fazê-la entender o que estava realmente acontecendo e não deixá-la sair empenhada a esquecer o que acabara de acontecer. Não era o que ele queria, não suportaria a idéia de que ela fingisse que aquele beijo não foi nada. Sabia que as coisas jamais voltariam a ser como antes, depois daquela noite. Teria a chance de explicar a ela, em algum momento, o que se passava por seu coração e como foi que isso aconteceu. Mas precisava que ela estivesse calma e completamente sóbria, pra conseguir compreendê-lo. William levou as duas mãos no rosto. Não se perdoaria jamais por ter permitido que esse sentimento aflorasse, mas em contrapartida, jamais abriria mão dele. Não por falta de tentativas. Passou a chave na porta. Caminhou até o quarto e deitou-se na cama. Lembrou-se daquele beijo, que transformou-se em um dos melhores momentos de sua vida, de repente. O cheiro, o gosto da boca de Fátima e a sensação de beijá-la pela primeira vez eram lembranças que ele gostaria de guardar pra sempre. Fechou os olhos e quase podia senti-la apertando seus braços, pouco abaixo do ombro, enquanto se beijavam. Sorriu sozinho, de olhos fechados.



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 29



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  • beatriz_cartilho Postado em 11/02/2015 - 20:58:16

    Ahh não acredito que acabo , mais eu amei o final *_*

  • bia_jaco Postado em 11/02/2015 - 20:25:07

    Aiiiin não acredito que a fic já acabou :( bom mais nada dura né?Quero que saiba que essa fic vai para o meu coração como todas suas,amooo!!Parabéns mais uma vez.Beijos moça linda

  • bia_jaco Postado em 22/01/2015 - 21:19:06

    Geeeeeeeeeeeeeeente que capítulo é esse?Sei mais nem o que dizer....amo amo amo!!!

  • bia_jaco Postado em 19/01/2015 - 14:50:40

    Lindos demais!!Amei muito o capítulo

  • beatriz_cartilho Postado em 12/01/2015 - 22:01:14

    Que lindo amei!!!

  • jurb Postado em 12/01/2015 - 18:58:58

    Que lindo! *-*

  • bia_jaco Postado em 12/01/2015 - 18:19:54

    Lindo lindo lindo o capítulo.Finalmente falaram as 3 palavrinhas mágica.Amei o capítulo!!

  • bia_jaco Postado em 02/01/2015 - 19:12:16

    aaaaaaaaaaaaaaaa como tem coragem de parar o capítulo assim?Quero maaaais!!Posta maaaaais!

  • bia_jaco Postado em 30/12/2014 - 18:10:08

    Estava morrendo de saudade da fic.Amei o capítulo!!Quero maaaaaaais :)

  • star.20 Postado em 22/12/2014 - 18:03:27

    Por que ta demorando tanto pra posta outro capítulo? Desistiu?


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