Fanfic: Atração sem limites (Adaptada) Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

Quando Anny finalmente conseguiu tirar o estepe da mala do carro, tinha chegado à conclusão de que não existia mais cavalheirismo no mundo. A única atenção que tinha recebido em seus apuros foram buzinadas de vários caminhões ao passarem. Estava tentando descobrir qual a posição certa do macaco já fazia cinco minutos quando um carro finalmente parou. Era grande e preto, e parecia caro.

Afastando os cabelos encharcados dos olhos, olhou através da chuva forte... percebeu que era um homem.

Que falta de sorte!

Uma mulher não faria comentários sobre motoristas femininas ignorantes, e, com uma mulher, não teria de se preocupar com uma possível cantada. Ora, pensou com estoicismo, se queria voltar para casa tinha de agüentar o que desse e viesse. Afinal de contas, era mesmo culpa sua. Quem mandou assistir a aulas de cozinha italiana em vez de aulas de mecânica?

- Olá... - Anny calou-se abruptamente ao reconhecer quem a socorria. - Você! - exclamou revoltada.

Agora tinha certeza. O destino estava se divertindo às suas custas.

- Este é o seu estepe...? -Alfonso levantou a gola do casaco e cutucou com o pé o pneu atirado no chão.

- Vá embora - Anny rosnou entre dentes.

Ele deu de ombros com um ar inamistoso.

- Como quiser.

Anny o viu virar e voltar para o próprio carro. Quase estourando de indignação, correu atrás dele.

- Vai me deixar aqui deste jeito? - gritou. Ele parou e se virou.

- Não era o que queria? Ela estreitou os olhos.

- Você é tão nojento! E não pense que não sou perfeitamente capaz de trocar o meu próprio pneu.

- Não aquele.

- Aquele mesmo.

Sacudiu a cabeça com um ar tão condescendente que ela teve vontade de gritar.

- Aquele pneu está careca.

Ela olhou para ele, sem entender.

- É ilegal.

Um traço de incerteza lampejou no rosto dela.

- A mim, parece ótimo - resmungou com rebeldia.

- É inútil... pior que inútil. Porque com este tempo é certo você acabar no pronto-socorro mais próximo.

- Está exagerando - acusou. Ele deu de ombros novamente.

- O pescoço é seu. Se não quer aceitar minha ajuda, sugiro que ligue para a oficina mais próxima.

Anny mordeu o lábio. Sabia que a confissão ia fazê-la parecer ainda mais idiota ao tirar o celular do bolso e murmurar:

- A bateria está fraca.

Ele soltou um suspiro irritado e abriu a porta do próprio carro violentamente.

- Entre. Vou te dar uma carona.

Anny enrijeceu o corpo diante da oferta ríspida. Com um brilho rebelde no olhar, riu com desdém.

- Acha que eu entraria num carro com você...?

- Não percebe que é um pouco tarde para mostrar cautela? - As narinas dele tremiam, enquanto os olhos percorriam as feições dela. - É impressionante - disse numa voz que sugeria que estava se esforçando para não berrar - que uma mulher aparentemente inteligente seja tão imprudente quando se trata da sua segurança pessoal.

- O que quer dizer? - Era um absurdo ser tão bonito, mesmo com o cabelo molhado emplastrado na cabeça. Seria muito mais fácil detestá-lo se conseguisse descobrir uma imperfeição nele, por menor que fosse.

- Dio...! - exclamou, exasperado. Resmungando baixinho em italiano, jogou a cabeça para trás. Depois enfiou as mãos no cabelo encharcado, puxando-o para trás de um jeito que a água escorria-lhe pelo rosto e pela garganta.

Anny, sem conseguir tirar os olhos daquele espetáculo, que não devia ser erótico, mas era, sentiu algo por dentro. Teve de admitir que não era apenas a chuva a responsável por aquela sensação de afogamento e falta de ar.