Fanfic: A dama de vermelho AyA {Finalizada}
CAPÍTULO V
Alfonso inclinou a cabeça devagar, mas hesitou, surpreso com a expressão atônita no rosto de Anahí. Um brilho de lágrimas surgira nos olhos dela, provando que estava falando sério. Por um momento, ele captou toda a vulnerabilidade que havia por trás daquela postura firme e desinibida.
Anahí permaneceu ali, diante dele, indefesa e esperançosa ao mesmo tempo. Ao longe, outro relâmpago faiscou no céu. Por um instante, a iluminação natural deixou-a com um aspecto pálido e revelou ainda mais o que ela tentava esconder.
Anahí estava com medo!, Concluiu ele, chocado.
— O que foi, Anahí? Do que está com medo?
Ela continuou a olhá-lo, não parecendo disposta a responder. De súbito, levantou a cabeça, parecendo indignada.
— Não acredito que isso esteja acontecendo! Quer mesmo uma resposta? Pois bem, vou lhe dar uma: tenho receio de que isso fuja do nosso controle e que meu trabalho acabe indo por água abaixo. Tenho medo do futuro, mas principalmente do que eu... — Ela não terminou a frase.
Tentou se afastar, mas Alfonso não a soltou.
— Termine — insistiu ele. — Qual é seu maior receio?
— Tenho receio do que estou sentindo. Pronto! Está satisfeito agora?
— É apenas um beijo, Anahí. Não há o que temer.
Alfonso foi inclinando a cabeça devagar, esperando por uma recusa que não aconteceu. O silêncio de Anahí lhe deu a permissão que ele precisava. Seus lábios tocaram os dela com gentileza, sentindo aos poucos seu sabor adocicado. O beijo quase casto ofereceu a ambos apenas uma breve amostra de quanto mais poderiam compartilhar se fossem além.
— Viu? — murmurou Alfonso, quando se separaram. — Não há nada a temer.
Anahí não fez menção de escapar. Parecia maravilhada e apreensiva ao mesmo tempo, diante do que acabara de experimentar.
Talvez tudo que ela precisasse naquele momento fosse de um toque carinhoso, pensou Alfonso.
De qualquer maneira, aquela reação o levou a querer tocá-la mais uma vez.
Devagar, beijou-a novamente, mas daquela vez puxou-a para si com intensidade, explorando os doces recantos daquela boca convidativa.
Anahí fechou os olhos, entregando-se às sensações, tão repentinas quanto as gotas de chuva que começaram a cair na região.
— Está vendo? — repetiu ele, em um murmúrio, ao se afastar. — Não há nada a temer.
As gotas de chuva começaram a molhar os cabelos de Anahí, deixando-a com uma aparência mais natural e ainda mais bonita.
— Eu lhe disse que isso era impossível — insistiu ela. — Não podemos continuar com isso!
— Por quê?
Anahí respirou fundo, impaciente. — Porque não sou uma mulher, Alfonso. Sou um anjo! Fui enviada até aqui para encontrar uma esposa para você. Pronto!
Que tal esse nível de sinceridade?
Alfonso riu. — Sabia que você é maluca? E eu sou ainda mais por ficar aqui, ouvindo isso, em vez de tirá-la desta chuva.
Como que respondendo ao comentário dele, um táxi parou bem diante do restaurante, deixando duas pessoas à porta. Tomando-a pela mão, Alfonso levou-a em direção ao veículo. Depois de dizer o endereço ao motorista, Alfonso puxou-a para o calor de seus braços.
Porém, no momento em que o táxi começou a se afastar, Anahí avistou Manchado na calçada do restaurante, fitando-a com um olhar perigosamente perspicaz.
— Por que estamos indo para o escritório? — ela indagou, depois de alguns minutos de silêncio.
— Vamos nos secar por lá — respondeu Alfonso. — Transformei uma parte do prédio em um pequeno apartamento. Uso o local nas noites em que tenho de trabalhar até tarde. Poderemos tomar um banho quente e vestir roupas secas, antes de você ir para casa.
— Não é lá que você mora com Joel?
— Não. Nós dividimos um apartamento fora da cidade. A governanta cuida de tudo para ele quando não posso estar presente.
— E não seria aconselhável levar sua secretária para lá, certo?
— Certo — ele confirmou. — Principalmente porque deixei meu carro no escritório e não teríamos transporte para voltar ao trabalho, amanhã cedo.
— Entendo.
— Prefiro não levar nenhuma visita feminina para casa. Não quero que Joel se sinta no direito de fazer o mesmo.
— Por isso mantém seus romances torrenciais no escritório?
— Muito engraçado.
