Fanfic: A dama de vermelho AyA {Finalizada}

CAPÍTULO VII

Os dias seguintes foram bastante agitados para Anahí. A cada manhã, convencia-se de que deveria ignorar a atração que sentia por Alfonso, mas isso estava se tornando mais difícil do que ela imaginara que seria.

Não queria mais encontrar uma mulher perfeita para ele. Ela própria desejava ser essa mulher. Porém, a impossibilidade de realizar seu desejo a estava consumindo por dentro.

— Não posso continuar com isso — disse a Manchado, en­quanto embalava o neto de Casey Radcliff no colo. — Tenho de encontrar uma esposa para ele, e logo.

Manchado latiu, enquanto o bebê de oito meses murmurava algo incompreensível.

— Eu sei, eu sei. A escolha terá de ser verdadeira por parte dele. — Ela acariciou os cabelos loiros de Kip. — Mas como isso poderá acontecer se Alfonso nem mesmo quer tocar no assunto?

— Falando sozinha, srta. Fazpaz?

Ela lançou um olhar de censura para Manchado. — Deveria ter me avisado — resmungou por entre os dentes, antes de ensaiar um sorriso e dizer: — Precisa de algo, Sr. Herrera?

— Sim. Se quer mesmo saber a verdade, preciso de você — insinuou ele, com um brilho diferente no olhar. — No meu escritório, claro. E Manchado a avisou. Ele sempre late quando apareço em sua sala.

— Ele ainda sente uma atração especial pelo seu sofá — falou ela. — Não deveria ter mandado cobri-lo com plástico. Manchado detesta plástico.

— Estou com o coração partido. — Alfonso franziu o cenho, ao ver Kip no colo dela. — É um bebê?

Anahí não conteve o riso. — É muito observador.

— De onde ele veio? — indagou Alfonso, ignorando a ironia.

— Ele é neto de Casey.

Alfonso apertou os lábios. — E por que está com você?

— Casey o deixou comigo para ir almoçar. E antes que fique bravo com ela, fui eu quem se ofereceu para fazê-lo. — Levantando o bebê até o ombro, sorriu. — Ele é uma gracinha, não?

Alfonso enrijeceu o maxilar. — Srta. Fazpaz, venha até meu escritório, por favor.

— Com o bebê?

— A menos que seu cão também sirva como babá...

— Para dizer a verdade, anjos da guarda são as melhores babás que podem existir — ela salientou. — Mas quero con­tinuar com Kip no colo.

Pegando os óculos e o bloco de anotações, ela seguiu para a sala ao lado, levando o bebê consigo. Alfonso fechou a porta atrás deles.

— Deixe-me tirar o plástico do sofá, para que possa se sentar — disse Anahí.

Antes que ele pudesse se dar conta do que ela pretendia fazer, Anahí entregou-lhe o bebê e começou a remover o plástico do sofá.

— Que tal? — perguntou enquanto colocava os óculos. Sentou-se em seguida, com o bloco de anotações a postos.

Alfonso manteve o bebê longe de seu corpo, como se ele estivesse usando dinamite, em vez de fraldas.

— Hum... Srta. Fazpaz? — Quando ela não o atendeu de imediato, chamou-a com mais urgência. — Anahí?

— Importa-se de segurá-lo? Preciso tomar nota do que me ditar. Pode começar a falar.

— Não disse que queria continuar segurando-o no colo?

— Eu gostaria, mas não será possível. Se não quiser segu­rá-lo, posso deixá-lo com Manchado...

A sugestão causou o efeito que ela imaginara. Alfonso hesitou um instante, mas acabou sentando-se com Kip no sofá.

— Eu queria discutir como será esse fim de semana — disse ele. — E me certificar de que tudo já foi providenciado.

Anahí inclinou um pouco a cabeça. — Não gosta de crianças?

— Sim, gosto — respondeu Alfonso. — E não mude de assunto.

— Então por que não quer segurar Kip no colo?

Ele não respondeu, mas uma série de emoções pareceu atin­gi-lo naquele momento. Notando que o assunto parecia delicado para ele, decidiu retornar ao que o interessava.

— Quer saber sobre o congresso de Chicago?

— Sim. A secretária que a antecedeu reservou dois quartos em um hotel da cidade, mas quero que confirme as reservas.

— Qual é o hotel?

Alfonso virou Kip de frente para ele. O bebê sorriu e balbuciou alguns sons incompreensíveis, levando Alfonso a curvar os lábios em um breve sorriso.

— É o Grand Majesty.

— Oh, esse hotel? Não imaginei... Alfonso olhou para ela.

— Não sei por que, mas gostei de ouvir isso.

Anahí fez algumas anotações. — Não se preocupe. Tenho certeza que já devem ter esque­cido o pequeno incidente...

— Que pequeno incidente?

— O que aconteceu quando eu trabalhei lá.

Anahí olhou-o, atenta, observando a reação de Alfonso. Infe­lizmente, ela não pareceu muito boa. Ele levou o bebê ao ombro e fitou-a em silêncio.

A visão tocou Anahí de uma maneira inesperada. Ela não poderia experimentar a alegria de ser mãe. Nunca veria seu marido segurar um filho nos braços e sorrir, como Alfonso estava fazendo com Kip. Porém, a idéia nunca a incomodara. Até aquele momento.

— Você trabalhou no Grand Majesty? — perguntou ele.

Anahí pestanejou, trazendo os pensamentos de volta à realidade.

— Por pouco tempo, para alívio de todos por lá. Mas meu substituto resolveu os problemas e a administração não deve estar mais enfurecida.

Anahí lamentou o trabalho que Chuck tivera para consertar seu fiasco. Arriscou outro olhar na direção de Alfonso, que con­tinuava curioso a respeito do que acontecera.

— Eu poderia lhe contar mais detalhes — disse a ele — mas a regra número três me proíbe de fazer isso.

Alfonso revirou os olhos. — Pensei que houvéssemos colocado um ponto final nessa história.

— Concordei com isso. — Fingindo inocência, ela acrescen­tou: — A menos  que queira trazê-la à tona novamente. Afinal, é o chefe e pode desfazer as regras quando quiser...

— Obrigado pela oferta, mas eu a dispenso — replicou ele.

— Vai deixar Manchado aqui?

— Bem, não sei quais são os planos dele para o fim de semana. Terei de conversar com ele primeiro.

Alfonso respirou fundo, esforçando-se para manter a paciência. — Eu gostaria muito que o convencesse a ficar por aqui. Talvez Joel possa cuidar dele.

— Vou sugerir isso.

— Obrigado.

— Que tipo de roupa terei de levar?

— Tailleurs, um ou dois vestidos para coquetel, roupas in­formais para um piquenique e um biquíni.

Anahí empalideceu. — Um biquíni? — repetiu, em um fio de voz.

— Há um lago onde acontecerá o piquenique e...

— Não sei nadar. Isso é tudo? Preciso voltar para o trabalho.— Ela ficou de pé.

Alfonso também ficou. —     Por que um anjo teria medo de um lago de águas rasas? —   perguntou ele, com gentileza.—Pensei que não tivesse medo de nada.

— Ficaria surpreso se soubesse o que sinto. Nadar é um dos meus medos. — Anahí olhou para o bebê. — Lamentar os caminhos que não segui é outro.

— Não saia ainda.

Sem dar atenção ao pedido, ela seguiu até a porta. Contudo, antes de sair voltou-se novamente para ele.

— Você não sabe quanto tem sorte. Tem idéia do eu daria para ter um futuro e ter chances de escolher, como você?

— Anahí, por favor...

— Você tem uma chance, Alfonso. Uma chance de ter tudo: amor, casamento, filhos... Nunca saberei o que é ter tudo isso. E mesmo tendo tudo à mão você...