O táxi parou diante do edifício da construtora e Alfonso pagou o motorista.
— Venha. Vamos entrar.
Entrar no prédio vazio provocou uma sensação estranha em Anahí. Encontraram um segurança na portaria, mas não viram nenhuma outra pessoa no caminho até o apartamento.
Quando as portas do elevador se abriram, Alfonso digitou um código de segurança e ficou de lado para ela seguir em frente.
Logo Anahí pisou em um carpete felpudo, cujo tom amarronzado combinava com os móveis de mogno da decoração. O ambiente não chegava a ser suntuoso, mas era marcado por uma atmosfera elegante e de muito bom gosto.
Anahí se aproximou da enorme janela de vidro e olhou para fora, onde a chuva continuava a cair. Avistou o brilho da água do rio que atravessava a cidade.
— Esse rio transbordou há alguns anos. Não foi? — perguntou ela, quebrando o silêncio. — Lembro-me de ter lido a notícia no jornal.
— Sim, foi uma situação bastante difícil — confirmou Alfonso, aproximando-se dela. — A água subiu tanto que cobriu as ruas próximas.
— Deve ter sido um verão terrível.
— Não morava aqui na época? — perguntou ele.
— Não.
— Em qual de seus vários empregos você estava na época? No hotel, na doca...
— Em nenhum deles. Eu estava levando minha própria vida. Antes... — Ela apontou para cima. — Você sabe...
— Antes de se tornar um anjo?
Anahí notou o tom jocoso na voz dele, mas fingiu ignorá-lo. — Isso mesmo — afirmou.
— Está com frio.
Surpresa, ao descobrir que estava tremula, Anahí enlaçou os braços em torno da própria cintura.
— Estou bem. E bom experimentar essas sensações novamente. Eu não tinha idéia de quanto sentia falta disso até... — Ela se interrompeu, com receio do que poderia acabar dizendo.
Se não se controlasse, acabaria explodindo em lágrimas diante de Alfonso. E isso era a última coisa que desejava no mundo.
— Quer tomar um banho? — perguntou ele. — Devo ter algum suéter que servirá para você usar até em casa.
— Não acredita em mim, não é? — questionou Anahí.
— Sobre você ser um anjo? — Alfonso segurou-a pelos ombros, deslizando as mãos para baixo bem devagar. — Importa-se de me mostrar suas asas?
— — Não tenho controle sobre quem consegue vê-las ou não. Às vezes, elas ficam visíveis, mas outras vezes... — Ela deu de ombros.
— E a auréola? — Alfonso passou a mão pelos cabelos sedosos de Anahí.
— Também não está aí? — perguntou ela.
— Não.
— Talvez porque eu não esteja me sentindo muito angelical no momento. — Ela sorriu. — Depois desta noite, não sei nem se continuarei merecendo usar uma.
— Anahí... — Alfonso disse o nome dela em um sussurro. — O que está acontecendo?
O modo como ela o olhou, deixou-o afetado de uma maneira que ele não soube explicar. Somente então ele entendeu o que certas pessoas às vezes queriam dizer ao se referir aos olhos como os "espelhos da alma".
— Anahí, não me olhe desse jeito, por favor. Está me torturando.
Puxou-a para si com delicadeza, não encontrando resistência quando voltou a beijá-la. Estava mais do que pronto para amá-la completamente, mas não gostava da idéia de ter uma mulher em sua cama apenas para saciar um desejo físico.
Com Anahí então, isso parecia até absurdo. Ela era diferente, e seu desejo por ela não seria satisfeito em apenas uma noite. Aprender os segredos que ela guardava e satisfazer todos eles levaria muito tempo. Um maravilhoso tempo...
Queria descobrir tudo a respeito de Anahí. Seu perfume, o sabor de sua pele, quais os lugares onde ela gostava de receber carinho...
As perguntas eram muitas, e todas vitais. Conhecera uma mulher especial, que pensava ser um anjo, e não poderia deixá-la escapar.
Insinuando os polegares por baixo das alças do vestido dela, começou a descê-las devagar. Anahí conteve o fôlego, mas não fez menção de detê-lo. Em vez disso, continuou fitando-o com um brilho de desejo no olhar. Alfonso só teve certeza de que não poderia mais parar.
Os seios fartos e eretos logo se revelaram em todo seu esplendor, deixando-o sem fôlego por um instante. Anahí continuou imóvel, revelando sua ansiedade apenas pela respiração acelerada.
Alfonso sentiu o medo e o desejo se manifestarem ao mesmo tempo naquele magnífico corpo. Também tomado pela urgência do desejo, tomou um dos mamilos túrgidos nos lábios, acariciando-o até fazê-la gemer de prazer.
Ao sentir uma mão hesitante tocar seu rosto, murmurou:
— Tudo bem. Não precisa ter medo.
Anahí entrelaçou os dedos em seus cabelos, trazendo-o mais para junto de si.
— Eu te quero tanto, Alfonso — confessou. — Não importa se é certo ou errado. Nada parece impossível quando você me toca.
— Isso porque não é errado. E muito menos impossível.
— Eu gostaria muito que pudéssemos ter esta noite só para nós, sem nenhuma conseqüência.
— Pois eu transformarei seu sonho em verdade.
Alfonso beijou-a nos lábios e foi descendo devagar, pela curva sensível do pescoço de Anahí, fazendo-a estremecer.
— Agora me diga como um anjo faz amor. Há algo que preciso saber de antemão?
— Anjos não fazem amor, Alfonso.
— Talvez eu consiga mudar essa regra.
Ele acariciou os seios dela com os polegares, levando-a a gemer mais uma vez. Anahí era uma mulher desejável e louca para se entregar ao amor. Então por que continuava a resistir?
— Deixe a auréola de lado só dessa vez, querida — disse ele. — O paraíso não vai se importar se você tirar uma noite de folga.
— Alfonso, você não está entendendo. Não posso fazer isso. É errado.
— Não é errado, Anahí. Não pode ser.
— Não sou a pessoa certa para você.
— Não? Por acaso não passou por sua mente que o paraíso pode tê-la enviado justamente para mim?
Os olhos de Anahí se encheram de lágrimas. Com relutância, ela se afastou dos braços dele e ajeitou o vestido, para desapontamento de Alfonso.
— Não fui enviada para ser sua amante, e nem mesmo para trabalhar como sua secretária. Mas já que estou por perto, fico feliz em poder ajudá-lo a resolver os problemas do escritório.
— Apenas por curiosidade... Como se classifica um anjo?
Um brilho de divertimento se uniu ao das lágrimas de Anahí, deixando-a com uma aparência ainda, mais angelical.
Alfonso balançou a cabeça. Um anjo... Era só o que lhe faltava. Tinha uma tia-avó que dizia conversar com espíritos e tivera uma secretária, a número sete, se não estava enganado, que vivia dizendo ser a reencarnação de Cleópatra e que morria de medo de cobras. Porém, essa era a primeira vez que ele se deparava com um anjo.
— Estou em uma missão. Eu lhe disse isso desde o início. Lembra-se?
— Uma missão? — Ele estreitou o olhar, com ar de suspeita. — Que tipo de missão?
— Eu também já falei sobre isso, Alfonso. Estou aqui para encontrar uma esposa para você.
Com outro sorriso angelical, e ainda um brilho de lágrimas nos olhos, Anahí passou por ele e atravessou o quarto descalça, deixando os sapatos de salto alto para trás. De fato, ela tinha a graciosidade de um anjo. Um anjo de vermelho.
Ela entrou no banheiro e fechou a porta, deixando-o sozinho e pensativo. Ótimo. Estava com um anjo em seu banheiro. O mais sexy, desejável e gracioso que poderia existir.
Mas por que ela estava ali? Para promover paz, harmonia e felicidade? Para levá-lo para a cam e amá-lo até a exaustão? Não. Ela aparecera para lhe oferecer o que ele menos desejava no momento: uma esposa.
Balançou a cabeça, pensando na ironia da situação. Sua sorte era mesmo muito esquisita.
Autor(a): theangelanni
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Na manhã seguinte, Anahí achou o caminho até o escritório mais longo do que nunca. A parte do envolvimento pessoal sempre acabava acontecendo de alguma maneira em suas missões. Ela parecia atrair as pessoas. Era como se, inconscientemente, as elas "sentissem" quem ou que ela era, e ficassem atraídas por sua presença. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 58
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helyluna Postado em 20/04/2015 - 10:47:27
Simplismente perfeita ameiiii
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nathmomsenx Postado em 26/05/2013 - 12:10:38
Que web linda! bjs
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maaju Postado em 15/01/2010 - 12:33:44
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maaju Postado em 15/01/2010 - 12:33:44
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maaju Postado em 15/01/2010 - 12:33:43
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maaju Postado em 15/01/2010 - 12:33:43
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css Postado em 03/10/2009 - 16:53:10
aahhhhhhhh... não acredito que acabou tão rápido... mas eu amei do começo ao fim... vou sentir muita falta... por que vc não tenta fazer uma segunda temporada? já me tem como uma leitora certa.
BJO. -
annytha Postado em 01/10/2009 - 10:30:29
estou suplicando por mais, a tua web é umas das melhores.
tou amando.
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